O livro dos espíritos. Q. 861

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Fatalidade

861. Ao escolher a sua existência, o Espírito daquele que comete um assassínio sabia que viria a ser assassino?

“Não. Escolhendo uma vida de lutas, sabe que terá ensejo de matar um de seus semelhantes, mas não sabe se o fará, visto que ao crime precederá quase sempre, de sua parte, a deliberação de praticá-lo. Ora, aquele que delibera sobre uma coisa é sempre livre de fazê-la, ou não. Se soubesse previamente que, como homem, teria que cometer um crime, o Espírito estaria a isso predestinado. Ficai, porém, sabendo que a ninguém há predestinado ao crime e que todo crime, como qualquer outro ato, resulta sempre da vontade e do livre-arbítrio.

O livro dos espíritos. Q. 862

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Fatalidade

862. Pessoas existem que nunca logram bom êxito em coisa alguma, que parecem perseguidas por um mau gênio em todos os seus empreendimentos. Não se pode chamar a isso fatalidade?

“Será uma fatalidade, se lhe quiseres dar esse nome, mas que decorre do gênero da existência escolhida. É que essas pessoas quiseram ser provadas por uma vida de decepções, a fim de exercitarem a paciência e a resignação. Entretanto, não creias seja absoluta essa fatalidade. Resulta muitas vezes do caminho falso que tais pessoas tomam, em discordância com suas inteligências e aptidões. Grandes probabilidades tem de se afogar quem pretender atravessar a nada um rio, sem saber nadar. O mesmo se dá relativamente à maioria dos acontecimentos da vida. Quase sempre obteria o homem bom êxito, se só tentasse o que estivesse em relação com as suas faculdades. O que o perde são o seu amor próprio e a sua ambição, que o desviam da senda que lhe é própria e o fazem considerar vocação o que não passa de desejo de satisfazer a certas paixões. Fracassa por sua culpa. Mas, em vez de culpar-se a si mesmo, prefere queixar-se da sua estrela. Um, por exemplo, que seria bom operário e ganharia honestamente a vida, mete-se a ser mau poeta e morre de fome. Para todos haveria lugar no mundo, desde que cada um soubesse colocar-se no lugar que lhe compete.”

A fatalidade na alma primitiva

O livro dos espíritos. Q. 863

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Fatalidade

863. Os costumes sociais não obrigam muitas vezes o homem a enveredar por um caminho de preferência a outro e não se acha ele submetido à direção da opinião geral, quanto à escolha de suas ocupações? O que se chama respeito humano não constitui óbice ao exercício do livre-arbítrio?

“São os homens e não Deus quem faz os costumes sociais. Se eles a estes se submetem, é porque lhes convêm. Tal submissão, portanto, representa um ato de livre-arbítrio, pois que, se o quisessem, poderiam libertar-se de semelhante jugo. Por que, então, se queixam? Falece-lhes razão para acusarem os costumes sociais. A culpa de tudo devem lançá-la ao tolo amor-próprio de que vivem cheios e que os faz preferirem morrer de fome a infringi-los. Ninguém lhes leva em conta esse sacrifício feito à opinião pública, ao passo que Deus lhes levará em conta o sacrifício que fizerem de suas vaidades. Não quer isto dizer que o homem deva afrontar sem necessidade aquela opinião, como fazem alguns em que há mais originalidade do que verdadeira filosofia. Tanto desatino há em procurar alguém ser apontado a dedo, ou considerado animal curioso, quanto acerto em descer voluntariamente e sem murmurar, desde que não possa manter-se no alto da escala.”

Costumes sociais

O livro dos espíritos. Q. 864

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Fatalidade

864. Assim como há pessoas a quem a sorte em tudo é contrária, outras parecem favorecidas por ela, pois que tudo lhes sai bem. A que atribuir isso?

“De ordinário, é que essas pessoas sabem conduzir-se melhor nas suas empresas. Mas, também pode ser um gênero de prova. O bom êxito as embriaga; fiam-se no seu destino e muitas vezes pagam mais tarde esse bom êxito, mediante revezes cruéis, que a prudência as teria feito evitar.”

Pessoas favorecidas

As pessoas favorecidas no mundo pelos bens materiais, e mesmo pela família em ordem, não são beneficiadas por Deus enquanto outras são esquecidas. Somente a reencarnação pode explicar essas "anomalias" do destino. Em muitos casos, elas estão sendo testadas, com o fim de aprender sobre as leis de Deus.

O livro dos espíritos. Q. 865

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Fatalidade

865. Como se explica que a boa sorte favoreça a algumas pessoas em circunstâncias com as quais nada têm que ver a vontade, nem a inteligência: no jogo, por exemplo?

“Alguns Espíritos hão escolhido previamente certas espécies de prazer. A fortuna que os favorece é uma tentação. Aquele que, como homem, ganha; perde como Espírito. É uma prova para o seu orgulho e para a sua cupidez.”

Favorecimento

A lei que regula a reencarnação dá feições diferentes às vidas sucessivas, compondo regras e facilitando acontecimentos, de maneira a possibilitar o aprendizado das almas em marcha para a evolução espiritual. De certa forma, ninguém perde nada nas linhas da sua educação espiritual. Deus usa de todos os acontecimentos para disciplinar e fazer o aprendizado crescer, pelos métodos que Ele achar mais conveniente.

O livro dos espíritos. Q. 866

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Fatalidade

866. Então, a faculdade que favorece presidir aos destinos materiais de nossa vida também é resultante do nosso livre-arbítrio?

“Tu mesmo escolheste a tua prova. Quanto mais rude ela for e melhor a suportares, tanto mais te elevarás. Os que passam a vida na abundância e na ventura humana são Espíritos pusilânimes, que permanecem estacionários. Assim, o número dos desafortunados é muito superior ao dos felizes deste mundo, atento que os Espíritos, na sua maioria, procuram as provas que lhes sejam mais proveitosas. Eles veem perfeitamente bem a futilidade das vossas grandezas e gozos. Acresce que a mais ditosa existência é sempre agitada, sempre perturbada, quando mais não seja, pela ausência da dor.” (525 e seguintes)

Provas escolhidas

O livro dos espíritos. Q. 867

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Fatalidade

867. Donde vem a expressão: Nascer sob uma boa estrela?

“Antiga superstição, que prendia às estrelas os destinos dos homens. Alegoria que algumas pessoas fazem a tolice de tomar ao pé da letra.”

Nascer feliz

Deus tem tudo para dar aos Seus filhos, não obstante, essa doação é pela lei de justiça, que tem mãos sábias e sabe onde deve doar.

Quando alguém julga que outra pessoa se encontra em bem-estar permanente, pensa que ela nasceu bafejada pelas estrelas, e que a sorte a escolheu, lhe dando o prêmio da felicidade, dos bens materiais e dos dons da alma; tudo nela é luz. De fato, existem tais pessoas, mais ou menos felizes, entretanto, o que usufruem não foi doação sem merecimento. A reencarnação vem explicar esses acontecimentos, porque a justiça não erra as pessoas que merecem; o que recebe, fez jus à dádiva provinda da Luz.

O livro dos espíritos. Q. 868

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Conhecimento do futuro

868. Pode o futuro ser revelado ao homem?

“Em princípio, o futuro lhe é oculto e só em casos raros e excepcionais permite Deus que seja revelado.”

Futuro

O passado de todos os Espíritos está mais ou menos escondido no subconsciente, de modo a permitir à alma andar mais livremente em busca do melhor. Se ele viesse à tona da mente presente, é certo que perturbaria a vida atual, em face dos deslizes do Espírito nas leis espirituais.

O livro dos espíritos. Q. 869

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Conhecimento do futuro

869. Com que fim o futuro se conserva oculto ao homem?

“Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria do presente e não obraria com a liberdade com que o faz, porque o dominaria a ideia de que, se uma coisa tem que acontecer, inútil será ocupar-se com ela, ou então procuraria obstar a que acontecesse. Não quis Deus que assim fosse, a fim de que cada um concorra para a realização das coisas, até daquelas a que desejaria opor-se. Assim é que tu mesmo preparas muitas vezes os acontecimentos que hão de sobrevir no curso da tua existência.”

Conhecer o futuro

O livro dos espíritos. Q. 870

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Conhecimento do futuro

870. Mas, se convém que o futuro permaneça oculto, por que permite Deus que seja revelado algumas vezes?

“Permite-o, quando o conhecimento prévio do futuro facilite a execução de uma coisa, em vez de a estorvar, obrigando o homem a agir diversamente do modo por que agiria, se lhe não fosse feita a revelação. Não raro, também é uma prova. A perspectiva de um acontecimento pode sugerir pensamentos mais ou menos bons. Se um homem vem a saber, por exemplo, que vai receber uma herança, com que não conta, pode dar-se que a revelação desse fato desperte nele o sentimento da cobiça, pela perspectiva de se lhe tornarem possíveis maiores gozos terrenos, pela ânsia de possuir mais depressa a herança, desejando talvez, para que tal se dê, a morte daquele de quem herdará. Ou, então, essa perspectiva lhe inspirará bons sentimentos e pensamentos generosos. Se a predição não se cumpre, aí está outra prova, consistente na maneira por que suportará a decepção. Nem por isso, entretanto, lhe caberá menos o mérito ou o demérito dos pensamentos bons ou maus que a crença na ocorrência daquele fato lhe fez nascer no íntimo.”

O livro dos espíritos. Q. 871

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Conhecimento do futuro

871. Pois que Deus tudo sabe, não ignora se um homem sucumbirá ou não em determinada prova. Assim sendo, qual a necessidade dessa prova, uma vez que nada acrescentará ao que Deus já sabe a respeito desse homem?

“Isso equivale a perguntar por que não criou Deus o homem perfeito e acabado (119); por que passa o homem pela infância, antes de chegar à condição de adulto (379).

A prova não tem por fim dar a Deus esclarecimentos sobre o homem, pois que Deus sabe perfeitamente o que ele vale, mas dar ao homem toda a responsabilidade de sua ação, uma vez que tem a liberdade de fazer ou não fazer. Dotado da faculdade de escolher entre o bem e o mal, a prova tem por efeito pô-lo em luta com as tentações do mal e conferir-lhe todo o mérito da resistência. Ora, conquanto saiba de antemão se ele se sairá bem ou não, Deus não o pode, em Sua justiça, punir, nem recompensar, por um ato ainda não praticado.” (258)

O livro dos espíritos. Q. 872

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO X – LEI DE LIBERDADE

Resumo teórico do móvel das ações humanas 

872. A questão do livre-arbítrio se pode resumir assim: O homem não é fatalmente levado ao mal; os atos que pratica não foram previamente determinados; os crimes que comete não resultam de uma sentença do destino. Ele pode, por prova e por expiação, escolher uma existência em que seja arrastado ao crime, quer pelo meio onde se ache colocado, quer pelas circunstâncias que sobrevenham, mas será sempre livre de agir ou não agir. Assim, o livre-arbítrio existe para ele, quando no estado de Espírito, ao fazer a escolha da existência e das provas e, como encarnado, na faculdade de ceder ou de resistir aos arrastamentos a que todos nos temos voluntariamente submetido. Cabe à educação combater essas más tendências. Fá-lo-á utilmente, quando se basear no estudo aprofundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das leis que regem essa natureza moral, chegar-se-á a modificá-la, como se modifica a inteligência pela instrução e o temperamento pela higiene. Desprendido da matéria e no estado de erraticidade, o Espírito procede à escolha de suas futuras existências corporais, de acordo com o grau de perfeição a que haja chegado e é nisso, como temos dito, que consiste sobretudo o seu livre-arbítrio. Esta liberdade, a encarnação não a anula. Se ele cede à influência da matéria, é que sucumbe nas provas que por si mesmo escolheu. Para ter quem o ajude a vencê-las, concedido lhe é invocar a assistência de Deus e dos bons Espíritos. (337)

O livro dos espíritos. Q. 873

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Justiça e direitos naturais

873. O sentimento da justiça está em a Natureza, ou é resultado de ideias adquiridas?

“Está de tal modo em a Natureza, que vos revoltais à simples ideia de uma injustiça. É fora de dúvida que o progresso moral desenvolve esse sentimento, mas não o dá. Deus o pôs no coração do homem. Daí vem que, frequentemente, em homens simples e incultos se vos deparam noções mais exatas da justiça do que nos que possuem grande cabedal de saber.”

Sentimento da justiça

A justiça se encontra nas leis da natureza, onde ela se expressa com maior fulgor, no entanto, pode ser e é copiada pela sensibilidade humana.

O livro dos espíritos. Q. 874

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Justiça e direitos naturais

874. Sendo a justiça uma lei da Natureza, como se explica que os homens a entendam de modos tão diferentes, considerando uns justo o que a outros parece injusto?

“É porque a esse sentimento se misturam paixões que o alteram, como sucede à maior parte dos outros sentimentos naturais, fazendo que os homens vejam as coisas por um prisma falso.”

Prisma falso

É fácil para o espírita compreender o porquê da desarmonia das mentes humanas. Todos os encarnados estão em processos ingentes de despertamento espiritual, cujos caminhos devem ser trilhados, pois são neles que se buscam as experiências, para o verdadeiro conhecimento.

O livro dos espíritos. Q. 875

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Justiça e direitos naturais

875. Como se pode definir a justiça?

“A justiça consiste em cada um respeitar os direitos dos demais.”

a) - Que é o que determina esses direitos?

“Duas coisas: a lei humana e a lei natural. Tendo os homens formulado leis apropriadas a seus costumes e caracteres, elas estabeleceram direitos mutáveis com o progresso das luzes. Vede se hoje as vossas leis, aliás imperfeitas, consagram os mesmos direitos que as da Idade Média. Entretanto, esses direitos antiquados, que agora se vos afiguram monstruosos, pareciam justos e naturais naquela época. Nem sempre, pois, é acorde com a justiça o direito que os homens prescrevem. Demais, este direito regula apenas algumas relações sociais, quando é certo que, na vida particular, há uma imensidade de atos unicamente da alçada do tribunal da consciência.”

O livro dos espíritos. Q. 876

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Justiça e direitos naturais

876. Posto de parte o direito que a lei humana consagra, qual a base da justiça, segundo a lei natural?

“Disse o Cristo: Queira cada um para os outros o que quereria para si mesmo. No coração do homem imprimiu Deus a regra da verdadeira justiça, fazendo que cada um deseje ver respeitados os seus direitos. Na incerteza de como deva proceder com o seu semelhante, em dada circunstância, trate o homem de saber como quereria que com ele procedessem, em circunstância idêntica. Guia mais seguro do que a própria consciência não lhe podia Deus haver dado.”

A.K.: Efetivamente, o critério da verdadeira justiça está em querer cada um para os outros o que para si mesmo quereria e não em querer para si o que quereria para os outros, o que absolutamente não é a mesma coisa. Não sendo natural que haja quem deseje o mal para si, desde que cada um tome por modelo o seu desejo pessoal, é evidente que nunca ninguém desejará para o seu semelhante senão o bem. Em todos os tempos e sob o império de todas as crenças, sempre o homem se esforçou para que prevalecesse o seu direito pessoal. A sublimidade da religião cristã está em que ela tomou o direito pessoal por base do direito do próximo.

O livro dos espíritos. Q. 877

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Justiça e direitos naturais

877. Da necessidade que o homem tem de viver em sociedade, nascem-lhe obrigações especiais?

“Certo e a primeira de todas é a de respeitar os direitos de seus semelhante. Aquele que respeitar esses direitos procederá sempre com justiça. Em o vosso mundo, porque a maioria dos homens não pratica a lei de justiça, cada um usa de represálias. Essa a causa da perturbação e da confusão em que vivem as sociedades humanas. A vida social outorga direitos e impões deveres recíprocos.”

Obrigações especiais

O livro dos espíritos. Q. 878

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Justiça e direitos naturais

878. Podendo o homem enganar-se quanto à extensão do seu direito, que é o que lhe fará conhecer o limite desse direito?

“O limite do direito que, com relação a si mesmo, reconhecer ao seu semelhante, em idênticas circunstâncias e reciprocamente.”

a) - Mas, se cada um atribuir a si mesmo direitos iguais aos de seu semelhante, que virá a ser da subordinação aos superiores? Não será isso a anarquia de todos os poderes?

“Os direitos naturais são os mesmos para todos os homens, desde os de condição mais humilde até os de posição mais elevada. Deus não fez uns de limo mais puro do que o de que se serviu para fazer os outros, e todos, aos seus olhos, são iguais. Esses direitos são eternos. Os que o homem estabeleceu perecem com as suas instituições. Demais, cada um sente bem a sua força ou a sua fraqueza e saberá sempre ter uma certa deferência para com os que o mereçam por suas virtudes e sabedoria. É importante acentuar isto, para que os que se julgam superiores conheçam seus deveres, a fim de merecer essas deferências. A subordinação não se achará comprometida, quando a autoridade for deferida à sabedoria.”

O livro dos espíritos. Q. 879

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Justiça e direitos naturais

879. Qual seria o caráter do homem que praticasse a justiça em toda a sua pureza?

“O do verdadeiro justo, a exemplo de Jesus, porquanto praticaria também o amor do próximo e a caridade, sem os quais não há verdadeira justiça.”

Vivendo a justiça

O caráter do homem que pratica a justiça em toda a sua pureza, é o do homem reto, ao qual nunca falta a tranquilidade de consciência. Todavia, esse homem dificilmente aparece na área terrena. Mesmo estudando os grandes personagens, notaremos uma tendência para o interesse próprio, para a família a que pertence, ou mesmo para o país em que nasceu.

O livro dos espíritos. Q. 880

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Direito de propriedade. Roubo

880. Qual o primeiro de todos os direitos naturais do homem?

“O de viver. Por isso é que ninguém tem o de atentar contra a vida de seu semelhante, nem de fazer o que quer que possa comprometer-lhe a existência corporal.”

Direitos naturais

O maior direito natural do homem é o de viver na plenitude do seu crescimento espiritual. Desde quando a alma abriu os olhos para a luz da razão, passou a receber o primeiro direito de Deus. Esse direito é seu em qualquer lugar da casa universal e até os anjos de Deus respeitam esse direito, por terem passado pelas mesmas vias de crescimento.

O livro dos espíritos. Q. 881

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Direito de propriedade. Roubo

881. O direito de viver dá ao homem o de acumular bens que lhe permitam repousar quando não mais possa trabalhar?

“Dá, mas ele deve fazê-lo em família, como a abelha, por meio de um trabalho honesto, e não como egoísta. Há mesmo animais que lhe dão o exemplo de previdência.”

Direito de viver

O direito de viver é inerente à personalidade humana e a todas as criaturas, por ter sido tudo criado por Deus. E se têm o direito de viver, têm o de comer, de vestir e de se regalar. Para tanto, recebem os Espíritos a inteligência, usando dela honestamente para o bem-estar, favorecendo igualmente aos que trilham conosco os mesmos caminhos. O abuso daquilo que nos pertence é que nos faz sofrer e o desperdício dos bens materiais nos complica a vida. A natureza nos dá exemplos de como viver; basta analisarmos os fatos que ela nos apresenta.

O livro dos espíritos. Q. 882

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Direito de propriedade. Roubo

882. Tem o homem o direito de defender os bens que haja conseguido juntar pelo seu trabalho?

“Não disse Deus: “Não roubarás?” E Jesus não disse: “Dai a César o que é de César?”

A.K.: O que, por meio do trabalho honesto, o homem junta constitui legítima propriedade sua, que ele tem o direito de defender, porque a propriedade que resulta do trabalho é um direito natural, tão sagrado quando o de trabalhar e de viver.

Defesa dos bens

O homem tem o direito de defender os bens que possui, desde quando eles tragam a marca da honestidade. Mas, existem muitos meios lícitos de defesa, pelos quais podemos assegurar os bens terrenos para nós e para os nossos, sem que a usura se intrometa, desestruturando a nossa vida.

O livro dos espíritos. Q. 883

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Direito de propriedade. Roubo

883. É natural o desejo de possuir?

“Sim, mas quando o homem deseja possuir para si somente e para sua satisfação pessoal, o que há é egoísmo.”

a) - Não será, entretanto, legítimo o desejo de possuir, uma vez aquele que tem de que viver a ninguém é pesado?

“Há homens insaciáveis, que acumulam bens sem utilidade para ninguém, ou apenas para saciar suas paixões. Julgas que Deus vê isso com bons olhos? Aquele que, ao contrário, junta pelo trabalho, tendo em vista socorrer os seus semelhantes, pratica a lei de amor e caridade, e Deus abençoa o seu trabalho.”

Desejo de possuir

O livro dos espíritos. Q. 884

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Direito de propriedade. Roubo

884. Qual o caráter da legítima propriedade?

“Propriedade legítima só é a que foi adquirida sem prejuízo de outrem.” (808)

A.K.: Proibindo-nos que façamos aos outros o que não desejáramos que nos fizessem, a lei de amor e de justiça nos proíbe, ipso facto, a aquisição de bens por quaisquer meios que lhe sejam contrários.

Legítima propriedade

Em se falando das coisas da Terra, a legítima propriedade é aquela que é adquirida pelo trabalho honesto em todos os seus pormenores. Não existe meio termo para a honestidade; ela é reta em todas as suas circunstâncias de justiça.

O livro dos espíritos. Q. 885

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Direito de propriedade. Roubo

885. Será ilimitado o direito de propriedade?

“É fora de dúvida que tudo o que legitimamente se adquire constitui uma propriedade. Mas, como havemos dito, a legislação dos homens, porque imperfeita, consagra muitos direitos convencionais, que a lei de justiça reprova. Essa a razão por que eles reformam suas leis, à medida que o progresso se efetua e que melhor compreendem a justiça. O que num século parece perfeito, afigura-se bárbaro no século seguinte.” (795)

Será limitado?

Do ponto de vista espiritual, o direito de propriedade dos bens imperecíveis do Espírito são ilimitados. Tudo é de Deus e, consequentemente, dos Seus filhos, porém, é de ordem divina que saibamos usar os bens que possuímos.

O livro dos espíritos. Q. 886

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Caridade e amor ao próximo

886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?

“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”

A.K.: O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça. pois amar o próximo é fazer-lhe todo o bem que nos seja possível e que desejáramos nos fosse feito. Tal o sentido destas palavras de Jesus: Amai-vos uns aos outros como irmãos. A caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola, abrange todas as relações em que nos achamos com os nossos semelhantes, sejam eles nossos inferiores, nossos iguais, ou nossos superiores. Ela nos prescreve a indulgência, porque da indulgência precisamos nós mesmos, e nos proíbe que humilhemos os desafortunados, contrariamente ao que se costuma fazer. Apresente-se uma pessoa rica e todas as atenções e deferências lhe são dispensadas. Se for pobre, toda gente como que entende que não precisa preocupar-se com ela. No entanto, quanto mais lastimosa seja a sua posição, tanto maior cuidado devemos pôr em lhe não aumentarmos o infortúnio pela humilhação. O homem verdadeiramente bom procura elevar, aos seus próprios olhos, aquele que lhe é inferior, diminuindo a distância que os separa.

O livro dos espíritos. Q. 887

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Caridade e amor do próximo

887. Jesus também disse: Amai mesmo os vossos inimigos. Ora, o amor aos inimigos não será contrário às nossas tendências naturais e a inimizade não provirá de uma falta de simpatia entre os Espíritos?

“Certo ninguém pode votar aos seus inimigos um amor terno e apaixonado. Não foi isso o que Jesus entendeu de dizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem. O que assim procede se torna superior aos seus inimigos, ao passo que abaixo deles se coloca , se procura tomar vingança.”

Amar os inimigos

O livro dos espíritos. Q. 888

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XI – LEI DE JUSTIÇA, DE AMOR E DE CARIDADE

Caridade e amor do próximo

888. Que se deve pensar da esmola?

“Condenando-se a pedir esmola, o homem se degrada física e moralmente: embrutece-se. Uma sociedade que se baseia na lei de Deus e na justiça deve prover à vida do fraco, sem que haja para ele humilhação. Deve assegurar a existência dos que não podem trabalhar, sem lhes deixar a vida à mercê do acaso e da boa-vontade de alguns.”

a) - Dar-se-á reproveis a esmola?

“Não; o que merece reprovação não é a esmola, mas a maneira por que habitualmente é dada. O homem de bem, que compreende a caridade de acordo com Jesus, vai ao encontro do desgraçado, sem esperar que este lhe estenda a mão.

O livro dos espíritos. Q. 899

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

As virtudes e os vícios

899. Qual o mais culpado de dois homens ricos que empregam exclusivamente em gozos pessoais suas riquezas, tendo um nascido na opulência e desconhecido sempre a necessidade, devendo o outro ao seu trabalho os bens que possui?

“Aquele que conheceu os sofrimentos, porque sabe o que é sofrer. A dor, a que nenhum alívio procura dar, ele a conhece; porém, como frequentemente sucede, já dela se não lembra.”

Mais culpado

O livro dos espíritos. Q. 900

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

As virtudes e os vícios

900. Aquele que incessantemente acumula haveres, sem fazer o bem a quem quer que seja, achará desculpa, que valha, na circunstância de acumular com o fito de maior soma legar aos seus herdeiros?

“É um compromisso com a consciência má.”

Compromisso

O ouro, em todos os tempos, foi a arma mais poderosa que chegou às mãos dos homens. Ele está presente em todos os movimentos humanos e é responsável pelos seus desregramentos, contudo, ele é apenas instrumento. O comando nasce na alma que o faz ser benfeitor ou malfeitor da sociedade. Em quase tudo, o dinheiro constitui o meio para a realização dos ideais dos seres humanos.

O livro dos espíritos. Q. 901

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

As virtudes e os vícios

901. Figuremos dois avarentos, um dos quais nega a si mesmo o necessário e morre de miséria sobre o seu tesouro, ao passo que o segundo só o é para os outros, mostrando-se pródigo para consigo mesmo; enquanto recua ante o mais ligeiro sacrifício para prestar um serviço ou fazer qualquer coisa útil, nunca julga demasiado o que dependa para satisfazer aos seus gostos ou às suas paixões. Peça-se-lhe um obséquio e estará sempre em dificuldade para fazê-lo; imagine, porém, realizar uma fantasia e terá sempre o bastante para isso. Qual o mais culpado e qual o que se achará em pior situação no mundo dos Espíritos?

“O que goza, porque é mais egoísta do que avarento. O outro já recebeu parte do seu castigo.”

O avarento

Podes verificar que até ouvir o nome avarento nos faz sentir constrangimento. Quem vive este estado d'alma, o de avareza, é um sofredor, pois não usa o que acumula, nem distribui os seus bens. A vida cobra dele o cumprimento do dever por circunstâncias tais que, mais tarde, aprenderá como doar, usando igualmente os bens do Senhor.

O livro dos espíritos. Q. 902

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

As virtudes e os vícios

902. Será reprovável que cobicemos a riqueza, quando nos anime o desejo de fazer o bem?

“Tal sentimento é, não há dúvida, louvável, quando puro. Mas, será sempre bastante desinteressado esse desejo? Não ocultará nenhum intuito de ordem pessoal? Não será de fazer o bem a si mesmo, em primeiro lugar, que cogita aquele, em quem tal desejo se manifesta?”

Desejo de riqueza

O desejo de riqueza no ser humano é desnecessário para a sua evolução espiritual. Quando ele precisa dos bens materiais como uma prova, ou um trabalho que tenha de realizar, esse tesouro vem às suas mãos pela vontade de Deus. No entanto, necessário se faz que haja esforço próprio, porém, sem a usura de ganho, trabalhando por dever e licitamente, e quando a fortuna vier a suas mãos, é preciso saber conduzi-la nos seus verdadeiros caminhos.

O livro dos espíritos. Q. 903

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

As virtudes e os vícios

903. Incorre em culpa o homem, por estudar os defeitos alheios?

“Incorrerá em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar, porque será faltar com a caridade. Se o fizer, para tirar daí proveito, para evitá-los, tal estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade. Importa, porém, não esquecer que a indulgência para com os defeitos de outrem é uma das virtudes contidas na caridade. Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se de vós não poderão dizer o mesmo. Tratai, pois, de possuir as qualidades opostas aos defeitos que criticais no vosso semelhante. Esse o meio de vos tornardes superiores a ele. Se lhe censurais a ser avaro, sede generosos; se o ser orgulhoso, sede humildes e modestos; se o ser áspero, sede brandos; se o proceder com pequenez, sede grandes em todas as vossas ações. Numa palavra, fazei por maneira que se não vos possam aplicar estas palavras de Jesus: Vê o argueiro no olho do seu vizinho e não vê a trave no seu próprio.”

Desejos alheios

O livro dos espíritos. Q. 904

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

As virtudes e os vícios

904. Incorrerá em culpa aquele que sonda as chagas da sociedade e as expõe em público?

“Depende do sentimento que o mova. Se o escritor apenas visa produzir escândalo, não faz mais do que proporcionar a si mesmo um gozo pessoal, apresentando quadros que constituem antes mau do que bom exemplo. O Espírito aprecia isso, mas pode vir a ser punido por essa espécie de prazer que encontra em revelar o mal.”

a) - Como, em tal caso, julgar da pureza das intenções e da sinceridade do escritor?

“Nem sempre há nisso utilidade. Se ele escrever boas coisas, aproveitai-as. Se proceder mal, é uma questão de consciência que lhe diz respeito, exclusivamente. Demais, se o escritor tem empenho em provar a sua sinceridade, apoie o que disser nos exemplos que dê.”

Sondagem das chagas sociais

O livro dos espíritos. Q. 905

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

As virtudes e os vícios

905. Alguns autores hão publicado belíssimas obras de grande moral, que auxiliam o progresso da Humanidade, das quais, porém, nenhum proveito tiraram eles. Ser-lhes-á levado em conta, como Espíritos, o bem a que suas obras hajam dado lugar?

“A moral sem as ações é o mesmo que a semente sem o trabalho. De que vos serve a semente, se não a fazeis dar frutos que vos alimentem? Grave é a culpa desses homens, porque dispunham de inteligência para compreender. Não praticando as máximas que ofereciam aos outros, renunciaram a colher-lhes os frutos.”

Moral sem ações

O homem que escreve tem grandes responsabilidades com o que fala aos outros, principalmente se não passar a viver o que escreve. A vivência é o selo que mostra o maior entendimento do que escreve e fala.

O livro dos espíritos. Q. 906

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

As virtudes e os vícios

906. Será passível de censura o homem, por ter consciência do bem que faz e por confessá-lo a si mesmo?

“Pois que pode ter consciência do mal que pratica, do bem igualmente deve tê-la, a fim de saber se andou bem ou mal. Pesando todos os seus atos na balança da lei de Deus e, sobretudo, na lei de justiça, amor e caridade, é que poderá dizer a si mesmo se suas obras são boas ou más, que as poderá aprovar ou desaprovar. Não se lhe pode, portanto, censurar que reconheça haver triunfado dos maus pendores e que se sinta satisfeito, desde que de tal não se envaideça, porque então cairia noutra falta.” (919)

Consciência do bem

A consciência do bem, todos devemos tê-la, sentir o bem que fazemos, porque desta maneira passamos a conhecer a nós mesmos e deixamos de fazer o mal, que às vezes praticamos. Não é censurado à criatura que ela examine a si mesma, no que se encontra fazendo.

O livro dos espíritos. Q. 907

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

Paixões

907. Será substancialmente mau o princípio originário das paixões, embora esteja na Natureza?

“Não; a paixão está no excesso de que se acresceu a vontade, visto que o princípio que lhe dá origem foi posto no homem para o bem, tanto que as paixões podem levá-lo à realização de grandes coisas. O abuso que delas se faz é que causa o mal.”

Paixões

As paixões em si constituem força poderosa que podem levar o homem a grandes realizações. É bom que se saiba do valor dos princípios das paixões, que não deixam de ser força a ativar o amor e a caridade, o bem em todos os ângulos da vida. O que se acrescenta nelas de exagero é que as coloca como sentimentos inferiores, tornando o homem malfeitor.

O livro dos espíritos. Q. 908

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

Paixões

908. Como se poderá determinar o limite onde as paixões deixam de ser boas para se tornarem más?

“As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado e que se torna perigoso desde que passe a governar. Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que deixais de poder governá-la e que dá em resultado um prejuízo qualquer para vós mesmos, ou para outrem.”

A.K.: As paixões são alavancas que decuplicam as forças do homem e o auxiliam na execução dos desígnios da Providência. Mas, se, em vez de as dirigir, deixa que elas o dirijam, cai o homem nos excessos e a própria força que, manejada pelas suas mãos, poderia produzir o bem, contra ele se volta e o esmaga.

O livro dos espíritos. Q. 909

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

Paixões

909. Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?

“Sim, e, frequentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! Quão poucos dentre vós fazem esforços!”

Más inclinações

As más inclinações certamente nascem da ignorância das leis naturais. Na profundidade do termo, somente com a maturidade da alma, ela se livra de todas as más tendências. O próprio nome, paixão, já nos traz um ambiente negativo.

Jesus, ao vir à Terra para iluminar os corações dos homens, foi rejeitado, perseguido, crucificado e morto entre dois malfeitores, por querer mudar o comportamento espiritual de todos os povos. Vejamos o que narra Mateus, no capítulo vinte e sete, versículo vinte e dois:

O livro dos espíritos. Q. 910

AS LEIS MORAIS

CAPÍTULO XII – PERFEIÇÃO MORAL

Paixões

910. Pode o homem achar nos Espíritos eficaz assistência para triunfar de suas paixões?

“Se o pedir a Deus e ao seu bom gênio, com sinceridade, os bons Espíritos lhe virão certamente em auxílio, porquanto é essa a missão deles.” (459)

Triunfo das paixões

O homem pode e deve triunfar das suas paixões, quando a sua vontade estiver acima delas. Já falamos alhures que o Espírito deve dominar seus impulsos, e não os impulsos inferiores dirigirem a alma. Toda paixão nasce dentro de nós por vezes ligada aos sentimentos espirituais. O seu curso é perigoso e necessário se faz que seja vigiada em todos os ângulos. Deixa que ela atinja somente o limite das tuas ações porque, não o ultrapassando, a alma sente-se mais segura nas suas ocupações espirituais.