Deus não fez a ninguém perfeito, mas
perfectível
1. “O homem é um animal social”, frase atribuída a Aristóteles, que nos induz ao pensamento de que o ser humano foi criado para conviver com os semelhantes. A sociabilidade é instintiva e obedece a um imperativo da lei do progresso que rege a Humanidade, a que o homem não se pode esquivar sem prejudicar-se, pois é por meio do relacionamento com os semelhantes que ele desenvolve suas potencialidades.
2. O insulamento priva o homem das relações sociais que
lhe garantem o progresso. A razão disso é que Deus, em seus sábios desígnios,
não nos fez perfeitos, mas perfectíveis. Então, para atingirmos a perfeição a
que estamos destinados, precisamos todos uns dos outros, pois não há como
desenvolver e burilar nossas faculdades intelectuais e morais senão no convívio
social, na permuta constante de afeições, conhecimentos e experiências, sem os
quais a sorte de nosso Espírito seria o embrutecimento e a estagnação.
3. Como o fim supremo da sociedade é a promoção do bem-estar e da felicidade de todos os que a compõem, para que ele seja alcançado há necessidade de que cada um de nós observe certas regras de procedimento ditadas pela justiça e pela moral, abstendo-se de tudo que as possa destruir.
O insulamento do homem é uma violência à
lei natural
4. Homem nenhum possui faculdades completas. Com a união
social elas se completam umas às outras. É essa a principal causa que determina
que os homens, necessitando uns dos outros, vivam em sociedade e não insulados.
5. Em que pese o fato de ser o homem,
inquestionavelmente, um ser gregário, houve quem pretendesse isolá-lo do mundo
com o pensamento de que, assim fazendo, ele poderia servir melhor a Deus. Esse
isolamento constitui, no entanto, uma violência à lei natural e se caracteriza
por uma fuga injustificável às responsabilidades do dia a dia.
6. A vivência cristã implica um clima de convivência
social em regime de fraternidade, em que todos se ajudam e se socorrem,
dirimindo dificuldades e problemas. Viver o Cristo é conviver com o próximo,
aceitando-o tal qual é, com seus defeitos e imperfeições, sem a pretensão de
corrigi-lo. O verdadeiro cristão inspira seu semelhante com bondade para que
ele mesmo desperte e mude de conduta de moto próprio.
7. Isolar-se a pretexto de crescer espiritualmente não
passa, pois, de uma experiência em que o egoísmo predomina, porque afasta o
indivíduo da luta que forja heróis e constrói os santos da abnegação e da
caridade. Segundo o Espiritismo, tal procedimento só merece reprovação, visto
que não pode agradar a Deus uma vida pela qual o homem deliberadamente se
condena a não ser útil a ninguém.
Os que se isolam para ajudar o próximo
têm duplo mérito
8. Já aqueles que se afastam do bulício citadino,
buscando no retiro a tranquilidade reclamada por certas ocupações, como os que
se recolhem a determinadas instituições fechadas para se dedicarem, amorosamente,
ao socorro dos desgraçados, embora afastados da convivência social, eles
prestam, obviamente, excelentes serviços à sociedade e adquirem duplo mérito,
porque têm a seu favor, além da renúncia às satisfações mundanas, a prática das
leis do trabalho e da caridade cristã.
9. Lembra-nos Joanna de Ângelis que, ao descer das
Regiões Felizes ao vale das aflições, para nos ajudar, Jesus mostrou-nos como
devem agir os que se dizem cristãos. O Mestre não convocou a si os
privilegiados, mas os infelizes, os rebeldes, os rejeitados, suportando suas
mazelas e, mesmo assim, amando-os.
10. Evocando o exemplo do Cristo, a mentora de Divaldo P.
Franco recomenda-nos (Leis Morais da Vida, cap. 31):
“Atesta a tua confiança no
Senhor e a excelência da tua fé mediante a convivência com os irmãos mais
inditosos que tu mesmo. Sê-lhes a lâmpada acesa a clarificar-lhes a marcha.
Nada esperes dos outros. Sê tu quem ajuda, desculpa, compreende. Se eles te
enganam ou te traem, se te censuram ou te exigem o que te não dão, ama-os mais,
sofre-os mais, porquanto são mais carecentes de socorro e amor do que supões.
Se conseguires conviver pacificamente com os amigos difíceis e fazê-los
companheiros, terás logrado êxito, porquanto Jesus em teu coração estará sempre
refletido no trato, no intercâmbio social com os que te buscam e com os quais
ascendes na direção de Deus.”
Fonte
Iniciação à doutrina espírita; As leis morais segundo o
espiritismo; Astolfo Olegário O. Filho; EVOC; PR.
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