Falsas alegações

“Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço-­te que não me atormentes.” (Lucas, 8:28)

O caso do Espírito perturbado que sentiu a aproximação de Jesus, recebendo-­lhe a presença com furiosas indagações, apresenta muitos aspectos dignos de estudo.

A circunstância de suplicar ao Divino Mestre que não o atormentasse requer muita atenção por parte dos discípulos sinceros. Quem poderá supor o Cristo capaz de infligir tormentos a quem quer que seja? E, no caso, trata-se de uma entidade ignorante e perversa que, nos íntimos desvarios, muito já padecia por si mesma. 

A vizinhança do Mestre, contudo, trazia-lhe claridade suficiente para contemplar o martírio da própria consciência, atolada num pântano de crimes e defecções tenebrosas. 

A luz castigava-­lhe as trevas interiores e revelava-­lhe a nudez dolorosa e digna de comiseração. 

O quadro é muito significativo para quantos fogem das verdades religiosas da vida, categorizando-­lhe o conteúdo à conta de amargo elixir de angústia e sofrimento. 

Esses espíritos indiferentes e gozadores costumam afirmar que os serviços da fé alagam o caminho de lágrimas, enevoando o coração. Tais afirmativas, no entanto, denunciam-­nos. Em maior ou menor escala, são companheiros do irmão infeliz que acusava Jesus por ministro de tormentos.


Pão nosso. FEB Editora, cap. 19.


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