Que é ser médium
Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência
dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não
constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso, raras são as pessoas
que dela não possuam alguns rudimentos.
Apesar disso, só chamamos de médiuns aqueles em que a
faculdade mediúnica se mostra caracterizada e se traduz por efeitos patentes,
de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva.
A percepção das influências espirituais se dá pelo fenômeno mental da sintonia, ou seja, nossa mente, sendo um núcleo de forças inteligentes, gera pensamentos que, ao se exteriorizarem, entram em comunhão com as faixas de ideias do mesmo teor vibratório, estabelecendo-se, assim, a sintonia. Atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos.
Mediunidade e Doutrina Espírita
Achando-se a mente na base de todas as manifestações
mediúnicas, é imprescindível enriquecer o pensamento,
incorporando-lhe tesouros morais e culturais. A mediunidade, pois, não basta
por si mesma. Sendo uma faculdade própria da espécie humana, ela existe desde as
épocas mais remotas, mas foi somente na Doutrina Espírita que encontrou um
sentido mais elevado e disciplinado.
Como os historiadores informam, Sócrates referia-se ao
amigo invisível que o acompanhava constantemente. Plutarco reporta-se ao
encontro que Bruto teve certa noite com um de seus perseguidores desencarnados.
Pausânias, no templo de Minerva, em Roma, ali condenado a morrer de fome,
aparecia e desaparecia aos olhares de circunstantes assombrados, durante largo
tempo. Nero, nos últimos dias de seu governo, viu-se fora do corpo carnal,
junto de Agripina e Otávia, sua genitora e esposa, ambas assassinadas por sua
ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo.
Com o advento do Cristianismo, a mediunidade atingiu a
sublimação com as manifestações provocadas por Jesus e, mais tarde, por seus
apóstolos. E na Idade Média prosseguiu vitoriosa nos feitos de Francisco de
Assis, nas visões de Lutero e nos desdobramentos de Tereza d’Ávila, para
culminar, nos tempos modernos, nas prodigiosas manifestações de Swedenborg.
O dom mediúnico, por ser uma conquista evolutiva da
Humanidade, não deve limitar-se a mera produção de fenômenos. O médium
consciente do seu papel precisa buscar disciplina e iluminação íntimas, para
tornar-se um instrumento de progresso, com vistas à felicidade própria e
coletiva.
Tipos de mediunidade
Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para
determinados fenômenos, do que resulta uma variedade muito grande de
manifestações e de sensitivos, a saber: médiuns de efeitos físicos, médiuns
sensitivos ou impressionáveis, médiuns audientes, médiuns videntes, médiuns
sonambúlicos, médiuns curadores, médiuns pneumatógrafos e médiuns escreventes
ou psicógrafos.
9. Os médiuns de efeitos físicos são aptos a produzir
fenômenos materiais, como o movimento de corpos inertes, ruídos, pancadas,
vozes diretas, materializações, transportes etc. A mediunidade de efeitos
físicos foi muito comum no surgimento do Espiritismo, com o objetivo de chamar
a atenção dos encarnados para as coisas do Além, tal como ocorreu em Hydesville
e depois na França, especialmente a partir de 1848.
Médiuns sensitivos ou impressionáveis são as pessoas
suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão vaga, por uma
espécie de leve roçadura sobre todos os seus membros, não apresentando caráter
bem definido, visto que todos os médiuns são mais ou menos sensitivos. Essa
faculdade pode adquirir tal sutileza, que aquele que a possui reconhece não só
a natureza, boa ou má, do Espírito que está ao lado, mas até a sua
individualidade, como o cego reconhece a aproximação de tal ou tal pessoa.
O meio de comunicação considerado mais
completo
Os médiuns audientes ouvem a voz dos Espíritos, algumas
vezes uma voz interior, que se faz ouvir no foro íntimo, doutras vezes uma vez
exterior, clara e distinta, qual a de uma pessoa viva, podendo até realizar
conversação com os Espíritos, que podem ser agradáveis ou desagradáveis,
dependendo do nível do Espírito comunicante.
Os médiuns falantes transmitem a mensagem espírita
através da fala. Os Espíritos atuam sobre o órgão da fala, como atuam sobre a
mão dos médiuns escreventes.
Os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os
Espíritos. Alguns a possuem no estado normal, ou seja, acordados, lembrando-se
do que viram, outros só a possuem em estado sonambúlico, ou próximo do
sonambulismo, que quase sempre é efeito de uma crise passageira.
Médium sonambúlico é aquele que, nos momentos de
emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. Muitos
sonâmbulos veem perfeitamente os Espíritos e os descrevem com precisão, como os
médiuns videntes. Podem conversar com eles e transmitir-nos seus pensamentos.
Médiuns curadores são aqueles que têm o dom de curar pelo
simples toque, pelo olhar ou pela imposição das mãos, sem uso de medicação. É a
ação do magnetismo animal que produz a cura, mas essa faculdade deve ser
classificada como mediunidade porque as pessoas que possuem esse dom não agem
sozinhos, mas auxiliados por Espíritos que se dedicam a essa tarefa.
Médiuns pneumatógrafos são os que produzem a escrita
direta, sem tocarem no lápis ou no papel. Já os médiuns escreventes ou
psicógrafos transmitem a mensagem espiritual utilizando lápis e papel.
Falando sobre a psicografia, Kardec diz que, de todos os
meios de comunicação, a escrita manual é o mais simples, o mais cômodo e o mais
completo. Para esse meio de[1]vem tender todos os
esforços, porquanto ele permite se estabeleçam com os Espíritos relações
continuadas e regulares, como as que existem entre nós, e é por ele que os
Espíritos revelam melhor sua natureza e o grau do seu aperfeiçoamento ou de sua
inferioridade.
Fonte
Iniciação à doutrina espírita; Astolfo Olegário O. Filho; EVOC; PR.
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