MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VII – DA VOLTA À VIDA CORPORAL
União da alma e do corpo. Aborto
352. Imediatamente ao nascer
recobra o Espírito a plenitude das suas faculdades?
“Não,
elas se desenvolvem gradualmente com os órgãos. O Espírito se acha numa
existência nova; preciso é que aprenda a servir-se dos instrumentos de que
dispõe. As ideias lhe voltam pouco a pouco, como a uma pessoa que desperta e se
vê em situação diversa da que ocupava na véspera.”
Recobrando as faculdades
O Espírito não recobra suas
faculdades imediatamente ao nascer. Ele ainda não se encontra em completo
domínio sobre seu corpo. O seu instrumento de carne não lhe fornece meios para
tal empreendimento.
Compete, porém, ao Espírito esperar, pois com o crescimento do corpo ele vai recobrando paulatinamente suas faculdades espirituais, mas nunca se apossa dos seus dons, envolvido na carne, como se estivesse em Espírito. A alma se encontra abafada pelo amontoado de células que, mesmo vivas e em certa plenitude de poderes energéticos, está muito aquém dos canais que o Espírito precisa para se manifestar como Espírito livre; no entanto, é capaz de realizar grandes coisas. Ele, o Espírito, tem intuições do que deve fazer e, ainda mais, os benfeitores da eternidade o auxiliam constantemente de acordo com o seu mérito.
Podemos observar uma planta
no seu crescimento: antes, era semente, depois vai tomando a forma de árvore,
vindo as flores e os frutos. Assim também a alma; a semente divina,
inicialmente envolvida nas formas, vai passando pelo fenômeno de crescimento e
tomando, com o tempo a forma definida do Espírito imortal, dentro da
imortalidade de Deus. O Espírito vai domando o corpo qual o peão que doma um
potro e faz dele um companheiro de trabalho. Depois de domesticada a casa
física, ela passa a ser mais dócil ao seu comando, e o Espírito começa a
crescer, despertando as suas qualidades nobres, que são os talentos falados
pelo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Todos sabemos que a natureza
não dá saltos no empenho de crescer. É nesse trabalho que se encontra a
ponderação, a ciência, de modo a compreendermos que a alma, gradativamente com
o corpo, vai despertando as lembranças, mesmo em forma embaçada, daquilo que
ela é e as promessas feitas no mundo espiritual. Aquilo que assinamos ao descer
para a Terra vem ao nosso encontro pelos canais da intuição, de modo que a cada
dia somos conscientes dos nossos caminhos a percorrer.
A encarnação é uma
vestimenta grosseira de matéria. Embora divina na sua expressão, ela é rude
ante o Espírito que ainda desconhecemos na sua plenitude; porém, ele desenvolve
suas qualidades mediante os obstáculos que vai encontrando, para tomar-se um
sol, em manifestação do Sol Maior. Já falamos muitas vezes e tornamos a dizer:
para nos libertar, devemos começar pelo esforço de cada dia que mãos invisíveis
não faltarão na "operação subida". Todos temos, encarnados e
desencarnados, um calvário a subir e uma cruz para ser carregada, e isso
deve ser motivo de glória para todas as criaturas de Deus.
O Espírito encarnado está em
uma existência nova, com novas tarefas a desempenhar para o seu próprio bem e
da humanidade. A doutrina dos Espíritos, sendo o Cristianismo original, nos
possibilita a paz interna, mas mostrando-nos as vias internas para alcançarmos
essa tranquilidade imperturbável. O Espírito somente desabrocha as suas
faculdades na sua plenitude quando se tornar Espírito superior e, para tanto,
existe uma jornada a avançar, de modo que o Cristo desperte em nós motivo de
luz para os corações em festa.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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