Quarta-feira
Santa ou Grande e Sagrada Quarta-feira é a quarta-feira que antecede a
celebração da morte e ressurreição de Jesus. É o quarto dia da Semana Santa no
cristianismo ocidental e o quinto no cristianismo oriental (que conta também o
Sábado de Lázaro, anterior ao Domingo de Ramos).
Logo
depois dos eventos do Domingo de Ramos, o Sinédrio se reuniu e planejou matar
Jesus antes da festa da Páscoa judaica (relatos em Mateus 26:3-5, Marcos 14:1-2
e Lucas 22:1-2). Na quarta-feira antes de sua morte, Jesus estava em Betânia,
hospedado na casa de Simão, o leproso. Enquanto jantavam, uma mulher chamada
Maria ungiu a cabeça e os pés de Jesus com um caro óleo de nardo (Mateus
26:8-9, João 12:5 e Marcos 14:4-5). Mas Judas Iscariotes, que cuidava do
dinheiro do grupo de Jesus, queria ter utilizado o dinheiro para dar aos pobres
(ou para si mesmo, segundo João 12:6). Logo depois do evento, Judas foi até o
Sinédrio e ofereceu-se para entregar Jesus em troca de dinheiro e, a partir
daí, só lhe faltava encontrar a oportunidade ideal (Mateus 26:14-16, Marcos
14:10-12 e Lucas 22:3-6).
Cristianismo
ocidental
Embora
também seja frequentemente celebrada na Quinta ou na Sexta-feira Santa o Ofício
das Trevas ("tenebrae")
acontece nesta data. A palavra "tenebrae"
vem do latim e significa "escuridão". Neste serviço, todas as velas
da mesa do altar são apagadas gradativamente até que todo a igreja fique
escura. Neste momento de trevas, um grande barulho simboliza a morte de Jesus.
O "strepitus", como é
conhecido o som, provavelmente relembra também o terremoto que se seguiu à
morte de Jesus (descrito em Mateus 27:51).
Cristianismo
oriental
Na Igreja Ortodoxa e nas Igrejas Católicas Orientais de rito bizantino este dia é chamado de "Grande e Sagrada Quarta-feira" ou "Grande Quarta-feira". Neste dia são celebrados a pecadora que ungiu Jesus antes da crucificação e sepultamento. Um segundo tema importante é o acordo para trair Jesus feito por Judas Iscariotes.
Na
manhã da Quarta-feira Santa é cantado um hino conhecido como
"Kassiani", composto no século IX por Santa Kassia e que conta a
história da mulher que ungiu Jesus, principalmente sob a perspectiva da mulher.
A composição é tão poderosa que é bastante frequente os fieis irem às lágrimas.
O canto pode durar até 25 minutos e é, do ponto de vista litúrgico e musical,
um dos destaques do ano inteiro.
Por
conta do acordo feito por Judas para trair Jesus neste dia, cristãos ortodoxos
praticantes geralmente jejuam nas quartas (e nas sextas) durante o ano todo.
Teoria da
crucificação na quarta-feira
Embora
o consenso entre os estudiosos modernos seja de que os relatos no Novo
Testamento representam a crucificação como tendo ocorrido numa sexta-feira, um
crescente grupo de estudiosos e comentaristas bíblicos defendem que o
calendário tradicional da Semana Santa está incorreto e que Jesus teria sido crucificado
na quarta e não na sexta-feira. A crucificação na quinta-feira também já foi
sugerida
Os
que defendem a Quarta-feira Santa defendem que Mateus 12:38-40 indica que Jesus
deveria permanecer morto por "três dias e três noites", o que não
seria possível se o evento ocorrer numa sexta-feira (considerando que a
ressurreição ocorreu no Domingo de Páscoa). Em outros pontos da Bíblia se
reforça que Jesus deveria permanecer morto por este mesmo período, incluindo
Marcos 8:31, onde se lê que "era
necessário que o Filho do homem ...fosse morto e que depois de três dias
ressuscitasse". Em Mateus 27:62-64, os fariseus afirmam que Jesus
teria dito que "depois de três dias
ressuscitarei". Outros acadêmicos lembraram que a tese ignora nuances
do idioma judaico, no qual "dia e noite" podem ser referências a
qualquer parte de um período de 24 horas, ignora que a expressão em Mateus é
idiomática e não uma afirmação de que Jesus permaneceria 72 horas no túmulo e
que as muitas referências à ressurreição no terceiro dia não exigem três noites
no sentido literal.
A
proximidade da crucificação com o sabá também pode ser um ponto importante da
teoria. Marcos 15:42 indica que Jesus foi crucificado na "parasceve (que é
véspera do sábado)".
Como o sabá semanal ocorre no sábado, presume-se que
Jesus foi de fato crucificado numa sexta-feira, mesmo que isso signifique que
ele tenha permanecido "morto" por menos de três dias. A Teoria da
Crucificação na Quarta-feira Santa reconhece esta discrepância lembrando que no
calendário judaico tradicional existem os sabás semanais aos sábados e também
sete grandes sabás, chamados também de "Grandes Dias", alguns deles
caindo em dias da semana. João 19:31 afirma que o dia do sabá em cuja véspera
Jesus foi crucificado era "um grande dia".
Os
proponentes desta teoria argumentam que este "sabá especial" era a
Festa do Pão Ázimo (Pessach), que começava no 15º dia de Nisan e era precedida
por uma refeição pascal no 14º dia de Nisan. Se Jesus foi crucificado em 30 ou
31 d.C., esta data teria caído justamente numa quarta-feira, com dia seguinte
sendo um dos "grandes dias". Se assim for, a crucificação poderia de
fato ter ocorrido numa quarta-feira anterior a um sabá, como conta o texto
bíblico, e resultaria em Jesus estando "morto" por três dias inteiros.
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