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odos nós estamos situados em extenso parque
de oportunidades de trabalho, renovação, desenvolvimento e melhoria. Ninguém
vive deserdado da participação nas boas obras, então, não pequemos por omissão:
colheremos o que semearmos, velha verdade sempre nova.
Quando dificuldades surgem na estrada, não
nos omitamos fazendo em favor dos outros o melhor que pudermos, a fim de que a
nossa esperança se erga sublime em luminosa realização, aceitando as
dificuldades à nossa volta, executando as tarefas as quais a Sabedoria de Vida
nos estabeleceu na existência em que nos encontramos.
Se alguém nos responde asperamente, se um
amigo aparece incompreensivo, se outro companheiro passa a nos dedicar
antipatia gratuita, suponhamos que estes irmãos estejam presos mentalmente a
problemas de angústia e coloquemo-nos no lugar deles. Certamente nos
compadeceremos de cada um, dispondo-nos a auxiliá-los, aprendendo a não
desprezar o poder da migalha na obra do auxílio.
É preciso não apenas desculparmos todos os insultos e desconsiderações maiores que nos atinjam, mas, sobretudo, aprendamos a suportar com paciência e esquecer completamente todas as pequeninas injustiças do cotidiano, como o gesto áspero, a voz agressiva, a palavra impensada, a acusação injusta, o comentário maledicente. Assim, poderemos retirar de toda e qualquer crítica as parcelas de proveito a nós mesmos, não nos acomodando com o desânimo, guardando silêncio, serenidade e compadecendo-nos dos que nos prejudicam, aceitando sem revolta as dificuldades que porventura nos afetem.
Ao nos imobilizarmos na senda a pretexto de
amarguras ou ofensas recebidas, lembremo-nos do apóstolo Paulo que, sobrecarregado
de problemas, não se resignou a interromper o trabalho que o Mestre lhe
conferiu, seguindo sempre na direção do alvo que deveria atingir.
Portanto, abstenhamo-nos da queixa e da
rebeldia, procurando realizar o melhor que pudermos, porque a verdade é que
somos consciências endividadas perante a Lei Divina e, tão somente
auxiliando-nos uns aos outros é que encontraremos o caminho da nossa própria
libertação, deixando que a luz da compreensão nos guie as palavras, seguindo em
frente na execução dos deveres, guardando, assim, o coração tranquilo e o
raciocínio claro.
Lembremo-nos de que um sorriso de confiança,
uma prece de ternura, uma frase de bom ânimo, um gesto de solidariedade e um
minuto de paz não têm preço na Terra. Muitas vezes é só o que o outro
espera: simplesmente uma palavra de entendimento e de reconforto para sair da
treva à luz. E apenas assim é que entenderemos que a caridade é amor sempre
vivo a fluir incessante do amor de Deus.
O benfeitor espiritual Emmanuel lembra, em texto significativo no livro Caminho, Verdade e Vida, lição cinquenta, pela sublime mediunidade de Chico Xavier:
“Dá, porém, de ti mesmo aos semelhantes em bondade e serviço, reconforto e perdão, cada vez que alguém se revele faminto de proteção e desculpa, entendimento e carinho”, e continua aclarando-nos: “Cada Espírito, em relacionando o esforço que lhe compete, será compelido a esclarecer a sua qualidade de ação nos menores departamentos da realização terrestre, onde foi chamado a viver”.
Todos nós necessitamos de paciência uns para
com os outros, mas compete igualmente a todos estudar a paciência em sua função
educativa. Paciência é serenidade, calma, compreensão, esperança, entendimento,
mas não é passaporte ao abuso. É tolerância, brandura, entretanto, não é correlato
com o erro deliberado, sobretudo, é a capacidade de verificar a dificuldade ou
desacerto na construção do dia a dia, buscando a solução do problema ou do
obstáculo, sem alardes e sem farpas de irritação. Em todos os aspectos da
paciência, recordemos Jesus, que foi no mundo o paradigma de semelhante
virtude, mas não foi conformista, jamais se apassivou diante do mal,
empreendendo meios de tudo renovar para o bem. Recordando de Sua sinceridade e
franqueza, não podemos nos esquecer de que o Cristo se revelou tão paciente que
não hesitou em regressar depois da morte ao convívio das criaturas humanas que
O haviam abandonado.
Podemos, assim, nos lembrarmos de uma
inesquecível lição evangélica: “Primeiro a semente lançada à Terra,
depois a flor na ramaria, em seguida a formação da espiga e, logo após, o grão
surgindo na espiga assegurando a colheita”.
É necessário manter a calma construtiva na
tarefa que temos a realizar. Todas as forças da natureza aguardam com paciência
as realizações às quais estão destinadas. Portanto, caminhemos servindo,
transpondo com paciência os obstáculos, reconhecendo sempre que a prática do
bem é bússola indispensável à nossa orientação.
Nos derradeiros ensinamentos, Jesus não
esqueceu de induzir-nos à calma, recomendando: “Na paciência possuís as
vossas almas”, encontrado em Lucas, capítulo vinte um, versículo dezenove.
Concluímos, assim, que precisamos de paciência, não só para angariar simpatia e
a colaboração das almas alheias, mas para educar também as nossas.
Fonte:
O consolador, ano 10, nº 501 – 29 de janeiro de 2017.
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