O tempo

“Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz.” PAULO – (ROMANOS, 14:6.)

A maioria dos homens não percebe ainda os valores infinitos do tempo.

Existem efetivamente os que abusam dessa concessão divina. Julgam que a riqueza dos benefícios lhes é devida por Deus.

Seria justo, entretanto, interrogá-los quanto ao motivo de semelhante presunção.

Constituindo a Criação Universal patrimônio comum, é razoável que todos gozem as possibilidades da vida; contudo, de modo geral, a criatura não medita na harmonia das circunstâncias que se ajustam na Terra, em favor de seu aperfeiçoamento espiritual.

É lógico que todo homem conte com o tempo, mas, se esse tempo estiver sem luz, sem equilíbrio, sem saúde, sem trabalho?

Não obstante a oportunidade da indagação, importa considerar que muito raros são aqueles que valorizam o dia, multiplicando-se em toda parte as fileiras dos que procuram aniquilá-lo de qualquer forma.

A velha expressão popular “matar o tempo” reflete a inconsciência vulgar, nesse sentido.

Médiuns espíritas

Você quer saber, meu amigo, a maneira pela qual os médiuns são interpretados na Vida Espiritual.

Creio não tenhamos aqui qualquer diferença no padrão de aferi-los. Contudo, diante do apreço com que a sua indagação está formulada, será lícito alinhavar algumas notas em torno do assunto, ainda mesmo somente para dizer que, para nós, Espíritos desencarnados, os médiuns são criaturas humanas como as outras.

Admito, porém, que devemos qualificá-los, para determinar situações e definir responsabilidades.

Em boa sinonímia, a palavra médium designa o intermediário entre os vivos e os mortos, ou melhor, entre os encarnados e desencarnados.

Você não ignora que a existência de sensitivos habilitados a estabelecer o intercâmbio do homem com o Mais Além corresponde, em todos os tempos, a necessidades fundamentais da mente humana. Antigamente, eram chamados oráculos, magos, sibilas e pitonisas e achavam-se em Tebas, Jerusalém, Olímpia, Roma... Ontem classificados por bruxos e feiticeiros, viam-se lançados às fogueiras da Idade Média pelo fanatismo religioso. E, se examinados pelo prisma da simples curiosidade, são igualmente médiuns, nos dias de hoje, os videntes e psicômetras, faquires e adivinhos, habitualmente remunerados, que pululam nas metrópoles modernas.

Enganos e tribulações

O engano constitui fenômeno psicológico ínsito no processo evolutivo. Há uma inevitável tendência existencial para processos enganosos nos diferentes reinos da Natureza.

Vegetais disfarçam-se para atrair presas que lhes possibilitem a manutenção, enganando-as de maneira hábil.

Insetos igualmente mudam a aparência de forma que enganam a outros, dando prosseguimento à cadeia alimentícia.

Animais diversos, por instinto, adquiriram o hábito de acomodar-se em posturas magistrais que enganam os predadores, assim mantendo a prole e a própria vida, quando não atacam aqueles que lhes constituem o recurso nutritivo preservador da existência.

O ser humano, em face da arte e ciência de pensar, engana outro da mesma espécie bem como de diferentes categorias da escala evolutiva, propositalmente ou não.

Inconscientemente o indivíduo deixa-se enganar por sintomas diversos do organismo, que lhe propiciam prazer ou insatisfação, passando a atender-lhes os impositivos, submetendo-se-lhes de maneira tácita, sem maiores preocupações.

Tempos novos

A lei do progresso aplica-se a toda a criação divina.

A Humanidade terrestre, compreendendo os Espíritos encarnados e desencarnados, em todos os tempos, juntamente com o mundo em que habitam, subordinam-se à evolução decorrente daquela lei.

O progresso é uma das leis naturais que a Doutrina dos Espíritos revelou, juntamente com outras, expostas na Parte Terceira de O Livro dos Espíritos.

As leis naturais ou divinas são as regras e ordens estabelecidas pelo Criador para toda a criação, delas resultando a harmonia universal.

Com a Revelação Espírita torna-se possível compreender que a Providência Divina está presente em toda parte, regendo a tudo na Natureza através de leis sábias e perfeitas.

Diante das leis de Deus, ainda incompreendidas pela maior parte da população terrena, apresentam-se inaceitáveis as ideias místicas, as crendices, os caprichos e tudo o que se torna inconciliável com o poder divino e com sua bondade e sabedoria.

Últimos triunfos do mal

Há fortes indícios de que, após doloroso ciclo expiatório, a Terra ascenderá à hierarquia dos mundos regenerados.

Esse acontecimento é cósmico e nada tem a ver com calendários humanos.

O que evidencia a hora das grandes transformações é o abismo moral em que se precipita a grande maioria da Humanidade, com espantoso avanço do vício e do crime.

Não há, também, como negar que a Terra está se agitando cada vez mais, buscando, por si mesma, restaurar a pureza dos seus reinos exauridos pelos séculos de atividades predatórias de seus ingratos filhos. É a lei de ação e reação.

Aliás, é provável que o Orbe, quando promovido à categoria de mundo de regeneração, não continue com seus verões abrasadores e seus invernos glaciais; terremotos e maremotos; inundações e epidemias que ceifam milhares de vidas a cada ano, frustrando os esforços da Ciência.

Cremos que muitas mudanças estejam previstas para a Terra, no Grande Plano Cósmico em que ela está inserida.

Outrossim, Espíritos eminentes afirmam que, por pior que nos pareçam as turbulências da grande transição, tudo não passa de incidentes insignificantes e corriqueiros, já experimentados por inúmeras humanidades, em outros sistemas solares que se deslocam no Ilimitado, glorificando o Eterno Criador. Exemplo típico de tais acontecimentos encontra-se no livro A Caminho da Luz, ditado pelo Espírito Emmanuel, através de Chico Xavier, capítulo IX, item “Ainda as raças adâmicas”.

Os Espíritos da época de transição

“Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo aconteça.” (Lucas, 21:32.)

Muitos desses Espíritos já se encontram entre nós. Identificáveis por certas características comportamentais ou por traços da personalidade, apresentam, em comum, inclinação para o bem, notável capacidade de aprendizado e desenvolvida percepção psíquica. Reconhecidos a partir de 1980, segundo levantamentos realizados por estudiosos americanos, revelam-se comprometidos com a transformação social da Humanidade, em diferentes níveis: moral e ético, educacional e familiar, científico, tecnológico e artístico. A reencarnação desses Espíritos foi prevista por Allan Kardec que esclarece:

“Cabendo-lhe fundar a era do progresso moral, a nova geração se distingue por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas, o que constitui sinal indubitável de certo grau de adiantamento anterior. Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as ideias progressistas e aptos a secundar o movimento de regeneração”.

Nomeados como crianças índigo, os escritores estadunidenses Lee Carrol e Jan Tober, autores do livro que leva esse título, estão certos de que esses Espíritos estão renascendo por toda parte do Planeta, embora ainda seja necessário desenvolver melhores pesquisas sobre o assunto. Os índigos apresentam características semelhantes aos “Espíritos da época da transição”, descritos por Allan Kardec, no capítulo XVIII de A Gênese. “A nova geração marchará, pois, para a realização de todas as ideias humanitárias compatíveis com o grau de adiantamento a que houver chegado. [...]”

Entre os dois mundos

Uma das características do Espiritismo é o seu caráter progressivo, conforme preconiza o Codificador, que, a certa altura, em A Gênese registra:

“Além disso, convém notar que em parte alguma o ensino espírita foi dado integralmente; ele diz respeito a tão grande número de observações, a assuntos tão diferentes, exigindo conhecimentos e aptidões mediúnicas especiais, que impossível era acharem-se reunidas num mesmo ponto todas as condições necessárias. Tendo o ensino que ser coletivo e não individual, os Espíritos dividiram o trabalho, disseminando os assuntos de estudo e observação como, em algumas fábricas, a confecção de cada parte de um mesmo objeto é repartida por diversos operários”. (Cap. I, item 52, Ed. FEB.)

Notável sobre todos os aspectos essa judiciosa explicação de Allan Kardec, evidenciando a perfeita programação presidida por Jesus, para que a Terceira Revelação se consolide no plano terreno, visto ser o ensino espírita tão amplo e diversificado, abrangendo todos os ramos do conhecimento humano, que é imprescindível a distribuição de tarefas, visando, inclusive, sua mais rápida propagação. Essa a razão dos constantes e necessários desdobramentos dos pontos básicos registrados em toda a Codificação Kardequiana, das avaliações e confrontos com as novas descobertas da Ciência, do estudo pormenorizado dos fundamentos da Doutrina Espírita a fim de que ela se mantenha atualizada em relação às novas conquistas, sempre objetivando, essencialmente, em primeira instância, o progresso espiritual da Humanidade.

Assim tem sido desde os primeiros tempos do Espiritismo.

Problemas do amor

“... que vosso amor cresça cada vez mais no pleno conhecimento e em todo o discernimento.” – PAULO. (FILIPENSES, 1:9.)

O amor é a força divina do Universo.

É imprescindível, porém, muita vigilância para que não a desviemos na justa aplicação.

Quando um homem se devota, de maneira absoluta, aos seus cofres perecíveis, essa energia, no coração dele, denomina-se “avareza”; quando se atormenta, de modo exclusivo, pela defesa do que possui, julgando-se o centro da vida, no lugar em que se encontra, essa mesma força converte-se nele em “egoísmo”; quando só vê motivos para louvar o que representa, o que sente e o que faz, com manifesto desrespeito pelos valores alheios, o sentimento que predomina em sua órbita chama-se “inveja”.

Paulo, escrevendo à amorosa comunidade filipense, formula indicação de elevado alcance. Assegura que “o amor deve crescer, cada vez mais, no conhecimento e no discernimento, a fim de que o aprendiz possa aprovar as coisas que são excelentes”.

Instruamo-nos, pois, para conhecer.

Perdas, depressão e suicídio

Um dos fatores que se encontram associados ao suicídio, são as chamadas perdas. É considerado natural que após acontecimentos como perdas de entes queridos através da morte, relacionamentos afetivos desfeitos, desempregos, falências e outras situações semelhantes, vivamos momentos de depressão. Mas algumas pessoas relutam em aceitar estas perdas, e geram uma situação de revolta e insegurança que desencadeiam a depressão propriamente dita.

Quanto mais valorizamos algo, mais forte será o vínculo, e maior consequentemente será o sofrimento ao perdê-lo.

Diante do exposto, analisemos o homem contemporâneo, culturalmente formado para as conquistas imediatas, para quem, na sua escala de valores, o importante é ter, e não ser. Na busca desenfreada das conquistas puramente materiais, e, por consequência, transitórias, ele se comporta como o imprudente que constrói a casa na areia. Na primeira ventania ela desmoronará.

É bom compreendermos que tudo tem o seu valor, mesmo que seja passageiro; o fator de complicação está na supervalorização que atribuímos e no apego que criamos, fazendo-nos escravos e não senhores do que possuímos.

Pelo valor que damos às coisas, vivemos ansiosos por conquistá-las, e quando as conquistamos mais ansiosos nos tornamos com medo de perdê-las.

Da discussão

No meio espírita, evita-se, a todo custo, a discussão – como se ela fosse um produto do mal, de dissensão, de briga. Se não sabemos discutir qualquer tipo de assunto com educação, civilidade e equilíbrio, algo está errado conosco, e não com a prática de discutir as ideias para se chegar a um resultado que melhor atenda ao objetivo a ser alcançado.

De início, cabe-nos entender que discutir ideias não é discutir pessoas. Também, discussão num plano racional não deve ter a função de depreciar a ideia de quem quer que seja. Na maioria das vezes, é o nosso orgulho que não nos permite uma flexibilidade em termos de discussão.

Discutimos querendo ganhar, com o objetivo de impor nossa opinião. Daí surgem as maiores dificuldades no trato com as ideias alheias. Não que o processo, em si mesmo, seja mau, nós é que não estamos preparados para utilizá-lo convenientemente. Em um grupo, quando se utiliza do recurso da discussão de ideias, sem pretensões hegemônicas de quem quer que seja, a possibilidade de crescimento do conjunto logo se evidencia. O resultado é positivo. Todos se sentem participantes e passam, com o tempo, a se identificar com o objetivo a ser alcançado, condição básica para um bom resultado.

O centro espírita

O Centro de Espiritismo Evangélico, por mais humilde, é sempre um santuário de renovação mental na direção da vida superior.

Nenhum de nós que serve, embora com a simples presença, a uma instituição dessa natureza, deve esquecer a dignidade do encargo recebido e a elevação do sacerdócio que nos cabe.

Nesse sentido, é sempre lastimável duvidar da essência divina da nossa tarefa.

O ensejo de conhecer, iluminar, contribuir, criar e auxiliar, que uma organização nesses moldes nos faculta, procede invariavelmente de algum ato de amor ou de alguma sementeira de simpatia que nosso espírito, ainda não burilado, deixou a distância, no pretérito escuro que até agora não resgatamos de todo.

Um centro espírita é uma escola onde podemos aprender e ensinar, plantar o bem e recolher-lhe as graças, aprimorar-nos e aperfeiçoar os outros, na senda eterna.

As memórias humanas

O Dicionário Médico Enciclopédico Taber informa, na página 1.103 da 17ª edição, que “memória é registro, retenção e recordação mental da experiência, conhecimento, ideias, sensações e pensamentos passados”. Apresenta, em seguida, significados de vários tipos de memória humana. A Neurobiologia e a Psicologia Cognitiva apresentam conceitos semelhantes, destacando que não existe uma memória, mas várias. Médicos, biólogos e psicólogos concordam que a memória é a base do conhecimento, independentemente da forma com que se apresente. Deve, pois, ser estimulada e desenvolvida para que experiências humanas se acumulem e sejam capazes de imprimir significado à vida cotidiana.

As pesquisas científicas mais significativas são recentes (segunda metade do século vinte), a despeito de existirem informações que se reportam a Sócrates e Aristóteles. Os estudos das diferentes memórias são complexos e envolvem uma gama de conhecimentos especializados, sobretudo investigações sobre fatores neurofisiológicos, bioquímicos, moleculares e emocionais. Importa considerar que a memória não se restringe a um “local” ou “setor” em nosso cérebro, onde são guardados os registros do mundo e de nós próprios. Por não ser também uma função única de retenção de dados informativos, evita-se hoje falar em memória, no sentido singular, mas em vários sistemas ou tipos de memórias, que abarcam mecanismos, tipos e formas relacionados a diferentes funções mentais.

A memória humana está, atualmente, classificada em dois tipos, segundo os critérios de duração, funções cerebrais envolvidas, grau de retenção, conteúdos e processamentos neurológicos: memória declarativa e memória de procedimentos.

Evangelho segundo Mateus – cap. 1

Genealogia de Jesus (aos olhos dos homens)

Confrontando-se os textos desses evangelistas (Mateus e Lucas), neste ponto de suas narrativas, notam-se divergências Tão sem importância, porém, são elas, bem como as controvérsias a que tem dado lugar, que Paulo aconselhou a Timóteo se não ocupasse com tais genealogias (1ª Epístola a Timóteo, 4 e 5).

Com efeito, Jesus, Espírito perfeito e imaculado, cuja perfeição se perde na noite das eternidades, protetor e governador do nosso planeta, a cuja formação presidiu, é estranho e anterior às gerações humanas que sucessivamente o têm habitado. (João, capítulo 8, versículo 58). Jesus apareceu na Terra, é verdade, mas com um corpo fluídico, de natureza perispirítica visível e tangível, sob a aparência da corporeidade humana, por efeito de incorporação, segundo as leis dos homens superiores.

Assim, a genealogia humana que lhe foi atribuída correspondeu às necessidades da época, tendo-se em vista o desempenho de sua missão, que objetivava a regeneração da nossa Humanidade.

Ela foi devida à necessidade de se materializarem todos os fatos, para que se tornassem acessíveis à matéria, pois que era preciso falar aos homens uma linguagem que eles pudessem compreender e, sobretudo, que fosse escutada, no meio que estava preparado havia tantos séculos.

Segundo as tradições hebraicas e as interpretações dadas às profecias da antiga lei, encontramos na Gênese (capítulo 3, versículo 15), que, dirigindo-se à serpente, símbolo do Espírito do mal, chamado depois “príncipe do mundo” (João, capítulo 14, versículo 30), Deus disse: “Porei inimizades entre ti e a mulher; entre a tua posteridade e a sua. Ela te pisará a cabeça e tu armarás traições ao seu calcanhar.”

Essa posteridade da mulher, prometida pelo Pai celestial, com poder de pisar a cabeça da serpente, encerra figuradamente a promessa de um libertador, que viria ao mundo, nascendo de uma mulher, por precisar revestir-se dos andrajos da nossa mortalidade, aparecer como uma criatura humana, como frágil criancinha, submetido às limitações da carne.

Evangelho segundo Mateus - cap. 2

Adoração dos magos

(Lucas, 2:8-20)

1. Tendo Jesus nascido em Belém de Judá, ao tempo do rei Herodes, eis que do Oriente vieram alguns magos a Jerusalém. 2, dizendo: “Onde está aquele que nasceu rei dos Judeus? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.” 3. Sabendo disso, o rei Herodes ficou sobressaltado e com ele toda a cidade de Jerusalém; 4, e, tendo reunido em assembleia todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, inquiriu deles onde devia nascer o Cristo. 5. Disseram-lhe: “Em Belém de Judá, conforme ao que foi escrito pelo profeta: 6. E tu Belém, terra de Judá, tu não és a última entre as principais cidades de Judá; pois que de ti sairá o chefe que há de conduzir meu povo de Israel.” 7. Então, Herodes, mandando chamar em segredo os magos, lhes perguntou em que tempo precisamente a estrela lhes aparecera; 8, e, enviando-os a Belém, lhes disse: “Ide, informai-vos exatamente acerca desse menino, e, quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, a fim de que eu também o vá adorar.” 9. Depois de ouvirem do rei essas palavras, os magos partiram e logo a estrela que tinham visto no Oriente lhes tomou a dianteira e só se deteve quando chegaram ao lugar onde estava o menino. 10. Quando viram a estrela, eles se sentiram transportados de extrema alegria; 11, e, entrando na casa, aí encontraram o menino com Maria, sua mãe, e, prosternando-se, o adoraram; depois, abrindo seus tesouros, lhe ofereceram, por presentes, ouro, Incenso e mirra. 12. Avisados, enquanto dormiam, para que não voltassem a Herodes, regressaram por outro caminho às suas terras.

A explicação desses fatos se encontra na existência de faculdades mediúnicas, da mediunidade em pleno desenvolvimento, o que só é objeto de dúvida, ou de negação para quem não se quer dar ao trabalho de experimentar e observar. E não vale a pena se pretenda convencer os que julgam e sentenciam sem exame, as mais das vezes, unicamente porque o de que aqui se trata lhes fere o orgulho, ou contraria os interesses.

Os Magos eram grandes médiuns e, por isso mesmo, é que tinham aquela denominação. Como médiuns, viram no espaço uma luz viva, que tomaram pela de uma estrela. Em consequência dessa suposta estrela mostrar-se animada de um movimento de translação segundo uma certa diretriz, foi considerada e chamada “milagrosa”, causando pasmo aos sábios caldeus, versados na astrologia. Que não era estrela demonstra-o aquele próprio movimento especial, porquanto, para admitirmos que o fosse, houvéramos de admitir que um mundo, pois que uma estrela é um mundo, pode afastar-se da sua órbita de gravitação, para se movimentar no espaço, qual farol a orientar um viajor.

Evangelho segundo Mateus - cap. 3

Prédica de João Batista. Batismo. Espírito Santo. Anjos da guarda. Batismo de Jesus

(Marcos, 1:1-11; Lucas, 3:1-18; 21,22;João, 1:32-34)

1. A esse tempo, veio João Batista pregando pelo deserto da Judéia. 2. Dizia: “Fazei penitência, pois que o reino dos céus está próximo.” 3. Porquanto, eis aqui aquele de quem falou o profeta Isaías, dizendo: “Voz do que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor; tornai retas suas sendas.” 4. João trazia uma veste de peles de camelo e um cinto de couro à volta da cintura; alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. 5. Os habitantes de Jerusalém, de toda a Judéia e de toda a região circunvizinha do Jordão vinham ter com ele; 6, e, confessando seus pecados, eram por ele batizados no Jordão. 7. Mas, vendo muitos fariseus e saduceus que vinham para o batismo, disse-lhes: “Raça de víboras, quem vos impeliu a fugir da cólera do que há de vir? 8. Tratai de produzir dignos frutos de penitência, 9. e não procureis intimamente dizer: “Temos Abraão por pai”; porquanto eu vos declaro que destas pedras pode Deus fazer que nasçam filhos a Abraão. 10. O machado já está posto, raiz das árvores: toda Arvore que não dá bons frutos será cortada e lançada ao fogo. 11. Eu, por mim, vos batizo na água para vos induzir à penitência; mas aquele que há de vir depois de mim é mais poderoso do que eu, que não sou digno de lhe calçar os sapatos; ele vos batizará em Espírito Santo e no fogo. 12. Traz na mão a joeira e limpará completamente o seu eirado; empilhará o trigo no celeiro e Queimará a palha num fogo que jamais se extingue. 13. Então, Jesus veio da Galiléia ao Jordão ter com João, a fim de ser por este batizado. 14. Mas João obstava a isso, dizendo: Eu é que devo ser batizado por ti e tu vens a mim? 15. Jesus lhe respondeu: “Deixa-me fazer assim por esta vez; porquanto é necessário que cumpramos toda a justiça.” João consentiu. 16. Uma vez batizado, Jesus logo saiu da água e eis que os céus se abriram e ele viu descer sobre si o Espírito de Deus em forma de uma pomba. 17. Imediatamente uma voz ecoou no céu, dizendo: Este é o meu filho bem-amado, em quem hei posto todas as minhas complacências.

João, filho de Zacarias e de Isabel, o Precursor de Jesus, nasceu seis meses antes do aparecimento deste e desencarnou com 31 anos de idade. Cheio de um Espírito Santo desde o ventre materno, como diz o Evangelista, ele foi, conforme o declarou o divino Mestre, o maior dentre os nascidos de mulher.

Jovem ainda, retirou-se para o deserto, a fim de se entregar a uma vida de rigorosa austeridade, donde só regressou para dar início ao desempenho da sua missão, no ano 15 do império romano, aos 29 de sua idade, sob o reinado de Herodes Antipas. Entrou a pregar e a administrar o batismo de penitência, todos os profetas, recebeu no deserto a inspiração de que soara a hora de ter começo a missão, que trouxera, de Precursor do Cristo e que consistia em preparar os caminhos que este teria de percorrer, em abrir brechas nas consciências, por onde penetrasse a luz de que Jesus era portador. Foi o que fez, pregando, ensinando, aconselhando aos homens que lavassem de toda impureza suas almas, que se arrependessem de suas culpas e praticassem a penitência, para se tornarem dignos de receber aquela luz, consubstanciação da moral divina. Quer isto dizer que João aparelhava o terreno para a obra que o Cristo descera a realizar.

Evangelho segundo Mateus - cap. 4

Jejum e tentação de Jesus

(Marcos, 1:12,13; Lucas, 4:1-13)

1. Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. 2. Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome. 3. Aproximando-se então dele, o tentador lhe disse. Se és filho de Deus, ordena a estas pedras que se tornem pães. 4. Jesus lhe respondeu: Escrito está: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. 5. O diabo o transportou à cidade santa e, colocando-o no pináculo do templo, 6, disse-lhe: Se és filho de Deus, Lança-te daqui a baixo, pois está escrito que Ele ordenou a seus anjos tenham cuidado contigo e te sustentem com suas mãos, para que não firas os pés nalguma pedra. 7. Jesus respondeu: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. 8. O diabo o transportou ainda para um monte muito alto, donde lhe mostrou todos os reinos do mundo e a glória que os acompanha, 9, e lhe disse: Dar-te-ei todas estas coisas se, prosternando-te diante de mim, me adorares. 10. Disse-lhe em resposta Jesus: Retira-te, satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás. 11. Deixou-o então o diabo, cercaram-no os anjos e o serviam.

Disse o divino Mestre e Paulo repetia: a letra mata e o espírito vivifica, de modo a ficar bem entendido que, para a compreensão das sagradas letras, não nos devemos prender às palavras. Temos, pois, prescientemente uma regra de interpretação, a que antes podemos chamar autêntica, que de doutrinal ou lógica, porque nos conduz à indagação do pensamento e do sentido da lei ou do ensino, à pesquisa das causas, da derivação histórica e das circunstâncias de tempo em que foi dado este, ou promulgada aquela, assim com suas fontes de origem, sua razão de ser e seus fins. É uma regra, em suma, que nos faculta a hermenêutica ou arte de afiançarmos o verdadeiro sentido dos textos sagrados.

Aplicada à interpretação das narrativas evangélicas referentes ao jejum de Jesus, ver-se-á que, se as condições da época fizeram necessária a interpretação literal dessas narrativas, interpretação que serviu para que, no ano 130, Telésforo, Bispo de Roma, apoiando-se numa tradição apostólica, instituis-se o preceito do jejum, ela já não pode hoje satisfazer, por falsa, absurda, inadmissível, a menos se negue o progresso da ciência das verdades eternas.

Evangelho segundo Mateus - cap. 5

Sermão do monte

(Lucas, 6:20-26)

1. Vendo a multidão, Jesus subiu a um monte. sentou-se e os discípulos o rodearam. 2. Pôs-se então a lhes pregar, dizendo: 3. “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. 4. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra. 5. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. 6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8. Bem-aventurados os de coração puro, porque verão a Deus. 9. Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus. 10. Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o reino dos céus. 11. Bem-aventurados sereis quando vos cobrirem de maldições, vos perseguirem e, mentindo, disserem de vós todo o mal por minha causa. 12. Rejubilai então e exultai, porque grande recompensa vos está reservada nos céus; visto que assim também perseguiram os profetas, que existiram antes de vós.”

Ia o Senhor percorrendo toda a Galiléia, a ensinar nas Sinagogas, a pregar o Evangelho e a curar os enfermos, com a virtude que dele saía, isto é, com os fluídos que, por ato da sua vontade e do seu poder magnético, dirigia sobre os doentes e sobre os que se lhe aproximavam. De todos os lugares grande multidão acorria: da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, de toda a costa do mar, da Iduméia, de Tiro, de Sídon e da parte de além Jordão. Toda essa gente seguia os passos do Redentor, para ouvi-lo, para vê-lo expelir os Espíritos impuros e curar as enfermidades.

Um dia, em que o ajuntamento era enorme, Jesus atravessou a turba, e, afastando-se dela, subiu a um monte, onde passou a noite em oração. Ao amanhecer, como viesse descendo, encontrou à sua espera grande parte do povo que o acompanhara ali. Parou então à meia encosta do monte e, dirigindo-se a seus discípulos, fez a prédica das bem-aventuranças, em a qual sintetizou a maneira de alcançarmos o “reino dos céus”, ou a suprema perfeição moral, isto é, pela prática do trabalho, do amor e da caridade, assim no que seja de ordem física e material, como no que pertença à ordem moral e intelectual. Algumas de suas palavras, porém, nessa prédica, não têm sido bem compreendidas.

Evangelho segundo Mateus - cap. 6

Humildade e desinteresse. Segredo na prática das boas obras

1. Tende cuidado em não praticar as boas obras diante dos homens para que vos vejam; do contrário, recompensa não recebereis do vosso Pai que está nos céus. 2. Quando, pois, derdes a esmola, não mandeis tocar trombetas à vossa frente, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas praças públicas para serem honrados pelos outros homens. Em verdade vos digo: esses já receberam a sua recompensa. 3. Quando derdes a esmola, não saiba a vossa mão esquerda o que faz a direita, 4, a fim de que a esmola fique secreta; e vosso Pai, que vê o que se passa em segredo, vos recompensará.

É certo que nem sempre a nossa consciência, dadas as condições do meio em que nos encontramos encarnados, nos pode indicar a causa determinante do nosso procedimento, ou os impulsos a que obedecemos na prática dos nossos atos. Entretanto, assim como, até certo ponto, nos é possível estudar as causas da enfermidade de que padeçamos, pelos medicamentos que nos aconselha o nosso médico, também podemos descobrir as das nossas enfermidades morais, pelo remédio espiritual que nos aconselham os nossos maiores, repetindo o conselho daquele que foi, é e será sempre o médico supremo, não só dos corpos, mas principalmente das almas. Procedendo, então, a esse estudo, reconheceremos que a carência de humildade em nossos corações constitui, as mais das vezes, a causa principal, mais ou menos oculta, das nossas faltas, dos nossos erros, dos nossos pecados.

Não é, certamente, por outra razão que, nos Evangelhos, a cada passo, quase que em todas as suas páginas, se nos deparam tantos e tão sublimados ensinamentos e exemplos de humildade. Não é, igualmente, por outro motivo que os nossos anjos de guarda, os nossos guias, tão de contínuo e com tanta insistência nos recomendam que sejamos humildes.

Pois bem, do trecho que estamos apreciando, o que sobretudo decorre é ainda uma esplêndida lição de humildade. Somente possuindo essa virtude celeste, de que, como de todas as outras, foi modelo excelso Nosso Senhor Jesus Cristo, é que seremos capazes de praticar unicamente boas obras, com o cunho da abnegação, do desinteresse, da sinceridade, do sigilo, do devotamento, do amor, em suma, ensinados também nos versículos que estudamos. Somente a posse daquela virtude fundamental nos capacitará para a prática da caridade material e moral, pondo em jogo todas as aptidões da inteligência e todas as delicadezas do coração.

Evangelho segundo Mateus - cap. 7

Não julgar os outros. O argueiro e a trave. Não dar aos cães as coisas santas

(Lucas, 6:37,38; 41,42)

1. Não julgueis, a fim de não serdes julgados; 2. porquanto sereis julgados conforme houverdes julgado os outros; com a medida com que medirdes sereis medidos. 3. Como é que vês um argueiro no olho do teu irmão e não percebes a trave do teu? 4. Ou, como é que dizes a teu irmão:  Deixa-me tirar um argueiro do teu olho, quando tens no teu uma trave? 5. Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás como podes tirar o argueiro do olho do teu irmão. 6. Não deis aos cães as coisas santas, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para que não suceda que as pisem, se voltem contra vós e vos estraçalhem.

Na oração dominical, pedimos a Deus que nos perdoe, “como nós perdoamos aos nossos irmãos”. Segue-se que, com a indulgência, a tolerância, a brandura com que tratarmos os outros, é que seremos tratados.

Comecemos, pois, por lavar a nossa alma dos vícios e paixões que a maculam, por purificar os nossos corações; depois, então, quando de todo limpos nos acharmos, poderemos censurar as faltas alheias. Desde que, porém, estejamos nessas circunstâncias, limpos de toda culpa, não o faremos, porque teremos sempre presentes as palavras daquele que disse: O que estiver sem pecado atire a primeira pedra, e que, dirigindo-se à pecadora, acrescentou: Vai e não peques mais. (João, capítulo 8, versículos 1 ao 11).

Não deis aos cães as coisas santas, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas. Quer isto dizer: procedei sempre de acordo com as circunstâncias de ocasião. Sondai o terreno, preparai-o e, se o reconhecerdes fértil, por pouco que seja, semeai com prudência e precaução. Cultivai depois com cuidado a semente. Se, ao contrário, o terreno vos parecer árido e ingrato, guardai silêncio, demonstrando que não quereis falar.

A vossa reserva talvez excite a curiosidade e o desejo de saber. Nesse caso, lançai-vos à obra, consagrando-vos a esses que, tendo-vos a princípio repelido, depois vieram. Estendei os braços às ovelhas transviadas e reconduzi-as ao Senhor. O Mestre recompensa generosamente os obreiros vigilantes, solícitos e diligentes. A ventura de haverdes salvo da incredulidade os vossos irmãos vos premiará o labor e vos preparará para gozardes das alegrias da eternidade.

Evangelho segundo Mateus - cap. 8

O leproso

(Marcos, 1:40-45; Lucas, 5:12-16)

1. Tendo Jesus descido do monte, grande multidão o acompanhou; 2, e, aproximando-se dele, um leproso se pôs a adorá-lo, dizendo: Senhor, se quiseres, podes curar-me. 3. Jesus, estendendo a mão, tocou-o e disse: Quero-o; estás curado. E no mesmo instante lhe desapareceu a lepra. 4. E Jesus acrescentou: Não fales disto a ninguém; mas vai mostrar-te aos sacerdotes e faze a oferenda prescrita por Moisés, a fim de que lhes sirva de testemunho.

Jesus recompensou a fé que verificara existir naquele pobre homem, cujo Espírito, por maneira tão dolorosa, expiava suas culpas de vidas anteriores. Mas, sabendo que ainda não era tempo de dar publicidade ampla às graças que espalhava, recomendou ao homem que a ninguém referisse a cura de que fora objeto.

Ainda hoje assim é. o Senhor acode a curar a lepra dos corações de suas ovelhas; porém, nem todos se acham em estado de compreender a graça que Ele lhes faz, pelo que os bons Espíritos, seus enviados, nos recomendam: procedei com prudência.

Relativamente às curas espíritas, talvez ainda não haja também chegado o tempo de serem praticadas abertamente. Assim sendo, com prudência devem agir os que as possam operar como instrumentos dos Espíritos do Senhor, a fim de que os benefícios da sua misericórdia, espalhados pelos que se acham aptos a recebê-lo, não se tornem causa de acréscimo de responsabilidade e de dívidas morais, para os que não se encontrem em condições de apreciá-los, e a fim também de que o Consolador, que aí está entre nós com o nome de Espiritismo, não veja sobposto o seu objetivo capital, que é curar as almas, ao interesse egoístico da cura apenas dos corpos.

E tanto mais compreensível é o conselho, que nos vem do Alto, para que obremos com prudência, quando não há duvidar de que, em sendo oportuno, os benefícios do Senhor sempre se divulgam, faça-se o que se fizer em contrário a essa divulgação. É disso evidente sinal o fato de haver aquele que deixara de ser leproso desobedecido ao que lhe determinara- o divino Mestre.

Evangelho segundo Mateus - cap. 9

A cura de um paralítico

(Marcos, 2:1-12; Lucas, 5:17-26)

1. Tendo tomado de novo a barca, Jesus tornou a atravessar o lago e veio à sua cidade. 2. E eis que lhe apresentaram um paralítico deitado no seu leito. Jesus, vendo-lhe a fé, disse ao paralítico: Filho, tem confiança; teus pecados te são perdoados. 3. Logo alguns escribas disseram entre si: Este homem blasfema. 4. Jesus, lendo-lhes o pensamento, disse: Por que abrigais maus pensamentos nos vossos corações? 5. Que é o que será mais fácil dizer: Perdoados te são os teus pecados”, ou dizer: “Levanta-te e anda”? 6. Ora, para que saibais que o filho do homem tem na Terra o poder de remir os pecados, “levanta-te”, diz Ele ao paralítico, “toma o teu leito e volta para tua casa”. 7. Imediatamente o paralítico se levantou e voltou para casa. 8. Vendo isso, a multidão, tomada de espanto, rendeu graças a Deus, que deu aos homens tal poder.

Jesus curou o paralítico pelo mesmo meio de que se serviu para operar as outras curas de que já temos tratado pela ação magnética, desenvolvida sob o influxo da sua poderosa vontade.

Como as demais, também essa cura foi qualificada de milagrosa, foi considerada um milagre pela multidão, pelos escribas e pelos fariseus.

Semelhantes fatos se acham ao alcance de todos os Espíritos que já chegaram à perfeição moral e que, conseguintemente, já realizaram imenso progresso intelectual, nada têm de maravilhosos, são, ao contrário, absolutamente naturais.

Os fariseus e os escribas se escandalizaram e o consideraram um blasfemo, por haver dito ao paralítico, ao lhe efetuar a cura Teus pecados te são perdoados, entendendo que o divino Mestre se arrogava um privilégio da Divindade. Jesus, que lhes lia os pensamentos, observou-lhes que, para o efeito objetivado, tanto fazia que dissesse o que havia dito, como dizer ao doente: Levanta-te e anda.

Dois ensinamentos da mais alta importância aqui se encerram, que merecem ser assinalados.

Evangelho segundo Mateus - cap. 10

Nomes dos apóstolos. Suas vocações

(Marcos, 3:13,14; 16-19; Lucas, 6:12-16)

1. Tendo reunido os doze apóstolos, Jesus lhes deu poder sobre os Espíritos impuros, a fim de que os expulsassem e o de curar todas as doenças e enfermidades. 2. Estes são os nomes dos doze apóstolos: o primeiro, Simão, que é chamado Pedro, e André, seu irmão; 3, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu: Tomé e Mateus, o Publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4, Simão Cananeu e Judas Iscariotes, o. que o traiu.

Jesus, para os homens, fora a um monte, a fim de orar, e aí passara toda a noite orando a Deus. Na realidade, porém, Ele voltara, como acontecia todas as vezes que desaparecia das vistas humanas, às regiões superiores de onde preside à marcha da Humanidade terrena, conforme anteriormente ficou explicado.

Quanto à escolha dos apóstolos, presidiu a essa escolha, bem como à distribuição dos nomes que lhes deu o divino Mestre, o caráter de cada um deles e a natureza da missão que a cada um tocaria.

Entre os doze escolhidos estava Judas Iscariotes, que traiu a Jesus. Era um Espírito elevado em inteligência, mas que, pedindo para assistir o Mestre, tomara a si missão superior às suas forças, do que resultou falir.

Na continuação destes estudos, veremos qual foi o seu procedimento ulterior e como se deu a sua reabilitação.

Missão, poder, pobreza e pregação dos apóstolos. Instruções que lhes foram dadas

(Marcos, 3:15; 6:7-13; Lucas, 9:1-6)

5. E enviou esses doze, depois de lhes haver dado as instruções seguintes: Não procureis os Gentios e não entreis nas cidades dos Samaritanos: 6, ide antes em busca das ovelhas perdidas da casa de Israel; 7, ide e pregai, dizendo: O reino dos céus está próximo; 8, curai os doentes, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; dai de graça o que de graça recebestes. 9. Não tenhais ouro, nem prata, nem qualquer moeda nos vossos cintos, 10, nem saco para a viagem, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão; porquanto, o obreiro merece sustentado. 11. Ao entrardes em qualquer cidade ou aldeia, perguntai onde há um justo e em sua casa permanecei até que partais de novo. 12. Ao penetrardes na casa, saudai-a, dizendo: Que a paz esteja nesta casa. 13. Se a casa for digna disso, vossa paz descerá sobre ela; e, se o não for, a vossa paz voltará para vós. 14. Quando alguém não vos quiser receber e não vos escutar as palavras, ao sairdes da casa ou da cidade onde tal se deu, sacudi a poeira dos vossos pés. 15. Em verdade vos digo: No dia do juízo, menos rigor haverá para com a terra de Sodoma e de Gomorra do que para com essa cidade.

Evangelho segundo Mateus - cap. 11

Discípulos de João mandados por este a Jesus

(Lucas, 7:18-23)

1. Logo que acabou de dar essas instruções a seus doze discípulos, Jesus partiu a ensinar e pregar nas cidades vizinhas. 2. Tendo, na prisão, sabido das obras do Cristo, João mandou que dois de seus discípulos fossem ter com Ele 3, e lhe dissessem: És aquele que tem de vir ou esperamos outro? 4. Jesus lhes respondeu: Ide contar a João o que vistes e ouvistes. 5. Os cegos veem, os coxos caminham, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam; o Evangelho é pregado aos pobres. 6. Bem-aventurado o que não se houver escandalizado de mim.

A fama levara a João o rumor dos atos de Jesus, João, porém, não tinha certeza de que Jesus fosse quem devia ser. Enviou-lhe pôr isso dois de seus discípulos, para verificarem se se não tratava de algum hábil impostor. Foi, portanto, para lhe comprovar a identidade, que João mandou seus emissários ao Cristo. O Precursor queria certificar-se de que Jesus era realmente aquele cuja vinda ele anunciara.

Quanto aos chamados “milagres” que Jesus praticou em presença dos discípulos de João, já sabemos como Ele os operava.

Os pobres, a quem o divino Mestre se referia, falando mais para aquela época do que para o futuro, eram os que se viam abandonados, desprezados, eram os que de ninguém mereciam atenção alguma. De modo geral, pobres são todos os que, sentindo a necessidade de enriquecer-se com a palavra evangélica, se dispõem a ouvi-la.

Todo aquele que não aceita a moral do Cristo, o repele. Feliz, pois, do que lhe acolhe os preceitos e os põe em prática, porque progride e não tem que temer uma repulsa.

João, precursor, e Jesus. Pedra fundamental do edifício da regeneração. Missão nova e futura de João

(Lucas, 7:24-30; 16:16)

Evangelho segundo Mateus - cap. 12

O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado

(Mateus, 12:1-8; Lucas, 6:1-5)

1. Naquele tempo, passou Jesus em dia de sábado por uns trigais. Seus discípulos, tendo fome, se puseram a colher algumas espigas e a comê-las. 2. Vendo isso, os fariseus lhe disseram: Teus discípulos estão fazendo o que não é permitido se faça em dia de sábado. 3. Disse-lhes então Jesus: Não lestes o que fizeram Davi e os que o acompanhavam quando tiveram fome? 4. Como entrou na casa de Deus e comeu os pães. da proposição, que nem a eles, nem aos que o acompanhavam era licito comer, só o sendo aos sacerdotes? 5. Também não lestes na lei que os sacerdotes no templo violam o sábado e não cometem pecado? 6. Ora, eu vos digo que está aqui o que é maior do que o templo. 7. Se soubésseis o que significam estas palavras: “Quero misericórdia e não sacrifício”, jamais condenaríeis inocentes; 8, porquanto o filho do homem é Senhor até mesmo do sábado.

Moisés instituiu a guarda do sábado apenas para que não só os homens, como também os animais tivessem periodicamente um dia reservado ao descanso. Esse dia, que então se chamava o segundo-primeiro, era o segundo sábado da primeira parte do mês.

Quanto aos pães da proposição, que só os sacerdotes podiam comer, eram os que se ofereciam ao altar.

Segundo a lei, os Hebreus, no dia de sábado, deviam abster-se de todos os atos manuais, de tocar em qualquer metal.

Ora, lembrando aos fariseus o que fizera Davi com aqueles pães e que, no templo, os sacerdotes, cumprindo os ritos do culto, violavam o sábado, Jesus lhes quis mostrar que assim os pães, como o sábado, estavam submetidos às necessidades humanas e que, portanto, o homem tinha o direito de alimentar-se, em qualquer dia, com o que Deus lhe pusera à disposição, para satisfazer aos reclamos da sua existência.

Evangelho segundo Mateus - cap. 13

Parábola do semeador. Explicação dessa parábola

(Marcos, 4:1-20,25; Lucas, 8:1-15,18; 10:23,24)

1. Naquele dia, saindo Jesus de casa foi sentar-se à beira do mar. 2. E grande multidão se lhe reuniu em torno. Entrando então para uma barca, ele ai se sentou, ficando a multidão na praia. 3. E começou a dizer muitas coisas por parábolas, falando assim: Eis que o semeador saiu a semear. 4. Enquanto semeava, uma parte das sementes caiu à margem do caminho, os pássaros do céu vieram e as comeram. 5. Uma outra parte caiu em terreno pedregoso, onde muito pouca terra havia; as sementes germinaram prontamente, pois que a terra ali não tinha profundidade. 6. O Sol, nascendo, crestou-as; e, como não tinham raízes, secaram. 7. Uma outra caiu entre os espinheiros que cresceram e a abafaram. 8. Uma outra finalmente caiu em terra boa e as sementes frutificaram, produzindo aqui cem, ali sessenta, acolá trinta por um. 9. Quem tiver ouvido de ouvir, ouça. 10. Os discípulos, aproximando-se, lhe perguntaram: Por que lhes falas por parábolas? 11. Respondeu Ele: É porque a vós vos é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não. 12. Àquele que tem, mais ainda se dará, ficando ele na abundância; mas ao que não tem se tirará até o que tem. 13. Eis por que lhes falo por parábolas; é que, vendo, eles não veem, ouvindo, não ouvem, nem compreendem. 14. Neles se cumpre esta profecia do profeta Isaías: “Escutareis com os ouvidos e não entendereis, olhareis com os olhos e não vereis. 15. O coração deste povo se embotou, os ouvidos se lhes tornaram surdos e os olhos se lhes fecharam, para que não vejam com os olhos, não ouçam com os ouvidos, não compreendam com os corações e, não se convertendo, não sejam curados por mim”. 16. Felizes os vossos olhos porque veem, os vossos ouvidos, porque escutam; 17, porquanto, em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram, ouvir o que ouvis e não ouviram. 18. Escutai, pois, a parábola do semeador. 19. Do coração de todo aquele que escuta a palavra do reino e não a compreende vem o mau Espírito tirar o que nele foi semeado; é a semente que caiu ao longo do caminho. 20. A que caiu em terreno pedregoso representa aquele que ouve a palavra e a recebe com mostras de alegria no primeiro momento; 21, mas, não tendo ela raízes no seu coração, só por pouco tempo subsiste; sobrevindo as tribulações e perseguições por motivo da palavra, ele logo se escandaliza. 22. A semente lançada entre os representa espinheiros aquele que ouve a palavra, mas em quem os cuidados do século e a ilusão das riquezas a abafam e impedem de produzir frutos. 23. A que foi semeada em terra boa indica aquele que escuta a palavra e a compreende, aquele em quem ela frutifica, produzindo cada grão cem, sessenta ou trinta.

As explicações que Jesus deu da parábola do semeador era a que convinha aos Espíritos encarnados naquela época e a de que necessitavam os apóstolos, a fim de desempenharem suas missões. As mesmas explicações bastam para que a compreendamos.

Evangelho segundo Mateus - cap. 14

Morte de João Batista. palavras que, ditas com relação a Jesus, confirmam a crença dos Hebreus na reencarnação

(Marcos, 6:14-29; Lucas, 3:19,20;9:7-9)

1. A esse tempo chegou aos ouvidos do tetrarca Herodes a fama de Jesus; 2, e ele disse a seus servos: Esse é João Batista; é o próprio João que ressuscitou dentre os mortos; daí vem o fazerem-se por seu intermédio tantos milagres. 3. Herodes mandara prender a João, pusera-o a ferros e o metera na prisão, por causa de Herodíades, mulher de seu Irmão. 4. É que João lhe dizia: Não te é permitido tê-la por mulher. 5. Herodes queria dar-lhe a morte, mas temia o povo, que considerava João um profeta. 6. Porém, no dia do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades dançou diante dele e lhe agradou; 7, tanto que ele prometeu sob juramento dar-lhe tudo o que pedisse. 8. Ela, industriada de antemão por sua mãe, disse: Dá-me, aqui mesmo, num prato, a cabeça de João Batista. 9. Esse pedido muito aborreceu ao rei, que, todavia, por causa do juramento que fizera e dos que com ele se achavam à mesa, mandou que lha dessem. 10. Ao mesmo tempo ordenou que a João Batista cortassem a cabeça na prisão. 11. E a cabeça de João foi trazida num prato e dada à moça, que a levou à sua mãe. 12. Os discípulos de João vieram, carregaram-lhe o corpo, o sepultaram e foram comunicar tudo isso a Jesus.

Ditas e repetidas como sendo o que a voz pública afirmava com relação a Jesus, estas palavras: Elias; é João Batista, que ressuscitou dentre os mortos; é Elias que voltou; é um dos antigos profetas, que ressurgiu, bem como estas outras, que o rumor público levara Herodes a proferir: Pois que mandei cortar a cabeça a João Batista, quem é este? Este homem é João Batista a quem mandei cortar a cabeça. João Batista ressuscitou dentre os mortos, confirmam a existência, entre os Hebreus, da crença popular na reencarnação.

Efetivamente, os homens não poderiam ter a Jesus como sendo ou Elias, ou João Batista, ou algum dos antigos profetas, que voltara a viver na Terra, senão admitindo que a alma, ou Espírito, quer de Elias, quer de João, quer de um dos antigos profetas, reencarnara naquele corpo que, conforme então acreditavam, era obra humana de José e de Maria, os quais, como sabemos, passavam por ser o pai e a mãe do Salvador.

Evangelho segundo Mateus - cap. 15

Mãos não lavadas. Tradições humanas. Escândalo a desprezar. Guias cegos. Verdadeira impureza

1. Então alguns escribas e fariseus, que tinham vindo de Jerusalém, se aproximaram de Jesus e lhe disseram: 2. Por que transgridem teus discípulos a tradição dos antigos, não lavando as mãos antes de comer? 3. Respondeu-lhes ele: E por que transgredis vós os mandamentos de Deus em obediência à vossa tradição? Deus disse: 4. “Honra a teu pai e a tua mãe”; e: “Seja punido de morte aquele que houver ultrajado a seu pai ou sua mãe”. 5. Vós. porém, dizeis: Quem quer que haja dito a seu pai ou a sua mãe: “Tudo que ofereço a Deus vos é útil”, satisfaz à lei, 6, embora, em seguida, deixe de honrar a seu pai e a sua mãe. Tornastes assim nulo o mandamento de Deus pela vossa tradição. 7. Hipócritas, bem profetizou de vós Isaías, dizendo: 8. “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 9. Ë, pois, em vão que me honram ensinando doutrinas e mandamentos dos homens”. 10. E chamando para perto de si a multidão, disse: Ouvi e compreendei: 11. Não é o que lhe entra pela boca o que suja o homem. 12. Então, os discípulos, aproximando-se. lhe disseram: Sabes que os fariseus, ouvindo o que acabaste de dizer, se escandalizaram? 13. Ele respondeu: Toda a planta que meu pai celestial não plantou será arrancada pela raiz. 14. Deixai-os, são cegos a conduzir cegos; ora, se um cego se faz guia de outro cego, cairão ambos no fosso. 15. Disse então Pedro: Explica-nos essa nova parábola. 16. Jesus lhe replicou: Também vós ainda sois tão baldos de inteligência? 17. Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce ao ventre e é em seguida lançado em lugar escuso’ 18. Mas o que sai da boca vem do coração e é o que mancha o homem, o torna impuro; 19, pois que do coração vêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as fornicações, os roubos, os falsos testemunhos, as blasfêmias, as maledicências. 20. Estas as coisas que mancham o homem; mas, comer sem ter lavado as mãos, não o torna impuro.

Também nós devemos desconfiar das tradições. As palavras que sobre estas Jesus dirigiu aos fariseus ainda em nossos dias têm toda aplicação. Com efeito, foram as tradições, quase sempre de pura invenção humana, que deturparam a lei de amor, de perdão, de olvido das ofensas, de mútuo auxilio, que Jesus pregou e exemplificou. O que, constituindo as tradições, se vê por toda parte, são práticas que não encontramos, onde quer que seja, aconselhadas pelo Divino Mestre. Devemos, portanto, desprezá-las, para observarmos, com simplicidade, com singeleza, o Cristianismo do Cristo, deixando que se escandalizem os orgulhosos fariseus de nossos dias, que nos injuriem e ridiculizem, fazendo o mesmo que fizeram os de outrora, com relação ao enviado de Deus. Dia virá em que serão forçados a abandonar todas as tradições de que se dizem respeitosos, convertendo-se também àquela lei, mãe de todas as virtudes. Guardemo-nos dos maus pensamentos, das palavras e ações más, que para a nossa salvação é o que importa e não as tradições, que em nada concorrem para nos preservar de tudo o que nos possa macular.

Evangelho segundo Mateus - cap. 16

Recusa do prodígio pedido pelos Fariseus e Saduceus

1. Os fariseus e saduceus se acercaram dele para o tentar e pediram lhes mostrasse um sinal no céu. 2. Ele lhes respondeu: Ao cair da tarde dizeis: Fará bom tempo, amanhã, porque o céu está avermelhado; 3, e ao amanhecer dizeis: O dia hoje será tempestuoso, pois o céu está de um vermelho sombrio. 4. Sabeis portanto reconhecer o que pressagia o aspecto do céu e não podeis reconhecer os sinais dos tempos? Esta geração má e adúltera pede um sinal; nenhum lhe será dado senão o do profeta Jonas. E, deixando-os, se foi embora.

Por “fariseus” e “saduceus” os Apóstolos designavam os incrédulos. Eram tais os que foram ter com Jesus, para o tentarem, isto é, a fim de o apanharem em falta, pois não reconheciam poder no Mestre para fazer o que lhe pediam. Atualmente, a mesma coisa se verifica. Não faltam os que exigem se lhes faculte observar prodígios, como condição para que creiam. Entretanto, se fossem atendidos, não se dariam por satisfeitos: tratariam de explicar os fatos de um modo que se lhes afiguraria racional, do ponto de vista em que se colocam, e reclamariam “outra coisa”. Orgulhosos, cegos, obstinados, rebeldes, fariam como presentemente fazem os médicos, que, diante de uma cura que consideraram impossível, mas que os Espíritos efetuaram, dizem que tal se verificou, porque a enfermidade não precisava de remédio para desaparecer.

Jesus, por isso, respondeu aos fariseus e saduceus que “nenhum outro sinal seria dado àquela geração má e adúltera, senão o do profeta Jonas”.

Fermento dos Fariseus e dos Saduceus

5. Seus discípulos, tendo passado para a outra margem do lago, se esqueceram de levar pães. 6, Jesus lhes disse: Vede bem, preservai-vOS do fermento dos fariseus e dos saduceus. 7. Ouvindo isso, os discípulos pensaram de si para si: Ë porque não trouxemos pães. 8. Conhecendo-lhes o pensamento, Jesus lhes disse: Homens de pouca fé, por que haveis de estar pensando que vos falei por não terdes trazido pães? 9. Ainda não compreendeis e não vos lembrais dos cinco pães para cinco mil homens e de quantos cestos enchestes com o que sobrou? 10. Nem dos sete pães para quatro mil homens e dos cestos que levastes? 11. Como pois não compreendeis que não vos falei de pão quando disse: Preservai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus? 12. Os discípulos então compreenderam que ele não lhes dissera que se preservassem do fermento dos pães e sim da doutrina dos fariseus e dos saduceus.

Nesses conselhos que dava a seus discípulos, Jesus falava para aquela época e para o futuro, no qual a sua presciência lhe facultava ver o que sucederia.

Evangelho segundo Mateus - cap. 17

Transfiguração de Jesus no Tabor. Aparição de Elias e de Moisés. Nuvem que cobriu os discípulos Voz que saiu dessa nuvem e palavras que proferiu

1. Seis dias depois, Jesus chamou a Pedro. a Tiago e a João, irmão de Tiago e, afastando-se com eles, os conduziu a um monte elevado. 2. E se transfigurou diante deles: seu rosto resplandeceu como o Sol, suas vestes se tornaram brancas como a neve. 3. E eis lhes apareceram Elias e Moisés, que com Ele falavam. 4. Disse então Pedro a Jesus: Senhor, estamos bem aqui; se quiseres faremos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias. 5. Pedro ainda falava quando uma nuvem luminosa os cobriu e uma voz, que da nuvem saía, disse: Este é meu filho dileto em quem hei posto todas as minhas complacências; escutai-o. 6. Ouvindo isso, os discípulos caíram de rosto em terra, presas de grande temor. 7. Jesus se aproximou, tocou-os e lhes disse: Levantai-vos e não temais. 8. Erguendo então os olhos, eles a ninguém mais viram senão somente a Jesus. 9. Quando desciam do monte, Jesus lhes fez esta recomendação: Não faleis a pessoa alguma do que vistes, até que o filho do homem tenha ressuscitado dentre os mortos.

O fenômeno, que se produziu no monte Tabor, em presença de Pedro, Tiago e João, foi uma formidável manifestação espírita, que teve por fim mostrar a elevação espiritual de Jesus, afirmar a sua missão como Cristo, filho do Deus vivo, Cristo de Deus, e enunciar, sob um véu que a nova revelação levantaria mais tarde, as promessas para o futuro. Retomando, momentaneamente, diante daqueles discípulos, por meio da transfiguração, os atributos da natureza que lhe era própria, se bem que velados ainda, pois de outro modo eles não lhes teriam podido suportar o brilho, Jesus lhes dava uma ideia da sua grandeza espiritual e da glória da vida por que eles ansiavam.

A presença, visível para os discípulos, de Moisés e Elias que, como outros Espíritos, tanto e ainda mais elevados, rodeiam incessantemente a Jesus, foi um meio de que se serviu este para lhes ferir a imaginação e de, por assim dizer, confirmar, diante dos mesmos discípulos, a sua elevação espiritual e que Ele era o Cristo, o Messias prometido. Ambos, Moisés e Elias, haviam anunciado o Messias; a presença ali dos dois como que sancionava e santificava, aos olhos dos Apóstolos, a missão que Ele, Jesus, desempenhava.

A voz que saiu da nuvem e que se foi perdendo no espaço, depois de haver dito: Este é o meu filho bem-amado, em quem pus todas as minhas complacências; escutai-o, afirmava, dessa forma, em nome do Todo-Poderoso, do Pai, a missão de Jesus, como sendo o Cristo, filho do Deus vivo.

Evangelho segundo Mateus - cap. 18

Lição de caridade e de amor, de amparo ao fraco, de fé, confiança, humildade e simplicidade

1. Naquela hora os discípulos se acercaram de Jesus e lhe perguntaram: Quem julgas que é o maior no reino dos céus? 2. Jesus, chamando um menino, o colocou de pé no meio deles, 3, e lhes disse: Em verdade vos digo: se não vos converterdes e tornardes quais crianças, não entrareis no reino dos céus. 4. Aquele, pois, que se fizer humilde e pequeno como este menino, esse será o maior no reino dos céus. 5. Aquele que receber em meu nome um tal menino, a mim me recebe.

Nestas palavras de Jesus, temos mais uma lição de caridade, de amor, de amparo ao fraco, de fé, humildade e simplicidade. “Aquele que quiser ser o primeiro seja o último, o servo de todos”, disse Ele.

Sejamos crianças que o Divino Mestre tome em seus braços. Fracos, como somos e nos reconhecemos, confiemos nele e, se nos tornarmos simples de coração, nele encontraremos a chave de toda a ciência. Sejamos caridosos com os nossos irmãos e nele teremos o mais admirável tipo da caridade.

Aquelas palavras suas significam: Não procureis elevar-vos pelas vossas próprias forças, porque elas vos trairão; não acrediteis valer mais do que os vossos irmãos, aos olhos de vosso pai; nem desejeis sobrepor-vos a eles; procurai, ao contrário, ajudá-los a se elevarem, dando-lhes o melhor dos conselhos: o do exemplo.

Supunham os discípulos que o Senhor tinha preferência por um deles, que João era o mais amado. Daí o ciúme que lhes nasceu no intimo, tal a miserabilidade da carne, mesmo entre os bons, ciúme, entretanto, desculpável, até certo ponto, por provir do grande amor que consagravam ao Mestre. Esse o sentimento que lhes trouxe ao espírito a ideia de saberem qual era o maior e motivou a discussão em que se empenharam.

Evangelho segundo Mateus - cap. 19

Divórcio. Casamento

1. Tendo acabado de dizer essas coisas. Jesus deixou a Galiléia e foi para os confins da Judéia, além Jordão. 2. Grandes multidões o acompanharam e ali curou ele os doentes. 3. Dele se acercaram os fariseus e para o tentarem lhe perguntaram: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer causa? 4. Respondeu Jesus: Não tendes lido que aquele que no princípio criou o homem o criou macho e fêmea? e disse: 5. Por isto o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher e serão dois numa só carne. 6. Assim, já não são dois, mas uma só carne. Não separe, pois, o homem o que Deus uniu. 7. Replicaram eles: Como é então que Moisés mandou que desse carta de repúdio à mulher e a despedisse? 8. Respondeu Jesus: Por causa da dureza de vossos corações é que Moisés vos permitiu repudiásseis vossas mulheres; mas no princípio não foi assim. 9. Eu, porém, vos digo que aquele que repudiar sua mulher, a não ser por motivo de adultério, e casar com outra, comete adultério, assim como aquele que casar com uma mulher repudiada, também comete adultério.

Criados todos simples e ignorantes, mas dotados das faculdades necessárias a avançar, para o destino que lhes é comum, usando do livre-arbítrio e da razão e, assim, recebendo o prêmio ou o castigo a que fizeram jus, isto é, experimentando as sanções da lei imprescritível do progresso, moral e intelectual, a que todos se acham sujeitos, para chegarem todos à perfeição, herança que o Pai celestial reserva a seus filhos, sem exceção nenhuma, é certo que apenas alguns Espíritos ascendem a essa perfeição sem jamais se desviarem do carreiro santo que lhes foi traçado.

Esses constituem as falanges dos Espíritos puros, imaculados, que têm por morada as regiões etéreas mais próximas do centro da onisciência Deus, Os outros formam as dos que faliram mais ou menos gravemente e para os quais, em consequência, se cria a necessidade de encarnar e reencarnar, a fim de se depurarem gradativamente, mediante expiações, provações e reparações, e conquistar, progredindo, a perfeição moral.