Razão e caridade

A

inda estamos longe da educação racional. Permitimos que as emoções nos governem, sem raciocinar e sempre como resposta às palavras ou atitudes alheias, porque muitas vezes agimos de forma desastrosa, movidos por impulsos primitivos. Dessa forma, só teremos controle da nossa vida com condições de assimilar virtudes, se passarmos a dominar e não ser dominados pelas emoções.

O aprendizado vivenciado na prática diária contribui em grande escala para que nos tornemos fortes. A teoria prepara, é verdade, mas é a prática que capacita em realizações. Não basta, pois, o ensinamento, é preciso que sejamos a lição viva, conforme exemplifica o Cristo, trabalhando em harmonia, aprendendo uns com os outros, conforme assevera Emmanuel, estimado benfeitor espiritual: “a conversação é permuta de almas”.

Doamos e recebemos o tempo todo, e o receber é sempre em proporções maiores, já que intensificam todos os sentimentos dos que se afinam conosco, encarnados ou não. É a lei de ação e reação. Aí também o cuidado em filtrar o que vemos e ouvimos a fim de aproveitar o que nos sirva para a construção no melhor.

Homenageando os mortos

Um dia de novembro foi convencionado pela humanidade como o dia dos finados - comemoração dos mortos. O termo "finado” para o Espiritismo é usado de forma equivocada, pois a doutrina ensina que não há fim da vida. A morte é apenas do corpo físico, com o retorno do espírito para o mundo espiritual que é o seu mundo original.

Assim, podemos afirmar como Charles Richet, em carta dirigida a Cairbar Schutel: "A morte é a porta da vida".

A respeito do assunto vejamos o que nos ensina O Livro dos Espíritos, obra básica da doutrina na questão 320, onde Kardec questiona os Espíritos perguntando:

Os Espíritos são sensíveis à saudade dos que os amaram na Terra?

Resposta: muito mais do que podeis julgar. Essa lembrança aumenta-lhes a felicidade, se são felizes e, se são infelizes, serve-lhes de alívio.

Questão 323: A visita ao túmulo proporciona mais satisfação ao Espírito do que uma prece feita em sua intenção?

Falanges do sacrifício

Cristãos perseguidos e até hoje crucificados. Palestinos e muçulmanos oprimidos. Umbandistas discriminados. Crianças e mulheres vítimas de violência social e doméstica, arrastadas por meliantes em fuga, ou espancados. Homoafetivos brutalmente assassinados...

Todos estes Espíritos em passagem pelo mundo, a despeito das nuances talvez complicadas de contexto cármico para cada caso, configuram um grupo especial de reencarnados com a missão sacrificial de espelhar a urgência desta humanidade “se humanizar”. De aprender em definitivo a lição milenar da harmonização entre as diferenças. Do respeito, do amor, da tolerância, para o bem comum.

Para além de cada diferença, efetivamente o que realça e predomina é o humano. O Espírito em trajetória, que verte lágrimas de igual teor, que sorri sorrisos semelhantes de alegria ou de vitória; que sonha, como quaisquer daqueles que pretensamente se arvoram no modelo a ser seguido, em muitas das vezes, baseando-se em preconceitos, convencionalismo equivocado, e num padrão discriminatório multimilenar mofado, que não prosperou nem em tempos de barbárie.

O mau-olhado na ótica espírita – Parte 1

Vamos falar de uma crença comum, talvez até mesmo universal, que, segundo o nosso entendimento, tem base doutrinária, mas, no início, poderá causar estranheza a alguns dos estudiosos do Espiritismo.

Será que o mau-olhado é simplesmente uma superstição ou uma realidade percebida pela sabedoria popular? Eis a questão.

Mau-olhado ou olho gordo é uma crença folclórica(provavelmente muito antiga por ser observada entre vários povos) de que a inveja de alguém, demonstrada pelo olhar ou não, pode vir a ocasionar a degradação do alvo da inveja ou de uma boa sorte. Para tanto, em todas as culturas em diversos tempos da história, foram criados amuletos contra o mau-olhado, como nazar.

Tradicionalmente associado a ideia de “secar com os olhos” […].

Na tradição bíblica, o mau-olhado tem vinculações com a restrição à cobiça (Êxodo 20).

Trouxemos a definição na Wikipédia que, embora não muito confiável, servirá apenas para ressaltar que muitas pessoas veem o mau-olhado como uma crença folclórica. Mas não seria o caso de se questionar: ora, se é uma tradição que se nota “em todas as culturas em diversos tempos da história”, e que a todo o momento são presenciadas e narradas ocorrências que levam pessoas a, pelo menos, suspeitarem da sua existência, por que apenas se considera como produto do imaginário?

O mau-olhado na ótica espírita – Parte 2

Um pouco mais a frente, detalhando, explica Hermínio de Miranda:

É certo, porém, que forças mentais poderosas podem ser manipuladas pelo pensamento e pela vontade. Não há, portanto, mau-olhado no sentido de que um simples olhar possa fazer murchar uma planta ou adoecer uma pessoa; há, contudo, sentimentos desarmonizados que, potencializados pela vontade consciente ou inconsciente, acarretam distúrbios consideráveis em pessoas, animais ou plantas.

O pensamento é a mais poderosa energia no Universo e circula por um sistema perfeito de vasos comunicantes, através de toda a natureza. Segundo as intenções sob as quais é emitido, tanto pode construir como destruir. Dar vida, como retirá-la. Nada mais que isso.

Ney Prieto Peres, em Manual prático do espírita, trata desse assunto:

O dom divino

Irmão X

Antigo devoto, extremamente apaixonado pelo Senhor, mantinha consigo o velho desejo de encontrá-lo, afagá-lo e ser-lhe útil.

“Oh! se pudesse viver na intimidade do Mestre” – pensava em êxtase – “tudo faria por rodeá-lo de cooperação e carinho.”

Por isso mesmo buscava cultivar todas as virtudes e aperfeiçoar todas as qualidades nobres, a fim de oferecer-lhe dons perfeitos.

Entre esperanças e orações, seguia a esteira infinita do tempo, aguardando o instante sublime de identificar-se com Jesus, quando, num sonho prodigioso, viu que o Senhor o visitava, acompanhando de sublime cortejo. O carro fulgurante do Rei do mundo vinha ladeado de Arcanjos e Tronos, ostentando flores e estrelas do Paraíso.

Mário, o cego

C

erto dia, Jonas, de oito anos, como não tinha nada para fazer à tarde, resolveu andar na rua sem destino; andou bastante, até que resolveu voltar para casa. Fez meia-volta e tomou o caminho de volta. Andara um pouco, quando viu um cego com uma bengala e que parecia perdido. Com pena dele, parou e cumprimentou-o:

— Olá! O senhor está passeando como eu?

— Está falando comigo, garoto? — indagou o homem levantando a cabeça.

— Sim! Achei que o senhor parecia meio perdido!... Quer que eu o leve a algum lugar? Para sua casa talvez? — disse-lhe Jonas com um sorriso.

Surpreso por ouvir um garoto falando com ele, o que nunca acontecia, o homem suspirou, batendo a bengala em algo que notou ser um banco; então se acomodou aliviado, depois respondeu:

A prática do bem

“Vamos falar de uma crença comum, talvez até mesmo universal, que, segundo o nosso entendimento, tem base doutrinária, mas, no início, poderá causar estranheza a alguns dos estudiosos do Espiritismo.” (Paulo da Silva Neto Sobrinho, autor do artigo O mau-olhado na ótica espírita, um dos destaques desta edição.)

Pode parecer estranho, mas há, ainda, muitos preconceitos na prática espírita, o que é difícil de compreender, uma vez que a visão espírita deveria estar livre de tal vício e, bem ao contrário, ser acolhedora de todas as crenças que buscam a verdade e o bem, porque, como diz o apóstolo Paulo, “todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, seja qual for o culto a que pertençam”. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XV, item 10.)

Em alguns grupos e centros tem-se especial aversão a “pretos velhos” e a entidades como índios, lanceiros ou falanges católicas, quando o Espiritismo deveria ser um manancial de bênçãos para todos os que dele se acercam em busca de auxílio, amparo, refazimento.

Paciência: educação para o Espírito

T

odos nós estamos situados em extenso parque de oportunidades de trabalho, renovação, desenvolvimento e melhoria. Ninguém vive deserdado da participação nas boas obras, então, não pequemos por omissão: colheremos o que semearmos, velha verdade sempre nova.

Quando dificuldades surgem na estrada, não nos omitamos fazendo em favor dos outros o melhor que pudermos, a fim de que a nossa esperança se erga sublime em luminosa realização, aceitando as dificuldades à nossa volta, executando as tarefas as quais a Sabedoria de Vida nos estabeleceu na existência em que nos encontramos.

Se alguém nos responde asperamente, se um amigo aparece incompreensivo, se outro companheiro passa a nos dedicar antipatia gratuita, suponhamos que estes irmãos estejam presos mentalmente a problemas de angústia e coloquemo-nos no lugar deles. Certamente nos compadeceremos de cada um, dispondo-nos a auxiliá-los, aprendendo a não desprezar o poder da migalha na obra do auxílio.

Todo o mal deriva do egoísmo

“O interesse individual é a demonstração da continuação de nossa animalidade. A humanidade começa no homem com o desinteresse.”

“Três viajantes encontraram, certa vez, um tesouro.

Depois, sentiram fome, e um deles foi comprar-lhes comida. No caminho, pensou: – Por que não colocar veneno na comida? Comerão e morrerão, e ficarei com todo o tesouro.

Entretanto, seus companheiros deliberaram também matá-lo e dividir entre si sua parte. Quando voltou, assassinaram-no, e comeram a comida envenenada e também morreram.”

A bela síntese do conto oriental expressa com fidelidade o resultado invariável das ações egoísticas: tragédias, sofrimentos e lágrimas para todos os envolvidos.

Na Terra, onde predomina o egoísmo, ações dessa natureza multiplicam infinitas vezes as consequências do mal. Daí tantos sofrimentos, tantas lágrimas derramadas neste Orbe!

O estresse

E

stresse, originado da língua inglesa, stress, pode ser definido como toda forma de pressão, a qual, exercida com certa frequência sobre alguém, que a recebe na forma de carga emocional, termina por gerar algum distúrbio comportamental.

O fenômeno não é novo; contudo, como tudo o que diz respeito a nós, seres humanos, nos acompanha desde os tempos mais remotos e tem se intensificado nestes tempos de acontecimentos intensos e atropelados, na velocidade vertiginosa do furacão da denominada “pós-modernidade” ou, para acompanharmos o pensamento de Zygmunt Bauman , da “modernidade líquida”, onde tudo é fluido, amorfo, imponderável.

Nestes dias de tumulto planetário, a perturbação é generalizada, globalizada e, portanto, não respeita as fronteiras geográficas convencionadas pelos homens nem as estratificações artificiais, impostas pelos interesses econômicos, escalando todos os degraus das pirâmides sociais.

A reivindicação

Há muito aspirava Saturnino Peixoto ao interesse de algum homem público para favorecê-lo na abertura de certa estrada.

Para isso, conversou, estudou, argumentou... Concluiu, por fim, que a pessoa indicada seria o deputado Otaviano, recém-eleito, homem ao qual se referiam todos da melhor maneira, pela atenção e carinho com que se dedicava à solução dos problemas da extensa região que representava.

Depois de ouvir o escrivão da cidade, Saturnino redigiu longa carta memorial, minudenciando a reivindicação. E ficou aguardando a resposta.

Correram dias, semanas, meses.

Diante do bem

Diante de cada dia que surge, reflitamos na edificação do bem a que somos chamados.

Para isso, comecemos abençoando pessoas e acontecimentos, circunstâncias e coisas, para que o melhor se realize.

De princípio costumam repontar no cotidiano os problemas triviais do instituto doméstico.

Habitualmente aparece o assunto palpitante da hora, solicitando-nos atenção. Saibamos subtrair-lhe a sombra provável projetando nele a réstia de luz que sejamos capazes de improvisar.

Logo após, de imediato, estamos quase sempre defrontados pelos contratempos de ordem familiar. Renteando com eles, usemos o verbo calmante e conciliador para que as engrenagens do lar funcionem lubrificadas em bálsamo de harmonia.

O palavrão

Dois irmãos ---- imagem caio chorando -----estavam brincando no quintal, quando se desentenderam. Caio, de três anos, achava que somente ele poderia aproveitar e andar de bicicleta. Felipe, de nove anos, queria brincar também, porém o irmãozinho não deixava. Perdendo a paciência, Felipe gritou:

— Você é... é... Não dá pra brincar com você! É incompreensivo mesmo!... Chega! Não vou mais brincar com você!...

Caio, que não entendera aquela palavra, começou a chorar, gritando para a mãe, que estava na cozinha:
— Mamãe!... Mamãe!... O Felipe está me xingando!...

E Caio chorava tanto que a mãe saiu da cozinha, correndo para o quintal onde eles estavam. Querendo saber o que tinha acontecido perguntou a Felipe, que achara graça de o irmão pensar que ele dissera um palavrão, deu uma gargalhada, virando-se para a mãe:

— Mãe, não aconteceu nada! Caio acha que eu disse um palavrão! — E caiu novamente na risada.

— E não disse? — indagou a mãe, surpresa.

— Claro que não!... Eu disse que o Caio é incompreensivo! Ele não entendeu e não gostou! Por isso está chorando.

A mãe conteve o riso para não deixar o caçula mais nervoso ainda, depois explicou pegando-o no colo:

— Caio, querido, o que seu irmão lhe disse não é um palavrão. É uma palavra grande, porém quer dizer que você não entendeu o que ele explicou. Só isso!

— Não!... — gritou o pequeno, irritado — Eu entendi sim! Ele queria me xingar!... Também não brinco mais com ele!

Felipe aproximou-se do irmão, abraçou-o e tentou conversar com Caio, que escondeu o rosto no colo da mãe, para não ver o irmão.

Então, Felipe se afastou indo cuidar de seus deveres escolares. Algum tempo depois, fechado no quarto, ele fazia suas tarefas quando alguém bateu na porta. Ele foi abrir e viu o pequeno Caio que queria entrar.

— O que deseja Caio? Não vou brincar. Estou fazendo deveres da escola.

— Ah! O que é isso? — indagou o pequeno.

— Tenho tarefas para fazer, e se não fizer, terei notas ruins.

— Por quê?

— Porque a professora vai achar que eu não sei fazer tarefas e me dará nota baixa. Só isso!

— Ah!... Se é só isso, quer dizer que você pode brincar comigo e...

Felipe olhou para Caio, que parecia arrependido de ter brigado com ele, e disse:

— Caio, agora não posso. Vá brincar com seu cãozinho, com seus brinquedos, com seus amiguinhos. Eu não posso brincar agora!...

O pequeno baixou a cabeça, triste, quase chorando. Felipe, vendo o estado dele, sentiu pena e, abaixando-se, consolou o irmãozinho:

— Caio, meu irmão, não estou bravo com você. Apenas

tenho coisas mais importantes para fazer e não posso brincar agora. Entendeu?

O pequeno balançou a cabeça mostrando que entendera e saiu do quarto muito triste. A mãe, que limpava a sala, vendo Caio chateado, indagou o que tinha acontecido, ao que o pequeno respondeu:

— É que Felipe não pode brincar comigo. Você pode brincar, mamãe?

A mãe pegou-o no colo, e explicou que ela não podia brincar agora porque estava muito ocupada com as tarefas de casa, mas que assim que terminasse brincaria com ele.

— Ninguém pode brincar comigo!... — reclamou Caio olhando para o chão.

A mãe, com pena dele, olhou em torno e convidou-o para ajudá-la no serviço de limpeza, afirmando que depois ela brincaria com ele:

— Se você me ajudar, logo terminaremos!

Caio aceitou e, muito sério, pegou uma vassoura e pôs-se a varrer o chão. Nisso, seu cãozinho entrou na sala e latiu, puxando-lhe a barra das calças, mas o garotinho olhou sério para o cachorrinho dizendo:

— Totó, eu não posso brincar agora! Estou ocupado com trabalho muito importante! Quando acabar, vou brincar com você.

E, com carinha séria, sentindo-se valorizado, tomou da vassoura e pôs-se a varrer dizendo:

— Eu também tenho tarefas, não é, mamãe?

— Claro, meu filho! Você é pequeno, mas varre muito bem. Parabéns!... Logo poderá fazer outras tarefas mais importantes. Viu como você está crescendo?!

E de vassoura na mão, Caio sentia-se muito melhor e valorizado. Quando o pai chegou do trabalho, viu o seu filho caçula varrendo a entrada da casa e o convidou:

— Caio, quer brincar um pouco com o papai?

Muito sério, ele levantou a cabeça, olhou firme para o pai e respondeu:

— Papai, agora eu não posso. Estou trabalhando. Quando acabar meu serviço, aí nós poderemos brincar, está bem?

Fonte

Revista o consolador, ano 10, nº 501

Pelo Espírito Meimei, recebida por Célia X. de Camargo, em 31/10/2016. 

Nossas escolhas

“Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que leva à perdição e muitos são os que entram por ela.” Jesus (Mateus, 7:13-14).

No período em que Jesus esteve entre nós, os povos viviam em cidades cercadas por muralhas, situadas sobre colinas e montes, para que o assédio dos inimigos se tornasse difícil. Jerusalém era uma delas, e para alcançá-la era necessário percorrer caminhos íngremes, e, como as portas da cidade eram fechadas ao pôr do sol, aqueles que voltavam para casa galgavam rapidamente os aclives, porque atrasando-se ficariam de fora.

Assim, o Mestre nos traz um quadro impressionante do caminho cristão, ou seja, o das dificuldades que precisamos vencer para conquistar a vida eterna.

Duas são as estradas que se nos apresentam: a da evolução e a da degradação.

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 1

Módulo 1

1. O livro de Atos dos Apóstolos - Lucas é, sem qualquer dúvida, o autor dos Atos dos Apóstolos, bem como do Evangelho que traz o seu nome. Parece que um dos principais intentos que teve, quando os escreveu, foi opor esta genuína e verdadeira história das ações de Pedro e Paulo aos Atos dos Apóstolos que circulavam, naquele tempo, fingidos e inventados pela malícia de outros, em descrédito da religião cristã. O livro, escrito em Roma no ano 60 de nossa era, apresenta-nos um quadro diáfano da primitiva Igreja. Seu estilo singelo, restrito aos fatos, iluminado por uma chama interior de fervor apostólico, faz dele uma leitura deliciosa. (As próprias editoras católicas divergem com relação à época de composição deste livro. Segundo Edições Loyola, a data mais provável seria entre os anos 75 e 90. Não existe dúvida, porém, a respeito de seu verdadeiro autor: Lucas, discípulo de Paulo de Tarso. A referida Editora diz, ainda, que o objetivo de Lucas, ao escrever este livro, foi reanimar os cristãos, evocando o amor fervoroso das primitivas igrejas, para que cressem na ação do Paráclito, numa época em que parecia que esfriava o ardor inicial.) (“A Bíblia Sagrada”, edição de Livros do Brasil S.A., volume I, pág. XXX)

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 2

Módulo 2

6. Surge no meio dos cristãos o levita Barnabé - Como os seguidores de Jesus viviam em comunidade, não havia necessitados entre eles. Todos os que possuíam terras ou casas vendiam tudo e levavam o dinheiro, e o entregavam aos apóstolos. A distribuição era feita de acordo com as necessidades de cada um. Assim é que José, um levita, nascido em Chipre e apelidado pelos apóstolos de ‘Barnabé’ (que significa ‘filho da consolação’), vendeu o campo que possuía e foi entregar o dinheiro aos apóstolos. (Atos, 4:34 a 4:37.)

7. Os apóstolos decidem admitir sete auxiliares em seus serviços - Naquela época, o número dos discípulos aumentava e os que falavam grego começaram a se queixar contra os que falavam hebraico, porque suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de auxílios. Por esse motivo, os doze apóstolos convocaram a assembleia de todos os discípulos e disseram: “Não está certo deixarmos a pregação da palavra de Deus pelo serviço das mesas. Por isso, irmãos, deveis escolher dentre vós sete homens bem conceituados, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, e nós os encarregaremos dessa função. Quanto a nós, continuaremos a nos dedicar todo o tempo à oração e ao serviço da Palavra”. A proposta agradou a toda a assembleia e assim se fez.(Atos, 6:1 a 6:5.)

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 3

Módulo 3

10. Muitos prodígios e curas são obtidos pelos discípulos - Os discípulos que tinham sido dispersados iam de lugar em lugar anunciando o Evangelho. Foi assim que Filipe desceu a uma cidade da Samaria, onde anunciou o Cristo e fez muitos prodígios que o povo considerava milagres: Espíritos impuros saíam de muitos possessos, paralíticos voltavam a andar, coxos ficavam curados. (Em nota posta por Edições Loyola em sua edição do Novo Testamento, diz-se que esse Filipe não era um dos doze apóstolos, mas sim um dos sete auxiliares escolhidos pelos discípulos, mencionado logo depois de Estêvão na lista constante do capítulo 6, versículo 5, do livro de Atos.) (Atos, 8:4 a 8:7.)

11. Simão, o feiticeiro, oferece dinheiro em troca do dom revelado por Pedro e João - Havia em Samaria um feiticeiro profissional, chamado Simão, que, vendo as curas promovidas por Filipe, ficou maravilhado e chegou até a ser batizado. Quando Pedro e João impuseram as mãos sobre alguns samaritanos e estes receberam o Espírito Santo, o feiticeiro ofereceu dinheiro aos apóstolos, dizendo: “Dai-me esse poder a mim também, para que recebam o Espírito Santo as pessoas sobre quem eu impuser as mãos”. Pedro lhe respondeu: “Que sejas condenado tu com o teu dinheiro, porque achaste que podias comprar o dom de Deus com dinheiro! De modo algum terás parte nesse poder, porque teu coração não está bem intencionado diante de Deus. Muda de ideia sobre esta tua maldade e pede perdão ao Senhor. Talvez Ele perdoe esse pensamento que alimentaste dentro de ti. Vejo que estás cheio de inveja 8 amarga como o fel, e preso nos laços da maldade”. Simão, arrependido com o que dissera, suplicou-lhe: “Pedi por mim ao Senhor, para que não me aconteça nada do que acabais de dizer”. (Dessa oferta indecorosa de Simão originou-se a palavra simonia.) (Atos, 8:9 a 8:13; 8:17 a 8:25.)

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 4

Módulo 4

14. Tabita volta a viver, com a ajuda de Pedro - Em Jope havia uma discípula do Senhor chamada Tabita, nome que significa “Gazela”. Além de generosa nas esmolas que dava, Tabita praticava boas ações e era, por isso, estimada em sua cidade. Aconteceu então que ela ficou doente e veio a falecer de modo repentino. Como Lida ficava perto de Jope, os discípulos ouviram dizer que Pedro se encontrava lá e resolveram chamá-lo, dizendo-lhe: “Não demores em vir até nós”. Pedro, logo que recebeu o chamado, partiu. Chegado à casa de Tabita, ele foi conduzido até o andar superior, onde se encontrava o cadáver. Muitas viúvas, chorando, aproximaram-se dele, mostrando-lhe os vestidos e outras roupas que Tabita fazia quando estava com elas. Pedro pediu-lhes que se retirassem do recinto e, uma vez só, ajoelhou-se e rezou. Depois voltou-se para o cadáver, dizendo: “Tabita, levanta-te”. Ela abriu os olhos e, fixando-os em Pedro, sentou-se no leito. Pedro estendeu-lhe a mão e ajudou-a a levantar se. Depois, chamou aqueles que estavam próximos e a apresentou viva! A notícia correu por toda Jope e muitos acreditaram no Senhor, permanecendo Pedro durante muito tempo em Jope, na casa de um curtidor de couros chamado Simão. (Atos, 9:36 a 9:43.)

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 5

Módulo 5

18. Barnabé convida Saulo a trabalhar na Igreja de Antioquia - Aqueles que se dispersaram depois da perseguição iniciada contra os seguidores de Jesus chegaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia, onde anunciavam a palavra só aos judeus. Havia, porém, entre eles alguns discípulos oriundos de Chipre e Cirene que, pregando em Antioquia, se dirigiam também aos fiéis de origem grega, anunciando-lhes a Boa Nova. O poder do Senhor os ajudava, tanto assim que foi grande o número dos que abraçaram a fé e se converteram. Barnabé foi, então, enviado a Antioquia pela Igreja de Jerusalém. Um número considerável de pessoas aderiu ao Senhor e Barnabé dirigiu-se à cidade de Tarso, à procura de Saulo, que foi por ele levado a Antioquia, onde permaneceram trabalhando juntos pelo período de um ano, instruindo a numerosa e crescente multidão de discípulos. Foi em Antioquia que os discípulos de Jesus foram, pela primeira vez, chamados “cristãos”. (Atos, 11:19 a 11:26.)

19. A fome assola a Judeia e os cristãos de fora enviam sua ajuda - Naqueles dias, alguns profetas desceram também de Jerusalém a Antioquia, e um deles, chamado Ágabo, tomou a palavra e, sob a ação do Espírito, anunciou que em toda a Terra haveria uma grande fome, fato que se verificou no tempo de Cláudio. Os discípulos de Jesus resolveram mandar, então, cada qual de acordo com suas posses, auxílio aos irmãos que moravam na Judeia. E assim o fizeram, mandando tudo aos anciãos por meio de Barnabé e Saulo. (Atos, 11:27 a 11:30.)

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 6

Módulo 6

Questões para debate 1. Que visão teve Pedro em Jope? 2. Tendo surgido em Antioquia muitos simpatizantes do Evangelho, quem foi enviado pela igreja de Jerusalém à referida cidade? 3. Em que lugar os discípulos de Jesus foram, pela primeira vez, chamados cristãos? 4. Qual foi, dentre os apóstolos de Jesus, o primeiro a morrer vitimado pelas perseguições feitas pelos judeus contra os cristãos? 5. Preso por ordem de Herodes, como Pedro escapou da prisão?

22. Barnabé e Saulo iniciam suas pregações junto aos gentios - Havia naquela época na Igreja de Antioquia diversos profetas e mestres, a saber: Barnabé; Simão, apelidado o Negro; Lúcio, o Cirineu; Manaém, irmão de leite do tetrarca Herodes; e Saulo. Certa vez, enquanto celebravam o culto do Senhor e jejuavam, o Espírito Santo lhes disse: “Reservai-me Barnabé e Saulo para fazerem o trabalho que lhes destinei”. Então, depois de jejuns e orações, impuseram as mãos sobre eles e os enviaram. Os dois discípulos desceram a Selêucia e de lá foram para Chipre. Chegando a Salamina, anunciaram ali a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus. Com eles seguia João Marcos, o futuro evangelista. Depois de atravessarem toda a ilha até Pafos, encontraram ali um mago, um falso profeta judeu de nome Barjesus, que mantinha boas relações com o procônsul Sérgio Paulo, a quem visitaram. (Atos, 13:1 a 13:12.)

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 7

Módulo 7

26. Timóteo junta-se à comitiva de Paulo, mas é antes circuncidado - Após separar-se, pela primeira vez, de Barnabé, que resolvera seguir com João Marcos para Chipre, Paulo partiu com Silas para Derbe, dirigindo-se, em seguida, a Listra, onde conheceram um discípulo de nome Timóteo, filho de mãe judia e pai grego. Os irmãos de Listra e Icônio falavam bem dele e, por isso, Paulo resolveu levá-lo em sua companhia. Antes, porém, o circuncidou, por consideração aos judeus daquelas regiões, pois todos sabiam que seu pai era grego. (Como Timóteo era filho de mãe judia, Paulo entendeu que sem a circuncisão não seria ele bem aceito entre os cristãos de origem judaica; por isso o circuncidou.) Em cada cidade por onde passavam, eles transmitiam as decisões que os apóstolos e presbíteros de Jerusalém tinham tomado e recomendavam sua observância. As Igrejas ficavam, assim, mais fortes na fé e o número de seus membros aumentava dia a dia. (Atos, 16:1 a 16:5.)

27. Estando preso, Paulo converte até o carcereiro e seus familiares - O carcereiro da prisão onde Paulo e Silas estavam retidos, tremendo, caiu de joelhos aos pés dos dois discípulos. Em seguida, conduziu-os para fora e perguntou: “Senhores, que devo fazer para me salvar?” Eles lhe responderam: “Acredita no Senhor Jesus e te salvarás com toda a tua família”. Dito isto, anunciaram a palavra do Senhor a ele e a todas as pessoas de sua casa, enquanto o carcereiro cuidava deles e lavava as suas feridas. Logo depois, o funcionário recebeu o batismo com todos os seus. Quando o dia clareou, os oficiais de justiça enviaram os soldados com a ordem de soltura de ambos. O carcereiro levou a comunicação a Paulo, que, entretanto, lhe disse: “Flagelaram a nós dois publicamente, sem julgamento prévio, embora sejamos cidadãos romanos, e nos jogaram na cadeia. Agora querem nos soltar às escondidas. De modo algum! Que eles venham pessoalmente nos libertar!” Os soldados transmitiram essas palavras aos oficiais de justiça e estes, cientes de que se tratava de cidadãos romanos, ficaram com medo. Foram então falar com os dois amigavelmente e, depois de conduzi-los para fora, pediram-lhes que abandonassem a cidade. Soltos, Paulo e Silas dirigiram-se à casa de Lídia e mais tarde partiram. (Atos, 16:29 a 16:40.)

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 8

Módulo 8

30. Em Corinto, até o chefe da sinagoga se converte ao Senhor - De Atenas Paulo foi a Corinto, onde encontrou um judeu chamado Áquila, que havia chegado da Itália com sua esposa Priscila, em razão de um decreto de Cláudio, que obrigara todos os judeus a saírem de Roma. Paulo os procurou e, como exercia o mesmo ofício, ficou trabalhando na casa deles: eram todos eles fabricantes de tendas. Aos sábados, Paulo falava na sinagoga, procurando convencer judeus e gregos a respeito de Jesus e do Evangelho. Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo dedicou-se exclusivamente à pregação, demonstrando sempre aos judeus que Jesus era, de fato, o Messias. Eles, porém, resistiam a essa ideia e passaram a insultá-lo. Paulo então sacudiu sua roupa e lhes disse: “Vós sois responsáveis pelo que vos acontecer! Não cabe a mim a culpa! Daqui por diante irei aos pagãos!” Saindo dali, ele foi para a companhia de um homem chamado Tício Justo, que adorava a Deus e cuja casa ficava perto da sinagoga. Crispo, o chefe da sinagoga, acreditou no Senhor, e com ele toda a sua família, o mesmo acontecendo a muitos coríntios que, ouvindo as pregações, acreditavam e eram batizados. (Atos, 18:1 a 18:8.)

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 9

Módulo 9

33. Paulo fala com toda a liberdade na sinagoga dos efésios - Em Éfeso, Paulo se apresentou na sinagoga e por três meses falou com toda a liberdade, discutindo e procurando convencer os ouvintes a respeito do Reino de Deus. Como, porém, alguns se mostrassem endurecidos em sua incredulidade, chegando a maldizer a doutrina em presença do povo, ele afastou-se deles e passou a conversar, em particular, com os discípulos, diariamente, no auditório de um certo Tirano. Isso continuou por dois anos, de modo que todos os habitantes da Ásia, judeus e gregos, puderam ali ouvir a palavra do Senhor.(Atos, 19:8 a 19:10.)

34. Um mau Espírito fere e põe os exorcistas para correr - Certa vez, alguns judeus, que eram exorcistas ambulantes, tentaram invocar o nome do Senhor Jesus sobre os possessos, dizendo: “Eu vos exorcizo pelo Jesus que Paulo está anunciando”. Os que faziam isto eram os sete filhos de um certo Ceva, um dos sacerdotes chefes dos judeus. No entanto, o Espírito mau lhes respondeu: “Conheço Jesus e sei quem é Paulo: mas vós, quem sois?” E o homem que estava possesso atirou-se sobre eles, dominou-os e os tratou com tanta violência que, feridos e nus, tiveram de fugir daquela casa. O fato se divulgou entre os judeus e gregos que moravam em Éfeso, e o temor se apoderou de todos eles. O nome do Senhor Jesus se tornou, assim, glorioso. Muitos dos que haviam professado a fé iam confessar e revelar suas práticas supersticiosas e muitos dos que eram dados à magia juntaram seus livros e os queimaram à vista de todos. O valor dos livros queimados foi calculado em cinquenta mil moedas de prata. (Atos, 19:13 a 19:20.)

35. Paulo ressuscita um jovem em Trôade - Após o grande tumulto provocado pelas reclamações do ourives Demétrio, Paulo despediu-se de seus discípulos e partiu para a Macedônia, onde encorajou os fiéis com numerosos sermões, seguindo depois para a Grécia. Aí permaneceu por três meses e, quando ia embarcar para a Síria, os judeus lhe prepararam uma emboscada, motivo pelo qual decidiu voltar pela Macedônia, acompanhados de vários discípulos, entre eles Timóteo e Lucas. Em Trôade, eles se demoraram sete dias e foi ali que ocorreu mais um fato extraordinário da vida do apóstolo. Um jovem de nome Êutico, sentado no peitoril de uma janela, adormeceu profundamente e caiu do terceiro andar. Com a queda, todos disseram que o rapaz estava morto. Paulo, que fazia na mesma hora uma exposição, desceu à rua e, abraçando o jovem, disse a todos: “Não vos assusteis, pois ele ainda está vivo”. E, de fato, o rapaz estava vivo, porque, horas mais tarde, seus amigos o levaram com vida para a sua casa. (Atos, 20:1 a 20:12.)

Questões propostas

1. Que impressão teve Paulo ao conhecer Atenas?

Chegando a Atenas, Paulo se comoveu em si mesmo por ver aquela cidade que, no entanto, apesar de sua fama no campo das artes, era tão entregue à idolatria. (Atos, 17:15 a 17:17.)

2. No Areópago, em Atenas, Paulo viu um altar em que havia curiosa inscrição. Que inscrição era essa? E que ideia esse fato suscitou na mente do Apóstolo dos gentios?

No altar referido estava escrita esta frase: AO DEUS DESCONHECIDO. Os atenienses, estranhando o que Paulo dizia, haviam-lhe perguntado: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas? Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos; queremos, pois, saber o que vem a ser isto. Paulo respondeu: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.

Dito isso, ele falou sobre Deus lembrando-lhes que Ele, que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens, nem tampouco é servido por mãos de homens, pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas. (Atos, 17:18 a 17:31.)

3. Em Éfeso, Paulo batizou um grupo de discípulos. Como o apóstolo procedeu para batizá-los?

Primeiro, Paulo lhes perguntou: Em que sois batizados? Eles disseram: No batismo de João. Paulo, então, disse: João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo; e os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. Dito isso, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e eles falavam línguas e profetizavam. (Atos, 19:1 a 19:7.)

4. Paulo fez muitas curas?

Sim. Deus pelas mãos de Paulo fez maravilhas extraordinárias, de sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles e os Espíritos malignos saíam. (Atos, 19:11 e 19:12.)

5. Por que o ourives Demétrio e seus colegas de profissão se indignaram contra as pregações de Paulo?

Demétrio, que fazia de prata nichos de Diana, dava grande lucro aos artífices. Paulo, no entanto, havia convencido e afastado desse culto uma grande multidão, dizendo que não são deuses os que se fazem com as mãos. Havia, portanto, no entendimento deles, o perigo de que sua profissão caísse em descrédito. Esse, o motivo de sua indignação contra o Apóstolo dos gentios. (Atos, 19:23 a 19:41.) 

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 10

Módulo 10

36. Paulo se despede dos Efésios com palavras comoventes e eles choram - Desejoso de passar o Pentecostes em Jerusalém, Paulo, em seu retorno à Judeia, havia pedido aos presbíteros de Éfeso que se reunissem, porque desejava falar-lhes ao passar ao largo da cidade. Quando eles se apresentaram, o Apóstolo dos gentios falou-lhes sobre o seu trabalho, lembrando que ele nunca deixara de insistir com judeus e gregos para que se convertessem a Deus e cressem em Nosso Senhor Jesus. Seu pressentimento, no entanto, era que o aguardavam muitos sofrimentos em Jerusalém e, possivelmente, eles jamais o vissem outra vez. Pelo menos é isso que o Espírito Santo lhe transmitira. Afirmando que a vida para ele não tinha valor, Paulo lhes disse: “O importante é completar minha carreira e cumprir a missão que recebi do Senhor Jesus: dar testemunho da Boa Nova da graça de Deus. Já sei, portanto, que vós todos, entre os quais andei anunciando o Reino, não tornareis a me ver. Por isso vos declaro no dia de hoje que não serei responsável pela perdição de quem quer que seja, porque nunca deixei de vos anunciar toda a vontade de Deus. Tende cuidado convosco e com todo o rebanho que o Espírito Santo vos deu para guardar, sendo assim pastores da Igreja de Deus que ele adquiriu com o sangue de seu Filho”. Na sequência, ele advertiu: “Sei que, depois da minha partida, se introduzirão no meio de vós lobos ferozes, que não pouparão o rebanho. Do vosso próprio meio surgirão homens que ensinarão doutrinas perversas, para arrastar discípulos atrás de si. Por isso vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, dia e noite, não deixei de exortar entre lágrimas a cada um de vós”. Concluindo, Paulo asseverou: “Não cobicei nem prata, nem ouro, nem roupa de quem quer que fosse. Vós mesmos sabeis como estas minhas mãos trabalharam para atender às minhas necessidades e às de meus companheiros. Sempre vos mostrei que, trabalhando assim, devemos amparar os fracos, recordando as palavras do Senhor Jesus, que disse pessoalmente: “Há mais felicidade em dar do que em receber”. Dito isto, ele ajoelhou-se com todos e rezou. E todos choravam muito, abraçando e beijando o amigo e acompanhando-o depois até o navio. (Atos, 20:13 a 20:38.)

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 11

Módulo 11

39. Paulo vai à presença de seus acusadores e é agredido - Ciente de que Paulo era cidadão romano e querendo saber a verdade sobre as acusações que lhe faziam os judeus, o comandante convocou os sacerdotes chefes e todo o Conselho, levando Paulo à presença deles. Encarando com firmeza o Conselho, Paulo disse: “Irmãos! foi com a melhor das consciências que tenho procedido até hoje diante de Deus!” O sumo sacerdote Ananias mandou que seus ajudantes lhe batessem na boca, ao que Paulo lhe disse: “Deus te baterá, parede caiada! Tu te sentas para julgar com a Lei e contra a Lei mandas bater em mim”. Os presentes lhe chamaram a atenção, dizendo que ele insultara o sumo sacerdote. Paulo lhes respondeu: “Irmãos, eu não sabia que era o sumo sacerdote. Porque está escrito: Não insultarás o chefe do teu povo”. (Atos, 22:29 a 23:5.)

40. Os judeus tramam a morte de Paulo e ele parte para Cesareia - O tumulto criado com o recurso adotado por Paulo perante o Conselho cresceu muito e o comandante começou a recear que ele fosse linchado. Por isso, ordenou aos soldados que o tirassem dali e o levassem de novo para dentro da fortaleza. Na noite seguinte, o Senhor apareceu a Paulo e lhe disse: “Coragem! Assim como deste testemunho de mim em Jerusalém, também serás minha testemunha em Roma”. Quando amanheceu, os judeus reuniram-se e se comprometeram sob juramento a não comer nem beber até matarem Paulo. Eram mais de quarenta os que assim juraram. Com esse intuito, eles pediram então aos sacerdotes chefes e aos anciãos que convencessem o comandante a trazer Paulo à presença deles, sob pretexto de examinar o seu caso com mais cuidado. Mas um sobrinho de Paulo, informado sobre a emboscada, foi à fortaleza e avisou o. De imediato, Paulo chamou um dos oficiais e pediu que levasse o moço ao comandante, porque ele tinha algo sério para comunicar. O moço foi, relatou tudo o que sabia, e o comandante decidiu então conduzir Paulo ao governador Félix, em Cesareia. (Atos, 23:10 a 23:24.)

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 12

Módulo 12

42. Paulo se diz injustiçado por seus acusadores - Ouvida a acusação feita pelos judeus, Paulo, atendendo a um sinal do governador, respondeu: “Sei que já desde muitos anos és o juiz desta nação e é com plena confiança que faço minha defesa. Podes verificar: não faz mais de doze dias que subi a Jerusalém para o culto. Ninguém me encontrou no Templo discutindo com pessoa alguma, nem incitando o povo a um levante, seja nas sinagogas, seja pela cidade. Não poderão te apresentar nenhuma prova das coisas de que agora me acusam. Mas isto eu admito: segundo a Doutrina que chamam de seita, estou a serviço de Deus de nossos pais, crendo tudo o que está escrito na Lei e nos Profetas. E alimento em Deus a esperança -- e estes também o fazem -- de que haverá uma ressurreição dos justos e dos ímpios. Eis por que me esforço por conservar sempre uma consciência irrepreensível diante de Deus e dos homens. Ora, depois de vários anos, vim trazer esmolas para o meu povo e apresentar oferendas. Foi nessa ocasião que me encontraram no Templo, depois de cumprir o rito das purificações. Não havia nem ajuntamento de povo nem tumulto. Mas certos judeus da Ásia foram ter comigo. Eles deveriam comparecer diante de ti para fazer acusações, no caso de terem alguma coisa contra mim, ou, então, estes aqui presentes, digam qual o crime que acharam em mim quando compareci perante o Conselho”. Dito isto, Paulo acrescentou: “Eles só podem apresentar esta frase que eu gritei, de pé, na presença deles: É por causa da ressurreição dos mortos que hoje estou sendo julgado diante de vós”. (Atos, 24:10 a 24:21.)

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 13

Módulo 13

45. O rei Agripa resolve conhecer e ouvir Paulo - O rei Agripa, após escutar o interessante relato, disse a Festo que ele também gostaria de ouvir Paulo. Festo respondeu: “Amanhã poderás ouvi-lo”. No dia seguinte, estando Agripa e Berenice na sala de audiência, acompanhados de altos oficiais e das pessoas mais importantes da cidade, Paulo foi chamado e apresentado por Festo, que disse ao visitante e às demais pessoas as seguintes palavras: “Rei Agripa e vós todos, cidadãos aqui presentes! Tendes diante dos olhos esse homem, por causa do qual todos os judeus apelaram a mim, em Jerusalém e nesta cidade, gritando que ele não mais poderia ser deixado com vida. Mas eu estou convencido de que ele não cometeu coisa alguma que mereça a morte. E, tendo ele apelado para César, resolvi enviá-lo. Mas não tenho nada de concreto para escrever ao Soberano. Por isso é que eu o apresentei a vós, e especialmente a ti, rei Agripa, para, depois dessa sessão, ter alguma coisa que possa escrever, porque me parece absurdo enviar um prisioneiro sem indicar claramente quais são as acusações apresentadas contra ele”. (Atos, 25:22 a 25:27.)

Estudo do livro Atos dos Apóstolos - 14

Módulo 14

48. Os marinheiros tentam abandonar o navio, mas Paulo os impede - Durante a décima quarta noite, enquanto o navio era arrastado pelo Adriático, por volta da meia-noite os marinheiros suspeitaram de que estavam perto de terra firme. Lançando uma sonda, verificaram que a profundidade era de vinte braças; logo depois tornaram a lançá-la e mediram quinze braças. Com medo de bater contra os recifes, eles jogaram as quatro âncoras da popa, suspirando ansiosamente pelo clarear do dia. Nesse momento, os marinheiros resolveram abandonar o navio, e, fingindo que iam jogar as âncoras da proa, já estavam baixando ao mar o bote salva-vidas, quando Paulo disse ao oficial e seus soldados: “Se eles não ficarem a bordo, não haverá salvação para vós”. Os soldados cortaram, então, as amarras do bote e o deixaram cair no mar. Decidiu-se esperar, desse modo, o dia clarear, enquanto Paulo recomendou a todos que tomassem algum alimento, dizendo-lhes: “Hoje completais quatorze dias de expectativa em completo jejum e ainda não provastes nada. Eu vos aconselho comer alguma coisa, pois isto é para a vossa salvação. Nenhum de vós perderá um só cabelo da cabeça”. Dito isto, tomou um pão, deu graças a Deus na presença de todos, partiu e começou a comer. Vendo-o, todos se animaram e comeram também. (Atos, 27:27 a 27:36.)

Deus e o princípio espiritual

1. A existência do princípio espiritual é um fato que, por assim dizer, não precisa de demonstração, do mesmo modo que o da existência do princípio material. É, de certa forma, uma verdade axiomática. Ele se afirma pelos seus efeitos, como a matéria pelos que lhe são próprios.

De acordo com este princípio: “Todo efeito tendo uma causa, todo efeito inteligente há de ter uma causa inteligente”, ninguém há que não faça distinção entre o movimento mecânico de um sino que o vento agite e o movimento desse mesmo sino para dar um sinal, um aviso, atestando, só por isso, que obedece a um pensamento, a uma intenção. Ora, não podendo acudir a ninguém a ideia de atribuir pensamento à matéria do sino, tem­-se de concluir que o move uma inteligência à qual ele serve de instrumento para que ela se manifeste.

Pela mesma razão, ninguém terá a ideia de atribuir pensamento ao corpo de um homem morto. Se, pois, vivo, o homem pensa, é que há nele alguma coisa que não há quando está morto. A diferença que existe entre ele e o sino é que a inteligência, que faz com que este se mova, está fora dele, ao passo que está no homem a que faz que este obre.

A visão de Deus

31. Se Deus está em toda parte, por que não o vemos? Vê-lo-emos quando deixarmos a Terra? Tais as perguntas que se formulam todos os dias. À primeira é fácil responder. Por serem limitadas as percepções dos nossos órgãos visuais, elas os tornam inaptos à visão de certas coisas, mesmo materiais. Alguns fluidos nos fogem totalmente à visão e aos instrumentos de análise; entretanto, não duvidamos da existência deles. Vemos os efeitos da peste, mas não vemos o fluido que a transporta; vemos os corpos em movimento sob a influência da força de gravitação, mas não vemos essa força.

32. Os nossos órgãos materiais não podem perceber as coisas de essência espiritual. Unicamente com a visão espiritual é que podemos ver os Espíritos e as coisas do mundo imaterial. Somente a nossa alma, portanto, pode ter a percepção de Deus. Dar-se-á que ela o veja logo após a morte? A esse respeito, só as comunicações de além-túmulo nos podem instruir. Por elas sabemos que a visão de Deus constitui privilégio das mais purificadas almas e que bem poucas, ao deixarem o envoltório terrestre, se encontram no grau de desmaterialização necessária a tal efeito. Uma comparação vulgar o tornará facilmente compreensível.

A providência divina

20. A providência é a solicitude de Deus para com as suas criaturas. Ele está em toda parte, tudo vê, a tudo preside, mesmo às coisas mais mínimas. É nisto que consiste a ação providencial. “Como pode Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, imiscuir-se em pormenores ínfimos, preocupar-se com os menores atos e os menores pensamentos de cada indivíduo?” Esta a interrogação que a si mesmo dirige o incrédulo, concluindo por dizer que, admitida a existência de Deus, só se pode admitir, quanto à sua ação, que ela se exerça sobre as leis gerais do universo; que este funcione de toda a eternidade em virtude dessas leis, às quais toda criatura se acha submetida na esfera de suas atividades, sem que haja mister a intervenção incessante da Providência.

21. No estado de inferioridade em que ainda se encontram, só muito dificilmente podem os homens compreender que Deus seja infinito. Vendo-se limitados e circunscritos, eles o imaginam também circunscrito e limitado. Imaginando-o circunscrito, figuram-no quais eles são, à imagem e semelhança deles. Os quadros em que o vemos com traços humanos não contribuem pouco para entreter esse erro no espírito das massas, que nele adoram mais a forma que o pensamento. Para a maioria, é ele um soberano poderoso, sentado num trono inacessível e perdido na imensidade dos céus. Tendo restritas suas faculdades e percepções, não compreendem que Deus possa e se digne de intervir diretamente nas pequeninas coisas.

A natureza divina

8. Não é dado ao homem sondar a natureza íntima de Deus. Para compreendê-lo, ainda nos falta o sentido próprio, que só se adquire por meio da completa depuração do Espírito. Mas, se não pode penetrar na essência de Deus, o homem, desde que aceite como premissa a sua existência, pode, pelo raciocínio, chegar a conhecer-lhe os atributos necessários, porquanto, vendo o que ele absolutamente não pode ser, sem deixar de ser Deus, deduz daí o que ele deve ser. Sem o conhecimento dos atributos de Deus, impossível seria compreender-se a obra da criação. Esse o ponto de partida de todas as crenças religiosas e é por não se terem reportado a isso, como ao farol capaz de as orientar, que a maioria das religiões errou em seus dogmas. As que não atribuíram a Deus a onipotência imaginaram muitos deuses; as que não lhe atribuíram soberana bondade fizeram dele um Deus cioso, colérico, parcial e vingativo.

9. Deus é a suprema e soberana inteligência. É limitada a inteligência do homem, pois que não pode fazer, nem compreender tudo o que existe. A de Deus, abrangendo o infinito, tem que ser infinita. Se a supuséssemos limitada num ponto qualquer, poderíamos conceber outro ser mais inteligente, capaz de compreender e fazer o que o primeiro não faria e assim por diante, até ao infinito.

Existência de Deus

1. Sendo Deus a causa primária de todas as coisas, a origem de tudo o que existe, a base sobre que repousa o edifício da criação, é também o ponto que importa consideremos antes de tudo.

2. Constitui princípio elementar que pelos seus efeitos é que se julga de uma causa, mesmo quando ela se conserve oculta. Se, fendendo os ares, um pássaro é atingido por mortífero grão de chumbo, deduz-se que hábil atirador o alvejou, ainda que este último não seja visto. Nem sempre, pois, se faz necessário vejamos uma coisa, para sabermos que ela existe. Em tudo, observando os efeitos é que se chega ao conhecimento das causas.

3. Outro princípio igualmente elementar e que, de tão verdadeiro, passou a axioma é o de que todo efeito inteligente tem que decorrer de uma causa inteligente. Se perguntassem qual o construtor de certo mecanismo engenhoso, que pensaríamos de quem respondesse que ele se fez a si mesmo? Quando se contempla uma obra-prima da arte ou da indústria, diz-se que há de tê-la produzido um homem de gênio, porque só uma alta inteligência poderia concebê-la. Reconhece-se, no entanto, que ela é obra de um homem, por se verificar que não está acima da capacidade humana; mas, a ninguém acudirá a ideia de dizer que saiu do cérebro de um idiota ou de um ignorante, nem, ainda menos, que é trabalho de um animal, ou produto do acaso.

Deus e o infinito


1. Que é Deus?

 “Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.”

2. Que se deve entender por infinito?

“O que não tem começo nem fim: o desconhecido; tudo o que é desconhecido é infinito.”

3. Poder-se-ia dizer que Deus é o infinito?

“Definição incompleta. Pobreza da linguagem humana, insuficiente para definir o que está acima da linguagem dos homens.”

Deus é infinito em suas perfeições, mas o infinito é uma abstração. Dizer que Deus é o infinito é tomar o atributo de uma coisa pela coisa mesma, é definir uma coisa que não está conhecida por uma outra que não o está mais do que a primeira.

Allan Kardec, O livro dos espíritos, cap. I 

Provas da existência de Deus


4. Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?

“Num axioma que aplicais às vossas ciências. Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”

Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da Criação. O Universo existe, logo, tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.

Atributos de Deus


10. Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus?

“Não; falta-lhe para isso o sentido.”

11. Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade?

“Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria. Quando, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá.”

Panteísmo

14. Deus é um ser distinto, ou será, como opinam alguns, a resultante de todas as forças e de todas as inteligências do Universo reunidas?

“Se fosse assim, Deus não existiria, porquanto seria efeito e não causa. Ele não pode ser ao mesmo tempo uma e outra coisa. “Deus existe; disso não podeis duvidar e é o essencial. Crede-me, não vades além. Não vos percais num labirinto donde não lograríeis sair. Isso não vos tornaria melhores, antes um pouco mais orgulhosos, pois que acreditaríeis saber, quando na realidade nada saberíeis. Deixai, consequentemente, de lado todos esses sistemas; tendes bastantes coisas que vos tocam mais de perto, a começar por vós mesmos. Estudai as vossas próprias imperfeições, a fim de vos libertardes delas, o que será mais útil do que pretenderdes penetrar no que é impenetrável.”

15. Que se deve pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza, todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divindade e constituiriam, em conjunto, a própria Divindade, ou, por outra, que se deve pensar da doutrina panteísta?

Princípio espiritual

1. A existência do princípio espiritual é um fato que, por assim dizer, não precisa de demonstração, do mesmo modo que o da existência do princípio material. É, de certa forma, uma verdade axiomática. Ele se afirma pelos seus efeitos, como a matéria pelos que lhe são próprios.

De acordo com este princípio: “Todo efeito tendo uma causa, todo efeito inteligente há de ter uma causa inteligente”, ninguém há que não faça distinção entre o movimento mecânico de um sino que o vento agite e o movimento desse mesmo sino para dar um sinal, um aviso, atestando, só por isso, que obedece a um pensamento, a uma intenção. Ora, não podendo acudir a ninguém a ideia de atribuir pensamento à matéria do sino, tem­-se de concluir que o move uma inteligência à qual ele serve de instrumento para que ela se manifeste.

Pela mesma razão, ninguém terá a ideia de atribuir pensamento ao corpo de um homem morto. Se, pois, vivo, o homem pensa, é que há nele alguma coisa que não há quando está morto. A diferença que existe entre ele e o sino é que a inteligência, que faz com que este se mova, está fora dele, ao passo que está no homem a que faz que este obre.