“As grandes ideias não surgem nunca subitamente; as que têm por base a verdade têm sempre seus precursores que lhes preparam parcialmente os caminhos...” Kardec, O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Q.622 – Livro dos Espíritos: “Deus deu a certos homens a missão de revelar sua lei?”
“Sim, certamente. Em todos os tempos, homens receberam essa missão. São os
Espíritos Superiores encarnados com o objetivo de fazer a humanidade avançar. ”
Sócrates e Platão foram, com certeza, missionários do Alto, que nos séc. V e IV
a.C., respectivamente, vieram preparar o terreno para o Cristianismo e para o
Espiritismo.
1- SÓCRATES
(469
-399 a.C.) “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus.”
Nasceu em Atenas, no séc. de Péricles (momento áureo da cultura grega) e era
filho de um escultor e de uma parteira.
Sócrates acreditava ter uma missão, devido à declaração do Oráculo de Delfos,
de que “era o mais sábio dos homens” e que ele deduziu assim ser porque ele já
tinha consciência de que nada sabia (“Só sei que nada sei”).
Julgava que a sua missão seria, então, a de auxiliar todas as pessoas a
lembrarem de seus arquivos, acessando aquilo que possuíam e que estava
adormecido: a autoconsciência.
Julgava-se no dever de converter os cidadãos de Atenas à sabedoria e à virtude.
Não valorizava os prazeres mundanos, mas o belo, o bom e o justo. Por isso, é
conhecido como o “Pai da ética e da moral”.
Sócrates e Platão inauguram a era dos “filósofos perquiridores”.
“Como conhecermos as coisas, sem nos conhecermos a nós mesmos?”
Sócrates ensinava os jovens a “pensarem por si mesmos”, a “bem pensar (filosofar), para bem viver (viver dentro da moral)”: o formoso ideal da prática do bem e da fraternidade.
Possuía uma capacidade ímpar de dialogar com todos. Era mestre em elaborar perguntas, levando seus interlocutores a reconhecerem os equívocos existentes no conhecimento que julgavam ter, sem colocar-se, jamais, como “o dono da verdade”. Apresentava-se sempre como alguém que “só sabia que nada sabia”.
Seu método: ironia/maiêutica/introspecção/ignorância/indução/definição (conceito/essência).
Seu objetivo: o perfeito conhecimento do homem (autoconhecimento) que o conduz à moral (o centro de sua filosofia).
Sócrates despertava, a seu modo, as inteligências para o exercício da abstração, da reflexão filosófica. Afinal, como ele próprio afirmava: “Uma vida não examinada (refletida) não vale a pena ser vivida. ”
Buscava, dessa forma, colaborar para que todos encontrassem a verdade adormecida dentro de si mesmos. Ele se considerava um “parteiro de ideias” (método da maiêutica), pois que a sabedoria (as respostas) já se encontrava dentro de cada um.
Vide questão 621 do Livro dos Espíritos: “Onde está escrita a lei de Deus? Na consciência. ”
Os homens, para Sócrates, eram possibilidades de sabedoria, ou sabedoria em potência.
Acreditava nos valores humanos e na eficácia de uma busca sincera da verdade. Buscava o conceito, a essência de tudo.
Para ele, o virtuoso era sábio e o malvado era ignorante.
Identificava os cuidados com a alma com a suprema moral do homem. Dizia que o único meio de alcançar a felicidade ou semelhança com Deus (fim supremo do homem) é a prática da virtude. A virtude seria adquirida com a sabedoria (ambas se identificavam).
Reconhecia, também, acima das leis mutáveis e escritas, a existência de uma lei natural, universal, fonte primordial de todo direito positivo, expressão da vontade divina, promulgada pela voz interna da consciência.
Sócrates era médium. Constantemente, recebia orientações de seu “daimon” (Espírito Protetor), bem como entrava em “êxtase”. Referindo-se a isso, explicava: “Tal fato começou comigo em criança...” “Uma voz ressoa em mim e toda vez que ela se manifesta, me desvio daquilo que estou para fazer.”
Algumas semelhanças com a vida de Cristo
Não deixou nada escrito; dialogava indistintamente com todas as classes sociais; não se intimidava, nem era conivente com outros por interesses próprios; era extremamente paciente e sensato; gostava de “dialogar/ filosofar” em praça pública, semeando a fraternidade e a prática do bem; nada cobrava; foi condenado injustamente sob a acusação de haver atacado as crenças tradicionais, de corromper a juventude e de ir contra os valores vigentes.
Condenado a morrer ingerindo cicuta (veneno), poderia ter fugido, mas ele considerou a verdade e o exemplo mais importantes do que sua existência no corpo. Não negou os seus princípios.
Disse aos discípulos (que haviam negociado a sua fuga da prisão) que, “após subornar uma consciência, não poderia mais falar da verdade, da justiça e do bem.” E confortou os amigos dizendo que só o seu corpo iria ser enterrado. Seu Espírito era imortal!
2- PLATÃO
(427
a 347 a.C.).
Nascido em Atenas, de família aristocrática, desiste da política para
dedicar-se à filosofia.
Principal discípulo de Sócrates. É, sobretudo através de suas obras, que
conhecemos as ideias de Sócrates.
Platão é uma das maiores figuras de todos os tempos. Traz uma das mensagens
mais nobres à Humanidade: poderoso apelo aos ideais ultra terrenos.
Ensina: o desprezo pelos prazeres, honras e riquezas; renúncia aos bens do
corpo, provando a existência de uma esfera inteligível, imaterial, a única que
vale a pena ser vivida: o “mundo das ideias” (preparando para o conceito de
Pátria Espiritual).
Considera a existência de dois mundos:
1- Sensível (físico/
material/mundo das sombras/das ilusões
2- Inteligível (metafísico/ mundo das ideais/do real/da verdade)
O homem é um ser dual: corpo que flui (passa/perecível) e
alma imortal (onde mora a razão).
Platão dizia: “A natureza do homem é racional, mas encontra no corpo, não um
instrumento, mas um obstáculo.”
O mito era um recurso muito usado por Platão para tornar mais claras as suas
ideias. Ex. “o mito da caverna” (história da evolução humana. O homem sai da
ignorância para o plano da consciência).
No mito de ER, propõe a purificação da alma (que é imortal e reencarna muitas
vezes).
Alma: é o que anima o corpo e lhe dá
a vida e o movimento.
Destino da alma após a morte: algumas, muito ligadas à matéria, ficam presas à
Terra e podem encarnar até em animais: metempsicose.
Só as que se desligarem, em situação de total pureza é que serão “deuses”. As
almas, ciclicamente, recaem nos corpos e sobem aos céus.
Inovação: não é Deus que decide a
nossa vida (ao contrário do que a maioria pensava). Nós é que escolhemos uma
vida moral ou de vício. A culpa cabe a quem decide. Deus não tem culpa.
Nós somos os responsáveis (sempre no comando das coisas). As almas, antes de
caírem nos corpos, bebem da água do esquecimento, no rio Lethé.
Mito do carro alado: a alma humana:
uma biga com dois cavalos alados (um bom e outro ruim), que precisa voar e
atingir o topo, a Planície da Verdade: o mundo
das ideias, para não necessitar mais voltar à Terra. Porém, para os
humanos, isso é extremamente difícil, pois os cavalos brigam, perdem as asas e
acabam caindo (reencarnam).
As almas purificadas: uma biga com
dois cavalos bons, que não brigam e as levam ligeiro para os céus, onde
contemplam o ser e não caem mais num corpo na Terra. Não necessitam mais
reencarnar.
Para Platão, amor: é o desejo do
belo, do bom, da sabedoria, da felicidade, da imortalidade e do absoluto. Esse
é o “amor platônico” a ser buscado por todos, mas define, também, outros tipos
de amor.
No ponto mais alto do inteligível, está o ente divino ou o divino
impessoal (que criou o “chora”: matéria com que fez o mundo) e que só é
compreendido através do intelecto, da intuição, do raciocínio puro e com os
olhos do Espírito. O ponto mais alto da hierarquia do “mundo das ideias”. Visão
monoteísta.
Há também os deuses pessoais (mediadores, protetores, “daimons”) subordinados ao divino impessoal.
Para Platão, as ideias fundamentais são inatas. A melhor coisa que os sentidos
fazem é despertar a consciência para o que já sabe: anamnese (recordar o
que já existe desde sempre dentro da alma): teoria das reminiscências.
Sócrates e Platão pressentiram as ideias cristãs e, por conseguinte, as
espíritas. Vejamos:
·
existência de Deus único, absoluto (a que os
outros “deuses” se submetiam (e superiores)
·
princípio da imortalidade da alma/ sua
preexistência/reencarnação sucessiva/evolução espiritual
·
comunicação entre o mundo espiritual e o
mundo material
·
reencarnação como consequência das
imperfeições - a vida aqui é uma “prova”
·
fé raciocinada: filosofar para chegar à verdade
·
o sensível (os sentidos) é o instrumento do
inteligível e o instinto deve estar subordinado à razão
·
o controle é sempre da alma; o controle da
natureza e do corpo nos leva ao raciocínio, ao conhecimento e, portanto, à
evolução.
Arthur Conan Doyle
Escritor
e historiador inglês, em sua obra “História do Espiritismo”, lembramos de que
os fatos espíritas sempre existiram, aludindo a uma época a que chamou de pré-história
do Espiritismo, com fatos da antiguidade e da Idade Média. Todavia, prefere
apontar como foco de onde teria se irradiado o Espiritismo, Emmanuel Swedenborg
(169 anos antes de O Livro dos Espíritos, de Kardec), considerado um dos
“batedores” da “invasão espiritual organizada” (1848 a 1858), que a Terra
receberia com o intuito de despertar a atenção para a existência do Plano
Espiritual e suas revelações futuras.
Segundo José Herculano Pires, no prefácio da obra acima citada: “Esta concepção
de Conan Doyle está de pleno acordo com as explicações que os Espíritos deram a
Kardec, a respeito de tal assunto.”
(1688
– 1772) Estocolmo – Suécia
Precursor do Espiritismo, lançou-se literalmente, na elaboração de uma
doutrina, ajudado por sua magnífica cultura e inteligência.
Dominava, praticamente, todo saber científico e literário de sua época.
Poliglota: falava nove idiomas. Foi
assessor do rei e elevado a nobre. Seu túmulo encontra-se entre os reis e o seu
retrato pintado, encontra-se à entrada da Academia de Ciências de Estocolmo
(considerado o maior cientista do país). Possuía conceituado número de obras
publicadas, sendo, também, o autor de muitas invenções.
Era cristão devotado e profundo conhecedor da Bíblia.
Aos 56 anos de idade, em 1744, relatou um fato espantoso, que mudou a sua vida:
o “Senhor” que a ele apareceu, dera-lhe a missão de ser o porta-voz da
revelação do sentido interno ou espiritual da Bíblia, até então, oculto.
Teve visões notáveis do mundo espiritual (posteriormente confirmadas por Kardec
e André Luiz) e os escritos admiráveis desse período influenciaram as mentes
humanas.
Isso deu motivo para que seus contraditores o acusassem de loucura, pondo em
dúvida sua respeitada reputação de cientista.
Suas obras foram tidas como heréticas, embora sempre se declarasse “um servo de
Jesus Cristo”. Sofreu forte perseguição por parte dos religiosos cristãos, em
seu país, onde teve seus livros proibidos.
Todavia, não parou de escrever, durante os 27 anos que lhe restaram de vida.
Acreditava que sua obra seria para um futuro distante. Escreveu mais de 40
títulos de análise e interpretação da “palavra” na Bíblia.
Swedenborg costumava descrever como ocorriam os fenômenos que o colocavam em
contato permanente com o mundo espiritual.
Era médium de efeitos físicos (descreve o ectoplasma), vidente, clarividente e
audiente. Exemplo: o famoso incêndio de Estocolmo, por ele descrito, a 405 km
do local em que se encontrava.
Sua missão: divulgar os
conhecimentos que adquirisse em contato com o mundo espiritual.
O seu erro foi acreditar em tudo o que os Espíritos lhe ditavam, sem passar
pelo crivo da razão e do bom senso.
Sua mente privilegiada e sua cultura foram-lhe, de certa maneira, prejudiciais,
pois que ele adulterou os resultados do que lhe foi permitido observar nesse
mundo espiritual, e levaram-no a querer criar uma Teologia própria, não
aceitando opiniões contrárias às suas. Tentou criar uma nova religião “a nova Jerusalém”,
fundamentada em suas opiniões pessoais. Suas explicações deveriam ser aceitas
sem discussões. Afinal, era o único que poderia esclarecer o sentido oculto das
palavras bíblicas, ajudado pelos “anjos”. Essa pretensão levou-o a convencer-se
de que era infalível.
Não soube usar o bom-senso e fracassou na missão que lhe fora confiada pelos
Espíritos Superiores.
Tornou-se um místico, distante da experiência científica de antes. A elaboração
de sua obra não foi filosófica, nem científica, mas teológica.
Ele se considerava eleito para uma missão espiritual, senhor de uma revelação
pessoal e, portanto, incumbido de ensinar de forma dogmática, o que lhe era
revelado.
O que vale na obra de Swedenborg não é a interpretação pessoal dos fatos, mas
os fatos em si, confirmados posteriormente pela observação e pela experiência
espírita, dando aos homens uma concepção nova da vida presente e da futura.
Dentre as ideias precursoras do Espiritismo presentes em sua obra, podemos
citar:
- Anjos e demônios: seres humanos desencarnados, em
diferentes fases de evolução. Não diferentes de nós.
- Descrição do mundo espiritual (cidade): igual a
Kardec e André Luiz. Muito semelhante à vida na Terra.
- As várias esferas, com diferentes graus de
luminosidade e de felicidade, para uma das quais iremos, de acordo com
nossa condição espiritual
- A morte é suave. Seres celestiais auxiliam os
recém-chegados.
- O homem nada perde, nem se modifica com a morte.
- Aqueles que saem da Terra velhos, doentes, podem
recuperar a juventude e o completo vigor.
- Inferno: não como castigo eterno (possibilidade de
sair e ir para locais superiores, purificando-se)
- Nuvem densa ao redor da Terra: grosseria psíquica
humana
Em 16 de setembro de 1859, Swedenborg (Espírito) deu comunicação a Kardec, registrada na Revista Espírita do mesmo ano, na qual afirma que o Espírito que lhe aparecia dizendo ser o “Senhor”, era, na verdade, um Espírito inferior, que assim agia não por maldade, mas por ignorância. Reconheceu, também, que as ilusões dele próprio (Swedenborg) o haviam influenciado.
4 - ANDREW JACKSON DAVIS
(1826
– 1910) EUA (margens do rio Hudson)
De família humilde e com pouca escolaridade, é considerado um dos maiores médiuns
de sua época, tanto pelos fenômenos que produzia, como por seus livros. Sua
mediunidade desabrochou aos 17 anos de idade.
1º. A audiência (vozes que lhe davam
bons conselhos)
2º. A clarividência (notável visão por
ocasião da morte de sua mãe)
3º. Faculdade rara: descrever o corpo humano (que é transparente aos olhos
espirituais) dizia “Os órgãos são claros e transparentes, mas aparecem escuros
quando enfermos.”
4º. Faculdade de transporte: uma força estranha o fez voar cerca de 40 milhas
de distância para conversar, no alto de uma montanha, com Galeno (médico romano
do início da era cristã) e Swedenborg.
Fazia conferências de alto nível filosófico e científico, incompatível com sua
parca cultura.
Descreveu, em detalhes, o processo desencarnatório.
Em 1856, profetizou o aparecimento do automóvel e da máquina de escrever, bem
como a força motriz capaz de fazer o homem cortar os ares.
Em 1847, previu o aparecimento do Espiritismo, nos seus “Princípios da
Natureza”, quando “os espíritos se comunicarão, tal qual já acontece em Marte,
Júpiter e Saturno.”
Em suas visões espirituais, Davis viu uma disposição do Universo que
correspondia aproximadamente ao que foi descrito por Swedenborg, acrescido do
que foi posteriormente ensinado pelos Espíritos e aceito pelos espíritas. Viu
uma vida semelhante à da Terra.
Seus textos eram de um alto nível moral e intelectual, podendo ser descrito
como um atualizado Cristianismo, com a ética do Cristo aplicada aos problemas
modernos e sem dogmas.
O mérito de A.J.Davis foi o de preparar o terreno para os grandes
acontecimentos da Terceira Revelação.
5 - AS IRMÃS FOX
1848
- Hydesville (vilarejo do Estado de New York)
Família Fox (canadense e metodista) muda-se para Hydesville – EUA, alugando uma
casa cujos ruídos e movimentações de objetos chamam a atenção e atemorizam a
família.
Na noite de 31/3/1848, sucede um fato muito significativo para a evolução dos
fenômenos espíritas: diante de inexplicáveis sons muito altos e contínuos, uma
das filhas do casal, Kate Fox, desafiou a força invisível a repetir batidas
(estalos) que ela dava com os dedos.
E isso ocorreu: a cada número de batidas/estalos dadas por Kate, o
correspondente número de batidas era respondido (telegrafia espiritual/ tiptologia).
Ali estava uma força que possuía uma inteligência no comando e esse era um
importantíssimo ponto de partida. A cada letra, um determinado número de
batidas.
Depois, por iniciativa de um vizinho, substituíram-se as batidas por letras que
eram “arranhadas” pelo Espírito. Foi assim que Mrs. Fox (a mãe) fez-lhe uma
série de perguntas que foram respondidas com acerto. Ao indagar se quem
respondia era um Espírito, a resposta foi afirmativa.
Deu o seu nome, idade, profissão: Charles B. Rosma, 31 anos, mascate que, há
cinco anos, havia sido assassinado (deu o nome do antigo inquilino que o
matara), dentro daquela casa, por causa de 500 dólares. Seu corpo estava
enterrado sob uma parede, na adega, a dez pés de profundidade.
Escavações foram feitas e foi encontrada a ossada com cabelos (de um homem, com
cerca de trinta anos). Mas, a confirmação científica e definitiva só viria 56
anos depois.
Tais efeitos físicos ocorreram devido à grande mediunidade das irmãs Fox: Kate
e Margareth e, posteriormente, em outro local, Leah – a irmã mais velha,
grandes doadoras de ectoplasma.
O fato ocorrido em Hydesville foi fundamental porque atraiu um número enorme de
pessoas simples, práticas, de credibilidade, que testemunharam os fenômenos e
deixaram registros escritos dos mesmos.
A partir dessa ocorrência, as manifestações espirituais começaram a acontecer
em muitos outros locais, lembrando aquela “invasão espiritual” já predita pelo
plano espiritual. O fato também estimulou muitos outros médiuns a se
manifestarem.
As irmãs Fox foram convidadas a dar comunicações e a realizar materializações
em público, em diversas cidades e países, o que deu origem a muito debate (e
confusões), despertando muita curiosidade em torno dos fenômenos espíritas. E
foi essa a principal contribuição delas para o advento do Espiritismo.
1853
-1855 (Paris)
Passatempo
ou diversão quase obrigatória nos grandes salões: as mesas corriam, saltavam,
elevavam-se no ar e respondiam a perguntas pelo número de pancadas. Isso
ocorreu inclusive no Brasil, por influência daqueles que frequentavam, também,
as universidades e as festas da sociedade francesa.
Segundo o Padre Ventura de Raulica, “o fenômeno era o maior acontecimento do
século”: as “Tables Tournantes” ou “Dança das Mesas”.
Convidado a presenciar uma demonstração, Kardec (na época, Prof. Rivail) disse
que: “o fenômeno das mesas girantes podia ter explicação natural: simples ação
do fluido magnético” (que já havia estudado).
Quando lhe disseram que as mesas respondiam às perguntas, através de pancadas
previamente combinadas (telegrafia espiritual), Kardec disse: “Isto agora é
outra questão. Só acreditarei quando me provarem que uma mesa tem um cérebro
para pensar, nervos para sentir e que possa tornar-se sonâmbula.”
Maio de 1855: Em casa da Sra. Plainemaison, Kardec presenciou, pela primeira
vez, o fenômeno das mesas que saltavam, corriam, moviam-se em todos os
sentidos, elevando-se, às vezes, no ar.
Kardec considerou a hipótese de haver uma inteligência por trás de tudo e
iniciou um estudo sério que originou a Doutrina Espírita.
Ninguém imaginou os Espíritos como meio de explicar o fenômeno. Foi o próprio
fenômeno que revelou os Espíritos.
Disseram ser “as almas dos que já viveram na Terra”.
Para Kardec, apesar da simplicidade dos fenômenos, as mesas girantes
representarão sempre o ponto de partida do Espiritismo, cujo marco inicial é
1857, com o lançamento de O Livro dos Espíritos.
Bibliografia
DOYLE, Arthur Conan. Historia do Espiritismo. São Paulo: Editor Pensamento,
1978
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. São Paulo: Instituto de Difusão Espírita,
1974
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. São Paulo: Editora LAKE,1999
PIRES, José Herculano. Os Filósofos. São Paulo: Edições FEESP, 2000
SÃO MARCOS, Manoel Pelicas (Diretor do Curso de Filosofia Espírita) Noções de
História da
Filosofia. São Paulo: Edições FEESP, 1997
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