Questão 76 - O Livro dos Espíritos


LIVRO SEGUNDO - MUNDO ESPÍRITA OU MUNDO DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO I – DOS ESPÍRITOS

ORIGEM E NATUREZA DOS ESPÍRITOS 


76. Que definição se pode dar dos Espíritos?


Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.

Comentário de Allan Kardec
A palavra Espírito é empregada aqui para designar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente do Universo.

Comentário do Espírito Miramez 

DEFINIR O ESPÍRITO
A definição do Espírito propriamente dito, a sua gênese nos profundos segredos de sua constituição elaborada por Deus, ser-nos-á difícil, por nos faltarem palavras para tais definições. Se obedecemos às leis que regulam o crescimento espiritual, achamos bem melhor pensar no respeito que devemos a todas as criaturas, que devem aprender gradativamente, de acordo com as necessidades de ascensão. A violência em todas as ordens, e principalmente no saber, é contrária ao progresso de todas as coisas, mormente para os seres inteligentes.


A ciência, mesmo com os seus limites, pode nos falar de muita coisa referente a nossa marcha para a conquista da libertação, entretanto, se não estivermos preparados na escola do amor, o que faremos com esses conhecimentos? Para que conhecer, se não aprendemos a discernir, se não aprendemos a aplicar com entendimento, se nos falta o amor aos nossos semelhantes? Não devemos fugir do saber, porém, saber como convém saber. Definir o Espírito em todas as suas particularidades, por enquanto, nos traria certa confusão, por sermos ainda crianças, com necessidades para as primeiras letras sobre a vida. Definir a vida é bastante difícil para quem ainda permanece na morte. Acordemos primeiro, para depois sabermos alguma coisa sobre os que vivem.

Os encarnados, por enquanto, como grande parte dos desencarnados, desconhecem o corpo físico, suas inúmeras funções, seu engenhoso movimento que busca sempre integrar-se na harmonia universal. O corpo de carne e músculos, fibras e ossos, é o mais perfeito aparelho. É, pois, a maior maravilha entre todas as outras existentes no mundo, exposta à vista humana, para ser ainda conhecida. Como desejar conhecer os outros corpos usados pelos Espíritos e, ainda mais, conhecer o próprio Espírito? Devemos começar pela Terra, para sentir e perceber o Céu. Se queremos ser obedientes à harmonia, sejamos disciplinados, seguindo as linhas traçadas pela gradatividade, como as letras que aqui usamos para que os nossos pensamentos sejam entendidos. Deus não tem segredos para com os seus filhos, mas pede preparo para que possamos suportar as revelações espirituais.

As forças do Espírito são ilimitadas, todavia, desabrocham gradativamente na alma, que sabe usar seus tesouros; do contrário, estabeleceria uma confusão no seio da sociedade. Alguns acham que muitos não deveriam saber o que sabem, e estão enganados: a cada um foi e é dado o que realmente merece. A definição do Espírito, que muitos desejam, não está sendo negada por Deus: ela está sendo dada, pelos meios que correspondem às necessidades das almas, através de vários livros e em inúmeras mensagens escritas por intermédio da mediunidade no Brasil e em todo o mundo.


Paganismo

Paganismo (do latim paganus, que significa "camponês", "rústico") é um termo geral, normalmente usado para se referir a tradições religiosas politeístas. É usado principalmente em um contexto histórico, referindo-se a mitologia greco-romana, bem como as tradições politeístas da Europa e do Norte da África antes da cristianização.

Num sentido mais amplo, seu significado estende-se às religiões contemporâneas, que incluem a maioria das religiões orientais e as tradições indígenas da América, da Ásia Central, da Austrália e da África, bem como às religiões étnicas não-abraâmicas em geral. Definições mais estreitas não incluem nenhuma das religiões mundiais e restringem o termo às correntes locais ou rurais que não são organizadas como religiões civis. Uma característica das tradições pagãs é a ausência de proselitismo e a presença de uma mitologia viva, que explica a prática religiosa.

O Partenon, na Acrópole de AtenasGrécia

Na perspectiva cristã, o termo foi historicamente usado para englobar todas as religiões não-abraâmicas. O termo "pagão" é uma adaptação cristã do "gentio" do judaísmo e, como tal, tem um viés abraâmico inerente, com todas as conotações pejorativas entre o monoteísmo ocidental, comparáveis aos pagãos e infiéis também conhecidos como kafir (كافر) e mushrik no Islã. Por esta razão, etnólogos evitam o termo "paganismo", por seus significados incertos e variados, referindo-se à fé tradicional ou histórica, preferindo categorias mais precisas, tais como o politeísmo, xamanismo, panteísmo ou animismo.

Desde o século XX, os termos "pagão" ou "paganismo" tornaram-se amplamente utilizados como uma auto-designação por adeptos do neopaganismo. Como tal, vários estudiosos modernos têm começado a aplicar o termo de três grupos distintos de crenças: politeísmo histórico (como a mitologia celta e o paganismo nórdico), religiões indígenas, folclóricas e étnicas (como a religião tradicional chinesa e as religiões tradicionais africanas) e o neopaganismo (como a wicca, o reconstrucionismo helénico e o neopaganismo germânico).

Animismo


Animismo (do latim animus, "alma, vida") é a visão de mundo em que entidades não humanas (animais, plantas, objetos inanimados ou fenômenos) possuem uma essência espiritual.

O animismo é usado na antropologia da religião como um termo para o sistema de crenças de alguns povos tribais indígenas, especialmente antes do desenvolvimento de religiões organizadas. Apesar de cada cultura ter suas próprias mitologias e rituais diferentes, o "animismo" é um termo usado para descrever o segmento mais comum e fundacional das perspectivas "espirituais" ou "sobrenaturais" dos povos indígenas. A perspectiva animística é tão fundamental, mundana e diária que os povos indígenas mais animistas sequer têm uma palavra em seus idiomas que corresponda a "animismo" (ou mesmo a "religião"); o termo é uma construção antropológica, e não uma designação dada pelos próprios povos.

Em grande parte devido a essas discrepâncias etnolinguísticos e culturais, existe um debate sobre se o animismo refere-se a uma ampla crença religiosa ou a uma religião de pleno direito. A definição atualmente aceita de animismo só foi desenvolvida no final do século XIX por sir Edward Tylor, que criou-o como "um dos primeiros conceitos da antropologia, se não o primeiro".

Psicofonia

Psicofonia (do grego psyké, alma e phoné, som, voz), de acordo com a Doutrina Espírita, é o fenômeno mediúnico no qual um espírito se comunica através da voz de um médium.

A Doutrina Espírita identifica duas classes principais de psicofonia: a consciente - quando o médium afirma ter percebido mentalmente ou escutado uma fala proveniente de um espírito que desejava se comunicar, tendo-a reproduzido com o seu aparelho fonador; e a inconsciente ou sonambúlica - quando o médium afirma não saber o que disse, fazendo entender, neste caso, que o espírito comunicante ter-se-ia utilizado diretamente de seu aparelho fonador, por estar ele, médium, inconsciente.


Como se verifica em toda classificação espírita, esta deve ser entendida como didática, sabendo-se haver uma diversidade de nuances entre uma e outra classe.

Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns” chama os médiuns psicofônicos inconscientes de médiuns falantes.

Psicografia

Psicografia (do grego, escrita da mente ou da alma), segundo o vocabulário espírita, é a capacidade atribuída a certos médiuns de escrever mensagens ditadas por Espíritos.
Objeto de estudo da pseudociência da parapsicologia, o consenso científico atual não suporta as alegações deste e de outros supostos fenômenos paranormais.

Conceito
Segundo a doutrina espírita, a psicografia seria uma das múltiplas possibilidades de expressão mediúnica existentes. Allan Kardec classificou-a como um tipo de manifestação inteligente, por consistir na comunicação discursiva escrita de uma suposta entidade incorpórea ou espírito, por intermédio de um homem.

O mecanismo de funcionamento da psicografia, ainda segundo Kardec, pode ser consciente, semi-mecânico ou mecânico, a depender do grau de consciência do médium durante o processo de escrita.

No primeiro caso, o menos passível de validação experimental, o médium tem plena consciência daquilo que escreve, apesar de não reconhecer em si a autoria das ideias contidas no texto. Tem a capacidade de influir nos escritos, evitando informações que lhe pareçam inconvenientes ou formas de se expressar inadequadas.

No segundo, o médium poderia até estar consciente da ocorrência do fenômeno, perceber o influxo de ideias, mas seria incapaz de influenciar voluntariamente o texto, que basicamente lhe escorreria das mãos. O impulso de escrita é mais forte do que sua vontade de parar ou conduzir voluntariamente o processo.

No terceiro caso, o mais adequado para uma averiguação experimental controlada, o médium poderia escrever sem sequer se dar conta do que está fazendo, incluindo-se aí a possibilidade de conversar com interlocutores sobre determinado tema enquanto psicografa um texto completamente alheio ao assunto em pauta. Isso porque, segundo Kardec, esses médiuns permitiriam ao espírito agir diretamente sobre sua mão ou seu braço, sem recorrer à mente.

Agênere

Um agênere (do grego a, privado, e - géiné, géinomai, gerar: que não foi gerado), segundo o Espiritismo, seria um espírito momentaneamente materializado, assumindo as formas de uma pessoa encarnada, ao ponto de produzir uma ilusão completa. O assunto é abordado por Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”.

Na Revista Espírita de 1859 o codificador do Espiritismo, Kardec, cita em seu artigo "Os Agêneres" as técnicas e aspectos teóricos relativos a esse tema. Ao relatá-los, numa junção de diversos fatos, dentre eles o pedido ao Espírito de São Luís em esclarecer-lhes diferentes pontos sobre o assunto respondendo a algumas perguntas, em sessão na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, foi obtido o seguinte:


Que ocorreria se fosse apresentado a uma pessoa desconhecida?

R. Seria tomado por uma criança comum. Mas vos direi uma coisa, é que existe, algumas vezes, na Terra, Espíritos que revestem essa aparência, e que são tomados por homens.
                                                                                           

Perispírito

O perispírito, também conhecido como corpo fluídico dos Espíritos e que une o corpo e o Espírito, é uma espécie de envoltório  semimaterial. A morte é a destruição do envoltório grosseiro [corpo físico]. O Espírito conserva o segundo, que constitui para ele um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, mas que pode se tornar acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede nos fenômenos das aparições.

A matéria que constitui o corpo físico e o perispírito é um dos mais importantes produtos do fluido cósmico. No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm, pois, origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes.



Os elementos que formam o perispírito é retirado do meio ambiente onde vive o Espírito, encarnado ou desencarnado. Participa ao mesmo  tempo da eletricidade, do fluido magnético e, até certo ponto, da matéria inerte. É o princípio  da vida orgânica, porém não o da vida intelectual, que reside no Espírito. É, além disso, o agente das sensações exteriores.No corpo, essas sensações estão localizadas nos órgãos que lhes servem de canais. Destruído o corpo, as sensações se tornam gerais.

Ectoplasma

O termo ectoplasma (gr. ektós "por fora" e plasma "molde" ou "substância" que sai de qualquer lugar do corpo) foi introduzido na Parapsicologia pelo fisiologista Charles Richet para designar uma espécie de substância esbranquiçada que pode exteriorizar-se para fora do corpo de determinados médiuns, mais frequentemente pela boca, mas que pode sair por qualquer parte do corpo. É também supostamente sensível a determinados impulsos, se exterioriza visível a partir do corpo de determinados indivíduos com características especiais (sensitivo), permitindo a materialização de formas de corpos humanos distintos daquele de onde saiu ou de formas de membros tais como mãos, rostos e bustos (ectocoloplasmia - formação de apenas partes ou membros do objeto ou coisa materializada). Apesar de existirem muitos registros de atividade ectoplásmica, incluindo vasto material fotográfico, sua existência, até o momento, não foi comprovada pelo método científico.

Alguns registros
O ectoplasma é, alegadamente, uma substância fluídica, de aparência diáfana, sutil, que flui do corpo de um médium apto a produzir fenômenos físicos, principalmente a materialização.
 
Dr. Albert von Schrenck-Notzing observando
o que seria uma manifestação ectoplásmica
 feita pela médium 
Eva Carrière (1912).

O pesquisador Ernesto Bozzano, relata em seu livro "Pensamento e Vontade", que a substância ectoplásmica já era bem conhecida pelos alquimistas do século XVII, como Paracelso, que a denominou Mysterium Magnum, e Thomas Vaughan, que a definiu por Matéria Prima. Também o polímata Emanuel Swedenborg, grande espiritualista do século XVIII, realizou experimentos com a substância sem empregar o termo ectoplasma, registrou sobre “uma espécie de vapor que lhe saía de todos os poros, um vapor d'água assaz visível, que descia até roçar no tapete”.

Questão 75 - O Livro dos Espíritos


LIVRO PRIMEIRO - AS CAUSAS PRIMEIRAS
CAPÍTULO IV - PRINCÍPIO VITAL

INTELIGÊNCIA E INSTINTO

75. É acertado dizer-se que as faculdades instintivas diminuem à medida que crescem as intelectuais?
Não; o instinto existe sempre, mas o homem o despreza. O instinto também pode conduzir ao bem. Ele quase sempre nos guia e algumas vezes com mais segurança do que a razão. Nunca se transvia.

a) Por que nem sempre é guia infalível a razão?
Seria infalível, se não fosse falseada pela má-educação, pelo orgulho e pelo egoísmo. O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o livre-arbítrio.

Comentário de Allan Kardec
O instinto é uma inteligência rudimentar, que difere da inteligência propriamente dita, em que suas manifestações são quase sempre espontâneas, ao passo que as da inteligência resultam de uma combinação e de um ato deliberado. O instinto varia em suas manifestações, conforme às espécies e às suas necessidades. Nos seres que têm a consciência e a percepção das coisas exteriores, ele se alia à inteligência, isto é, à vontade e à liberdade.

Comentário do Espírito Miramez 
NASCENDO A RAZÃO, O INSTINTO SE ATROFIA?
O alicerce de uma obra aparentemente desaparece quando o prédio está pronto; no entanto, passa a existir com muito mais segurança do que antes, pela sua solidez no seio da terra. O instinto não atrofia ao surgir a razão. Ele perde o comando mais visível, como existe no animal, entretanto, ajuda a inteligência nas suas difíceis soluções, no silêncio da própria vida, inerente ao seu estado.

O nada se perde atinge igualmente os dons da alma. Os talentos se intercruzam em uma fraternidade perfeita, uns ajudando os outros, e todos formando um conjunto, de sorte a trazer ao mundo da consciência a harmonia divina. Compete a cada Espírito compreender a ordem e trabalhar para que ela se estabeleça, com todas as suas diretrizes de amor no centro da consciência e esta redistribuir as bênçãos de felicidade a todo o mundo interno.

O instinto é a base da conscientização de todo o saber; é como que um livro invisível, porém real, onde estão escritas todas as leis reguladas pelo tempo. A razão é esse mesmo instinto na feição de maturidade; é o alicerce da inteligência, que se apoia neste princípio divino, ordenado e estabelecido por Deus, como sol da vida.

Podemos comparar o instinto aos pés dos homens e a inteligência ao exército da razão. Apesar dos meios de transportes sofisticados da época, eles sempre precisam dos pés para tudo o que fazem. Mesmo que se lembrem pouco deles, eles são a base da locomoção dos encarnados. A Doutrina dos Espíritos, no seu conjunto doutrinário, nos oferece muitos meios e métodos agradáveis, para exercitarmos todos os nossos dons, de maneira a que eles possam crescer ampliando seus valores. Uma escada, mesmo usada por muitas criaturas, deve conservar os primeiros degraus, sem os quais não poderá ser usada, além de que são eles que garantem a segurança dos outros. O instinto, o raciocínio e a intuição constituem uma escada evolutiva, são estágios variados do mesmo dom da vida que, juntos, garantem a estabilidade e nos proporcionam meios mais sólidos para vivermos em paz. Nada se acaba na vida; tudo se funde e refunde em busca da perfeição.

O homem não pode desprezar o instinto porque possui a inteligência, nem o super-homem pode abandonar a inteligência, por ter conquistado a intuição. Todos os valores são úteis na engrenagem evolutiva de todos os seres. Entrementes, deve-se saber usá-los na hora certa, como no momento exato servir-se do raciocínio. O conhecimento é a base do equilíbrio e a compreensão, o estímulo de todas as forças do bem que, somadas, esplendem-se no amor. O instinto nunca se transvia, por ser programação da Divindade, no centro das vidas menores, e a razão obedece ao livre arbítrio da criatura, que necessita de experiências para que sua disciplina se alie ao bom senso.

De fato, o instinto é uma inteligência rudimentar mas, que guarda no seu seio celeiros imortais que, desenvolvidos, ultrapassam as belezas da própria inteligência e mesmo da intuição, pelo fato de que o despertamento da alma é infinito, na extensão grandiosa do crescimento sem limites, do Espírito.

Questão 74 - O Livro dos Espíritos


LIVRO PRIMEIRO - AS CAUSAS PRIMEIRAS
CAPÍTULO IV - PRINCÍPIO VITAL

INTELIGÊNCIA E INSTINTO

74. Pode estabelecer-se uma linha de separação entre instinto e a inteligência, isto é, precisar onde um acaba e começa a outra?
Não, porque muitas vezes se confundem. Mas, muito bem se podem distinguir os atos que decorrem do instinto dos que são da inteligência.

Comentário do Espírito Miramez 
INTELIGÊNCIA E INSTINTO
Não se pode determinar onde termina o instinto e começa a inteligência, contudo, um e outra têm funções diferentes, no âmbito da vida, e dá para perceber no homem evoluído, a imposição de um e a ascendência da outra. O instinto é a mesma inteligência em estado primitivo e a inteligência é o instinto aprimorado, porém, a divisão de um para com o outro é bastante sutil para que se possa constatar com os nossos sentidos.

O instinto é uma espécie de condicionamento divino, na divina estrutura do Espírito; é pois, uma espécie de programação da Divindade, na formação da alma. Podemos analisar os animais: a cada espécie é determinado desenvolver um tipo de vida, e todas as gerações fazem o mesmo, por lhes faltar a razão, sendo ela o fator Primordial no aprimoramento de métodos de todas as criaturas humanas, é bom se notar que o homem de ontem não teria as mesmas condições de vida dos homens de hoje. Tudo melhorou, de modo que o bem-estar cresceu, por ser fruto da inteligência. E, como já dissemos, também a inteligência irá ceder lugar à intuição, que tem aparências de instinto, mas vibra em faixa muito diferente: o primeiro é terreno e a segunda é divina. Em tudo no mundo há ordem para crescer e iluminar.

O instinto, no Espírito encarnado, não atrofia da maneira que muitos pensam, para que a inteligência o domine com toda a exuberância. Ele não desaparece. Notamos sua ação orientadora no mundo inteiro, como sendo uma mente instintiva, a orientar todos os órgãos, senão todo o mundo celular e, como inteligência, notamos sua ação benfeitora no campo externo, desenvolvendo as condições exteriores para a sua própria felicidade. Quando os sentimentos se iluminam, ajudam o raciocínio a beneficiar a coletividade, pela força do amor. A inteligência é prova evidente da maturidade da alma, e é neste momento que Deus acha conveniente que o Espírito fique mais livre e caminhe com os próprios pés, que entre na fase de conquistar a sua paz e, notadamente, responder pelo que faz com as suas faculdades. O instinto é cego no tocante a escolhas por si mesmo; é uma programação, se assim podemos dizer. Já a inteligência tem a capacidade de selecionar e saber o melhor. Ela faz parte mais diretamente da consciência e tira dela informações sobre as leis naturais da vida e das vidas sucessivas.

Tudo isso é motivo de muitas pesquisas ainda, para que a luz se faça. Não podemos deixar de escutar assuntos como esses, tão fascinantes, nos levando a crer que grande parte da nossa felicidade se encontra ao nosso alcance, depois, da dependência de Deus. A Doutrina dos Espíritos veio abrir um campo grandioso de estudos sobre a vida espiritual, e a mediunidade em todas as dimensões de vida nos pode fornecer muitas informações valiosas acerca da vida, da alma e de todos os seus sensíveis corpos, para que possamos nos expressar e avançar para o Senhor.

O instinto impõe o caminho que a alma deve percorrer, a inteligência analisa, observa, e convida o Espírito para experimentar com parcimônia, e a intuição tem plena consciência dos caminhos a percorrer.
Que Deus nos abençoe, para que possamos entender melhor a vida que vivemos.


Questão 73 - O Livro dos Espíritos


LIVRO PRIMEIRO - AS CAUSAS PRIMEIRAS
CAPÍTULO IV - PRINCÍPIO VITAL

INTELIGÊNCIA E INSTINTO

73. O instinto independe da inteligência?
Precisamente, não, por isso que o instinto é uma espécie de inteligência. É uma inteligência sem raciocínio. Por ele é que todos os seres proveem às suas necessidades.

Comentário do Espírito Miramez 
O INSTINTO EM MARCHA
Já falamos algumas vezes que o instinto é uma inteligência rudimentar sem a conquista do raciocínio, é um atributo do Espírito em marcha para a perfeição. No animal ele é, pois, o primeiro clarão da alma, esforçando-se para chegar às condições do humano. A mão divina atende a toda a criação, de acordo com a sua elevação espiritual. O animal, na sua condição instintiva, nos mostra com clareza, o quanto já viajou, desde os primeiros movimentos da mônada, procurando se expressar em um corpo. Como é infinita a ascensão, ele não pára de buscar e nesta busca encontra as inúmeras possibilidades do despertamento das suas qualidades, onde Deus deu o toque de vida.

Dificilmente poderemos constatar onde termina o instinto e começa a razão. Esses dois valores se confundem e se aprimoram no decorrer da vida, em busca de Deus. A transmutação é vagarosa, entretanto, nunca se estaciona. Ela avança em todas as direções, procurando sempre o melhor, por ser o seu objetivo a perfeição. O animal, além de encontrar programado nos rudimentos da sua consciência o que deve fazer, recebe, paralelamente, essa bênção, coadjuvante para as suas necessidades, que é o instinto, dando ordens e formando atitudes, sem que entrem nesse movimento os pensamentos, por não haver capacidade de formação das ideias. Se o animal não pensa, escapam das cogitações todas as probabilidades de raciocinar.

A razão se desperta no homem, numa gradação quase imperceptível. O homem primitivo é quase igual ao animal, mas, com possibilidades de, a qualquer momento, começar a surgir em si ideias, de maneira a melhorar as suas próprias condições de vida. Partiu desse primeiro passo o que aconteceu à humanidade: chegar ao ponto a que chegou, da razão altamente desenvolvida, de maneira que em muitos já começam a surgir os rudimentos da intuição, resultado do raciocínio aperfeiçoado. Daí, partem outras qualidades que até então fazem parte do desconhecido. Aquele a quem se chama de santo, gênio ou místico já se entrega à intuição divina, e é por isso que ele acerta mais que o homem comum. A razão é limitada para determinadas coisas.. Ele não alcança o que podem alcançar os valores do Espírito, na elevação que liberta de todos os interesses materiais, vivendo em completo equilíbrio entre as leis que governam matéria e Espírito. É de se notar que Deus está presente em toda a parte. Ele criou leis, de maneira que elas possam vigiar onde vibram, em um esquema computável sem cito, na mais perfeita harmonia de vida.

Todos os reinos demonstram harmonia nas ações que correspondem às suas necessidades e às qualidades do Espírito, que são inúmeras; despertadas, são as mesmas que existem nos outros reinos, só que estão em forma de rudimentos, esperando o tempo e a vontade do Criador para crescer e prosperar.

O modo que podemos entender até agora é este: todos somos filhos de Deus com as mesmas possibilidades e os mesmos preitos, por herança divina, porém, para os homens, se movendo em plena razão, a vida mostra que devem se esforçar para conquistar, por serem filhos adultos que já sabem o que fazer. Não nos esqueçamos de Jesus porque, para nós, Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida. Passando por Ele, encontraremos com mais segurança, Deus. E com Jesus, o instinto se transforma com mais fulgor, em dons mais aprimorados.


Questão 72 - O Livro dos Espíritos


LIVRO PRIMEIRO - AS CAUSAS PRIMEIRAS
CAPÍTULO IV - PRINCÍPIO VITAL

INTELIGÊNCIA E INSTINTO

72. Qual a fonte da inteligência?
Já o dissemos; a inteligência universal.

a) Poder-se-ia dizer que cada ser tira uma porção de inteligência da fonte universal e a assimila, como tira e assimila o princípio da vida material?
Isto não passa de simples comparação, todavia inexata, porque a inteligência é uma faculdade própria de cada ser e constitui a sua individualidade moral. Demais, como sabeis, há coisas que ao homem não é dado penetrar e esta, por enquanto, é desse número.

Comentário do Espírito Miramez 
A INTELIGÊNCIA DO HOMEM
Quando falamos da inteligência do homem, estamos nos referindo, certamente, ao ser pensante. A nossa inteligência, de certa forma, está ligada à Inteligência Suprema, na qualidade de sua filha do coração, sem contudo ser uma fração dessa, mas, criação da grande potência universal. Ainda escapam para nós outros os processos naturais da formação da mônada espiritual. Os detalhes pertencem à excogitação do tempo, pelos canais do espaço. A verdade é disseminada para todos e para cada um, na própria dimensão em que vive. Não há violência para nenhum reino de vida.

O Criador dispõe de Sua sabedoria soberana, de forma a nos conduzir para os nossos irmãos menores, no sentido de que eles possam aprender conosco e, ao mesmo tempo, nos leva para os instrutores maiores, de modo a aprendermos com eles. As experiências são cambiáveis por lei de compensação e por lei de amor, e nessa escola divina nasce a fraternidade entre as criaturas. A fonte da nossa inteligência é Deus, mas não como sendo uma parte da inteligência divina, mostrando assim que não há enfraquecimento do Supremo Comando ao nos criar. A criação é uma ciência, ou, se podemos dizer, uma receita que não foi ensinada aos co-criadores. A inteligência da alma é mais ou menos livre, na extensão dos seus inumeráveis caminhos, para usar, dentro do seu âmbito de liberdade, a sua própria liberdade de pensar e de agir no mecanismo da vida. A nossa mente, de encarnados e desencarnados, absorve coisas no ambiente em que vive. Ela pode assimilar, registrando ideias alheias; ela está sujeita ao condicionamento do que vê e ouve. No entanto, tudo isso tem um limite que as leis de Deus não esquecem, e agem pelos engenhosos processos da consciência de, com o tempo, selecionar o que ouve e o que vê: é a presença de Deus em nós, pelos meios que muitos desconhecem, mas que constitui uma verdade. O futuro irá nos mostrar coisas incríveis e inimagináveis em relação aos nossos dons.

Sempre falamos na evolução dos Espíritos; empregamos alhures esse termo; no entanto, na verdade existe um despertamento de nossas qualidades, por já sermos perfeitos dentro da perfeição do Absoluto. Estamos acordando e vamos continuar a acordar gradativamente. Em comparação com os anjos somos mortos, ou, se quisermos dizer, estamos dormindo.

A inteligência, onde gera a razão nos proporciona a individualidade. Podemos pensar e fazer o que nos convém, sendo que a lei nos faz responder pelos nossos atos. O plantio está na nossa liberdade, porém a colheita é obrigatória, para nos ensinar a sermos bons semeadores. Não absorves a inteligência, da maneira que absorves o oxigênio na atmosfera em que vives, e nós, o hálito divino na condição de desencarnados. Não. Quando surgimos das mãos santificantes de Deus, trazemos dentro de nós, como herança divina, todas as qualidades da perfeição, que acordam de passo a passo, que desabrocham de primavera a primavera, sob o comando do próprio Criador, por intermédio, no nosso caso na Terra, de Jesus Cristo.


Questão 71 - O Livro dos Espíritos


LIVRO PRIMEIRO - AS CAUSAS PRIMEIRAS
CAPÍTULO IV - PRINCÍPIO VITAL

INTELIGÊNCIA E INSTINTO

71. A inteligência é atributo do princípio vital?
“Não, pois que as plantas vivem e não pensam: só têm vida orgânica. A inteligência e a matéria são independentes, porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas, a inteligência só por meio dos órgãos materiais pode manifestar-se. Necessário é que o espírito se una à matéria animalizada para intelectualizá-la.

Comentário de Allan Kardec
A inteligência é uma faculdade especial, peculiar a algumas classes de seres orgânicos e que lhes dá, com o pensamento, a vontade de atuar, a consciência de que existem e de que constituem uma individualidade cada um, assim como os meios de estabelecerem relações com o mundo exterior e de proverem às suas necessidades. Podem distinguir-se assim: 
lº, os seres inanimados, constituídos só de matéria, sem vitalidade nem inteligência: são os corpos brutos; 
2º, os seres animados que não pensam, formados de matéria e dotados de vitalidade, porém, destituídos de inteligência; 
3º, os seres animados pensantes, formados de matéria, dotados de vitalidade e tendo a mais um princípio inteligente que lhes outorga a faculdade de pensar.

Comentário do Espírito Miramez
A INTELIGÊNCIA É UM ATRIBUTO
A inteligência é um atributo do Espírito. Ela existe na alma desde seus primórdios, obedecendo a uma escala descendente, para depois ascender nesta mesma ordem, desabrochando todas as suas qualidades inerentes aos poderes do Espírito. A faculdade de pensar e de raciocinar dos seres humanos foi o mesmo instinto do animal que desabrochou pela força dos evos e pelas bênçãos do Criador. Esse mesmo instinto esteve antes na vida da árvore, como presença divina estabelecedora da harmonia vegetal. E, descendo mais, vamos encontrá-la na pedra, coordenadora da sintonia atômica, na mais perfeita agregação de elementos, ramificada na inteligência divina. Esse atributo do Espírito, no anjo, livre dos embaraços terrenos, passa a chamar-se intuição, faculdade esta conhecida pelos santos e sábios. É bom que meditemos sobre esta frase: "O homem começa a entrar na senda da felicidade, quando esquece o raciocínio", por alcançar outro estágio desse atributo divino, no coração que ama, no amor dos anjos.

O Espírito reencarna para despertar certas qualidades no centro da sua consciência. Preso na carne, as condições são mais favoráveis e, na mesma oportunidade, sensibiliza a matéria, que também tem sua ascensão marcada no progresso de todas as coisas criadas por Deus. Não devemos ignorar as leis estabelecidas pelo Soberano Arquiteto do Universo, nem julgá-Lo, quando não ocorre no nosso raciocínio o porquê das coisas. Ele nada fez nem faz errado. O Universo está em plena harmonia, desde a matéria primitiva, muito distante da ciência perceber, até os ninhos cósmicos, em viagens vertiginosas no espaço infinito da criação. O Espírito encarnado está muito longe de conhecer os dons que possui. Todos os aparelhos descobertos pelos homens, de grande utilidade na Terra, são pálidas imagens dos tesouros espirituais, que dormem dentro destes mesmos homens. É por isso que sempre falamos que o corpo é um universo em miniatura e o Espírito, um pequeno deus em ascensão, com todas as qualidades de perfeição em estado latente, como faculdades da alma.

A inteligência não é o Espírito, é um dos seus atributos em expansão, sujeito a variadas metamorfoses, porém sempre ascendendo. E é nesse ascender e crescer que a Doutrina dos Espíritos aparece nos nossos caminhos, nos propondo meios e facultando métodos mais racionais, no condicionamento da verdade, visando à nossa libertação. Certamente que a inteligência só pode manifestar-se por meio dos órgãos materiais, mas, para os que estão na matéria; é lógico, de Espírito para Espírito, que a inteligência é patrimônio espiritual, manifestada por recursos que a alma alcançou.

O Espírito encarnado somente pode demonstrar a sua inteligência pelos órgãos materiais, sensibilizados pela força vital, qual a eletricidade sensibiliza o aparelho de rádio e televisão, para se ouvir a transmissão e ver as imagens. A vida é, pois, muito linda! Podemos chegar ao êxtase quando aprendemos a senti-la, porque Deus está em nós, esperando que acordemos para vê-Lo, sensibilizando todos os nossos dons para ouví-Lo e entendê-Lo, como Amor e Luz que nos dá a vida.


Questão 70 - O Livro dos Espíritos


LIVRO PRIMEIRO - AS CAUSAS PRIMEIRAS
CAPÍTULO IV - PRINCÍPIO VITAL

A VIDA E A MORTE



70. Que é feito da matéria e do princípio vital dos seres orgânicos, quando estes morrem?
A matéria inerte se decompõe e vai formar novos organismos. O princípio vital volta à massa donde saiu.

Comentário de Allan Kardec
Morto o ser orgânico, os elementos que o compõem sofrem novas combinações, de que resultam novos seres, os quais haurem na fonte universal o princípio da vida e da atividade, o absorvem e assimilam, para novamente o restituírem a essa fonte, quando deixarem de existir.

Os órgãos se impregnam, por assim dizer, desse fluido vital e esse fluido dá a todas as partes do organismo uma atividade que as põe em comunicação entre si, nos casos de certas lesões, e normaliza as funções momentaneamente perturbadas. Mas, quando os elementos essenciais ao funcionamento dos órgãos estão destruídos, ou muito profundamente alterados, o fluido vital se torna impotente para lhes transmitir o movimento da vida, e o ser morre.

Mais ou menos necessariamente, os órgãos reagem uns sobre os outros, resultando essa ação recíproca da harmonia do conjunto por eles formado. Destruída que seja, por uma causa qualquer, esta harmonia, o funcionamento deles cessa, como o movimento da máquina cujas peças principais se desarranjem. É o que se verifica, por exemplo, com um relógio gasto pelo uso, ou que sofreu um choque por acidente, no qual a força motriz fica impotente para pô-lo de novo a andar.

Num aparelho elétrico temos imagem mais exata da vida e da morte. Esse aparelho, como todos os corpos da Natureza, contém eletricidade em estado latente. Os fenômenos elétricos, porém, não se produzem senão quando o fluido é posto em atividade por uma causa especial. Poder-se-ia então dizer que o aparelho está vivo. Vindo a cessar a causa da atividade, cessa o fenômeno: o aparelho volta ao estado de inércia. Os corpos orgânicos são, assim, uma espécie de pilhas ou aparelhos elétricos, nos quais a atividade do fluido determina o fenômeno da vida. A cessação dessa atividade causa a morte.

A quantidade de fluido vital não é absoluta em todos os seres orgânicos. Varia segundo as espécies e não é constante, quer em cada indivíduo, quer nos indivíduos de uma espécie. Alguns há, que se acham, por assim dizer, saturados desse fluido, enquanto outros o possuem em quantidade apenas suficiente. Daí, para alguns, vida mais ativa, mais tenaz e, de certo modo, superabundante.

A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se insuficiente para a conservação da vida, se não for renovada pela absorção e assimilação das substâncias que o contêm.

O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tiver em maior porção pode dá-lo a um que o tenha de menos e em certos casos prolongar a vida prestes a extinguir-se.