A predisposição orgânica

A predisposição orgânica é um estado que poderíamos chamar de “estado receptivo” de qualquer órgão para contrair a doença ou ainda melhor, para “atrair” a doença. Funciona como por indução em corrente elétrica. Antes dessa predisposição orgânica, houve uma causa determinante. E onde está ela? Predisposição Orgânica: Cármica, Atraída, Hereditária e Ambiente.



PREDISPOSIÇÃO CÁRMICA

Sabemos perfeitamente através dos estudos espíritas, que as doenças cármicas são oriundas do perispírito enfermo que, ao reencarnar, transmite e traz já o nascituro, mesmo na vida intrauterina, os males que a matéria ou Espírito tem que sofrer.

PREDISPOSIÇÃO ATRAÍDA

As predisposições atraídas são aquelas provindas de nossas vibrações. Uma criatura colérica, vibrando sempre maldade e pestilências, o que pode atrair senão essas mesmas coisas?

Está dentro da lei dos “semelhantes atraem semelhantes”. É inevitável que isso aconteça. Essa atração gera a autointoxicação, pela via fluídica. E, note-se, não será somente um órgão afetado, porque os maus fluidos corroborados pela autointoxicação se espalham pelos órgãos vitais, tais como o coração e fígado, pulmões ou estômago e daí para os intestinos, arrastando um corolário de sofrimentos. Os maiores males de que padece a humanidade encontram a sua causa na lei de atração vibratória.

Anatomia humana. Pulmão

Os pulmões são órgãos de extrema importância para o bom funcionamento do organismo; cigarro e poluição são seus piores inimigos.

Os pulmões são a maior superfície de contato do nosso corpo com o meio externo. Se fosse possível desdobrar alvéolo por alvéolo, eles ocupariam uma área equivalente a uma quadra de tênis. 


“No interior dos pulmões, não há apenas ar. Eles possuem uma rede de vasos sanguíneos muito extensa, para permitir que o sangue circule e entre em contato com o ar. Quando o ar e o sangue se encontram, o oxigênio do ar passa para o sangue e, por meio deste, é enviado aos tecidos do corpo, que dependem de oxigênio para continuar funcionando. Assim como o oxigênio entra na corrente sanguínea, o gás carbônico presente no sangue venoso, resultado final de grande parte de nosso metabolismo celular, é eliminado. Tudo isso acontece nos alvéolos pulmonares, estruturas em forma de saco que constituem a menor unidade funcional do sistema respiratório.” (Guia Prático de Saúde e Bem-Estar).

O cigarro e a poluição são os maiores responsáveis pelo aparecimento de doenças respiratórias que podem danificar irremediavelmente os pulmões.

Os pulmões assemelham-se a duas bexigas localizadas ao redor do coração. São cor-de-rosa, desde que a pessoa não fume nem resida em cidades poluídas.

Anatomia humana. Fígado

Da filtragem de micro-organismos à desintoxicação do corpo, são múltiplas as funções do fígado.

O fígado leva a culpa de todos os exageros que cometemos pela vida afora. A ressaca ou a dificuldade de digestão, comuns quando se come ou bebe demais, em geral, são atribuídas ao mau funcionamento do fígado e não aos excessos praticados.

Talvez isso explique a existência, no mercado, de uma quantidade enorme de produtos farmacêuticos que explora certas crendices populares a respeito do fígado. Trata-se de drogas que nunca demonstraram os efeitos hepatoprotetores que seus fabricantes apregoam. Na verdade, não há um único medicamento capaz de “proteger” o fígado. Quando ele dá sinais de sofrimento, na maior parte das vezes, já foi seriamente agredido pela repetição de alguns maus hábitos de vida.

Funções hepáticas

O fígado, que se localiza do lado direito do abdômen, é a maior glândula do organismo. Pesa em torno de um mil e trezentos a um mil e quinhentos gramas no homem e um pouco menos (aproximadamente duzentos gramas menos) nas mulheres.

Ele é constituído por milhões de células, como se fossem milhões de tijolinhos agrupados. Cada célula representa uma micro-indústria e desempenha uma função específica, essencial para o equilíbrio do organismo.

O fígado é um órgão de funções múltiplas e fundamentais para o funcionamento do organismo. Entre elas, destacam-se:

a) Secretar a bile

A bile é produzida pelo fígado em grande quantidade, de 600ml a 900ml por dia. Num primeiro momento, ela se concentra na vesícula e depois é enviada para o intestino, onde funciona como detergente e auxilia na dissolução e aproveitamento das gorduras. Por isso, quando os canais da bile entopem, o metabolismo das gorduras fica prejudicado;

Anatomia humana. Estômago

O estômago é o órgão mais representativo do aparelho digestivo. Em seu interior se encontram glândulas que produzem o suco gástrico.

Situa-se no tubo digestivo, logo abaixo do diafragma, entre o esôfago e o duodeno, no lado  superior esquerdo do abdômen. Pode ser dividido em quatro partes: cárdia, que comunica o órgão com o esôfago; fundo gástrico, parte superior à entrada do esôfago;  corpo, parte intermediária e principal; e piloro, na junção com o duodeno, que regula a passagem do quimo (bolo alimentar transformado em líquido pastoso altamente ácido que segue para o intestino) de um órgão para o outro e impede o refluxo.


É revestido  pela mucosa gástrica, uma camada de tecido pregueado. Em seu interior se encontram as glândulas gástricas, que produzem o suco gástrico. Quando o alimento é engolido, passa pelo esôfago e chega ao estômago, onde esse suco envolve os alimentos em digestão e, através dos movimentos peristálticos, transforma o bolo alimentar em quimo. O estômago continua o processo de digestão dos carboidratos, iniciado na boca,  e inicia a digestão das proteínas. Vazio, possui um volume de aproximadamente 50 ml, mas pode expandir sua capacidade para até 4l.

Possui duas válvulas ou esfincteres, que mantêm o conteúdo do órgão em seu interior. O esfincter esofágico fica na parte superior do estômago e o esfincter pilórico, na inferior, separando o órgão do intestino delgado. 

Anatomia humana. Aparelho urinário

O sistema urinário, ou aparelho urinário, é o sistema responsável por produzir, armazenar temporariamente e eliminar a urina, um composto que garante a eliminação de substâncias que estão em excesso no organismo e resíduos oriundos do metabolismo.

Órgãos do sistema urinário e suas funções

Os órgãos do sistema urinário são: dois rins, dois ureteres, a bexiga urinária e a uretra. Eles atuam de maneira conjunta, garantindo a filtração do sangue, a produção da urina e sua eliminação. 

Rim. Órgão responsável pela produção da urina.

Ureter. Órgão que garante que a urina seja conduzida até a bexiga.

Bexiga. Órgão responsável pelo armazenamento da urina até sua eliminação.

Uretra. Órgão que garante a eliminação da urina para fora do corpo.





Rins

Os rins são encontrados em número de dois no nosso corpo, sendo eles os órgãos responsáveis pela produção da urina. Estão localizados junto à parede posterior do abdômen, abaixo do diafragma.

Possuem cerca de 10 cm de comprimento, peso aproximado de 120 a 280 g e formato que lembra um feijão, apresentando uma borda convexa e uma borda côncava. 

Quando observamos internamente, vemos que os rins possuem duas regiões bem distintas: um córtex e uma medula. O córtex está localizado mais externamente, enquanto a medula está localizada mais internamente e é visualizada como uma região mais escuras. A porção superior e expandida do ureter é denominada de pelve renal e comunica-se com a medula renal. A pelve ramifica-se em direção à medula em cálices maiores, que se ramificam em cálices menores.


Ureteres

Os ureteres são ductos que levam a urina do rim para a bexiga. São encontrados em nosso corpo dois ureteres, cada um partindo de um dos rins. Em média, os ureteres apresentam de 25 a 30 cm de comprimento e 4 a 5 mm de diâmetro.

Bexiga urinária

A bexiga urinária é um órgão muscular oco que serve de reservatório para a urina e gradativamente distende-se conforme esse produto acumula-se. Há músculos próximos ao local de junção entre a uretra e a bexiga, que atuam regulando a micção.

Uretra

A uretra é um órgão que garante a eliminação da urina para o meio externo. No homem, a uretra apresenta um comprimento médio de 20 cm e pode ser dividida em três porções: prostática, membranosa e cavernosa ou peniana. A prostática passa próxima à bexiga e no interior da próstata, a membranosa possui apenas um centímetro de extensão e conecta-se com a cavernosa, que se localiza no interior do corpo cavernoso do pênis. A uretra da mulher apresenta cerca de 4 cm de comprimento.






Anatomia humana. Aparelho digestivo

O aparelho digestivo

Sendo o aparelho digestivo um conjunto de órgãos muito importantes em relação à mediunidade, em virtude da sua intimidade com o sistema vegetativo (nervo grande simpático e parassimpático), observemo-lo desde a boca até o reto, no trânsito de toda a digestão, até a expulsão dos resíduos inaproveitáveis da alimentação.




Os intestinos

Os intestinos, grosso e delgado, têm grande influência na mediunidade, visto ser ali onde atuam os “vampiros” vermínicos, sugando a vitalidade orgânica dos médiuns sem preparo. 

As mais variadas formas de vermes intestinais, tanto materiais como fluídicas, perturbam a vida dos
médiuns através desses órgãos da digestão, uns agindo juntamente com a flora microbiana interna e outros em forma fluídica (insetos e vermes), os mais horrendos e venenosos.

Anatomia humana. Esqueleto

Embora pareça supérfluo algum conhecimento sobre anatomia humana para os médiuns curadores, não o dispensamos, pois é de grande importância para esclarecimento dos diagnósticos. A necessidade do médium passista saber localizar e designar o órgão no corpo humano está justamente na aplicação dos fluidos, onde haja precisão de mais forte atuação magnética, ou onde sejam apenas úteis para a dispersão.

Os médiuns curadores são também, às vezes, videntes, e esta qualidade ajuda muito nos trabalhos, para orientação do tratamento a seguir. E, mesmo quando não o são mas têm boa assistência espiritual, os Guias completarão a deficiência mediúnica até onde lhes seja possível, principalmente na indicação dos órgãos afetados, tais como ossos, músculos, nervos, glândulas ou vísceras. Vê-se, portanto, que o estudo, não obstante superficial, sobre anatomia, é um grande auxiliar dos médiuns curadores, pois facilita descrever com segurança não só o órgão doente como também diagnosticar a enfermidade, dando desta forma orientação mais segura para o tratamento.

Esqueleto humano e sua nomenclatura

 


Seria demasiado exigirmos dos nossos médiuns um curso acurado sobre anatomia.

Entretanto, é preciso conhecer todo o esqueleto e os seus ossos de per si, como também sua posição e localização. Não desejamos nenhum perito, queremos, porém, que saibam o bastante para indicar, quando necessário, onde está localizada a enfermidade e em que órgão.

Por exemplo, o doente diz: sinto uma dor no peito. O médium concentrado, procura pela vidência, onde está a possível enfermidade. Uma vez senhor do campo, pela forma fluídica, está capacitado para determinar em que órgão está o mal, e, não raro, o gênero da enfermidade.

Quando isto não aconteça, pela ligação fluídica que emana da doença com os fluidos irradiados do médium em concentração, este poderá perceber onde está a origem causadora do desequilíbrio orgânico. Ainda se isso se der, o médium sintonizado com as correntes vibratórias espirituais poderá receber por intuição.

Passe e animais

A doutrina espírita nos ensina que os animais são como nossos irmãos mais novos que precisam de amor e carinho. Muitas pessoas quando seus bichinhos adoecem buscam tratamentos alternativos, como por exemplo, o passe.

O dicionário da língua portuguesa define a palavra “passe”, dentre tantos significados como:

“Ato de passar as mãos repetidas vezes por diante ou por cima da pessoa que pretende se magnetizar ou curar pela força mediúnica”.

Para os seguidores do Espiritismo, o passe ou a fluidoterapia é uma das maneiras de encontrar o equilíbrio energético da alma. E ainda, ele é realizado através da utilização das mãos e é a transfusão de energias vitais ou espirituais.

O passe em animais é correto?

De acordo com estudos de Allan Kardec, toda energia positiva irá ajudar de alguma positiva. Com isso, se realizarmos um passe energético em algum animal estaremos depositando boas energias sobre ele.


Entretanto, devemos lembrar que o exagero não é bem vindo. Temos que cuidar dos animais, porém, não podemos ficar dependentes deles, já que assim como nós, eles também são seres em evolução.

Cada um tem um caminho a percorrer, por isso, não podemos ser dependentes do outro.  E ainda, aceitar o desencarne é difícil mas não impossível.

Aceitar o desencarne é realmente muito difícil mas não impossível. Porque hoje em dia, temos consciência de que a vida continua.

Passista

Pondera-se, por vezes, que a aplicação de passes exige que o homem possua determinadas qualidades inatas, chegando-se mesmo a confundi-las com a mediunidade curativa ou com o conhecimento de certas e determinadas "orações secretas".

Assim, nem todos poderiam ministrá-lo.

Essas afirmações trazem uma verdade e um engano ao mesmo tempo.

O engano está na restrição que se queira criar, selecionando aqueles que não possuam dons especiais para ser passistas. Na realidade, qualquer pessoa pode aplicá-lo, e o aplica mesmo inconscientemente, já que os Mentores Divinos, na sua tarefa de amparo, nem sempre podem aguardar a perfeição do intermediário que se lhes oferece para só então exercer sua bênção regenerativa.

E a verdade está em que o conhecimento do mecanismo do passe e o aprimoramento moral e espiritual do homem facultam mais eficácia nos seus efeitos, criando condições básicas no paciente.

Num sentido geral, ninguém recebe uma graça ou um acréscimo especial da misericórdia divina para ser, aqui na Terra, um passista comum. E no mesmo sentido, ninguém, para essa atividade normal, traz missão especialíssima.

Por isso é que, mesmo sem nunca tê-lo praticado, qualquer um de nós, que replete o coração de confiança nos Planos Celestes e sustente pensamentos de amor e humildade, pode ensaiar as primeiras experiências de transmitir essa maravilhosa força de saúde e harmonia em favor de nossos semelhantes. E o fato de não nos julgarmos dignos ou possuidores de suficientes conhecimentos não os exime de submeter os nossos semelhantes à ação de nossos pensamentos. E esse envolvimento natural é uma das fases embrionárias em que desenvolvemos nossa vontade e que nos conduzirá, um dia, à condição de passistas espontâneos e generosos, tão logo nos empreguemos na conquista do bem.

Passe diferente

Indispensável estudar o Espiritismo. A Doutrina Espírita, síntese da Religião, é sagrado binômio de evolução psíquica, cuja dinâmica poderemos conceituar como: Jesus iluminando o coração e Kardec ilustrando o raciocínio.

Vez por outra, porém, repontam teorias de arribação.

No campo do passe, a exemplo, muitos corações já foram assaltados por inusitadas e alienígenas informações, estranhas à simplicidade profunda da Doutrina Espírita.

Produzem essas inquietudes:

- Na doação de energias aos que sofrem, na operação de substituir a molécula malsã por uma sã, estaríamos operando com o passe magnético ou espiritual? Que categoria de passes serviria a este ou àquele enfermo? Quem transmite passe ao adulto poderá fazê-lo à criança?

O impasse poderá levar-nos a titubear.

Em verdade, contudo, no Espiritismo sempre foi muito claro que a transfusão ocorrida num passe é sempre de natureza fluídica. E o fluido é "o elemento primitivo do corpo carnal e do perispírito, os quais são simples transformações dele" (1).

A ação magnética ou espiritual provém de uma só fonte.

Há, no mundo um único elemento primitivo, o fluido universal, sendo todos os corpos, todas as formas vivas ou inanimadas, todas as manifestações de vida, mera variedade de condensação ou coesão da mesma energia.

A própria Ciência, hoje energética, consagra a unidade.

No considerar o tema, em "A Gênese", Kardec desce a detalhes, esclarecendo que a ação do passe pode produzir-se de muitas maneiras. Alinha as três fundamentais:

1º – pelo próprio fluido do passista;

2º – pela atuação direta de um Espírito, sem o concurso do passista (beneficiando todos os necessitados, independentemente de sua crença religiosa, de seu grau evotivo, inclusive sem o conhecimento e o reconhecimento dos beneficiários);

3º – pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o passista, imprimindo ao fluido natural do passista qualidades de que ele carece.

Médium passista

Sendo o nosso trabalho sobre passes, e todo ele baseado nos ensinos espíritas, não podíamos deixar de trazer para os nossos amigos esta página do livro “Missionários da Luz”, onde encontramos com absoluta clareza e precisão uma orientação sumamente esclarecedora.

Atentemos para esta advertência:

“Para ser médium passista, exige-se muito critério e responsabilidade.” Isto dito pelo Espírito de André Luiz deveria calar fundo no íntimo de todos os médiuns que se aventuram a transmitir passes, sejam ou não espíritas.

CONDIÇÕES BÁSICAS

O médium passista para que seja de fato um “médium passista”, precisa estar integrado nos seis itens que enumeramos dos ensinos de André Luiz, como segue: “... na execução da tarefa que lhe está subordinada, não basta a boa vontade, como acontece em outros setores de nossa atuação. Precisa revelar determinadas qualidades de ordem superior e certos conhecimentos especializados. O servidor do bem, mesmo desencarnado, não pode satisfazer em semelhante serviço, se ainda não conseguiu se manter em padrão superior de elevação mental contínua, condição indispensável à exteriorização das faculdades radiantes. O missionário do auxílio magnético na Crosta ou aqui em nossa esfera, necessita:

1º – ter grande domínio sobre si mesmo,

2º – espontâneo equilíbrio de sentimentos,

3º – acentuado amor aos semelhantes,

4º – alta compreensão da vida,

5º – fé vigorosa,

6º – profunda confiança no Poder Divino”.

(Fizemos esta divisão em seis partes, para torná-la mais apreensível pela nossa capacidade de assimilação).

Médium curador

“... e porão as mãos sobre os enfermos e os curarão – Marcos, 16:18. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios... Mateus, 10:8. E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o reino de Deus. Lucas, 10:9. ...pois, digno é o obreiro do seu salário – Lucas, 10:7.”

Margeando o grande círculo de dores, de angústias e de aflições que purificam a humanidade, encontramos, quase sempre, onde já está vicejando a seara do Divino Mestre, os anônimos e abnegados obreiros passistas, na faina ingente para socorrer os irmãos necessitados.

Servos humildes do Senhor, praticando o bem pela caridade aos semelhantes, não cogitam das condições atmosféricas, não medem sacrifícios e dão muitas vezes, aquilo que mais falta lhes faz na presente experiência terrena – a saúde. Dão tudo sem nada pedirem. São os verdadeiros discípulos de Jesus Cristo “que porão as mãos sobre os enfermos e os curarão”, como cita o evangelista Marcos.


O médium curador o é também doutrinador, como se deduz do versículo de Lucas 10: 9, onde o Mestre recomendava pregar, e, depois de ter curado os doentes que na casa houvesse, dissesse-lhes: “É chegado a vós o reino de Deus”. Pois, sem esta doutrinação, a cura seria momentânea, de efeito efêmero.

O doente curado e não doutrinado, tão logo sinta-se restabelecido, esquece o sofrimento por que passou, retoma aos erros anteriores e atrai novamente a mesma enfermidade e, às vezes ainda, mais agravada. O doente não doutrinado nos ensinos de nosso Senhor Jesus Cristo, recebe a cura como se ela viesse puramente das mãos de um médico qualquer que, tendo-lhe pago o trabalho, nenhuma obrigação mais lhe resta. O salário que Jesus cobra está no pagamento das nossas dívidas morais, na reconquista do nosso próprio espírito faltoso perante Deus, nosso Pai Celestial, onde provém a nossa elevação para os planos divinos.

Eis porque o médium curador está na obrigação de não cingir-se apenas a dar os seus bons fluidos, mas também doutrinar a si mesmo, pelo estudo, meditação e na prática da caridade, com a fé em Deus.

Parábola da semente

“O reino de Deus é como um homem que lança a semente na terra e, enquanto está dormindo ou acordado, de noite e de dia, a. semente brota e cresce sem ele saber como, porque a terra produz, por si mesma, primeiramente a erva, depois a espiga e por último o grão graúdo na espiga. E quando o fruto amadurece, logo lhe mete a foice, porque é chegado o tempo da ceifa.” (Marcos, 5:26-29).

A terra é, realmente, algo de maravilhoso.

Semelha um imenso laboratório, em cujo recesso os elementos da natureza passam pelos mais surpreendentes quimismos, convertendo-se em substâncias saborosas e nutritivas, de que o homem necessita para a formação e manutenção de seu corpo físico.

Basta que a semente lhe seja deitada no seio ubertoso para que, ao cabo de algum tempo, germine, cresça e frutifique.


Impelida por uma força inteligente, que escapa à compreensão humana, o germe se transforma em plântula; esta, ao mesmo tempo que deita raízes, organiza a haste com que fende a terra e vem saudar a luz. Aparece, então, aos olhos de todos, verde como a esperança; vai-se desenvolvendo mais ou menos rapidamente, segundo a sua espécie, até que um dia surgem as espigas, nas quais, afinal, repontam os preciosos grãos.

Depois, é só esperar que amadureçam ao calor do sol, proceder à ceifa e recolher os frutos nos celeiros.

A mesma força que determina os fenômenos da germinação, desenvolvimento e frutificação das plantas, fará, também, que o “reino de Deus” se instale na Terra, pelo triunfo do Evangelho.

Parábola do fariseu e do publicano

“Propôs Jesus esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, como se fossem justos, e desprezavam os outros: Subiram dois homens ao templo para orar: um fariseu, e outro publicano. O fariseu orava de pé, e dizia assim: Graças te dou, ó meu Deus, por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros. E não ser também como é aquele publicano. Eu, por mim, jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de tudo quanto possuo. Apartado a um canto, o publicano nem sequer ousava erguer os olhos para o céu; batia no peito, e exclamava: Meus Deus, apiedai-vos de mim, pecador. Digo-vos, acrescentou Jesus, que este voltou justificado para sua casa, e o outro não, porque todo aquele que se exalta será humilhado, e todo aquele que se humilha será exaltado.” (Lucas, 18:9-14).

Para o perfeito entendimento desta parábola, faz-se mister, antes de mais nada, conhecer que significam os termos que lhe servem de título.

Fariseus eram os seguidores de uma das mais influentes seitas do Judaísmo. Demonstravam grande zelo pelas suas tradições teológicas, cumpriam meticulosamente as práticas exteriores do culto e das cerimônias estatuídas pelo rabinismo, dando, assim, a impressão de serem muito devotos e fiéis observadores dos princípios religiosos que defendiam. Na realidade, porém, sob esse simulacro de virtudes, ocultavam costumes dissolutos, mesquinhez, secura de coração e sobretudo muito orgulho.

Publicanos eram os arrecadadores de impostos públicos exigidos pelos romanos ao povo judeu, no exercício de cujo mister tinham oportunidade de amealhar fortuna, pelo abuso das exações.

Os judeus, que mal podiam suportar a dominação romana e não se conformavam com o pagamento de impostos, que julgavam ser contra a lei, fizeram do caso uma questão religiosa.

Abominavam, pois, esses agentes do fisco, considerando, mesmo, um comprometimento ter qualquer intimidade com eles. Em suma, eram os publicanos renegados como gente da pior espécie.

Isto posto, vamos à interpretação da parábola, propriamente.

Seu objetivo é apontar o orgulho como elemento prejudicial à salvação e, ao mesmo tempo, ressaltar quanto a humildade pode valer-nos ante a justiça divina.

Parábola da viúva persistente

Querendo Jesus ensinar a seus discípulos que deviam orar sempre e nunca desanimar, propôs-lhes a seguinte parábola:

“Havia em certa cidade um juiz, que não temia a Deus nem respeitava os homens. Havia também naquela mesma cidade uma viúva que vinha constantemente ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário. Ele, por algum tempo, não a queria atender, mas depois disse consigo: Se bem que eu não tema a Deus, nem respeite os homens, mas, como esta viúva me incomoda, julgarei a sua causa, para que ela não continue a molestar-me com suas visitas. Ouvi, acrescentou o Mestre, o que disse esse juiz injusto; e não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora seja demorado a atendê-Los? Digo-vos que bem depressa lhes fará justiça.” (Lucas, 18:1-8).

Conquanto diferente na forma, esta parábola se assemelha bastante, na essência, àquela outra, do Amigo Importuno, registrada pelo próprio evangelista Lucas, no cap. 11, vs. 5 a 13.


Nesta, como naquela, Jesus nos exorta a confiar na justiça Divina, na certeza de que, consoante o refrão popular, ela “tarda, mas não falha”.

De fato, se mesmo homens iníquos, isto e, maldosos, perversos, insensíveis aos direitos do próximo e indiferentes à moral, como o juiz de que nos fala o texto acima, não resistem ao assédio daqueles que lhes batem à porta com insistência, e, para verem-se livres de importunações, acabam resolvendo-lhes as questões, como poderia Deus, que é a perfeição absoluta, deixar de atender aos nossos justos reclamos e solicitações?

Se, malgrado todas as deficiências e fraquezas dos que, na Terra, presidem aos serviços judiciais, as causas têm que ser solucionadas um dia, ainda que com grande demora, porque duvidar ou desesperançar das providências do Juiz Celestial?

Ele, que não é indiferente sequer à sorte de um pardal, que tudo sabe, tudo pode e tanto nos ama, negligenciaria a. respeito de nossos legítimos interesses, deixar-nos-ia sofrer qualquer injustiça, mínima que fosse?

Não!

Quando, pois, sintamos que o ânimo nos desfalece, por afigurar-se que os males que nos afligem sobre-excedem nossas forças, oremos e confiemos.

Deus não desampara a nenhum de seus filhos.

Se, às vezes, parece não ouvir as nossas súplicas, permitindo perdurem nossos sofrimentos, é porque, à feição do lapidário emérito, que se esmera ao extremo no aperfeiçoamento de suas gemas preciosas, também Ele, sabendo ser a dor o melhor instrumento para a lapidação de nossas almas, nos mantém sob a sua ação enérgica, mas eficiente, a fim de que sejam quebradas as estrias de nosso mau caráter, nos expunjamos de nossas mazelas e nos tornemos, o mais breve possível, dignos de ascender à sua inefável companhia.

Sim, em todos os transes difíceis da existência, oremos e confiemos.

Se o fizermos com fé, haveremos de sentir que, embora os trilhos da experiência que nos cumpre palmilhar continuem cheios de pedras e de espinhos, a, oração, jorrando luz à nossa frente, nos permitirá avançar com segurança, vencendo, incólumes, os tropeços do caminho!


Parábolas evangélicas. FEB OnDemand, capítulo 25. 


Parábola dos servos inúteis

“Disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé. E o Senhor respondeu: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá. Qual de vós, tendo um servo ocupado na lavoura ou guardando gado, lhe dirá, quando ele se recolher do campo: vai já pôr-te à mesa, e que, ao contrário, não lhe ordene: prepara-me a ceia, cinge-te, e serve-me enquanto eu como e bebo; depois comerás tu e beberás? E quando o servo tenha feito tudo o que lhe foi ordenado, porventura lhe fica o senhor em obrigação? Creio que não. Pois assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi mandado, dizei: Somos uns servos inúteis; fizemos apenas o que devíamos fazer.” (Lucas, 17:5-10).

Como se depreende facilmente do texto supra, ao tempo em que Jesus esteve entre nós, os operários rurais, finda sua jornada de trabalho no campo, tinham ainda outros deveres, quais sejam: preparar e servir a. ceia a seus patrões, e só então é que iam cuidar de si mesmos.

Era, sem dúvida, um regime duro, inaceitável nos dias de hoje, mas, como fazia parte do contrato de emprego, nenhum trabalhador achava, nem poderia achar, que fazia mais do que a obrigação. Nem seus amos, tão-pouco, ficavam a dever-lhes qualquer reconhecimento, por isso.

O Mestre, com sua capacidade extraordinária de improvisar as mais sábias lições, aproveitando-se da paisagem que o circundava ou dos costumes da época, ao ouvir a rogativa dos apóstolos: “Senhor, aumenta-nos a fé”, depois de exaltar os poderes miraculosos desta preciosa virtude, fá-los compreender que, para ser fortalecida, a fé tem que se apoiar em atos de benemerência, em devotamento ao próximo, em renúncia pessoal a benefício dos semelhantes.

Assim como a percepção de maiores rendimentos pecuniários, seja na lavoura, no comércio ou na indústria, depende da produtividade de cada um, também a fé, que é o salário da alma, só pode ser aumentada naqueles que demonstrem espírito de serviço, e se empenhem, com afinco, no campo do altruísmo e da fraternidade cristã.

Sim, porque, como disse Tiago: “a fé sem obras é morta”, e o que está morto não pode crescer, não é passível de desenvolvimento. Só os organismos vivos é que possuem essa faculdade.

Aqueles que dizem: “a fé é uma só”, e supõem seja ela infundida de um jato, como um favor do céu a uns poucos privilegiados, evidentemente laboram em erro.

Ensinando, aos que partilhavam do colégio apostólico, qual o “processo” para aumentá-la, Jesus desmente tal concepção, eis que não há nada estático no Universo, e a fé, como tudo o mais, também é dinâmica, evolve e se aperfeiçoa.

Mister, entretanto, que, na prática do Bem, guardemos sempre uma atitude de sincera modéstia, alijemos de nosso coração qualquer laivo de orgulho, qualquer pretensão de superioridade. Após cada gesto de amor que tenhamos

ensejo de praticar, demos graças a Deus pela. oportunidade de servir que nos ofereceu, dizendo-lhe humildemente: “Somos uns servos inúteis; fizemos apenas o que devíamos fazer.”


Parábolas evangélicas. FEB OnDemand, capítulo 24.

Parábola do rico e Lázaro

“Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho finíssimo, e se banqueteava magnificamente todos os dias. Havia também um pobre mendigo chamado Lázaro, que jazia coberto de úlceras à porta do rico, e que bem quisera saciar-se com as migalhas que caíam da mesa deste, mas ninguém lhas dava; e os cães vinham lamber-lhe as chagas. Ora, aconteceu que o mendigo morreu e foi transportado pelos anjos ao seio de Abraão. O rico morreu também e teve o inferno por sepultura. Quando este, dentro dos seus tormentos, levantou os olhos e ao longe viu Lázaro no seio de Abraão, disse em gritos estas palavras: Pai Abraão, tem piedade de mim e manda-me Lázaro para que, molhando n’água a ponta do dedo, me refresque a língua, pois sofro tormentos nestas chamas. Abraão, porém, lhe respondeu: Filho, lembra-te de que recebeste bens em tua vida e de que Lázaro só teve males; por isso ele agora é consolado e tu és atormentado. Demais, grande abismo existe entre nós e vós, de modo que os que querem passar daqui para lá não o podem, como também não se pode passar de lá para cá. Replicou o rico: Pai Abraão, eu te suplico, então, que o mandes à casa de meu pai, onde tenho cinco irmãos, para lhes dar testemunho destas coisas, a fim de que eles não venham a cair neste lugar de tormentos. Abraão lhe retrucou: Eles têm Moisés e os profetas; que os escutem. Não, Pai Abraão, insistiu o rico, se algum dos mortos lhes for falar, eles farão penitência. Se não escutam nem a Moisés nem aos profetas — retorquiu Abraão —, não acreditariam do mesmo modo, ainda que algum dos mortos ressuscitasse.” (Lucas, 16:13-31).

Esta parábola narra a sorte de dois Espíritos após uma existência terrena, em que um escolhera a prova da riqueza, e outro a da pobreza.

O primeiro, como em geral acontece a todos os ricos, esquecido das leis de amor e fraternidade que devem presidir às relações dos homens entre si, empregou seus haveres exclusivamente na ostentação, no luxo, no comprazimento pessoal, demonstrando-se insensível e indiferente à miséria e aos sofrimentos do próximo; o segundo, faminto e doente, relegado ao mais completo abandono, demente, sem revolta, as dores e privações que lhe martirizaram a existência.

Afinal, fazem a passagem para o outro lado da vida, onde a situação de ambos se modifica por completo.

O rico, porque vivera egoisticamente e fora desumano, deixando que um pobre enfermo passasse fome à porta de seu palácio, enquanto se regalava com opíparos jantares regados a vinhos e licores, começou a ser torturado por um profundo sentimento de culpa, enquanto Lázaro, por haver sofrido com paciência e resignação as agruras da vida misérrima que levara, gozava, agora, indizível ventura em elevado plano da espiritualidade.

Nessa conjuntura, suplica o rico seja permitido a Lázaro ir amenizar-lhe a sede que o atormenta. Evidentemente, sede de consolação, sede de misericórdia, pois, como Espírito, não iria sentir necessidade de água material.

É-lhe esclarecido, então, o porquê de seu atual padecer e o da felicidade de Lázaro, situação essa impossível de ser modificada de pronto, em virtude do “abismo” existente entre ambos. Como facilmente se percebe, também aqui não se trata de abismo físico, mas sim moral. Havendo triunfado em sua provação, Lázaro alcançara um estado de paz interior que o mau rico não poderia experimentar, e este, em razão de seu fracasso, sentia-se angustiado e abrasado de remorsos, coisas que o outro, logicamente, não poderia sentir, pois os estados de consciência são pessoais e impermutáveis.

Parábola do mordomo infiel

“Havia um homem rico que tinha um mordomo; e este lhe foi denunciado como esbanjador dos seus bens. Chamou-o, então, e lhe disse: Que é isto que ouço dizer de ti? Dá conta da tua administração, pois não podes mais ser meu administrador. Disse o mordomo consigo: Que hei-de fazer, uma vez que meu amo me tira a administração? Não sei cultivar a terra, e de mendigar tenho vergonha. Já sei o que farei, a fim de que, quando me houverem tirado a mordomia, encontre pessoas que me recebam em suas casas. Chamou cada um dos que deviam a seu amo e perguntou ao primeiro: Quanto deves a meu amo? O devedor respondeu: cem cados de óleo. Disse-lhe então: Toma a tua obrigação, senta-te ali e escreve depressa outra de cinquenta. Perguntou em seguida a outro: Quanto deves tu? Respondeu ele: cem cados de trigo. Disse-lhe: Toma o documento que me deste e escreve um de oitenta. O amo, sabendo de tudo, louvou o mordomo infiel, por haver procedido com atilamento, porque os filhos do século são mais avisados no gerir seus negócios do que os filhos da luz. E eu vos digo: Empregai as riquezas da iniquidade em granjear amigos, a fim de que, quando elas vierem a faltar-vos, eles vos recebam nos tabernáculos eternos. Aquele que é fiel nas pequenas coisas sê-lo-á também nas grandes, e quem é injusto no pouco também o é no muito. Ora, pois, se não houverdes sido fiéis no tocante às riquezas de iniquidades, quem vos confiará as verdadeiras? Se não fostes fiéis com o alheio, quem vos dará o que é vosso?” (Lucas, 16:1-12).

Esta parábola, interpretada ao pé da letra, pode dar a entender que o Mestre esteja apontando o roubo e a fraude como exemplos de conduta dignos de serem imitados.

Considerada, porém, em seu verdadeiro sentido, segundo o espírito que vivifica, encerra uma profunda lição de sabedoria e de bondade que poucos hão sabido entender.

Inicialmente, identifiquemos as duas principais personagens da historieta evangélica, e o local em que a ação se desenrola.

O rico proprietário é Deus, o poder absoluto que sustenta todo o Universo; o mordomo é a humanidade, ou seja, cada um de nós; e a fazenda é o planeta Terra, campo em que se desenvolve atualmente nossa evolução.

Os bens que nos foram dados a administrar é tudo o de que nos jactamos estultamente nesta vida: propriedades, fortuna, posição social, família e até mesmo nosso corpo físico.

Todas essas coisas nos são colocadas à disposição pelo Supremo Senhor, durante algum tempo, a fim de serem movimentadas para benefício geral, mas, em realidade, não nos pertencem.

A prova disso está em que sempre chega o dia em que seremos despojados delas, quer o desejemos, quer não.

Parábola acerca da previdência

“Qual de vós, querendo edificar uma torre, não se põe primeiro a fazer conta dos gastos que são necessários, para ver se tem com que acabá-la? Com isso evita expor-se a que, depois de haver assentado os alicerces e não a podendo terminar, todos os que a virem comecem a fazer zombaria dele, dizendo: Este homem principiou o edifício, mas não o pôde concluir. Ou que rei há que, estando para sair em campanha contra outro rei, não tome primeiro muito pensadamente as suas medidas, a ver se com dez mil homens poderia ir a, encontrar-se com o que traz contra ele vinte mil? De outra maneira, ainda quando o outro está longe, enviando sua embaixada, pede-lhe tratados de paz. Assim, pois, qualquer de vós que não renuncie a tudo quanto possua, não pode ser meu discípulo. O sal é bom, porém, se o sal perder a força, com que outra coisa se há-de temperar? Ficará sem servir, nem para a terra, nem para o monturo, mas lançar-se-á fora. O que tiver ouvidos de ouvir, ouça.” (Lucas, 14:28-35).

Esta parábola encerra uma advertência muito séria a todos quantos pretendam iniciar-se no discipulado de Jesus.

A finalidade de sua estada entre nós, e pela qual continua ainda a trabalhar, é a redenção humana, é o estabelecimento do “reino de Deus” em cada coração.

Malgrado, porém, a sublimidade de seu ministério, sua vida terrena foi uma sucessão de acerbos sofrimentos físicos e morais. Suportou contínuas perseguições daqueles cujos interesses mesquinhos sua doutrina contrariava; recebeu insultos, açoites e flagelações; padeceu a humilhação de carregar a própria cruz em que seria pregado entre malfeitores; e, mais que isso, sofreu a incredulidade de seus parentes, que não confiavam nele; a pusilanimidade de seus seguidores, que fugiram, espavoridos, quando a oposição se fez mais furiosa; a traição de Judas; a negação de Pedro e a rejeição daquele mesmo povo que, uma semana antes, o aclamara festivamente, querendo fazê-lo seu rei!

Quem se disponha, em nossos dias, a coadjuvá-lo nesse trabalho e colocar-se a serviço do ideal cristão, tem que arrostar, a seu turno, provas igualmente muito difíceis: a risota escarninha dos indiferentes, a incompreensão da família, os ataques dos que se arvoram em senhores da religião, e, acima disso tudo, o fascínio das posses materiais e as mil e uma formas de convite para deixar o caminho árduo e estreito da honradez, da virtude, da moralidade enfim, para tomar a estrada larga e deleitosa da corrupção e dos prazeres mundanos.

Destarte, os principais requisitos a serem adquiridos por aqueles que aspiram a esse apostolado são a caridade no sentido mais amplo e a disposição de servir à humanidade, tal qual ela é, com suas misérias e torpezas, sem se deixar envolver pelas seduções do mundo.

Parábola dos primeiros lugares

Tendo Jesus entrado em casa de um dos principais fariseus a fim de ali tomar sua refeição, ao notar como os convidados escolhiam os primeiros assentos à mesa, propôs-lhes uma parábola, dizendo:

“Quando fores por alguém convidado para um casamento, não te sentes no primeiro lugar, para não suceder que seja por ele convidada uma pessoa mais considerada do que tu e, vindo o que convidara a ti e a ele, te diga: dá o lugar a este; e então vás, envergonhado, ocupar o último lugar. Em vez disso, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: amigo, senta-te mais para cima; então isto será para ti uma honra diante de todos os demais convivas. Pois todo o que se exalta, será humilhado; e todo o que se humilha, será exaltado.” (Lucas, 14:7-11).

Com tal parábola, Jesus aconselha que cultivemos a humildade e o desprendimento, virtudes que, reiteradas vezes, apresentou como características essenciais do verdadeiro cristão.

Adquiri-las, entretanto, não é nada fácil, pois requer o sacrifício de nosso personalismo, e os terrícolas, salvo raras exceções, estamos vivendo ainda uma fase da evolução em que predomina o “egoísmo”, ou seja, o amor exagerado a nós próprios, cada qual procurando garantir sua felicidade, sem preocupar-se com os outros, havendo alguns, mais atrasados, que pensam obtê-la conduzindo-se abertamente contra os outros.

A felicidade real e duradoura, todavia, só será conhecida pelos homens à medida que se libertem de seus pensamentos e desejos egoístas; quando vivam, não apenas para si mesmos, mas para o bem de todos, transformando-se em instrumentos conscientes das forças superiores que trabalham pela redenção da humanidade.

“Sabeis — dissera o Mestre de outra feita — que os príncipes das gentes dominam os seus vassalos e que os maiores exercitam o seu poder sobre eles. Não será assim entre vós outros; pelo contrário, o que quiser ser o maior entre vós, esse seja o que vos sirva, e o que quiser ser o primeiro, esse seja o vosso servo, assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.” (Mateus, 20:25-28).

Espiritualmente falando, não há, pois, para os discípulos do Cristo, outro privilégio senão o de servir, e servir por amor, com dedicação e altruísmo, pois o que se faça por interesse pessoal ou por vanglória não produz nenhum resultado superior.

Servir, no sentido cristão, é esquecer de si mesmo e devotar-se amorosamente ao auxílio do próximo, sem objetivar qualquer recompensa, nem mesmo o simples reconhecimento daqueles a quem se haja beneficiado.

Parábola do servo vigilante

“Estejam cingidos os vossos lombos e tende nas mãos tochas acesas; sede semelhantes aos servos que esperam a seu senhor, ao voltar das bodas, para que, quando vier e bater à porta, logo lha abram. Bem-aventurados aqueles servos a quem o Senhor achar vigiando quando vier; na verdade vos digo que ele se cingirá, e os fará sentar à mesa, e, passando por entre eles, os servirá. E se vier na segunda vigília, e se vier na terceira vigília, e assim os achar, bem-aventurados são os tais servos. Mas, sabei isto: se o pai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, vigiaria, sem dúvida, e não deixaria minar a sua casa. Vós outros, pois, estai apercebidos, porque à hora que não cuidais, virá o Filho do homem. Disse-lhe então Pedro: Senhor, tu propões esta parábola só a nós outros, ou também a todos? E Jesus lhe disse: Quem crês que é o despenseiro fiel e prudente que o Senhor pôs sobre a família, para dar a cada um a seu tempo a ração de trigo? Bem-aventurado aquele servo que, quando o Senhor vier, o achar assim obrando. Verdadeiramente vos digo, que ele o constituirá administrador de tudo quanto possui. Porém, se disser o tal servo no seu coração: Meu Senhor tarda em vir, e começar a espancar os servos e as criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se, virá o Senhor daquele servo no dia em que ele o não espera, e na hora em que ele não cuida, e o removerá, pondo-o à parte com os infiéis. Porque àquele servo que soube a vontade de seu Senhor, e não se apercebeu, e não obrou conforme a sua vontade, dar-se-lhe-ão muitos açoites; mas aquele que não o soube, e fez coisas dignas de castigo, levará poucos açoites. A todo aquele a quem muito foi dado, muito lhe será pedido; e ao que muito confiaram, mais conta lhe tomarão.” (Lucas, 12:35-48).

Este trecho do Sermão Profético, proferido pelo Mestre quase ao final de sua missão entre os terrícolas, é uma exortação ao trabalho e à vigilância.

Recomenda ele nos mantenhamos firmes na execução das tarefas que nos cabe realizar, em benefício de nosso progresso espiritual e no de nossos semelhantes, pois, cristãos que pretendemos ser, estamos neste mundo na situação de despenseiros, cumprindo-nos assistir a família do Senhor — a humanidade, conforme sejam as necessidades de cada um.

Se assim fizermos, se estivermos sempre prontos, com a cinta cingida e a candeia acesa, em condições de servir e de iluminar de que de nós se acercam, a fim de lhes ensinar o caminho que conduz a Deus, estaremos sendo bons servos, conquistaremos com isso a confiança do Senhor, e Ele nos tomará como Seus prepostos, constituindo-nos administradores de seu patrimônio, o que equivale a dizer, obreiros da Providência Divina.

Sabemos, através do Evangelho, qual é “a vontade do Senhor”, como Ele quer que ajamos. Aí estão, por toda a parte, os famintos, os maltrapilhos, os desajustados, precisando de nosso amparo, auxilio e proteção; os ignorantes e transviados, reclamando nosso esclarecimento, orientação e estímulo para o bem; os sofredores de todos os matizes, carecidos de nossos exemplos de fé, de esperança, de paciência e de resignação, a fim de suportarem melhor as vicissitudes terrenas.

Cumpre-nos dar boa conta dos compromissos que assumimos perante o Cristo; cuidando com dedicação e zelo daqueles que ele nos haja confiado.

Parábola do avarento

“As terras de um homem rico produziram abundantemente. Ele, então, discorria consigo: Que hei-de fazer, pois não tenho onde recolher os meus frutos? Finalmente disse: farei isto: derrubarei os meus celeiros, construirei outros maiores, e neles guardarei toda a colheita e os meus bens. E direi à minha alma: tens muitos bens em depósito para largos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Deus, porém, disse a esse homem: Insensato, esta noite mesmo virão demandar tua alma; e as coisas que ajuntaste, para quem serão? Assim acontece àquele que entesoura para si, e não é rico em Deus.” (Lucas, 12:16-21).

É determinação divina que o homem deva conquistar o pão com o suor do próprio rosto. Isso equivale a dizer que, para atender às necessidades da vida física, ele é obrigado a trabalhar, pois a natureza não lhe oferece, de mão beijada, quanto baste para saciar-lhe a fome e a sede, nem tão-pouco os recursos com que proteger-se contra as intempéries.

Através dessa luta pela existência, que é uma bênção (e não maldição, como alguns erroneamente supõem), o homem vai-se desenvolvendo em todos os sentidos: ganha ciência, aptidão e sensibilidade, resultando daí sua evolução e o progresso do meio em que exerce suas atividades.

Infelizmente, porém, muitos se preocupam em demasia com esse problema, em detrimento das questões de ordem espiritual, deixando-se levar pela ambição, pelo desejo insaciável de acumular bens de fortuna, o que não raro se transforma em verdadeira obsessão.

A avareza, a sórdida e feroz avareza, passa a comandar-lhes as ações, sufocando todo e qualquer sentimento nobre e altruísta que se contraponha à ideia fixa de aumentar, aumentar continuamente, esses tesouros...

Esquecem-se de que, quando menos o esperarem, serão arrebatados pela morte, tendo que deixar aqui toda a fortuna que labutaram por acumular durante a vida, para que outros a desfrutem ou esbanjem a seu bel-prazer.

Se se compenetrassem dessa verdade, certamente não poriam tanto empenho em ajuntar riquezas para uma vida efêmera, cuja duração não vai além de uns poucos anos. Buscariam, antes, tornar-se ricos em Deus, pela prática constante da caridade, do amor ao próximo, e pelo esforço diuturno no sentido de libertar-se daquilo que mais os amesquinha e mais fortemente os agrilhoa à prisão terrestre: a cupidez, a usura, o apego às coisas materiais.