“Entrai pela porta estreita, porque larga é a
porta e espaçoso o caminho que leva à perdição e muitos são os que entram por
ela.” Jesus (Mateus, 7:13-14).
No período em que Jesus esteve entre nós, os
povos viviam em cidades cercadas por muralhas, situadas sobre colinas e montes,
para que o assédio dos inimigos se tornasse difícil. Jerusalém era uma delas, e
para alcançá-la era necessário percorrer caminhos íngremes, e, como as portas
da cidade eram fechadas ao pôr do sol, aqueles que voltavam para casa galgavam
rapidamente os aclives, porque atrasando-se ficariam de fora.
Assim, o Mestre nos traz um quadro
impressionante do caminho cristão, ou seja, o das dificuldades que precisamos
vencer para conquistar a vida eterna.
Duas são as estradas que se nos apresentam: a
da evolução e a da degradação.
Ao passarmos pela estrada da evolução, caminhamos pela porta estreita, apertada, que nos conduz à vida; no entanto, ao caminharmos pela estrada da degradação, atravessamos a porta larga que conduz ao sofrimento e ao infortúnio, por conceder-nos as diversões, a soberba, as facilidades imediatas, a luxúria, a preguiça, a inveja, de qual o mundo está repleto. Eis a porta da perdição, porque são grandes as paixões que trazemos arraigadas em nosso Espírito milenar! Caminhando assim, e assumindo as consequências de nossas escolhas, como asseverado na máxima: “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos” - (Mateus, 20:16).
Em todos os empreendimentos humanos, somos
convidados para realizações nobres e, no entanto, vestidos pela sombra,
facilmente desinteressamo-nos de prosseguir por falta de resposta compensadora
ao vazio interior, preocupando-nos em entulhar-nos de inquietações e lutas pela
conquista da primazia.
Portanto, ao galgarmos a estrada da evolução,
faz-se necessário a prudência, a temperança, a fé, a esperança, a caridade,
percorrendo o caminho das lutas, dos obstáculos, dos sacrifícios,
esforçando-nos desta forma para a redenção e para a renovação íntima. Assim,
estaremos nos preparando para um futuro de alegrias e felicidade. É uma estrada
árdua, bem sabemos, pois necessita ser trilhada com cuidado, examinando onde
entrar, porque poderemos levar longo tempo para retomar o caminho que nos é
próprio, e entendendo, definitivamente, a importância do vigiar e orar tão
alertado por Jesus.
Nosso dever é a nossa escola e, por esta
razão, a senda estreita a que se refere Jesus é a fidelidade que nos cabe
manter constantemente no culto às obrigações assumidas diante do bem eterno. É
o resultado da nossa luta interior em favor das virtudes, do equilíbrio, da
sensatez, da perseverança nos ideais de enobrecimento, possibilitando-nos
permanecer em último lugar na competitividade do mundo, a fim de sermos os
primeiros em espírito de paz e de realização do reino dos céus dentro de nós,
onde frui bem-estar na conquista interior.
Encontramo-nos envoltos em batalhas
iluminativas cada vez mais severas; e enfrentando as lutas adquirimos
sabedoria; iluminamo-nos recorrendo à oração que é fonte de energia,
abastecendo e renovando-nos, e triunfaremos sobre as dificuldades que já não
nos são obstáculos na caminhada, mas a conscientização no processo de evolução.
Através de muitas estações no campo da
humanidade, receberemos proveitosas experiências, juntando-as à custa de
desenganos terríveis, mas só em Jesus, no clima sagrado, na aplicação dos Seus
princípios, será possível encontrarmos a passagem abençoada de definitiva
salvação.
Em momento algum, Jesus escolheu a porta
larga. Da manjedoura ao calvário, caminhou entre as dificuldades que se
transformaram para Ele em degraus para o encontro com o Pai Celestial. Aceitou
a cruz como a Sua maior mensagem de amor à humanidade de todos os tempos,
deixando-nos, como exemplo vivo, a porta estreita do sacrifício como sendo o
mais belo caminho de paz e libertação.
Tomemos, então, a nossa cruz em busca da
porta estreita da redenção, colocando-nos acima de tudo a fidelidade a Deus e,
em segundo lugar, a perfeita confiança em nós mesmos.
Longo é o caminho, difícil a jornada e
estreita a porta, mas a fé remove os obstáculos da estrada.
Assim como aqueles que caminhavam para
Jerusalém, após vencerem o penoso aclive, encontravam descanso e alegria no
convívio familiar, também podemos, se quisermos, atingir a meta de nossos
destinos, como a perfeição relativa, e libertar-nos da cadeia de renascimento
neste vale de lágrimas para ascender à glória da vida espiritual, a fim de usufruir
da paz e da felicidade reservadas aos justos.
Jesus é a única porta e o Evangelho é a chave
que nos levará à verdadeira libertação para a vida eterna.
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