Limite do trabalho e repouso

O trabalho é fator indispensável ao progresso


1. Como já vimos no capítulo anterior, o trabalho se apresenta ao homem como importante meio de elevação, porquanto sem o trabalho o homem, com certeza, permaneceria na infância primitiva.

2. Ninguém no mundo está isento do dever de trabalhar. Os que são destituídos de forças físicas podem também, valendo-se de sua inteligência, granjear progresso e respeito e adquirir independência econômica, valor social e consideração, além de contribuir poderosamente para o progresso de todos.

3. Do trabalho mecânico, rotineiro, primitivo e simples até à automação, verificou-se no mundo um progresso notável que permite ao homem abandonar as tarefas rudimentares, confiadas agora a máquinas e instrumentos que ele mesmo aperfeiçoou, o que lhe concede tempo para direcionar o trabalho para a genialidade criativa e a multiplicação das atividades em níveis cada vez mais elevados.

4. Em que pese sua importância, a Lei Natural fixou um limite ao trabalho, que é o limite de nossas forças, fato que evidencia que cabe ao ser humano trabalhar por tanto tempo quanto lhe permitam as forças, não mais do que isso.

5. A razão disso é muito simples. É sabido de todos que o avançar da idade debilita o corpo físico e, eventualmente, as faculdades intelectuais, embora a história registre casos de homens que mesmo em idade avançada muito contribuíram para o mundo em que vivemos, como Benjamim Franklin, que aos 81 anos colaborou na elaboração da Constituição americana, ou o marechal Cândido Rondon, que próximo dos 92 anos ainda trabalhava intensamente nas matas do Brasil.

O sábado é tido pelo Decálogo como um dia especial

6. Toda pessoa que trabalha tem direito ao repouso, para refazimento de suas forças e manutenção do seu ritmo de produtividade. O repouso nada mais é que um prêmio pelos esforços despendidos, do mesmo modo que o amparo e a assistência devidos ao homem nos dias de sua velhice, quando diminuem suas forças físicas, seu poder criativo e sua agilidade na execução das tarefas.

7. Objetivando o cumprimento do terceiro mandamento do Decálogo (“Lembrai-vos de santificar o dia de sábado”), Moisés recomendou a seu povo a santificação do sábado, não só no sentido restrito do termo, mas num sentido mais amplo, em que era clara sua preocupação em proteger a saúde dos escravos, dos estrangeiros e até mesmo dos animais de serviço.

8. “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o forasteiro das tuas portas para dentro”, prescrevem as ordenações mosaicas constantes do livro de Êxodo, cap. 20, versículos 8 a 10.

9. O sábado era visto, pois, pelo condutor dos hebreus como um dia especial da semana onde a ninguém era permitida qualquer atividade, motivo principal da implicância que os fariseus tinham para com Jesus, que, conforme narram os evangelistas, parecia não ter dado a esse mandamento nenhuma importância.

O homem não foi feito para o sábado, disse Jesus

10. Se o Mestre afirmara que não viera destruir a lei e os profetas, mas dar-lhes cumprimento, por que, então, agia assim? O motivo é de fácil compreensão. Jesus, em verdade, não revogou nem desprezou quaisquer dos mandamentos que compõem o Decálogo, mas desejava que os homens compreendessem o verdadeiro sentido deles, sem se apegarem à letra da lei e ao seu formalismo.

11. “O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado”, esclareceu o Mestre, segundo as anotações de Marcos, 2:27. Sua instituição representava uma medida útil, porque se destinava a proteger o corpo físico do esgotamento resultante do excesso de trabalho, mas o homem era ainda mais importante.

12. É indispensável que reservemos um dia para o descanso do corpo, após uma semana de trabalho, mas devemos consagrá-lo de modo especial a Deus, santificando-o mais do que os demais dias, com a prática de obras que atestem o nosso amor pelo próximo e por nosso Pai.

13. Foi com esse propósito que Jesus, em dia de sábado, alimentou, pregou e curou a obsessão que uma mulher trazia “havia dezoito anos” e a mão ressequida de um homem, entre tantos benefícios realizados, mostrando que todo dia é dia para a prática do bem, sem exceção de nenhum deles.

Fonte

Iniciação à doutrina espírita; As leis morais segundo o espiritismo; Astolfo Olegário O. Filho; EVOC; PR. 

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