Amor da família

MATEUS: capítulo 10, versículo 37. Aquele que ama a seu Pai ou a sua mãe mais do que me ama, não é digno de mim; e aquele que ama a seu filho ou a sua filha mais do que me ama, de mim não é digno. — 38. Aquele que não toma sua cruz e me segue não é digno de mim. — 39. Aquele que acha sua vida a perderá e aquele que perder a vida por minha causa a encontrará.

LUCAS: capítulo 14, versículo 25. Jesus, voltando-se para a multidão que o acompanhava, disse; — 26. Aquele que vem a mim e não odeia a seu pai e a sua mãe, a sua mulher, a seus filhos, a seus irmãos, a suas Irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo; 27, e aquele que não toma sua cruz e me segue não pode ser meu discípulo. (*)

Os santos Evangelhos são o código, ou a tábua dos preceitos e sentenças do Divino Mestre. Para bem se conhecerem esses preceitos e sentenças, necessário se faz estudá-los, interpretando-os, de modo a lhes alcançar o sentido profundo. Para isso, não basta ter deles a compreensão literal ou gramatical; é preciso pesquisar-lhes os fundamentos, apreciá-los em conjunto, buscar-lhes o espírito.

Jesus veio dar cumprimento ao Decálogo e confirmar as profecias que lhe eram relativas. Veio congraçar a Humanidade, fazendo-lhe ver que os seus membros devem unir-se pela amizade, pelo afeto, pelo carinho, que produzem a concórdia, pelo amor paterno e filial. Veio, enfim, mostrar-lhe que a vida real é a do Espírito liberto da escravidão da matéria, isto é, purificado, e que o Espírito só se depura na adversidade, que é o crisol das grandes obras.

A gênese

A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo, ou simplesmente A Gênese, como costuma ser abreviado, é o título da tradução da obra original em francês La Genèse, les Miracles et les Predictions selon le Spiritisme de autoria de Allan Kardec, é o quinto livro da coleção conhecida como obras básicas do Espiritismo então desenvolve com mais profundidade o aspecto científico dos conceitos doutrinários da Revelação Espírita, abordando, entre outros temas, a essência de Deus, a Criação do Universo e seu processo de expansão, a origem dos Espíritos e a comparação com a teoria bíblica da gênese, o caráter dos milagres, a natureza das profecias e as predições para o futuro da humanidade.

Contexto histórico

A Gênese é o quinto e último livro publicado por Allan Kardec, cuja primeira edição foi lançada pouco mais de um ano antes da desencarnação do autor, tendo já decorridos onze anos da primeira obra básica do Espiritismo — O Livro dos Espíritos — e uma década ininterrupta de edições da Revista Espírita. Portanto, o livro é, de alguma forma, uma síntese mais apurada e amadurecida da compreensão espírita quanto à natureza física e espiritual, levando em consideração as revelações da espiritualidade e o desenvolvimento da ciência humana.

Quando da sua publicação, estava muito em voga a discussão sobre a origem do universo e, por conseguinte, dos seres vivos. A teoria evolucionista por meio de seleção natural de Charles Darwin — publicada em A Origem das Espécies, de 1859 — ainda não estava bem consolidada e enfrentava certa resistência, inclusive dentro do meio científico. Fora do círculo acadêmico, no meio popular do Ocidente, por consequência do secular predomínio do catecismo católico e do recrudescimento da interpretação muito literal das igrejas protestantes, a concepção clássica da origem e desenvolvimento do mundo e dos seres humanos era aquela baseada no primeiro livro da Bíblia — Gênesis, atribuída a Moisés. Qualquer suposição teórica fora da versão bíblica obviamente sofria forte preconceito.

O caso A gênese

A questão da versão final do livro A Gênese de Allan Kardec e os desdobramentos da tese de adulteração de seu conteúdo após a desencarnação do codificador espírita.

Sinopse do caso

A Gênese é o quinto e derradeiro livro de Allan Kardec a compor o conjunto das obras básicas do Espiritismo, sendo este livro considerado por certos estudiosos como a obra-chave para a compreensão da Revelação Espírita.

Ocorre que a partir da 5ª edição o conteúdo desse livro foi substancialmente modificado; por ter sido publicada posteriormente à desencarnação do autor, gerou-se uma polêmica histórica sobre a autenticidade dessas alterações (se elas foram mesmo feitas por Kardec) e, com isso, a legalidade desta edição atualizada.

Lançamento da obra

A obra em questão foi lançada em 6 de janeiro de 1868, com o título original (em francês) La Genèse, les Miracles et les Prédictions selon le Spiritisme, cuja tradução para o nosso português é A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo.

Kardec fez o primeiro anúncio desta obra na Revista Espírita de setembro de 1867, na qual inseriu um artigo ("Caracteres da Revelação Espírita") que viria a ser o primeiro capítulo do novo livro. Na primeira nota de rodapé desse artigo, ele informa que a obra já estava no prelo (para impressão) e seria lançada antes do final daquele ano (embora o lançamento oficial ficaria para o primeiro mês do ano seguinte: 1868).

Na edição do mês de novembro seguinte, da mesma revista (em "Notas bibliográficas"), foi feita outra publicidade da obra, também prometida para o próximo dezembro.

O livro dos Espíritos

O Livro dos Espíritos, traduzido do título original em francês Le Livre des Esprits, escrito por Allan Kardec, é a primeira das chamadas obras básicas da Codificação Espírita. A publicação oficial de sua primeira edição, em 18 de abril de 1857, em Paris, França, é considerada o marco de inauguração da Doutrina Espírita, uma vez que se empresta justamente a lançar os princípios fundamentais do Espiritismo. A obra foi substancialmente ampliada na sua segunda edição, publicada três anos depois da publicação original. Seu conteúdo principal é em formato dialético, distribuído em questões enumeradas, que em sua maioria se compõe de perguntas (formuladas por Kardec) e respostas (sínteses colhidas junto a diversos Espíritos), numa espécie de entrevista, contendo sobre algumas questões o acréscimo de comentários de Kardec; outras questões são constituídas de ensaios do autor a respeito de determinados assuntos, relativos à doutrina. Além desse conteúdo principal, o livro traz ainda uma introdução, um prolegômenos (espécie de prefácio) e uma conclusão.

Sobre o título e sua epígrafe

O título "O Livro dos Espíritos" dá ênfase ao propósito de Allan Kardec de atribuir o mérito das revelações contidas na obra aos Espíritos, sem os quais, aliás, o livro não poderia existir. Sem dúvidas, uma modesta atitude do codificador espírita, embora seja explícito o seu extraordinário trabalho na elaboração didática da obra.

O livro classifica-se pelo gênero "Filosofia Espiritualista", portanto, uma obra filosófica, cujo epíteto expressa a própria designação daquele trabalho:

"Sobre a imortalidade da alma, a natureza dos Espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o porvir da Humanidade – segundo os ensinos dados por Espíritos superiores com a cooperação de diversos médiuns – recebidos e coordenados por: Allan Kardec."

Contexto histórico do lançamento

O Livro dos Espíritos é fruto de cerca de dois anos de estudos e pesquisas realizadas pelo pedagogo francês Hypolite-Léon Denizard Rivail acerca da Revelação Espírita, iniciada com a observação dos fenômenos das Mesas Girantes – que virou febre nos Estados Unidos da América e na Europa em meados do século XIX – e com a revelação da missão reencarnatória à qual o professor Rivail havia se comprometido espiritualmente. Em meio a essa empreitada, o codificador serviu-se da colaboração de diversos médiuns (uma vez que ele próprio declarara não dispor de mediunidade ostensiva), por quem pôde ter contato com os Espíritos inspiradores da nova doutrina, dentre os quais, nomes célebres como Sócrates, Platão, João Evangelista, Santo Agostinho, Fénelon e São Luís, além de o Espírito Verdade – guia particular do codificador.

Carma

Carma, ou Karma, é a ideia de uma lei natural que estabelece uma consequência direta entre uma determinada ação e seus efeitos mediante um princípio moral, sendo essa consequência de natureza boa ou má conforme a qualidade das ações que desencadearam os efeitos. Esse terno é oriundo da cultura oriental — especialmente aplicado no hinduísmo, budismo, jainismo, siquismo e taoismo — e se assemelha mais ou menos com a ideia de outras leis, tais como: ação e reação, causa e efeito e lei do retorno; uma das particularidades das crenças orientais com relação à lei cármica é sua associação com a lei de reencarnação, pelo que a alma pode voltar ao corpo humano numa situação melhor, caso acumule um bom carma, ou, no caso de um carma negativo, pode renascer numa posição inferior, inclusive encarnado num corpo animal (metempsicose) — ou ainda, conforme certas seitas, materializado em forma vegetal ou mineral. Sem adotar essa nomenclatura, a codificação do Espiritismo reconhece o princípio comum que move a ideia do carma, qual seja a lei da causalidade moral em face do grau de consciência e da sua intenção do indivíduo, também estendendo os efeitos possíveis dessa relação através das reencarnações, conquanto não admita a incorporação em um organismo inferior ao humano.

Origem do termo

O vocábulo carma vem do sânscrito कर्म, cuja transliteração para o nosso alfabeto é karma; sua significação engloba os três elementos fundamentais da chamada lei cármica: os atos praticados (causa), as consequências (efeito) e a própria lei que regula essa relação causa-efeito, lei essa que está submetida a um padrão de moral que então estabelece o que é certo e o que é errado e assim possa definir a qualidade do carma (bom ou mal, positivo ou negativo etc.). É originária e constitui um dos elementos básicos das mais antigas crenças da região asiática que envolve a Índia e o Nepal e permanece presente nas principais religiões, culturas e filosofias orientais — quais o hinduísmo, o budismo, o jainismo, o siquismo e o taoismo — cada qual com sua interpretação particular, mas basicamente todas compreendendo que o saldo cármico configura os arranjos individuais no fluxo das reencarnações (roda de samsara) até que a alma alcance a iluminação transcendental (moksha) e deixe de estar sujeito à lei reencarnatória.

Assim prescreve o livro sagrado dos Upanishads:

Agora como um homem é tal ou qual, conforme ele age e conforme ele se comporta, assim ele será; um homem de bons atos se tornará bom, um homem de maus atos, mau; ele se torna puro por atos puros, mau por atos maus; E aqui dizem que uma pessoa consiste em desejos, e como é seu desejo, assim é sua vontade; e como é sua vontade, assim é sua ação; e toda ação que fizer, tal ele ceifará. (Brihadaranyaka Upanishad)

Xenoglossia

Xenoglossia é o fenômeno de se expressar espontaneamente em um idioma estranho, ou seja, uma língua que não foi previamente estudada e aprendida (na presente reencarnação) por aquele que nesta se expressa, e, por isso, uma manifestação em tais condições é considerada um fenômeno paranormal, sobrenatural, metapsíquico. A xenoglossia é catalogada como uma das mais fortes evidências da sobrevivência da alma pós-morte e da reencarnação. Conforme o Espiritismo, tal manifestação pode ser resultado de um processo anímico ou mediúnico; Allan Kardec classificou de médium poliglota aquele que tem essa capacidade.

Análise etimológica

Xenoglossia é oriundo dos termos gregos xeno = estranho, estrangeiro + glossa = língua, fala. A origem desta palavra é atribuída ao médico fisiologista francês Charles Richet, justamente para classificar o fenômeno pelo qual certas pessoas manifestavam comunicações (expressas oralmente ou por escrito) em línguas estrangeiras, que elas não dominavam. Identificando semelhantes fenômenos, anteriormente a Richet, Allan Kardec vai classificar a capacidade do médium se expressar dessa maneira tendo por base o vocábulo poliglotismo (faculdade de falar várias línguas), donde se deriva o qualitativo poliglota (aquele que sabe falar várias línguas), e assim especificar essa qualidade de médium.

"Médiuns poliglotas: os que têm a aptidão de falar ou escrever em línguas desconhecidas deles. Muito raros." (O Livro dos Médiuns, Allan Kardec - cap. XVI, item 191)

Fazendo uma comparação com as duas descrições, observamos que o neologismo criado por Richet é mais adequado ao caso em voga, por especificar o caráter de estranheza do idioma da parte de quem manifesta o fenômeno, pois a xenoglossia em si caracteriza que a língua manifestada é necessariamente fora de domínio do agente que nela se expressa — portanto, uma manifestação anormal —, enquanto que o poliglota fala em linguagens que ele pode ter estudado e aprendido naturalmente. Tendo então por base o termo xenoglossia, o médium classificado pelo codificador espírita como poliglota poderia ser chamado por algo como "xenóglata".

Cura

A cura, na visão espírita, deve ser entendida a partir da tríplice realidade do ser humano: Espírito-perispírito-corpo. O primeiro é a essência inteligente, imortal e indestrutível. É criado simples e ignorante e está sempre em processo evolutivo adquirindo experiências através das provas que se apresentam nas sucessivas reencarnações (O Livro dos Espíritos, questão 115). Além dessa "carência evolutiva" por provas, o ser imortal corre o risco de exceder-se, afrontando as Leis Divinas gravadas na consciência (questão 621), adquirindo expiações para reparar o engano cometido.

Ainda, existem as missões em que Espíritos nobres se valem da existência física para demonstrar como é possível renunciar às paixões materiais frente a uma dificuldade de percurso. Naturalmente, as tribulações da vida durante a encarnação também são causadas pela imprudência, constituindo um grande conjunto de causas atuais das aflições, como Allan Kardec explicou no capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

O perispírito é a "condensação do fluido cósmico universal em torno de um foco de inteligência" (A Gênese, cap. XIV, item 7). É o reflexo, por assim dizer, do campo mental do Espírito sobre os fluidos, que vibram e se agrupam em torno daquilo que o Espírito emite. Ademais, o perispírito possibilita a ligação entre o Espírito, um ser incorpóreo, ao corpo físico, ligando-se a este molécula a molécula. O corpo físico é um agregado perecível de tecidos celulares que se sustentam pelo fluido vital, um conjunto de energias presentes nas reações bioquímicas dentro e fora das células. O fluido vital ao mesmo tempo dá um automatismo incrível para as funções dos órgãos, porém é sustentado pela retroalimentação do perispírito.

Jesus veio trazer fogo à Terra

MATEUS: capítulo 10, versículo 32. Aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu pai, que está nos céus. — 33. Aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu pai que está nos céus. — 34. Não penseis que vim trazer paz à Terra; não vim trazer a paz e sim o gládio; — 35, porquanto, vim separar de seu pai o homem, de sua mãe a filha e de sua sogra a nora; — 36, e o homem terá por Inimigos os de sua própria família.

LUCAS: capítulo 12, versículo 8. Ora, eu vos digo que aquele que der testemunho de mim diante dos homens, dele o filho do homem dará testemunho diante dos anjos de Deus. — 9. Mas aquele que me negar diante dos homens será também negado diante dos anjos de Deus.

LUCAS: capítulo 12 versículo 49. Vim trazer o fogo à Terra; e que é o que quero senão que ele se acenda? — 50. Tenho que receber um batismo e quão ansioso estou para que ele se cumpra. — 51. Pensais que vim trazer a paz à Terra? Não, eu vo-lo digo, vim trazer a separação; — 52, porquanto, doravante, se numa casa se encontrarem cinco pessoas, estarão todas divididas, três contra duas e duas contra três; — 53, estarão divididos o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra. (68)

Jesus é a personificação da moral sublime que Ele trouxe ao mundo, para a nossa salvação. Praticar essa moral é estar no carreiro por Ele traçado, é confessá-lo. Aquele que, ao contrário, se embrenha pelos caminhos tortuosos, que são os do orgulho, do egoísmo, da hipocrisia, dos vícios e das paixões que degradam a Humanidade, esse se afasta da senda da verdade, renega o bom Pastor, repudiando-lhe a lei. Ora, a esse o bom Pastor não o pode receber na categoria dos Espíritos bons, nem apresentá-lo ao Rei dos reis, enquanto não dê testemunho dele, praticando a sua moral.

Antecedentes do Cristianismo – Parte 1

EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO RELIGIOSO

O homem primitivo entendia Deus como um ser antropomórfico: Incapaz, pela sua ignorância, de conceber um ser imaterial, sem forma determinada, atuando sobre a matéria, conferiu-lhe o homem atributos da natureza corpórea, isto é, uma forma e um aspecto. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 667.

O politeísmo é a crença em vários deuses e o culto a eles prestado. Chamando “deus” a tudo o que era sobre-humano, os homens tinham por deuses os Espíritos. Daí veio que, quando um homem, pelas suas ações, pelo seu gênio, ou por um poder oculto que o vulgo não lograva compreender, se distinguia dos demais, faziam dele um deus e, por sua morte, lhe rendiam culto. Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 668.

  Os hebreus foram os primeiros a praticar publicamente o mono- teísmo; é a eles que Deus transmite a sua lei, primeiramente por via de Moisés, depois por intermédio de Jesus. Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XVIII, item 2.

O desenvolvimento da ideia de Deus e do processo religioso da Humanidade acompanha a evolução, intelectual e moral, do próprio ser humano. Uma conquista está inerente à outra.

Quando os homens, fisicamente, pouco dessemelhavam dos antropopitecos, suas manifestações de religiosidade eram as mais bizarras, até que, transcorridos os anos, no labirinto dos séculos, vieram entre as populações do orbe os primeiros organizadores do pensamento religioso que, de acordo com a mentalidade geral, não conseguiram escapar das concepções de ferocidade que caracterizavam aqueles seres egressos do egoísmo animalesco da irracionalidade.

As primeiras manifestações de religiosidade estão, pois, relacionadas à realização de sacrifícios que poderiam agradar a Deus.

Antecedentes do Cristianismo – Parte 2

AS RELIGIÕES NÃO CRISTÃS – 1

Todas as religiões houveram de ser em sua origem relativas ao grau de adiantamento moral e intelectual dos homens: estes, assaz materializados para compreenderem o mérito das coisas puramente espirituais, fizeram consistir a maior parte dos deveres religiosos no cumprimento de fórmulas exteriores. Allan Kardec: O céu e o inferno. Primeira parte, cap. I, item 12.

Deus jamais deixou de revelar suas leis. A orientação divina chega à Humanidade em todas as épocas, utilizando todos os meios, direta ou indiretamente pelo trabalho dos missionários, ou porta do Senhor.

Esses gênios, que aparecem através dos séculos como estrelas brilhantes, deixando longo traço luminoso sobre a Humanidade, são missionários ou, se o quiserem, messias. O que de novo ensinam aos homens, quer na ordem física, quer na ordem filosófica, são revelações. Se Deus suscita reveladores para as verdades científicas, pode, com mais forte razão, suscitá-los para as verdades morais, que constituem elementos essenciais do progresso.

Percebemos então que todas as revelações religiosas foram transmitidas de acordo com o nível de entendimento e de moralidade dos habitantes do Planeta. Estes, “assaz materializados para compreenderem o mérito das coisas puramente espirituais, fizeram consistir a maior parte dos deveres religiosos no cumprimento de fórmulas exteriores.”

Cada coisa acontece no tempo propício, pois o processo evolutivo é lento, sobretudo no homem primitivo ou de pouca evolução moral e intelectual. “A verdade é como a luz: o homem precisa habituar-se a ela, pouco a pouco; do contrário, fica deslumbrado.”

Importa considerar que o sentimento religioso é inerente ao ser humano, ainda que rejeitado por algumas correntes filosóficas e científicas, de natureza materialista.

A religião é o sentimento divino que prende o homem ao Criador. As religiões são organizações dos homens, falíveis e imperfeitas como eles próprios; dignas de todo acatamento pelo sopro de inspiração superior que as faz surgir, são como gotas de orvalho celeste, misturadas com os elementos da terra em que caíram.

Antecedentes do Cristianismo – Parte 3

AS RELIGIÕES NÃO CRISTÃS – 2

1.     Taoismo

A palavra Taoismo (ou Daoísmo) é geralmente empregada para traduzir dois termos chineses distintos: “Daojiao” que se refere aos “ensinamentos ou à religião do Dao” e “Daojia”, que se refere à “escola do Dao”, uma linha de pensamento filosófico chinês.

Segundo a tradição, o Taoismo (Tao = caminho) teve origem nas ideias do mestre chinês Lao Tsé (ou “velho mestre”), nascido entre 550 e 604 a.C., contemporâneo de Confúcio, outro sábio chinês que iria desenvolver uma doutrina chamada Confucionismo. Lao Tsé pregava a necessidade de bondade no coração humano como condição de felicidade. A bíblia do Taoismo é Tao te King, que prega a existência de três caminhos: a) o Tao como caminho da realidade íntima (refere-se ao Criador, de onde brota a vida e ao qual toda a vida retorna); b) o Tao como caminho do universo, da norma, do ritmo da Natureza, enfim; c) o Tao como caminho da vida humana. No contexto taoista, “Tao” pode ser entendido como o caminho, inserido no espaço-tempo da vida, isto é, o local ou a ordem em que as coisas acontecem. Pode referir-se, também, ao mundo real em que a história humana se desenvolve — daí ser, algumas vezes, nomeado como o “grande Tao”. Neste aspecto teria, talvez, o sentido de existência humana com as conotações morais que lhe são peculiares.

O Taoismo é um sistema filosófico de crenças politeístas em que se procura unir elementos místicos do culto dos antepassados com rituais do exorcismo, alquimia e magia. Entretanto, antes de Lao Tsé outros missionários, enviados ao Planeta por Jesus, lançaram as bases da organização religiosa da civilização chinesa.

As raças adâmicas ainda não haviam chegado ao orbe terrestre e entre aqueles povos já se ouviam grandes ensinamentos do plano espiritual, de sumo interesse para a direção e solução de todos os problemas da vida. A História não vos fala de outros, antes do grande Fo-Hi, que foi o compilador de suas ciências religiosas, nos seus trigramas duplos, que passaram do pretérito remotíssimo aos estudos posteriores. Fo-Hi refere-se, no seu “Y-King”, aos grandes sábios que o antecederam no penoso caminho das aquisições de conhecimento espiritual. Seus símbolos representam os característicos de uma ciência altamente evolutiva, revelando ensinamentos de grande pureza e da mais avançada metafísica. Em seguida a esse grande missionário do povo chinês, o divino Mestre envia-lhe a palavra de Confúcio ou Kong-Fo-Tsé, cinco séculos antes da sua vinda, preparando os caminhos do Evangelho no mundo, tal como procedera com a Grécia, Roma e outros centros adiantados do planeta, enviando-lhes elevados Espíritos da ciência, da religião e da filosofia.

Antecedentes do Cristianismo – Parte 4

O JUDAÍSMO

Segundo as tradições, o patriarca Abraão, considerado o pai do povo judeu, partiu de Ur, sua cidade natal, porque recebera de Deus as seguintes instruções: Ora, o Senhor disse a Abraão: Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome, e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. (Gênesis, 12:1-3.)

A religião judaica tem como princípio a ideia de Deus único. Trata-se de sua pedra fundamental. A lei mosaica foi a precursora direta do Evangelho de Jesus. O protegido de Termutis (mãe adotiva de Moisés), foi inspirado a reunir todos os elementos úteis à sua grandiosa missão, vulgarizando o monoteísmo e estabelecendo o Decálogo, sob a inspiração divina, cujas determinações são até hoje a edificação basilar da Religião da Justiça e do Direito. Emmanuel: Emmanuel. Cap. 2.

Na lei mosaica, há duas partes distintas: a Lei de Deus, promulga- da no monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés.

Uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo. Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. I, item 2.

1.     Informações históricas

É surpreendente a influência exercida pelos judeus na cultura ocidental, quando se considera a simplicidade de suas origens e o tamanho minúsculo do território onde se fixaram: cerca de 250 quilômetros de extensão e 80 quilômetros de largura na parte mais ampla.

A palavra judeu deriva de Judeia, nome de uma parte do antigo reino de Israel. A religião é também chamada de mosaica, já que considera Moisés um dos seus fundadores. O Estado de Israel define o judeu como alguém cuja mãe é judia, e que não pratica nenhuma outra fé. Aos poucos, porém, esta definição foi ampliada para incluir o cônjuge. O Judaísmo não é apenas uma comunidade religiosa, mas também étnica.

Antecedentes do Cristianismo – Parte 5

MOISÉS, O MENSAGEIRO DA PRIMEIRA REVELAÇÃO

Moisés foi um judeu criado na casa real do faraó egípcio. Estando Moisés com 40 anos fugiu para o deserto, após ter agredido um egípcio que maltratou um judeu (Êxodo, 2:11-12. Atos dos Apóstolos, 7:23-24).

Na lei mosaica há duas partes distintas: a Lei de Deus, promulgada no monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar, decretada por Moisés. Uma é invariável; a outra, apropriada aos costumes e ao caráter do povo, se modifica com o tempo. A Lei de Deus está formulada nos Dez Mandamentos. Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. I, item 2.

Moisés foi inspirado a reunir todos os elementos úteis à sua grandiosa missão, vulgarizando o monoteísmo e estabelecendo o Decálogo, sob a inspiração divina. Emmanuel: Emmanuel. Cap. 2.

1.     Informações históricas

A Bíblia nos relata que Abraão teve dois filhos: Isaque, nascido de sua esposa Sara, e Ismael, de sua escrava egípcia, Hagar. (Gênesis, 21:1-21; Atos dos Apóstolos, 7: 2-8) Isaque, considerado o legítimo herdeiro, casou-se com Rebeca (Gênesis, 24) e teve dois filhos: Esaú e Jacó. Este, cuja progenitura ganhou do irmão em troca de um prato de lentilhas, casou-se com Raquel, com quem teve dois filhos: José e Benjamim. No entanto, Jacó teve mais dez filhos, cinco de Lia, irmã de Raquel, com quem se casara primeiro, e cinco de escravas. (Gênesis, 35: 23-26).

Os hebreus, descendentes de Jacó, chamavam a si próprios de filhos de Israel ou israelitas, e formaram as doze tribos de Israel. Os irmãos de José venderam-no como escravo ao faraó egípcio, mas, em razão de sua sabedoria e influência, tornou-se vice-rei do Egito (Gênesis, 37:1-36. Atos dos Apóstolos, 7:8-10).

Devido à fome reinante, os judeus foram viver no Egito, inclusive os irmãos de José (Gênesis, 42 a 50). Por influência deste, os judeus se tornaram numerosos no Egito. No entanto, ocorrendo substituição no trono egípcio, o novo faraó temendo que os filhos de Israel se tornassem demasiadamente poderosos, como estava acontecendo, tornou-os escravos (Atos dos Apóstolos, 7:11-18).

O cristianismo – Parte 1

O nascimento de Jesus

Além das afirmações de Jesus e da opinião dos apóstolos, há um testemunho cujo valor os crentes mais ortodoxos não poderiam contestar, pois que o apontam constantemente como artigo de fé: é o próprio Deus, isto é, o dos profetas falando por inspiração e anunciando a vinda do Messias. Allan Kardec, Obras póstumas. Primeira parte. Item 7, Predição dos profetas com relação a Jesus.

E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. E isto vos será por sinal: achareis, o menino envolto em panos e deitado numa manjedoura. E no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão de exércitos celestiais, louvando a Deus e dizendo: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!” (Lucas, 2:10-14.)

E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre Ele (Lucas, 2:40).

1.     Previsões sobre a vinda de Jesus

O estudo dos fatos históricos, relacionados às previsões da vinda do Cristo, tem como base as afirmações de Jesus e a opinião dos apóstolos. Há, porém, “um testemunho cujo valor os crentes mais ortodoxos não poderiam contestar, pois que o apontam constantemente como artigo de fé: é o do próprio Deus, isto é, o dos profetas falando por inspiração e anunciando a vinda do Messias”.

No Velho Testamento encontramos algumas profecias que anunciam o advento do Cristo. Citaremos algumas:

  •         Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre e montado sobre um jumento, sobre um asninho, filho de jumenta; e Ele anunciará paz às nações; e o seu domínio se estenderá de um mar a outro mar e desde o rio até às extremidades da terra (Zacarias, 9:9-10).
  •        Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e destruirá todos os filhos de Sete (Números, 24:17).
  •        Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel (Isaías, 7:14).
  •         Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso conselheiro, Deus forte, Pai da eternidade, Príncipe da paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem-fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para estabelecê-lo e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos exércitos fará isto (Isaías, 9:6-7).

O cristianismo – Parte 2

MARIA, MÃE DE JESUS

Maria, segundo informações das fontes cristãs antigas, era filha de pais judeus, Joaquim e Ana. Há dúvidas quanto ao local exato do seu nascimento — ocorrido entre 18 ou 20 a.C. —, em Jerusalém ou em Séforis, na Galileia. Possivelmente, ela casou aos 14 anos, como era comum à época.


Durante a sua infância viveu em Nazaré, onde ficou noiva do carpinteiro José, da tribo de Davi.

Algumas fontes históricas indicam que Maria e José tiveram outros filhos, depois de Jesus. Não há, porém, provas ou evidências concretas. O Evangelho segundo Lucas é a principal fonte bíblica sobre Maria cuja referência é feita em momentos específicos: na aparição do anjo para anunciar a vinda de Jesus; na visita de Maria à sua prima Isabel; no nascimento de Jesus, em uma estrebaria da cidade de Belém; na chegada dos magos, logo após o nascimento do Cristo; na fuga para o Egito, em razão da perseguição de Herodes; no retorno à Galileia, após a morte de Herodes; na visita ao templo, durante o período da purificação, quando encontra Simeão e Ana, a profetiza; no diálogo de Jesus com os doutores; nas bodas de Caná; na crucificação de Jesus e no dia de Pentecostes.

As tradições cristãs revelam que Maria ficou sob o amparo do apóstolo e evangelista João, em Jerusalém e em Éfeso, atendendo a orientação de Jesus. Acredita-se que ela tenha morrido em Jerusalém.

O cristianismo – Parte 3

JOÃO BATISTA – O PRECURSOR

Então, um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso.


E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe (Lucas, 1:11-15).

Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista; mas aquele que é o menor no Reino dos céus é maior do que ele (Mateus, 11:11).

1.     O nascimento de João Batista

O nascimento de João Batista foi revestido de um clima de expectativas e surpresas, uma vez que Isabel, sua mãe, encontrava-se numa idade em que, usualmente, as mulheres não engravidam.

O cristianismo – Parte 4

A MISSÃO DE JESUS – GUIA E MODELO DA HUMANIDADE

Tendo por missão transmitir aos homens o pensamento de Deus, somente a sua doutrina (a do Cristo), em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento. Allan Kardec: A gênese. Cap. XVII, item 26.

Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a Lei e os profetas (Mateus, 22:37-40)

Esse ensinamento de Jesus   é a expressão mais completa da caridade, porque resume todos os deveres do homem para com o próximo. Não podemos encontrar guia mais seguro, a tal respeito, que tomar para padrão, do que devemos fazer aos outros, aquilo que para nós desejamos. Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XI.

Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para servir de guia e modelo? “Jesus”.

Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a Humanidade pode aspirar na Terra.   Allan Kardec: O livro dos espíritos, questão 625.

1.     Jesus, guia e modelo da Humanidade

Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos puros e eleitos pelo Senhor supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias.

Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos.

A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidia a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção.

O cristianismo – Parte 5

OS APÓSTOLOS DE JESUS – MISSÃO DOS APÓSTOLOS

E, Chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os Espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu (Mateus, 10:1-4).

Jesus enviou esses doze com estas recomendações: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel; e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus. Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.

Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; nem alforjes para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão, porque digno é o operário do seu alimento. E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos aí até que vos retireis. E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; e, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz. E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. Em verdade vos digo que, no Dia do Juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade. Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas (Mateus, 10:5-16).

1.     O colégio apostolar

No cumprimento de sua missão, Jesus contou com a colaboração dos apóstolos e de outros discípulos. Apóstolo é uma palavra derivada do grego que significa enviado. Discípulo é um vocábulo de origem latina que significa aluno. Jesus escolheu doze apóstolos e os enviou a diversos lugares para pregarem a Boa Nova (Evangelho). Contou também com o apoio direto de cerca de setenta discípulos.

O cristianismo – Parte 6

A ESCRITURA DOS EVANGELHOS – OS EVANGELISTAS

Os mensageiros do Cristo presidem à redação dos textos definitivos [do Evangelho], com vistas ao futuro, não somente junto aos apóstolos e seus discípulos, mas igualmente junto aos núcleos das tradições. Os cristãos mais destacados trocam, entre si, cartas de alto valor doutrinário para as diversas igrejas. São mensagens de fraternidade e de amor, que a posteridade muita vez não pôde ou não quis compreender. Emmanuel: A caminho da luz. Cap. 14, item A redação dos textos definitivos.

Entre os anos 60 e os 80 da Era Cristã aparecem os primeiros escritos evangélicos de Marcos, considerados os mais antigos. No final do século I, entre os anos 80 e 98, surge o Evangelho de Lucas, assim como o de Mateus. Este foi possivelmente escrito em hebraico, atualmente perdido. Finalmente, entre os anos de 98 e 110, aparece, em Éfeso, o evangelho de João. Ao lado desses evangelhos, únicos reconhecidos pela Igreja Católica, grande número de outros vinha à luz [são os evangelhos apócrifos]. Por que razão foram esses numerosos documentos declarados apócrifos e rejeitados? Muito provavelmente porque haviam constituído num embaraço aos que nos séculos I e II imprimiram ao Cristianismo uma direção que o devia afastar, cada vez mais, de suas formas primitivas. Léon Denis: Cristianismo e espiritismo. Cap. 1.

A grandeza da doutrina [cristã] não reside na circunstância de o Evangelho ser de Marcos ou de Mateus, de Lucas ou de João; está na beleza imortal que se irradia de suas lições divinas, atravessando as idades e atraindo os corações. Emmanuel: A caminho da luz. Cap. 14, item A redação dos textos definitivos.

O ambiente histórico em que o Evangelho surgiu é o do Judaísmo, formado e alimentado pelos livros sacros do Antigo Testamento, condicionado pelos acontecimentos históricos, pelas instituições nas quais se encontrou inserido, e pelas correntes religiosas que o especificaram.

O cristianismo – Parte 7

FENÔMENOS PSÍQUICOS NOS EVANGELHOS

Um dos caracteres do milagre propriamente dito é o ser inexplicável, por isso mesmo que se realiza com exclusão das leis naturais. É tanto essa a ideia que se lhe associa, que, se um fato milagroso vem encontrar explicação, se diz que já não constitui milagre, por muito espantoso que seja. Allan Kardec: A gênese. Cap. XIII, item 1.

O Espiritismo, pois, vem, a seu turno, fazer o que cada ciência fez no seu advento: revelar novas leis e explicar, conseguintemente, os fenômenos compreendidos na alçada dessas leis. Esses fenômenos, é certo, se prendem à existência dos Espíritos e à intervenção deles no mundo material e isso é, dizem, o em que consiste o sobrenatural. Mas, então, fora mister se provasse que os Espíritos e suas manifestações são contrárias às leis da Natureza; que aí não há, nem pode haver, a ação de uma dessas leis. Allan Kardec: A gênese. Cap. XIII, item 4.

A possibilidade da maioria dos fatos que o Evangelho cita como operados por Jesus se acha hoje completamente demonstrada pelo Magnetismo e pelo Espiritismo, como fenômenos naturais. Allan Kardec: Obras póstumas. Primeira parte, p. 140.

1.     Milagres

Os Fenômenos psíquicos realizados por Jesus, por seus apóstolos e demais discípulos eram tidos como milagres ou de ordem sobrenatural. A Doutrina Espírita veio esclarecer quanto à origem e à forma de manifestação desses fenômenos, provando a possibilidade deles.

Na acepção etimológica, a palavra milagre (de mirari, admirar) significa: admirável, coisa extraordinária, surpreendente.  Na acepção usual, essa palavra perdeu, como tantas outras, a significação primitiva. De geral, que era, se tornou de aplicação restrita a uma ordem particular de fatos. No entender das massas, um milagre implica a ideia de um fato extra natural; no sentido teológico, é uma derrogação das leis da Natureza, por meio da qual Deus manifesta o seu poder. Tal, com efeito, a acepção vulgar, que se tornou o sentido próprio, de modo que só por comparação e por metáfora a palavra se aplica às circunstâncias ordinárias da vida. Um dos caracteres do milagre propriamente dito é o ser inexplicável, por isso mesmo que se realiza com exclusão das leis naturais. É tanto essa a ideia que se lhe associa, que, se um fato milagroso vem a encontrar explicação, se diz que já não constitui milagre, por muito espantoso que seja. O que, para a Igreja, dá valor aos milagres é, precisamente, a origem sobrenatural deles e a impossibilidade de serem explicados. Outro caráter do milagre é o ser insólito, isolado, excepcional. Logo que um fenômeno se reproduz, quer espontânea, quer voluntariamente, é que está submetido a uma lei e, desde então, seja ou não seja conhecida a lei, já não pode haver milagres.

O cristianismo – Parte 8

OS DISCÍPULOS DE JESUS

Deus   só confia missões importantes aos que Ele sabe capazes de cumpri-las, porquanto as grandes missões são fardos pesados que esmagariam o homem carente de forças para carregá-los. Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o discípulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, são precisos homens superiores em inteligência e em moralidade. Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XXI, item 9.


O discípulo da Boa Nova tem de servir a Deus, servindo à sua obra neste mundo. Ele sabe que se acha a laborar com muito esforço num grande campo, propriedade de seu Pai, que observa com carinho e atenta com amor nos seus trabalhos. Humberto de Campos: Boa nova. Cap. 6.

Designou o Senhor ainda outros setenta e mandou-os adiante da sua face, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir. (Lucas, 10:1.)

Foi confiado aos quinhentos da Galileia o serviço glorioso da evangelização das coletividades terrestres, sob a inspiração de Jesus Cristo. Humberto de Campos: Boa nova. Cap. 29.

O cristianismo – Parte 9

A ÚLTIMA CEIA

E, chegada a hora, pôs-se à mesa, e, com ele, os doze apóstolos. E disse-lhes: Desejei muito comer convosco esta Páscoa, antes que padeça, porque vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no Reino de Deus. E, tomando o cálice e havendo dado graças, disse: Tomai-o e reparti-o entre vós, porque vos digo que já não beberei do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus. E, tomando o pão e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isso em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue, que é derramado por vós (Lucas, 22:14-20).


Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa. E, na verdade, o Filho do Homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído! E começaram a perguntar entre si qual deles seria o que havia de fazer isso (Lucas, 22: 21-23).

Levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido (João, 13:4-5).

O cristianismo – Parte 10

O CALVÁRIO, A CRUCIFICAÇÃO E A RESSURREIÇÃO DE JESUS

E os que prenderam Jesus o conduziram à casa do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos (Mateus, 26:57).

E foi Jesus apresentado ao governador, e o governador o interrogou, dizendo: És tu o Rei dos judeus? E disse-lhe Jesus: Tu o dizes. E, sendo acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu (Mateus, 27:11-12).

Disse-lhes Pilatos: Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo? Disseram-lhe todos:

Seja crucificado! O governador, porém, disse: Mas que mal fez ele? E eles mais clamavam, dizendo: Seja crucificado! Então, Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Estou inocente do sangue deste justo; considerai isso. E, respondendo todo o povo, disse: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos (Mateus, 27:22-25).

·        E, despindo-o, o cobriram com uma capa escarlate. E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e, em sua mão direita, uma cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana e batiam-lhe com ela na cabeça. E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe as suas vestes e o levaram para ser crucificado. E, quando saíam, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem constrangeram a levar a sua cruz. E, chegando ao lugar chamado Gólgota, que significa Lugar da Caveira, deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber (Mateus, 27:28-34).

·        E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras (Mateus, 27:50-51).

·        Após a crucificação e sepultamento do corpo de Jesus (Marcos, 15:27- 37, 42-47), o Senhor ressuscita, aparecendo a Maria de Madalena, aos apóstolos e a alguns discípulos (João, 20:11-31; 21:1-20).

O cristianismo – Parte 11

ESTÊVÃO, O PRIMEIRO MÁRTIR DO CRISTIANISMO

Estêvão foi o nome adotado por Jeziel quando se converteu ao Cristianismo.

Judeu helenista de Corinto, era filho de Jochedeb e irmão de Abigail, futura noiva de Saulo de Tarso. Emmanuel: Paulo e Estêvão. Primeira parte. Cap. 2.


No ano de 34, os judeus que viviam em Corinto — cidade incorporada ao Império Romano — sofreram atormentada perseguição conduzida pelo Precônsul Licínio Minúcio, preposto de César, na província de Acaia, que culminou com o assassinato de Jochebed, prisão e encaminhamento de Jeziel a trabalho forçado nas galeras (galés) romanas. Abigail fugiu para Jerusalém, mantida sob a proteção do casal Zacarias e Ruth, que a adotou como filha. Emmanuel: Paulo e Estêvão. Primeira parte. Cap. 2.

·        Libertado do serviço forçado pelo generoso romano Sérgio Paulo, Jeziel chega extremamente enfermo a Jerusalém onde é acolhido por Simão Pedro na “Casa do Caminho”, instituição de auxílio aos necessitados, fundada pelo apóstolo. Emmanuel: Paulo e Estêvão. Primeira parte. Cap. 3.

·        Estêvão foi um dos mais destacados cristãos nos primeiros tempos da edificação da igreja cristã. Um “Espírito cheio de graça e de poder que operava prodígios e grandes sinais entre o povo” (Atos dos Apóstolos, 6:8).

O cristianismo – Parte 12

CONVERSÃO E MISSÃO DE PAULO DE TARSO

A conversão de Saulo de Tarso ao Cristianismo, que teve início numa viagem de perseguição aos cristãos, representa a dádiva santa da visão gloriosa do Mestre, às portas de Damasco.

·        O Mestre chama-o da sua esfera de claridades imortais. Paulo tateia na treva das experiências humanas e responde:

·        — Senhor, que queres que eu faça? Emmanuel: Paulo e Estêvão. Breve Notícia.     


A missão de Paulo pode ser resumida em três palavras: fé, esperança e caridade.

·          Coloca assim sem equívoco, a caridade acima até da fé. É que a caridade está ao alcance de toda gente: do ignorante, como do sábio, do rico, como do pobre, e independe de qualquer crença particular. Allan Kardec: O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XV, item 7.

1.     Dados biográficos de Saulo de Tarso

Paulo é conhecido como o Apóstolo dos Gentios (Atos dos Apóstolos, 9:15; Gálatas, 1:15-23; Efésios, 3:1-6), em razão do devotado trabalho evangélico que realizou junto aos povos pagãos. Nasceu em Tarso, capital da Cilícia, no início do séc. I da nossa Era (Atos dos Apóstolos, 9:11; 21:39; 22:3), recebendo o nome hebraico de Saulo. Fazia parte de uma família judaica helenística, da tribo de Benjamim (Filipenses, 3:5 e Romanos, 11:1), cujos integrantes eram judeus da diáspora. Na infância, aprendeu sobre a sua herança judaica na sinagoga local de Tarso. No entanto, obteve os estágios finais de sua educação religiosa em Jerusalém, sob a orientação do rabino Gamaliel (Atos dos Apóstolos, 5:34 e 22:3). Era também cidadão romano, por ter nascido numa província de Roma (Atos dos Apóstolos, 22:25-28; 23:27). A Cilícia era um distrito da Ásia Menor, situado próximo da Síria, pertencendo à província de Acaia.

O cristianismo – Parte 13

 AS VIAGENS MISSIONÁRIAS DO APÓSTOLO PAULO

Paulo estava convencido que na estrada de Damasco o Senhor o encarregara de levar o Evangelho aos povos gentílicos. Entretanto, compreendia que os judeus, seus irmãos de raça, deveriam também conhecer a mensagem de Jesus. Segundo relata Atos dos Apóstolos, “sua prática usual era ir primeiro à sinagoga local. Gálatas, 2:7-9, no entanto, indica que sua atividade era, de maneira manifesta, dirigida aos gentios”.

Nas suas viagens visitou a maioria dos centros urbanos de destaque do mundo antigo, como os da Grécia, da Ásia Menor, além de Roma e Espanha.


Passou por muitas atribulações, mas, de Espírito inquebrantável, conseguiu levar o Evangelho a inúmeros corações sequiosos de paz e de esclarecimento.

Por onde passava, fundou igrejas ou núcleos de estudo do Evangelho.

Os convertidos ao Cristianismo e seguidores de Paulo eram, em geral, escravos do Império Romano. A sua oratória exuberante atraía, também, romanos cultos, pertencentes à classe alta.

Alguns eram claramente pessoas influentes, do tipo que levava litígios pessoais aos tribunais de justiça, e que podia se permitir fazer doações para as boas causas. Os companheiros de trabalho de Paulo desfrutavam também do estilo de vida tipicamente móvel das classes mais altas; na ausência das igrejas instaladas em prédios, a comunidade cristã dependia da generosidade de seus membros mais ricos para fornecer instalações para o culto coletivo e hospitalidade para pregadores ambulantes. Ao mesmo tempo, Paulo tinha a convicção de que o Evangelho transcendia as barreiras de raça, sexo e classe, e insistia na igualdade de todos os crentes.

O cristianismo – Parte 14

AS EPÍSTOLAS DE PAULO - 1

As epístolas que Paulo não são tratados de teologia, mas respostas a situações concretas. Verdadeiras cartas que se inspiram no formulário então em uso , não são nem “cartas” meramente particulares, nem “epístolas” puramente literárias, mas explanações que Paulo destina a leitores concretos e, para além deles, a todos os fiéis de Cristo. Bíblia de Jerusalém. Item: Introdução às epístolas de Paulo, p. 1956.

Paulo iniciou o movimento das cartas imortais, cuja essência espiritual provinha da esfera do Cristo, por intermédio da contribuição [espiritual] amorosa de Estêvão. Emmanuel: Paulo e Estêvão. Segunda parte, cap. 7.

Na epístola aos Romanos, Paulo analisa as divergências existentes entre os judeus e gentílicos convertidos ao Cristianismo. Representa, porém uma das mais belas sínteses da doutrina paulina. Bíblia de Jerusalém. Item: Introdução às epístolas de Paulo, p. 1959-1960.

1.     As epístolas de Paulo

Através de suas epístolas, Paulo transmitiu aos seus discípulos uma fervorosa fé em Jesus Cristo e na sua ressurreição. As cartas ou epístolas de Paulo são denominadas pastorais porque estão dirigidas a um destinatário específico. Trata-se de instruções, conselhos, repreensões ou exortações do apóstolo aos seus discípulos. As demais epístolas existentes no Evangelho (Pedro, João, Judas Tadeu), ao contrário, são de caráter universal porque destinadas aos cristãos, em geral.

Quem pretenda conhecer Paulo deve estudar as suas epístolas e os Atos dos Apóstolos “duas fontes independentes que se confirmam e se completam, não obstante algumas divergências em pormenores”.

As epístolas e os Atos [dos Apóstolos] nos traçam também um retrato surpreendente da personalidade do Apóstolo. Paulo é apaixonado, alma de fogo que se consagra sem limites a um ideal. E esse ideal é essencialmente religioso. Para ele, Deus é tudo e ele o serve com uma lealdade absoluta, primeiro perseguindo aqueles que ele tem na conta de hereges (Gl 1:13; At 24: 5, 14), depois pregando o Cristo, após haver entendido por revelação que só nele está a salvação. Esse zelo incondicional traduz-se pela abnegação total ao serviço daquele que ama. Trabalhos, fadigas, sofrimentos, privações, perigos de morte (1 Cor 4:8-13; 2 Cor 4:8; 6:4-10; 11:23-27), nada lhe importa, contando que cumpra a missão pela qual sente responsável (1 Cor 9:16).   O ardor do seu coração sensível se traduz bem nos sentimentos que demonstra por seus fiéis.