Aksakof nasceu em uma família de importante destaque na nobreza russa, com parentesco próximo de célebres membros da literatura e das ciências na Rússia. Estudioso, formou-se em várias disciplinas e foi professor na famosa academia de Leipzig, na Alemanha. Logo mais seria nomeado diplomata e se tornaria um dos mais próximos conselheiros do Czar Alexandre III.
Inclinação à Filosofia e espiritualidade
Desde sua mocidade, Aksakof
já demonstrava acentuado interesse em Filosofia e investigações a respeito das
coisas relacionadas com a alma e o mundo espiritual, porém, sempre norteado por
um caráter científico. Preocupado em melhor fundamentar suas convicções,
debruça-se sobre o estudo histórico das religiões, pelo que vai aprender
hebraico, grego e latim.
Dedicou-se por longo tempo a
esmiuçar a obra do polímata sueco Emanuel Swedenborg e suas revelações
espirituais — conquanto fortemente carregada de descrições místicas. Em 1852,
com apenas vinte anos de idade, faz um apanhado dessa investida e, em francês
(o idioma preferido dos pensadores de seu tempo), publica Uma exposição
metódica do sentido espiritual do Apocalipse, segundo o Apocalipse revelado.
Sua iniciação ao
Espiritualismo Moderno se deu em 1854, quando caiu em suas mãos a obra de
Andrew Jackson Davis: Revelações da Natureza Divina, levando a Aksakof novas
aspirações e tendências intelectuais, reconhecendo um mundo espiritual de cuja
realidade não mais duvidava.
Em 1855, para fazer um
estudo completo, fisiológico e psicológico do homem, Aksakof matriculou-se como
estudante livre na Faculdade de Medicina de Moscou, ao mesmo tempo em que
ampliava seus conhecimentos sobre Física, Química e Matemática. Nesse período,
recebeu uma obra de Beecher: Revista de Manifestações Espíritas — a primeira
que sobre esse assunto chegou às suas mãos e, procurando colocar-se ao corrente
das publicações sobre tal assunto, e seguir, passo a passo, o movimento
espiritista na América e na Europa, fortalecendo os seus conhecimentos com
todos os livros sobre Magnetismo e Espiritismo. Neste mesmo ano, Aksakof dá
início ao trabalho de tradução das obras básicas de Allan Kardec para a sua
língua nativa, o que lhe confere um legítimo curso espírita.
Pesquisas espíritas
Ainda na Alemanha, enquanto
professor da Academia de Leipzig, ele funda e dirige o jornal "Psychische
Studien" (Estudos Psíquicos), ao passo que intensifica suas pesquisas
práticas, inclusive participando de comissões de investigações científicas
sobre os fenômenos espirituais, ao lado de outros notáveis cientistas, como William
Crookes, Charles Richet, Cesare Lombroso, Ernesto Bozzano, Gabriel Delanne,
dentre outros, junto a experimentações mediúnicas através de considerados
médiuns, tais como Daniel Dunglas Home, Eusápia Palladino, Elizabeth
d'Espérance e Linda Gazzera.
Em 1881, Aksakof patrocinou
a fundação e foi diretor do semanário Rebus — primeira publicação de uma
revista de assuntos psíquicos na Rússia.
Resposta espírita à teoria
do inconsciente
Em 1890, publica Animismo e
Espiritismo — que se tornaria um clássico da literatura espiritualista mundial,
tendo sido traduzido para várias línguas, inclusive para o português (pela
Federação Espírita Brasileira).
O livro é o apanhado das
pesquisas de Aksakof e uma resposta à tese proposta pelo filósofo alemão Eduard
Von Hartmann, em Der Spiritismus (O Espiritismo), de 1885, pela qual, os
chamados fenômenos espirituais seriam apenas manifestações do
"inconsciente".
Karl Robert Eduard Von
Hartmann (1842-1906) era um célebre discípulo de Schopenhauer (lembrado pela
sua filosofia ateia e pessimista) cujas ideias serviram de base para a
psicanálise de Sigmund Freud. A negação de Von Hartmann quanto às ideias
espíritas continuaram na sua obra-prima Filosofia do Inconsciente, de 1865.
A refutação de Aksakof da
ideia de que apenas o inconsciente criaria os fenômenos espirituais foi tão
fundamentada que a Revista Espírita, edição de outubro de 1895, que Animismo e
Espiritismo "é incontestavelmente a obra mais importante e mais completa
que jamais foi escrita sobre o Espiritismo, no ponto de vista científico e
filosófico".
Prefaciando essa sua obra,
Aksakof escreveu:
"Não pude fazer outra
coisa mais do que afirmar publicamente o que vi, ouvi e senti; e quando
centenas, milhares de pessoas afirmam a mesma coisa, quanto ao gênero do
fenômeno, apesar da variedade infinita das particularidades, a fé no tipo de
fenômeno se impõe". "Não posso, pois, lamentar ter consagrado toda a
minha vida à aquisição desse objetivo, se bem que por caminhos impopulares e
ilusórios, mas que eu sei são mais infalíveis do que essa ciência. E, se
consegui de minha parte, trazer ainda que só uma pedra à ereção do templo do
Espírito — que a Humanidade, fiel à voz interior, edifica através dos séculos
com tanto labor, será para mim a única e mais alta recompensa a que posso
aspirar."
Alexandre Aksakof, Animismo e Espiritismo - Prefácio
Principais obras de Aksakof
- Animismo e Espiritismo (1890)
- Um Caso de Desmaterialização (1896)
- Estudo sobre as Materializações de Formas Humanas (1897)
- Precursores do Espiritismo desde 250 anos
- Um Momento de Preocupação Científica.
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