Abandonando culpas e assumindo responsabilidades

Várias são as definições de “culpa”: é um sentimento doloroso de quem se arrependeu de suas ações; é um sentimento que surge após a pessoa julgar a si mesma por um comportamento passado; é um sentimento que se manifesta quando a pessoa avalia sua ação e a reprova.

De modo geral, a culpa é um sentimento que se apresenta à consciência quando a pessoa avalia seus atos de forma negativa, sentindo-se responsável por falhas, erros e imperfeições. Assim, a culpa está intimamente ligada à violação de valores morais, ou seja, surge quando se pratica um ato contrário à norma moral.


O Livro dos Espíritos
esclarece perfeitamente a compreensão dos valores morais. A questão 629 esclarece que “a moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da Lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a Lei de Deus”, que está escrita na própria consciência, intimamente ligada a cada um.

Os bastidores do Livro dos Espíritos

O Livro dos Espíritos (na língua francesa, Le Livre des Esprits) é o primeiro livro da Codificação Espírita publicado por Hippolyte Léon Denizard Rivail sob o pseudônimo de Allan Kardec. Esta obra contém os princípios do Espiritismo sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as Leis Morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade (segundo os ensinamentos dos Espíritos Superiores, através de diversos médiuns, recebidos e ordenados por Allan Kardec). É uma das oito obras fundamentais para o estudo da Doutrina Espírita juntamente com: O Que É o Espiritismo (1859); O Livro dos Médiuns (1861); O Evangelho segundo o Espiritismo (1863); O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina Segundo o Espiritismo (1865); A Gênese - os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo (1868), Obras Póstumas (1890) e Revista Espírita (1858–1869).

História

A obra veio a público em 18 de abril de 1857, lançada no Palais Royal, em Paris, na forma de perguntas e respostas, originalmente compreendendo 501 itens. Foi fruto dos estudos de Kardec sobre fenômenos como mesas girantes, psicografia e psicofonia, difundidos por toda a Europa e Estados Unidos em meados do século XIX, e que, segundo muitos pesquisadores da época, possuíam origem mediúnica. Foi o primeiro de uma série de cinco livros editados pelo pedagogo sobre o mesmo tema.

Amor e almas gêmeas

Almas gêmeas, conforme o entendimento vulgar, não existem. O que existem são Espíritos com profundos laços de afinidade, que muitas vezes se encontram na vida enquanto encarnados. Podemos dizer, sim, que existem almas com grande afeição mútua. Somos individualidades, e, como tal, não há espíritos que se complementem uns aos outros, como se por si só não fossem inteiros, um!

A ideia de almas gêmeas vem do fato que muitos atribuem tal termo a espíritos afins, e que caminham juntos, mas sem a ideia de que tal caminhada não seria possível sem a presença do outro. Esta união baseia-se no amor, não necessariamente entre homem e mulher, mas entre seres que partilham deste sentimento das mais diversas formas possíveis.

Questões de O Livro dos Espíritos, que nos orientam de modo seguro para o entendimento do assunto:

291 - Além da simpatia geral, oriunda da semelhança que entre eles exista, votam-se os Espíritos recíprocas afeições particulares?

Do mesmo modo que os homens, sendo, porém, que mais forte é o laço que prende os Espíritos uns aos outros, quando carentes de corpo material, porque então esse laço não se acha exposto às vicissitudes das paixões.

Suicídio

O que acontece com a alma de quem se mata? Perde a alma? A alma tem salvação?

Segundo a Doutrina Espírita a alma é imortal, portanto é indestrutível. Um dos princípios básicos da Doutrina Espírita é a reencarnação que representa uma das formas pela qual se manifesta a Justiça de Deus. Portanto, todas as almas têm salvação.

Em uma reencarnação a criatura desenvolve valores; noutra, ela já realiza outra experiência, como se fossem etapas, séries de uma grande escola. Quando alguém se equivoca e falha em uma existência corporal reencarna-se mais tarde com os mesmos problemas e repete a experiência fracassada. Quando vence as dificuldades, é promovido a um estágio superior.

Somos Espíritos em aprendizagem, em constante progresso. Todos nós, um dia, seremos perfeitos, felizes. Como bem disse Jesus: “Nenhuma das ovelhas de meu Pai se perderá, mas todas elas terão que pagar ceitil, por ceitil, do que devem”. Equivale dizer que, nenhum de nós estará mergulhado em um sofrimento eterno. Não! O Pai é de Infinita bondade. E se é infinitamente bom, não podemos imaginar que ele castiga seus filhos eternamente por uma falta! Às vezes, nem um pai humano faz isso. Imaginemos Deus!

Aborto

A pílula do dia seguinte é considerada aborto mesmo que não tenha havido fecundação ainda, e esta tenha evitado que ela ocorresse?

Esta questão é de grande importância, pois trata de bioética, isto é, uma reflexão crítica e imparcial, apoiada sobre fatos, que estuda a melhor conduta do ser humano diante das descobertas e dados científicos na área da biologia e da saúde. O Espiritismo, que trata da natureza, da origem e do destino da criatura humana, fornece a contribuição profunda a essas questões.

Uma questão muito simples, mas que confunde muitos pensadores, é sobre o começo da vida. Quando podemos dizer que o ser humano adquire vida? O Livro dos Espíritos (nas questões 344 a 360) e A Gênese (capítulo XI, item 18), ambos de Allan Kardec, não deixam dúvidas de que a vida começa na fecundação, em geral na tuba uterina da mulher, quando o perispírito do reencarnante liga-se fortemente à célula-ovo, ou zigoto (produto diplóide - com 46 cromossomos - da união da célula germinativa masculina e da feminina)1. Depois da fecundação no terço distal da tuba uterina, o embrião, o novo indivíduo (a tríade hominal - corpo geneticamente ímpar, perispírito e Espírito) deve caminhar até o útero, levando cerca de 1 (uma) semana para implantar-se (nidação). Para essa caminhada e nidação, é necessário que todos o aparelho feminino esteja funcionando adequadamente e o útero esteja na fase secretória (adequada para o embrião), sob um controle hormonal natural da mulher. Em qualquer atraso, o embrião “morre de fome”, por falta de nutrientes, e é absorvido pelo próprio organismo da mulher e o Espírito desliga-se para aguardar nova oportunidade reencarnatória.

Aos filhos

Vocês serão felizes se honrarem seus pais e se tirarem deles somente o bem.

Certa vez adentramos um gabinete, no mundo espiritual, para tomarmos informações, esperando determinadas notícias que muito nos alegrariam. Ao penetrarmos na ampla sala, o diretor em exercício estava em profunda meditação. Tomamos assento silenciosamente e começamos a orar, certa de que com esse gesto estávamos cooperando com o nosso irmão em meditação. Nessa hora, nos deparamos com uma visão deslumbrante; o diretor meditava na parábola do filho pródigo e sua poderosa mente criara uma linda vivenda, com pastagens que se perdiam de vista, camelos que iam e vinham nas áreas verdejantes, cabras, carneiros, vacas, trigais imensuráveis retratando a cor do sol, canaviais convidando ao corte para a transmutação da cana em bebidas ou doces mais apurados. Duas quedas d'água enfeitavam o ambiente como riqueza para o solo; currais margeavam a casa grande e denotavam movimento intenso com as criações. Dentro do lar, uma família composta de muita gente em plena harmonia, mas o pai, que se encontrava estirado em ampla cadeira, deixava transparecer grande preocupação. Pensava o chefe da família no filho que, tendo-se sido desentendido com alguns da família, fazia o amor oprimir o seu coração, que chorava com saudades do filho.

Saindo daquela meditação, sorriu para mim e comentou:

- Minha filha, eu estava pensando na parábola do filho pródigo;

Aos pais

Pais: cuidem bem de seus filhos, pois amanhã eles serão pais e se lembrarão do que fizeram em benefício deles, fazendo o mesmo para os seus descendentes.

Os deveres dos pais para com os filhos diante da vida são muito grandes, senão dos maiores, durante a sua existência terrena. É importante lembrar que um pai ombreia um peso de responsabilidades bem acima do que muitos julgam como deveres. A tarefa de educar os filhos carece de muita renúncia, de bastante boa vontade e de gigantesco esforço próprio, no sentido de consolidar o ideal dos pais, em plena conexão com os compromissos assumidos no mundo espiritual. Eles se compromissaram com outros Espíritos bem antes de renascerem em seus lares.

Sobrevém, a propósito, a ideia de narrar um fato, que assim ocorreu:

Dois Espíritos entrelaçados por grande amor recíproco no plano espiritual, combinaram renascer na Terra, com imenso empenho de ressarcir dívidas pretéritas, recebendo no lar meia dúzia de almas, dentre as quais uma viria vestir o corpo de carne como missionária de evangelização nas Terras do Cruzeiro; os cinco Espíritos restantes eram atrasados e, certamente, iriam balançar todos os ideais de paz e de alegria dos pais.

Aos jovens

O entusiasmo em demasia é caminho para o fanatismo; a ponderação das ideias nos leva para o roteiro do equilíbrio.

Os moços têm a essência dinâmica; são irrequietos, expansivos, desdobrando-se em todas as oportunidades para se fazerem vistos, mostrando que são criaturas importantes, ainda que em formação. Se o lar não é bem formado, os jovens tomarão com facilidade caminhos indesejáveis, o que poderá, mais tarde, trazer desgostos à família e dificuldades à sociedade. Eis porque o ninho familiar deve ser bem estruturado, dentro da ética cristã. A lei da evolução nos fala que nem todos os jovens são iguais, mas quase todos são influenciáveis pelos ambientes nos quais nascem e vivem.

Na verdade, a alma dinamiza as suas próprias qualidades, já conquistadas na luta com seus instintos inferiores e influências exteriores, vencendo-as. Todavia, isso somente acontece quando já si venceu considerável porcentagem das lutas travadas para se conhece a si mesmo. Mesmo assim, o Espírito carece das indispensáveis ajuda exteriores, nas lutas de cada dia. Só o Espírito puro, que estagia r Terra para ajudar seus irmãos da retaguarda é que sai ileso das agressões exteriores. Não podemos prescindir da ajuda de outros, nós e estamos tateando na subida da vida. Somos, por assim dizer, jovens espera das experiências dos velhos.

Kardec e a Bíblia

O Espiritismo compreende Jesus como modelo e guia por excelência, sendo discutida em suas obras, entre outros temas, a essência da mensagem cristã, comentada e interpretada por Allan Kardec e pelos Espíritos, destacadamente em O Evangelho segundo o Espiritismo . O texto bíblico é alvo da atenção de Kardec também em outros livros, onde é valorizado, mas analisado de forma crítica, seguindo a tendência das leituras mais liberais do século XIX.

Já em O Livros dos Espíritos , a figura de Jesus e os evangelhos ganham destaque. Em sua questão 625, os Espíritos respondem que “o tipo mais perfeito que Deus já ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo” é Jesus. Na conclusão da obra, Kardec ainda afirma ser a moral espírita a mesma que a cristã, exposta nos evangelhos. Todavia, em O Evangelho segundo o Espiritismo a importância dada a eles é ainda mais clara. Contudo, que tratamento Kardec dá aos textos bíblicos? Como os analisa e interpreta? São essas as questões centrais discutidas nesse artigo.

Identificando o caráter alegórico e muitas vezes de difícil entendimento desses textos pelo o leitor moderno, para Kardec o Espiritismo é a chave completa para compreender seu “verdadeiro sentido”. O contexto de surgimento do Espiritismo já contava com esse otimismo na pesquisa sobre os textos bíblicos, ainda que predominasse uma abordagem materialista, que não admitia a realidade dos fenômenos extraordinários atribuídos a Jesus. Contudo, a essa expectativa de compreender melhor a Bíblia por métodos científicos, Kardec uniu a contribuição dos Espíritos.

A Parábola do filho pródigo

Disse Jesus: Um homem tinha dois filhos. O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte do patrimônio que me toca. O pai então repartiu entre eles os haveres. Poucos dias depois ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou sua herança vivendo dissolutamente. Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome: e ele começou a passar penúria. Foi pôr-se a serviço de um dos senhores daquela região, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Entrando então em si e refletiu: “Quantos empregados há na casa de meu pai, que têm pão em abundância, e eu, aqui, a morrer de fome! Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como a um dos teus empregados”. Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu, e, movido pela misericórdia, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. O filho lhe disse então: “Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho”. Mas o pai disse aos servos: “Trazei-me depressa a melhor (primeira) veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. Trazei também o bezerro cevado e matai-o; comamos e festejemos. Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido e foi achado”. E começaram a festa. O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia. Ele lhe explicou: Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo. Encolerizou-se ele e não queria entrar; mas seu pai saiu e insistiu com ele. Ele, então, respondeu ao pai: há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito, para festejar com os meus amigos. E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandas-te matar um novilho gordo! Explicou-lhe o pai: Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu; convinha, porém, fazermos festa, pois que este teu irmão estava morto e reviveu, tinha-se perdido e foi achado. (Lucas, 15:11-32).

Esclarecimentos iniciais

A criança é o futuro

No quadro de renovações imediatas do mundo, problemas angustiosos absorverão naturalmente os sociólogos mais atilados.

A civilização enferma requisita recursos salvadores, socorros providenciais, em face do transcendentalismo da atualidade. Organismo devastado por moléstias indefiníveis, a sociedade humana está compelida a examinar detidamente as questões mais dolorosas, tocando-lhes a complexidade e a extensão. Tão logo regresse à paisagem pacífica, reconhecerá a necessidade da reconstrução salutar.

Entretanto, a desilusão e o desânimo serão inevitáveis no círculo dos lutadores.

Por onde recomeçar:

As experiências amargas terão passado, rumo aos abismos do tempo, substituindo nas almas o anseio justo da concórdia geral, todavia, é razoável ponderar a preocupação torturante a se fazer sentir, em todos os planos do pensamento internacional.

O mestre e as opiniões

Quando Jesus, consagrando as alegrias familiares e o culto sublime da união doméstica, transformou a água em vinho, nas bodas de Canaã, cercaram-no os imensos tentáculos da falsa opinião, pela primeira vez, na fase ativa de seus apostolados. Por que semelhante transformação? Seria possível converter a água pura em vinho, destinado à embriaguez?

Procurando companheiros para a missão de luz e sendo escarnecido pelos sacerdotes, juízes e doutores de seu tempo, buscou o Mestre a companhia simples e humilde dos pescadores. A maledicência, contudo, não lhe perdoou o gesto. Que motivo induzia aquele missionário a socorrer-se de homens iletrados e rudes, que costumavam espreguiçar-se nas barcas velhas?

Instituiu a alegria e o bom ânimo, a confiança mútua e o otimismo entre os discípulos; entretanto, o farisaísmo recriminava-lhe a conduta. Que instrutor era aquele, que não jejuava nem mantinha preceitos rigoristas?

O livro de Atos dos Apóstolos

Atos, do grego, praxeis. Atos ou praxeis era uma palavra utilizada na antiguidade para descrever os feitos e as realizações de grandes homens.

O Livro de Atos revela, de fato, os feitos notáveis de personagens do cristianismo primitivo, especialmente, pela ordem, Pedro (nos capítulos 1 a 12) e Paulo (nos capítulos 13 a 28). O Livro de Atos revela também feitos mediúnicos dos mais notáveis.

Escritos de Irineu, Clemente de Alexandria, Tertuliano, Orígenes, Eusébio e Jerônimo afirmam que o autor do Livro de Atos é Lucas. Como mencionamos na introdução do Evangelho Segundo Lucas, Lucas era um amigo muito querido a Paulo (Colossenses 4:14), seu companheiro de viagem e médico pessoal.

Ao escrever o Livro de Atos, Lucas baseou-se em fontes escritas

Com eles enviaram a seguinte carta: Os irmãos apóstolos e presbíteros, aos cristãos gentios que estão em Antioquia, na Síria e na Cilícia: Saudações. Soubemos que alguns saíram de nosso meio, sem nossa autorização, e os perturbaram, transtornando a mente de vocês com o que disseram. Assim, concordamos todos em escolher alguns homens e enviá-los a vocês com nossos amados irmãos Paulo e Barnabé, homens que têm arriscado a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, estamos enviando Judas e Silas para confirmarem verbalmente o que estamos escrevendo. Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não impor a vocês nada além das seguintes exigências necessárias: Que se abstenham de comida sacrificada aos ídolos, do sangue, da carne de animais estrangulados e da imoralidade sexual. Vocês farão bem em evitar essas coisas. "Que tudo lhes vá bem". (Atos, 15:23-29)

Cláudio Lísias, ao Excelentíssimo Governador Félix, Saudações. Este homem foi preso pelos judeus, que estavam prestes a matá-lo quando eu, chegando com minhas tropas, o resgatei, pois soube que ele é cidadão romano. Querendo saber por que o estavam acusando, levei-o ao Sinédrio deles. Descobri que ele estava sendo acusado em questões acerca da lei deles, mas não havia contra ele nenhuma acusação que merecesse morte ou prisão. Quando fui informado de que estava sendo preparada uma cilada contra ele, enviei-o imediatamente a Vossa Excelência. Também ordenei que os seus acusadores apresentassem a Vossa Excelência aquilo que têm contra ele. (Atos, 23:26-30)

Uma rosa para Chico Xavier

Parte da entrevista concedida pela única dos irmãos ainda vivos de Chico Xavier, A Ismael Gobbo, e publicada na Folha Espírita, de São Paulo, em 2009

FE. E a família Xavier?

Cidália - “Papai, João Cândido Xavier, que se casou com Cidália, minha mãe, já tinha nove filhos do primeiro casamento, com dona Maria João de Deus, entre eles o Chico. Mamãe teve seis filhos: André, o mais velho, depois, Lucília, Neuza, eu, Dóris (Doralice) e João, o caçula. Vivos somos eu e o André, que mora em São Paulo. Mamãe era um sonho. O Chico, que tinha apanhado muito depois da morte da sua mãe, encontrou nela o carinho que precisava. A história é bonita. Ficamos sabendo que, logo depois do casamento com papai, mamãe colocou um banco e enfileirou todas as canequinhas para servir o café e o bolo para cada um dos filhos que recebia com todo amor e carinho. Ela era muito calma, muito meiga. Papai já tinha um temperamento meio nervoso, principalmente em relação ao Chico, porque ele ficava até tarde nos trabalhos de psicografia e de atendimento. Era quando ele falava: “Esse povo não dá sossego pro Chico. Será que não vê que ele precisa dormir para acordar cedo e ir trabalhar?”.

FE. João frequentava os trabalhos espíritas?

Cidália - “Ele não frequentava, mas o filhos todos iam ao centro espírita. José, que dos homens era o mais velho e muito alegre, foi o braço direito de Chico Xavier. Quando ele desencarnou o Chico ficou numa tristeza enorme porque sempre trabalharam juntos”.

Chico Xavier visto pelo historiador Geraldo Leão

Parte da entrevista concedida pelo historiador Geraldo Leão, de Pedro Leopoldo, MG, A Ismael Gobbo e Publicada na Folha Espírita, de São Paulo, de 2009

FE – Como conheceu e como avalia a importância de Chico Xavier para Pedro Leopoldo?

Leão - O meu primeiro contato com o Chico se deu quando eu contava com aproximadamente 20 anos. Eu estava naquela efervescência da juventude e namorando, circunstâncias que, de certa forma, não me faziam perceber sua importância. Ele frequentava muito a casa de meu pai, que era motorista de praça, e o levava para viajar ou visitar a periferia. Inclusive, meu pai fez várias fotos de Chico Xavier que fazem parte do acervo. Passado algum tempo é que fui entendendo quem era realmente Chico Xavier e o que ele representava para Pedro Leopoldo. Descobri, como muitos, que ele era uma pessoa fora do comum.

FE - Em janeiro completaram-se 50 anos da ida de Chico de Pedro Leopoldo para a Uberaba. Como era a cidade com Chico e, depois, sem ele?

Leão - Só para você ter uma ideia, na época do Chico em Pedro Leopoldo, ou seja, há 50 anos, a cidade contava, entre pousadas, pensões e hotéis, com aproximadamente oito unidades. Hoje conta com apenas dois hotéis. Pedro Leopoldo com o Chico Xavier era outra. Às segundas e sextas-feiras, a cidade ficava tomada por centenas de visitantes, que vinham para assistir às sessões no Centro Espírita Luiz Gonzaga, para receber uma mensagem, um conforto ou apenas conhecer o Chico. Pela rua São Sebastião toda se via automóveis vindos de todos os cantos do país. E, também do exterior, Chico Xavier recebia visitantes. Um deles foi o famoso professor Pietro Ubaldi, em 1951, que, na ocasião, recebeu noticias da mãe, em italiano, através do Chico. Outra visita ilustre foi a do jornalista Clementino de Alencar, de O Globo, no primeiro semestre de 1935. Na companhia de um fotógrafo, ele assistia às reuniões, fazia entrevistas, fotografava e enviava quase diariamente as matérias para a sede do jornal, no Rio de Janeiro. Esse valioso material com ilustrações interessantes foi inserido no livro Notáveis reportagens com Chico Xavier, editado pelo IDE, de Araras, SP.

Chico Xavier na intimidade

Minha tia avó, Nair Machado Paschoal foi contemporânea de Chico Xavier em sua meninice na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Nascida em 11 de Abril de 1914 ela era apenas 4 anos mais moça que Chico. Contava-nos ela que costumava levar para o Grupo Escolar de Pedro Leopoldo a merenda que a mãe, minha bisavó Georgina Cândida Machado, fazia questão de enviar aos alunos mais pobres. O menino Chico era um dos que recebiam esta colaboração fraternal, e desde então estabeleceu-se entre a família de Chico e os Machado grande afinidade. Temos um trecho de uma carta dele em que ele afirma que minha bisavó Georgina Cândida Machado era a melhor amiga de sua mãe Maria de São João de Deus.

Muitas décadas depois, num dos chás beneficentes de Chico Xavier, promovidos em São Paulo por sua grande amiga Mercedes, Chico abordou publicamente este fato, chamando à sua presença nossa querida tia avó Nair, para lhe ofertar publicamente as rosas de sua gratidão.

Esta era uma das características principais da personalidade incomparável do amado Chico, a gratidão! Como ninguém Chico sabia fazer amigos, respeitá-los, cultivar sua amizade, e ser-lhes fiel. Traço próprio das almas justas e generosas como ele.

O Evangelho segundo Marcos

Marcos, o autor do segundo Evangelho apresentado no Novo Testamento, era primo de Barnabé (Colossenses 4:10) e um amigo muito próximo de Pedro. É citado também pelo nome João Marcos – João, também chamado Marcos:

·        Percebendo isso, ele se dirigiu à casa de Maria, mãe de João, também chamado Marcos, onde muita gente se havia reunido e estava orando. Tendo terminado sua missão, Barnabé e Saulo voltaram de Jerusalém, levando consigo João, também chamado Marcos. (Atos, 12:12, 25)

·        Barnabé queria levar João, também chamado Marcos. (Atos, 15:37)

Marcos seguiu com Barnabé e com Paulo na primeira viagem missionária do Apóstolo dos Gentios (Atos 12:25;13:5).

Os pais da igreja primitiva concordam, de forma unânime, que Marcos foi quem escreveu o Evangelho que leva o seu nome – segundo Papias, bispo de Hierápolis, escrevendo no ano 140 d.C., “Marcos, tendo se tornado intérprete de Pedro, escreveu com precisão tudo de que se lembrou”; outrossim: Justino Mártir, por volta do ano 150 d.C., refere-se ao Evangelho que Marcos escreveu como sendo as “memórias de Pedro”.

Evangelho segundo Marcos - cap. 1

Prédica de João Batista. Batismo. Espírito Santo. Anjos da guarda. Batismo de Jesus

(Mateus, 3:1-17; Lucas, 3:1-18;21,22; João, 1:32-34)

1. Começo do Evangelho de Jesus Cristo filho de Deus, 2. Como está escrito no profeta Isaías: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face. 3. Como está no do que clama no deserto: “Preparai o caminho do Senhor; tornai retas suas sendas.” 4. João esteve no deserto batizando e pregando o batismo de penitência para a remissão dos pecados. 5. Toda a Judeia e todos os habitantes de Jerusalém vinham ter com ele e, confessando seus pecados, eram por ele batizados no rio Jordão. 6. João vestia pele de camelo, usava uma tira de couro à volta da cintura e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre. Pregava dizendo: 7. Um mais poderoso do que eu virá depois de mim, que não sou digno de lhe desatar as correias das alpercatas prosternando-me a seus pés. 8. Eu vos batizo com água; ele, porém, vos batizará com Espírito Santo. 9. Eis o que sucedeu naqueles dias: Jesus veio de Nazaré, que fica na Galileia, e foi batizado por João no Jordão. 10. Logo que saiu da água, Jesus viu abrirem-se os céus e um Espírito Santo descer em forma de uma pomba e pairar sobre ele. 11. E uma voz do céu se fez ouvir dizendo: És meu filho bem-amado; em ti me tenho comprazido.

João, filho de Zacarias e de Isabel, o Precursor de Jesus, nasceu seis meses antes do aparecimento deste e desencarnou com 31 anos de idade. Cheio de um Espírito Santo desde o ventre materno, como diz o Evangelista, ele foi, conforme o declarou o divino Mestre, o maior dentre os nascidos de mulher.

Evangelho segundo Marcos - cap. 2

A cura de um paralítico

(Mateus, 9:1-8; Lucas, 5:17-26)

1. Alguns dias depois voltou Jesus a Cafarnaum. 2. Assim que ouviram dizer que Ele estava em casa, reuniu-se lá tanta gente que a casa ficou apinhada até fora da porta; e Ele pregava a palavra de Deus. 3. Trouxeram-lhe então um paralítico carregado por quatro homens. 4. Como, por causa da multidão, não o pudessem levar até junto do Mestre, fizeram no teto uma abertura e por aí desceram o leito em que jazia o paralítico. 5. Observando-lhes a fé, disse Jesus a este Último: “Filho, teus pecados te são perdoados.” 6. Ora, estavam por ali sentados alguns escribas em cujos corações se aninhavam estes pensamentos: 7. Que diz este homem? Ele blasfema; quem pode perdoar os pecados senão Deus unicamente? - 8. Jesus pelo seu espírito conheceu logo o que eles pensavam de si para si e lhes disse: “Por que aninhais em vossos corações esses pensamentos? 9. Que é o que será mais fácil de dizer a este paralítico: Teus pecados te são perdoados? ou: Levanta-te, toma o teu leito e caminha? 10. Para que saibais que o filho do homem tem, na Terra, o poder de perdoar os pecados 11. digo-te (dirigindo-se ao paralítico): Levanta-te, toma o teu leito e volta para tua casa”. 12. No mesmo instante o paralítico se levantou, tomou o leito e partiu diante de toda a gente. Todos se encheram de espanto e, glorificando a Deus, diziam: Nunca vimos coisa semelhante.

Jesus curou o paralítico pelo mesmo meio de que se serviu para operar as outras curas de que já temos tratado pela ação magnética, desenvolvida sob o influxo da sua poderosa vontade.

Evangelho segundo Marcos - cap. 3

Cura de uma mão paralítica, em dia de sábado

(Mateus, 12:9-14; Lucas, 6:6-11)

1. Jesus entrou de novo na sinagoga. Como aí se achasse um homem que tinha seca uma das mãos, 2. Eles se puseram de observação para ver se Jesus o curaria em dia de sábado, a fim de o acusarem. 3. Disse então Jesus ao homem que tinha a mão seca: Vem aqui para o meio. 4. E perguntou: É permitido em dia de sábado fazer o bem ou o mal, salvar ou tirar uma vida? Eles se calaram. 5. Perpassando então por eles o olhar, tomado de cólera, aflito pela cegueira de seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão; o homem a estendeu e ela ficou sã. 6. Os fariseus se retiraram logo e, com os Herodistas, fizeram um conciliábulo buscando meio de o perderem.

Quanto aos escribas e fariseus, Jesus não os olhou “tomado de cólera, aflito pela cegueira de seus corações”, conforme se lê nas narrativas evangélicas. O pensamento, que essas palavras humanas mal exprimiram, é que o divino Mestre se doía de vê-los resistir voluntariamente aos esforços que Ele empregava para salvá-los.

A cólera jamais entrou, nem poderia entrar, no coração do Cristo. Os escribas e os fariseus eram Espíritos culpados que, empedernidos, fechavam os olhos para não ver a luz que o Senhor lhes oferecia e o Senhor com isto 219 sofria realmente, se afligia e indignava ante tal obstinação. Não sofrem os nossos anjos de guarda com o nosso endurecimento? Mas, como os fariseus e os escribas, temos o nosso livre-arbítrio, que não pode ser violentado, como não o foi o deles, uma vez que, enviando à Terra o Messias, Deus a todos abriu uma nova via de purificação e redenção.

Evangelho segundo Marcos - cap. 4

Parábola do semeador. Explicação dessa parábola

(Mateus, 13:1-23; Lucas, 8:1-15,18; 10:23,24)

1. Pôs-se de novo a ensinar próximo ao mar e, como enorme fosse a multidão que ali se reuniu, Ele subiu para uma barca e se sentou, ficando todo o povo na praia. 2. Muitas coisas ensinava por parábolas, dizendo, segundo o seu modo de doutrinar: 3. “Escutai. O semeador saiu a semear: 4, e, enquanto semeava, uma parte das sementes caiu à borda do caminho; vieram as aves do céu e a comeram. 5. Outra parte caiu em terreno pedregoso, onde pouca terra havia; as sementes germinaram logo, pois que pequena era a profundidade da terra; 6, veio, porém, o Sol, crestou as plantas e estas, por não terem raízes, secaram. 7. Outra parte caiu entre espinheiros, estes cresceram e a abafaram, de sorte que ela não deu frutos. 8. Outra, finalmente, caiu em terra boa; os grãos deram fruto; elevaram-se, multiplicaram-se e produziram cem, sessenta, trinta por um.’ 9. E acrescentava: Ouça quem tiver ouvidos de ouvir. 10. Quando com Ele ficaram a sós os doze que o seguiam interrogaram-no acerca dessa parábola, 11. e Ele lhes respondeu: Dado vos é a vós conhecer o mistério do reino de Deus, mas, para aqueles que são de fora, tudo se faz por parábolas; 12, a fim de que, vendo, vejam e não vejam e, ouvindo, ouçam e não compreendam, para que não se convertam e os pecados lhes sejam perdoados. 13. Perguntou-lhes em seguida: Não entendeis esta parábola? Como podereis entender todas as parábolas? 14. O semeador semeia a palavra. 15. A margem do caminho, ao longo do qual a semente caiu, são aqueles de cujos corações Satanás vem arrancar a palavra logo depois de ter sido nos seus corações semeada. 16. Semelhantemente, o terreno pedregoso são os que, ouvindo a palavra, a recebem jubilosos. 17. Como, porém, nesses ela não cria raízes, dura pouco tempo. Em vindo as tribulações e perseguições por causa da palavra, eles logo se escandalizam. 18. Os outros, designados pela parte das sementes lançadas entre espinheiros, são os que ouvem a palavra, 19, mas os cuidados do século, a ilusão das riquezas e as outras paixões, entrando em seus corações, a sufocam e ela não frutifica. 20. O terreno bom onde a última parte das sementes é lançada são os que ouvem a palavra, a recebem e dela tiram frutos, na proporção de cem, de sessenta, de trinta por um. 25. Mais será dado ao que já tem e ao que não tem se tirará mesmo o que tem.

Evangelho segundo Marcos - cap. 5

Legião de maus Espíritos expulsos. Libertação dos subjugados. Porcos precipitados no mar (ou lago)

(Mateus, 8:28-34; Lucas, 8:26-40)

1. Tendo atravessado o mar, desembarcaram no país dos Gerasênios; 2. E, mal Jesus descera da barca, um homem possuído do espírito imundo veio ter com Ele, saindo dos sepulcros, 3. Onde tinha a sua morada habitual, homem esse que ninguém mais conseguia prender nem mesmo com correntes: 4. Pois que muitas vezes já tinha estado com ferros aos pés e preso por cadelas e os quebrara, não havendo quem pudesse dominá-lo. 5. Vivia dia e noite nas montanhas e nos sepulcros, a gritar e a flagelar-se com pedras. 6. Ao ver Jesus de longe, correu para ele e o adorou; 7, exclamando em altas vozes: Que há entre ti e mim, Jesus, filho de Deus Altíssimo? Eu te conjuro, por Deus, a não me atormentares. 8. Isso porque Jesus lhe ordenava: Espírito imundo, sai desse homem. 9. Perguntando-lhe Jesus: Como te chamas? Respondeu: Chamo-me Legião, porquanto somos muitos. 10. E lhe pedia com instância que não o expulsasse daquele país. 11. Ora, havia ali uma grande vara de porcos pastando na encosta do monte 12, e os demônios faziam a Jesus esta súplica: Manda-nos para aqueles porcos, a fim de que entremos neles. 13. E como Jesus lhes desse prontamente permissão para isso, os espíritos impuros, saindo do possesso, entraram nos porcos e toda a manada, que era de perto de duas mil cabeças, correu com grande impetuosidade e foi precipitar-se no mar, onde se afogou. 14. Os que a apascentavam fugiram e foram espalhar na cidade e nos campos a notícia do que se passara e uma multidão saiu a ver o que acontecera. 15. Veio ter com Jesus e, vendo o homem que estivera atormentado pelo demônio, assentado, vestido e em seu juízo, os que a compunham se encheram de temor; 16, e, ouvindo dos que presenciaram os fatos a narrativa do que sucedera ao possesso e aos porcos, 17, se puseram a pedir a Jesus que deixasse aquelas terras. 18. Ao volver Ele para a barca, o homem que estivera atormentado pelo demônio suplicou que lhe fosse permitido acompanhá-lo. 19. Jesus, porém, lho recusou, dizendo: Volta para tua casa, para o meio dos teus e conta-lhes tudo o que por ti fez o Senhor; e que Ele de ti se compadeça. 20. O homem partiu e começou a espalhar em Decápolis tudo o que Jesus lhe fizera, causando admiração a todos.

Evangelho segundo Marcos - cap. 6

Nenhum profeta é desestimado sendo no seu país, na sua casa e entre seus parentes

1. Dali saindo, voltou Jesus para o seu país acompanhado pelos discípulos. 2. E, chegando o dia de sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos dos que o ouviam, admirando-se da sua doutrina, diziam: Donde lhe vieram todas estas coisas? Que sabedoria é essa que lhe foi dada? Como é que suas mãos obram tais maravilhas? 3. Não é ele o carpinteiro filho de Maria e irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E suas irmãs não estão aqui entre nós? E se escandalizavam dele. 4. Jesus, porém, lhes disse: Nenhum profeta é desestimado senão no seu país, na sua casa e entre os seus parentes. 5. E não pôde fazer lá nenhum milagre; apenas curou alguns poucos doentes, impondo-lhes as mãos. 6. E se admirava da incredulidade deles. E lá ia percorrendo as aldeias dos arredores a ensinar.

No parecer dos homens, Jesus era filho de Maria e de José, crença que a Igreja Romana continua a sustentar, firmada no milagre, tendo feito dela um dogma. Convindo em que essa crença tenha sido necessária naquelas prístinas épocas, hoje, nós outros, os espíritas, não podemos sobrepô-la à verdade que nos trouxe a nova revelação, acerca da origem espírita de Jesus, das condições em que se deu o seu aparecimento na Terra e da sua genealogia espiritual.

Evangelho segundo Marcos - cap. 7

Mãos não lavadas. Tradições humanas. Escândalo a desprezar. Guias cegos. Verdadeira impureza. O que vem do coração é que suja o homem, que o torna impuro

1. Alguns escribas e fariseus vindos de Jerusalém foram ter com Jesus; 2, e, tendo visto seus discípulos tomarem a refeição com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado, os censuraram; 3, pois os fariseus e os Judeus não comem sem terem lavado as mãos muitas vezes, guardando a tradição dos antigos. 4. E quando voltam da praça pública não comem sem se haverem banhado, tendo muitos outros costumes mais, cuja observância lhes foi transmitida pela tradição e eles conservam, como o de lavarem os copos, os jarros, os vasos de bronze e os leitos. 5. Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e os escribas: Por que não seguem os teus discípulos a tradição dos antigos, comendo sem terem lavado as mãos? 6. Jesus respondeu: Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, conforme está escrito: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; 7. É em vão que me honram ensinando doutrinas e mandamentos dos homens” 8. pois, deixando de lado o mandamento de Deus, observais com cuidado a tradição dos homens, lavando os jarros e os cálices e fazendo muitas outras coisas semelhantes. 9. E lhes dizia: Anulais totalmente o mandamento de Deus, para guardardes a vossa tradição. 10. Assim, enquanto que Moisés disse: Honrai a vosso pai e a vossa mãe; e: Seja punido de morte aquele que houver ultrajado a seu pai ou sua mãe; 11. Vós dizeis: Se um homem diz a seu pai ou a sua mãe: “Tudo o que ofereço a Deus vos é “útil”, ele satisfaz à lei. 12. E lhe permitis que não faça mais coisa alguma por seu pai ou sua mãe. 13. Revogais assim a palavra de Deus pela tradição, que vós mesmos estabelecestes e deste modo fazeis muitas outras coisas semelhantes. 14. Chamando novamente o povo para perto de si, disse: Ouvi-me vós todos e compreendei: 15. Nada há do que existe fora do homem que, entrando nele, o possa manchar, tornar impuro; o que sai do homem é que o mancha e torna impuro. 16. Se alguém tiver ouvido. de ouvir’ que ouça. 17. Logo que, apartando-se do povo, entrou em casa, seus discípulos lhe perguntaram o que queria dizer aquela parábola; 18. e ele lhes disse: Tão pouco inteligentes ainda sois? Não compreendeis que tudo o que está fora do homem, entrando nele, não o pode sujar, tornar impuro; 19. pois que nada disso lhe entra no coração e sim desce ao ventre, donde as fezes da alimentação têm que ser expelidas e lançadas no lugar secreto? 20. E acrescentava: O que macula o homem é o que sai do próprio homem; 21. pois de dentro dos corações dos homens é que saem os maus pensamentos, os adultérios, as fornicações, os homicídios, 22. os roubos, as avarezas, as iniquidades, as felonias, a impudicícia, a inveja, a blasfêmia, o orgulho, os desregramentos. 23. Todos estes males vêm de dentro do coração do homem e o mancham.

Evangelho segundo Marcos - cap. 8

Multidão de doentes curados. Multiplicação de sete pães

1. Naqueles dias, sendo de novo muito numerosa a multidão e não tendo o que comer, Jesus chamou os discípulos e lhes disse: 2. Faz-me compaixão este povo, que há três dias está comigo e nada tem para comer. 3. Se eu mandar que voltem para suas casas sem terem comido, desfalecerão pelo caminho, pois que alguns vieram de longe. 4. Os discípulos lhe responderam: Onde quem os possa fartar de pão neste deserto? 5. Jesus perguntou: Quantos pães tendes? Eles responderam: Sete. 6. Ordenou então ao povo que se sentasse no chão e, tomando os sete pães e rendendo graças, os partiu e deu aos discípulos para que os distribuíssem e estes os distribuíram pelo povo. 7. Tinham também alguns peixinhos. Ele os abençoou e ordenou que do mesmo modo os distribuíssem. 8. Todos comeram, ficaram saciados e ainda encheram sete cestos com os pedaços que sobraram. 9. Os que comeram eram cerca de quatro mil e Jesus os mandou embora. 10. Logo, tomando uma barca com os discípulos, veio para as bandas de Dalmanuta.

Os fatos aqui narrados são apenas a reprodução de outros que antes Jesus produzira e que já os Estudamos em páginas anteriores.

Recusa do prodígio pedido pelos Fariseus e Saduceus

11. Vieram os fariseus e começaram a discutir com ele pedindo-lhe, para o tentarem, um sinal no céu. 12. Jesus, dando um profundo suspiro, lhes disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que nenhum sinal lhe será dado. 13. E, tendo-os deixado, tomou de novo a barca e passou para a outra margem.

Evangelho segundo Marcos - cap. 9

Transfiguração de Jesus no Tabor. Aparição de Elias e de Moisés. Nuvem que cobriu os discípulos Voz que saiu dessa nuvem e palavras que proferiu

(Mateus, 17:1-9; Lucas, 9:28-36)

1. E acrescentou: Em verdade vos digo que, entre os que aqui se acham, alguns há que não morrerão sem que tenham visto chegar o reino de Deus em seu poder. 2. Seis dias depois, Jesus chamou de parte a Pedro, a Tiago e a João e os levou consigo a um alto monte e se transfigurou diante deles. 3. Suas vestes se tornaram brilhantes e alvíssimas como a neve, de uma brancura tal como nenhum pisoeiro na terra poderia conseguir. 4. E lhes apareceram Elias e Moisés a falarem ambos com Jesus. 5. Disse Pedro então a Jesus: Mestre, aqui estamos bem; façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias. 6. Ele não sabia o que dizia, pois todos três estavam aterrorizados. 6. Uma nuvem se formou e os cobriu; e dela uma voz saiu, dizendo: Este é meu filho muito amado, escutai-o. 7. Logo, porém, olhando à volta de si, a ninguém mais viram, senão a Jesus. 8. Quando desciam do monte, Jesus lhes ordenou que a ninguém falassem do que tinham visto, até que o filho do homem houvesse ressuscitado dentre os mortos. 9. E eles guardaram segredo do fato, excogitando entre si o que quereria dizer: Até que o filho do homem ressuscite dentre os mortos.

O fenômeno, que se produziu no monte Tabor, em presença de Pedro, Tiago e João, foi uma formidável manifestação espírita, que teve por fim mostrar a elevação espiritual de Jesus, afirmar a sua missão como Cristo, filho do Deus vivo, Cristo de Deus, e enunciar, sob um véu que a nova revelação levantaria mais tarde, as promessas para o futuro. Retomando, momentaneamente, diante daqueles discípulos, por meio da transfiguração, os atributos da natureza que lhe era própria, se bem que velados ainda, pois de outro modo eles não lhes teriam podido suportar o brilho, Jesus lhes dava uma ideia da sua grandeza espiritual e da glória da vida por que eles ansiavam.

Evangelho segundo Marcos - cap. 10

Divórcio. Casamento

1. Dali partindo, veio Jesus para os confins da Judeia, além Jordão; de novo as multidões se reuniram em torno dele, que recomeçou a ensiná-las como costumava. 2. Chegaram então alguns fariseus e para o tentarem lhe perguntaram: É lícito a um homem repudiar sua mulher? 3. Ele, respondendo, perguntou: Que vos prescreveu Moisés? 4. Responderam-lhe eles: Moisés permitiu despedir a mulher, dando-lhe carta de repúdio. 5. Jesus lhes replicou: Por causa da dureza de vossos corações é que Moisés vos escreveu esse mandamento. 6. Porém, desde o princípio do mundo, Deus os fez macho e fêmea. 7. Por esta razão o homem deixará pai e mãe e se ligará à sua mulher. 8. E serão dois numa só carne. Assim, já não são dois, mas uma só carne. 9. Não separe, pois, o homem o que Deus uniu.

Criados todos simples e ignorantes, mas dotados das faculdades necessárias a avançar, para o destino que lhes é comum, usando do livre-arbítrio e da razão e, assim, recebendo o prêmio ou o castigo a que fizeram jus, isto é, experimentando as sanções da lei imprescritível do progresso, moral e intelectual, a que todos se acham sujeitos, para chegarem todos à perfeição, herança que o Pai celestial reserva a seus filhos, sem exceção nenhuma, é certo que apenas alguns Espíritos ascendem a essa perfeição sem jamais se desviarem do carreiro santo que lhes foi traçado.

Evangelho segundo Marcos - cap. 11

Entrada de Jesus em Jerusalém. Mercadores expulsos do templo. A casa do Senhor é casa de oração e não, pelo tráfico, um covil de ladrões. Predição da ruína de Jerusalém

(Mateus, 21:1-17; Lucas, 19:28-48)

1. Quando se aproximavam de Jerusalém, ao chegarem a Betânia, perto do monte das Oliveiras, despachou dois de seus discípulos, 2. Dizendo-lhes: Ide àquela aldeia que está em frente de vós; ao entrardes nela, encontrareis amarrado um jumentinho no qual ainda ninguém montou. Desamarrai-o e trazei-me. 3. Se alguém vos perguntar: Que fazeis? respondei: O Senhor precisa dele, e logo vo-lo deixarão trazer aqui. 4. Partiram os dois discípulos e acharam o jumentinho, numa encruzilhada, amarrado do lado de fora de uma porta e o desamarraram. 5. Alguns dos que por ali estavam lhes perguntaram: Que fazeis? Por que desamarrais esse jumentinho? 6. Eles responderam como Jesus lhes determinara e os que os haviam interpelado deixaram que o levassem. 7. Levaram então eles o jumentinho, cobriram-no com suas capas e Jesus montou-o. 8. Muitos também estenderam suas vestes ao longo do caminho, enquanto outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam por onde ele passava. 9. E tanto os que iam à frente como os que o seguiam clamavam: Hosana! 10. Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o reino, que vemos chegar, do nosso Pai Davi! Hosana nas alturas! 11. Tendo entrado em Jerusalém, Jesus foi ao templo e, depois de tudo haver observado, como já fosse tarde, se retirou para Betânia com os doze apóstolos.

Evangelho segundo Marcos - cap. 12

Parábola da vinha e dos vinhateiros

(Mateus, 21:33-41 Lucas, 20:9-16)

1. Começou depois Jesus a lhes falar por parábolas: Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou no interior um lagar, edificou uma torre, arrendou a vinha a uns vinhateiros e retirou-se para longe. 2. Chegado o tempo da colheita, mandou um de seus servos aos vinhateiros, para receber o que lhe deviam do fruto da vinha. 3. Os vinhateiros, porém, agarraram o servo, deram-lhe pancada e o enxotaram sem coisa alguma. 4. Mandou-lhes de novo outro servo e também a este feriram na cabeça e o afrontaram de toda a sorte. 5. Tornou a mandar outro servo; a este mataram; mandou-lhes muitos; mataram a uns e espancaram a outros. 6. Mas, como ainda lhe restava um filho a quem ele muito amava, mandou-o por último, dizendo: Meu filho eles respeitarão. 7. Porém, os vinhateiros disseram uns aos outros: Este é o herdeiro; vamos, matemo-lo e será nossa a herança. 8. E o agarraram, mataram e puseram fora da vinha. 9. Que fará o dono desta? Virá, exterminará os vinhateiros e a outros a entregará.

O povo de Israel constitui o emblema da parábola. Ele recebera do Pai celestial sucessivas revelações da verdade divina, por intermédio dos profetas e, afinal, por Moisés, no monte Sinai. Bem poucos têm sido, entretanto, com relação ao número total das criaturas que hão composto a Humanidade até aos nossos dias, os que as receberam como deviam e trilharam o caminho que elas lhes traçavam. Veio depois o Messias, o “herdeiro”, no dizer da parábola, ampliá-las e foi repelido e sacrificado, como os mensageiros que o precederam. Vem agora a revelação que todos deviam esperar, de acordo com a promessa do Filho de Deus, para completar e dar início à fase de renovação do nosso planeta e de transformação moral da Humanidade, e ainda as mesmas hostilidades encontra.

Evangelho segundo Marcos - cap. 13

Resposta de Jesus à pergunta que lhe fizeram os discípulos acerca do seu advento e do fim do mundo, bem como sobre os sinais prenunciadores de uma e outra coisa. Guerras. Sedições. Pestes. Fomes. Falsos profetas. Afrouxamento da caridade. Perseguições. Assistência do Espírito Santo. Perseverança

(Mateus, 24:1-14; Lucas, 21:5-9)

1. Ao sair Jesus do templo, disse-lhe um de seus discípulos: Olha, Mestre, que pedras e que edifícios! 2. Respondeu-lhe Jesus. Vês todos estes grandes edifícios? Serão de tal modo destruídos que não ficará pedra sobre pedra. 3. E como tivesse ido sentar-se no monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André o interpelaram em particular, desta forma: 4. Dize-nos quando acontecerão estas coisas e qual será o sinal de que estão prestes a cumprir-se? 5. Entrou então Jesus a lhes dizer: Vede que ninguém vos seduza. 6. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu o Cristo e enganarão a muitos. 7. Quando ouvirdes falar de guerras e de rumores de guerras, não vos perturbeis, pois é necessário que isso aconteça; mas ainda não será o fim. 8. Levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino; haverá por diversos lugares terremotos e fomes. Estas coisas serão apenas o começo das dores. 9. Estai atentos, pois vos hão de entregar aos concílios e de açoitar nas sinagogas. Haveis de comparecer perante os reis e governadores por minha causa, para lhes dardes testemunho de mim. 10. Mas é preciso que primeiro o Evangelho seja pregado a todas as nações. 11. Quando vos conduzirem para vos entregarem, não premediteis o que haveis de dizer; dizei o que vos for inspirado no momento mesmo; porquanto, não sois quem fala e sim um Espírito Santo. 12. Então o irmão entregará seu Irmão à morte e o pai entregará o filho, os filhos se levantarão contra os pais e lhes darão a morte. 13. Sereis odiados de todos por causa de meu nome. Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.

Evangelho segundo Marcos - cap. 14

Perfume derramado sobre a cabeça de Jesus

(Mateus, 26:1-13)

1. Dois dias depois vinha a Páscoa com os pães ázimos e os príncipes dos sacerdotes e os escribas procuravam meio de se apoderarem de Jesus à traição e de o matarem. 2. Mas, diziam: No dia da festa, não, para que não se levante algum tumulto entre o povo. 3. Estando Jesus em Betânia sentado à mesa na casa de Simão, o leproso, ai veio uma mulher com um vaso de alabastro cheio de precioso perfume de nardo e, quebrando o vaso, lhe derramou o perfume sobre a cabeça. 4. Alguns dos presentes, indignados com isso, diziam entre si: Para que desperdiçar assim este perfume? 5. Bem podia ele ser vendido por mais de trezentos denários, os quais seriam dados aos pobres. E murmuravam contra a mulher. 6. Jesus então lhes disse: Deixai-a; por que a molestais? Com o que ela fez praticou uma boa obra, 7. Porquanto pobres tê-los-eis sempre convosco e, quando quiserdes, podereis fazer-lhes bem, mas a mim nem sempre me tereis. 8. Ela fez o que lhe era possível: embalsamou-me antecipadamente o corpo para a sepultura. 9. Em verdade vos digo que, onde quer que no mundo todo se pregue este Evangelho, narrado também será, em sua memória, o que ela fez.

De novo, neste passo, a seus discípulos anunciou Jesus “sua morte”, segundo a maneira de ver dos homens, e também a sua crucificação. Aquela mulher foi, por influência espírita, induzida a fazer o que fez, porque o seu ato se prestava a pôr em relevo a presciência do Mestre, quanto a essa “morte” e a essa crucificação, pois que, ao verificar-se o acontecimento predito, todos se lembrariam daquele ato e das palavras que Ele proferira com relação ao futuro.

Evangelho segundo Marcos - cap. 15

Jesus diante de Pilatos. Jesus é entregue para ser crucificado

(Mateus, 27:11-26; Lucas 23:1-25)

1. Logo pela manhã reuniram-se em conselho os príncipes dos sacerdotes, os anciães, os escribas e todo o Sinédrio e, manietado que foi Jesus, o levaram e entregaram a Pilatos. 2. Este lhe perguntou: És o rei dos Judeus? Respondeu Jesus: Tu o dizes. 3. E como os príncipes dos sacerdotes o acusassem de muitas coisas, 4. Disse-lhe Pilatos: Nada respondes? Vê de quantas coisas te acusam. 5. Jesus, porém, nada mais respondeu, causando isso admiração a Pilatos. 6. Ora, costumava este, pela Páscoa, soltar um preso cuja liberdade o povo pedisse. 7. E na ocasião um havia, de nome Barrabás, que num motim, com outros sediciosos, praticara um homicídio. 8. Acorrendo então a turba ao pretório se pós a pedir-lhe que fizesse o que costumava fazer. 9. Perguntou Pilatos: Quereis que vos solte o rei dos Judeus? 10. Ele bem sabia que só por inveja havia sido Jesus levado à sua presença pelos príncipes dos sacerdotes. 11. Estes, porém, concitaram o povo a pedir que antes fosse solto Barrabás. 12. Inquiriu então Pilatos: Que quereis nesse caso que eu faça do rei dos Judeus? 13. Clamaram os da turba: Crucifica-o! 14. Pilatos obtemperou: Mas que mal fez ele? Clamando com mais força, responderam-lhe: Crucifica-o! 15. À vista disso, Pilatos, que desejava satisfazer ao povo, soltou-lhe Barrabás e, depois de, por sua ordem, ter sido Jesus açoitado, o entregou para ser crucificado.

A diversidade que se nota entre o texto de Lucas e os dos outros Evangelistas não nos deve surpreender, nem embaraçar, pois sabemos que cada um deles tinha que entrar em particularidades especiais. Assim, o que um, refere sumariamente, outro relata descendo a minúcias. Desse modo, as narrações sempre se explicam e completam reciprocamente.

Evangelho segundo Marcos - cap. 16

A ressurreição de Jesus. Visita de Maria Madalena e das outras mulheres ao sepulcro. A pedra que lhe fechava a entrada é encontrada com os selos partidos e derribada. Aparição dos anjos às mulheres. Aparição de Jesus a Maria e às outras mulheres. Narrativa que estas fazem aos discípulos. o sepulcro

(Mateus, 28:1-15; Lucas, 24:1-12; João, 20:1-18)

1. Passado o dia de sábado, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para embalsamarem a Jesus. 2. E no primeiro dia da semana, tendo partido muito cedo, chegaram ao sepulcro ao nascer do Sol. 3. Diziam entre si: Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro? 4. Mas, olhando, deram com a pedra, que era muito grande, já removida. 5. Entrando no sepulcro viram, sentado do lado direito, um mancebo envolto num alvo manto e ficaram muito espantadas. 6. Ele, porém, lhes disse: Não vos assusteis. Buscais a Jesus de Nazaré, que foi crucificado; ele ressuscitou; não está aqui; vede o lugar onde o puseram. 7. Mas, ide dizer a seus discípulos e a Pedro que ele vos precederá na Galileia. Lá o vereis, conforme ele o disse. 8. Elas logo saíram do sepulcro e dali fugiram, pois que as haviam assaltado o espanto e o medo. Nada a ninguém disseram, tal o pavor de que se achavam possuídas. 9. Jesus, que ressuscitara de manhã cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual expulsara sete demônios. 10. E ela foi levar a notícia aos que haviam andado com ele, os quais estavam aflitos e chorosos. 11. Eles, porém, ouvindo-a dizer que Jesus estava vivo e que fora visto por ela, não o acreditaram.

O Evangelho segundo Lucas

Lucas era gentio

·        Jesus, chamado Justo, também envia saudações. Esses são os únicos da circuncisão que são meus cooperadores em favor do Reino de Deus. Eles têm sido uma fonte de ânimo para mim. (Colossenses, 4:11)

médico

·        Lucas, o médico amado, e Demas enviam saudações. (Colossenses, 4:14)

e amigo de Paulo de Tarso

·        Depois que Paulo teve essa visão, preparamo-nos imediatamente para partir para a Macedônia, concluindo que Deus nos tinha chamado para lhes pregar o evangelho. Partindo de Trôade, navegamos diretamente para Samotrácia e, no dia seguinte, para Neápolis. Dali partimos para Filipos, na Macedônia, que é colônia romana e a principal cidade daquele distrito. Ali ficamos vários dias. No sábado saímos da cidade e fomos para a beira do rio, onde esperávamos encontrar um lugar de oração. Sentamo-nos e começamos a conversar com as mulheres que haviam se reunido ali. Uma das que ouviam era uma mulher temente a Deus chamada Lídia, vendedora de tecido de púrpura, da cidade de Tiatira. O Senhor abriu seu coração para atender à mensagem de Paulo. Tendo sido batizada, bem como os de sua casa, ela nos convidou, dizendo: "Se os senhores me consideram uma crente no Senhor, venham ficar em minha casa". E nos convenceu. Certo dia, indo nós para o lugar de oração, encontramos uma escrava que tinha um espírito pelo qual predizia o futuro. Ela ganhava muito dinheiro para os seus senhores com adivinhações. Essa moça seguia Paulo e a nós, gritando: "Estes homens são servos do Deus Altíssimo e anunciam o caminho da salvação". (Atos 16:10-17)

·       

Evangelho segundo Lucas - cap. 1

Aparição do anjo a Zacarias. Predição do nascimento de João. Mudez de Zacarias.

1. Muitas pessoas tendo empreendido pôr em ordem a narração das coisas que entre nós se realizaram 2, de acordo com o que transmitiram aqueles que, desde o começo, as viram com seus próprios olhos e foram os ministros da palavra; 3, pareceu-me, excelentíssimo Teófilo, conveniente, depois de me haver Informado exatamente de como todas essas coisas se passaram desde o princípio, escrever-te a narrativa de toda a série delas;.4, a fim de que conheças a verdade acerca do que aquelas pessoas hão dito, o que tudo sabes 5. Havia, ao tempo de Herodes, rei da Judeia, um sacerdote por nome Zacarias, da turma de Abias; e sua mulher era da raça de Abraão e se chamava Isabel. 6. Ambos eram justos aos olhos de Deus e obedeciam a todos os mandamentos e ordens do Senhor. 7. Não tinham filhos, por ser estéril Isabel e estarem os dois avançados em anos. 8. Ora, desempenhando Zacarias suas funções de sacerdote perante Deus, na vez da sua turma, 9, sucedeu que, tirada a sorte, conforme ao que se observava entre os sacerdotes, lhe tocou entrar no templo do Senhor, para oferecer os perfumes. 10. Enquanto a multidão, do lado de fora, orava, ao tempo que se ofereciam os perfumes, 11, um anjo do Senhor apareceu a Zacarias, conservando-se de pé & direita do altar dos perfumes. 12. Vendo-o, Zacarias ficou todo perturbado e grande temor o assaltou. 13. Mas o anjo lhe disse: “Não temas, Zacarias, porquanto a tua súplica foi ouvida e Isabel, tua mulher, terá um filho, ao qual porás o nome de João. 14. Exultarás com isso de alegria e muitos rejubilarão com o seu nascimento 15, pois que ele será grande aos olhos do Senhor; não beberá vinho, nem bebida alguma que possa embriagar; será cheio de um Espírito santo desde o seio materno. 16. Converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus; 17, e irá à sua frente, com o Espírito e a virtude de Elias, para atrair os corações dos pais aos filhos e os incrédulos à sabedoria dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo perfeito.” 18. Zacarias disse ao anjo: “Como me certificarei disso, sendo já velho e estando minha mulher em idade avançada?” 19. Respondendo, disse-lhe o anjo: “Sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te dar esta boa nova. 20. Desde agora vais ficar mudo e não poderás mais falar; até ao dia em que estas coisas acontecerem, por não haveres crido nas minhas palavras, que a seu tempo se cumprirão.” 21. O povo, à espera de Zacarias, se admirava de que estivesse demorando tanto no templo. 22. Mas, quando ele saiu sem poder falar, todos compreenderam que tivera alguma visão no templo, pois que lhes dava a entender isso por sinais, e ficou mudo. 23. Passados os dias do seu ministério sacerdotal, voltou Zacarias para sua casa. 24. Tempos depois, Isabel, sua mulher, concebeu e se ocultou durante cinco meses, dizendo: 25. Esta a grava que o Senhor me fez quando se dignou de tirar-me do opróbrio diante dos homens.

Evangelho segundo Lucas - cap. 2

Concepção e gravidez de Maria, por obra de Espírito Santo. Aparição de Jesus na Terra

1. Sucedeu que, por aqueles dias, se publicou um edito de César Augusto, para o recenseamento de todo o mundo. 2. Esse primeiro recenseamento foi feito por Cirino, Governador da Síria. 3. Todos iam fazer suas declarações, cada um na sua cidade. 4. José partiu da cidade de Nazaré, que fica na Galileia, e veio à Judeia, à cidade de Davi, chamada Belém, por isso que ele era da casa e da família de Davi. 5, a fim de fazer-se registrar com Maria, sua esposa, que estava grávida. 6. Enquanto ali se achava, sucedeu que se completou o tempo ao cabo do qual devia ela parir; 7, e Maria deu à luz o seu primogênito, envolveu-o em panos e o deixou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria.

A concepção, em Maria, como tudo mais que a isso se seguiu até ao suposto nascimento do nosso Redentor, tudo considerado uma obra miraculosa, por inexplicável mediante os conhecimentos de então e que inexplicável se conservou até ao advento da Terceira Revelação, mais não foi que o resultado de uma ação magneto-espírita, exercida com o emprego de fluídos apropriados.

E fundamento não há para se não admitir que assim possa ter sido, posta de lado toda e qualquer ideia de milagre, porquanto este seria o “sobrenatural”, que não existe, visto que implicaria a derrogação de leis naturais, que são imutáveis, porque oriundas da sabedoria divina, ao passo que aquela ação assenta numa lei da Natureza, que o estudo e a experiência descobriram e os atos hão provado incessantemente, fatos que a todo instante podem ser verificados. É a lei do Magnetismo, que se desdobra em espiritual e humano e se exercita por meio da ação fluídica.

Evangelho segundo Lucas – cap. 3

Prédica de João Batista. Batismo. Espírito Santo. Anjos da guarda. Batismo de Jesus

(Mateus, 3:1-17; Marcos, 1:1-11; João, 1:32-34)

1. No décimo quinto ano do império de Tibério César, sendo Governador da Judeia Pôncio Pilatos tetrarca da Galileia Herodes, tetrarca da Ituréia e da província de Traconites Filipe Irmão de Herodes e tetrarca de Abllina Lisãnias, 2, Anás e Caifás sacerdotes magnos, o Senhor fez ouvir sua voz no deserto a João, filho de Zacarias, 3, e João percorreu todas as cercanias do Jordão, pregando o batismo de penitência para a remissão dos pecados, 4, conforme está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; tornai retas suas sendas. 5. Todo vale será aterrado, todas as montanhas e todas as colinas serão arrasadas, os caminhos tortuosos se tornarão retos e os acidentados se aplainarão; 6, e toda carne verá a salvação do Senhor.” 7. Dizia ao povo que acorria em bandos para ser batizado: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da cólera que há de vir? 8. Produzi dignos frutos de penitência e não comeceis a dizer: “Temos Abraão por pai”, porquanto eu vos declaro que poderoso é Deus para destas mesmas pedras fazer que nasçam filhos a Abraão. 9. Já o machado está posto à raiz das árvores e toda árvore que não dá bons frutos será cortada e lançada ao fogo.” 10. E como a turba lhe perguntasse: “Que devemos fazer”? ele, respondia: Que aquele que tem duas túnicas dê uma ao que nenhuma tem; que aquele que tem o que comer faça o mesmo. 12. Também vieram ter com ele para ser batizados alguns publicanos que lhe disseram: Mestre, que devemos fazer? 13. E ele lhes disse: Nada exijais além do que vos foi ordenado. 14. Os soldados também o interrogavam, dizendo: E nós, que devemos fazer? Não pratiqueis violência nem calunieis pessoa alguma e contentai-vos com a vossa paga. 15. E como o povo e todos pensavam consigo mesmo que talvez João fosse o Cristo, 16, disse aquele a toda a gente: Eu vos batizo com água; um porém, virá mais poderoso do que eu, de cujas alpercatas não sou digno de desatar as correias, e vos batizará em Espírito Santo e em fogo. 17. Ele traz na mão a joeira e limpará perfeitamente o seu eirado, empilhará o trigo no seu celeiro e queimará a palha num fogo que jamais se extingue. 18. Era assim que evangelizava o povo, ensinando-lhe ainda muitas outras coisas. 21. Sucedeu que, ao tempo em que João batizava todo o povo, também Jesus foi por ele batizado e, enquanto orava, o céu se abriu; 22, e um Espírito Santo desceu sobre ele, na forma corporal de uma pomba; e ouviu-se no céu uma voz que dizia: És meu filho bem-amado; em ti hei posto todas as minhas complacências.