MEDIUNIDADE
E SINTONIA
FRANCISCO
CÂNDIDO XAVIER
DITADO
PELO ESPÍRITO EMMANUEL
Prefácio
Alinhando neste livro alguns apontamentos em torno da mediunidade, consideramos que não seria correto esquecer o problema da sintonia.
Mediunidade é força mental, talento criativo da alma,
capacidade de comunicação e de interpretação do espírito, ímã no próprio ser.
Sintonia é acordo mútuo.
Eis porque, examinando a mediunidade e sabendo que a
sintonia se lhe faz inerente, se possível ousaríamos perguntar:
Sintonia para que e com quem?
Parafraseando o antigo provérbio “Dize-me com quem andas
e dir-te-ei quem és”, concluiremos que basta a pessoa explicar onde
repetidamente está para sabermos que objetivos ela procura e basta notarmos com
quem anda para que saibamos com quem essa mesma pessoa deseja se parecer.
Através do exposto, reconheceremos que todo aquele coração que palpita e trabalha no campo dos ensinamentos de Jesus, a Jesus se assemelhará.
EMMANUEL
Uberaba, 02 de janeiro de 1986
1
Árvores Humanas
O texto evangélico, ante a luz da Doutrina Espírita, não
se refere aos médiuns categorizando-os por fachos ou estrelas, anjos ou santos.
Com muita propriedade, reporta-se a eles como sendo
árvores frutíferas.
E sabemos, à saciedade, que as árvores produzem segundo a
própria espécie.
Não vivem sem irrigação e sem adubo; entretanto, o
excesso de uma e outro pode perdê-las.
Em verdade, não prescindem do cuidado e do carinho de
cultivadores atentos; contudo, se obrigam a tolerar vento e chuva, canícula e tempestade.
São abençoadas por ninhos e melodias de pássaros amigos;
todavia, suportam pragas que por vezes lhes carcomem as orças e pancadas de criaturas
irresponsáveis que lhes furtam lascas e flores.
Registram a gratidão das almas boas que lhes recolhem o
favor e a utilidade, mas agüentam o assalto de quantos lhes tomam a golpes de violência
ramos e frutos.
E, conquanto estimáveis aos pomicultores, que lhes
garantem a existência, são submetidas por eles mesmos à poda criteriosa e
providencial, com vistas ao rendimento e melhoria da produção.
Assim também são os médiuns da Terra, postos no solo da
experiência para a extensão do bem de todos. E anotemos que, semelhantes às
árvores preciosas, todos eles, por muito dignos, como sucede a qualquer
criatura humana, se elevam em pensamento no rumo do Céu, conservando, porém, os
próprios pés nas dificuldades e deficiências do chão.
2
Fenômeno e Doutrina
Até hoje, os fenômenos mediúnicos que se desdobraram à
margem do apostolado do Cristo se definem como sendo um conjunto de teses
discutíveis, mas os ensinamentos e atitudes do Mestre constituem o maciço de
luz inatacável do Evangelho, amparando os homens e orientando-lhes o caminho.
Existe quem recorra à idéia da fraude piedosa para
justificar a transformação da água em vinho, nas bodas de Caná.
Ninguém vacila, porém, quanto à grandeza moral de Jesus,
ao traçar os mais avançados conceitos de amor ao próximo, ajustando teoria e
prática, com absoluto esquecimento de si mesmo em benefício dos outros, num
meio em que o espírito de conquista legitimava os piores desvarios da multidão.
Invoca-se a psicoterapia para basear a cura do cego
Bartimeu.
Há, todavia, consenso unânime, em todos os lugares, com
respeito à visão superior do Mensageiro Divino, que dignificou a solidariedade
como ninguém, proclamando que “o maior no Reino dos Céus será sempre aquele que
se fizer o servidor de todos na Terra”, num tempo em que o egoísmo categorizava
o trabalho à conta de extrema degradação.
Fala-se em hipnose para explicar a multiplicação dos
pães.
O mundo, no entanto, a uma voz, admira a coragem do
Eterno Amigo que se consagrou aos sofredores e aos infelizes sem qualquer
preocupação de posse terrestre, conquanto pudesse escalar os pináculos
econômicos, numa época em que, de modo geral, até mesmo os expositores de
virtude viviam de bajular as personalidades influentes e poderosas do dia.
Questiona-se em torno do - reavivamento de Lázaro.
Entretanto, não há quem negue respeito incondicional ao
Benfeitor Sublime que revelou suficiente desassombro para mostrar que o perdão
é alavanca de renovação e vida, num quadro social em que o ódio coroado
interpretava a humildade por baixeza.
Debate-se, até agora, o problema da ressurreição dele
próprio.
No entanto, o mundo inteiro reverencia o Enviado de Deus,
cuja figura renasce, dia a dia, das cinzas do tempo, indicando a bondade e a
concórdia, a tolerância e a abnegação por mapas da felicidade real, no centro
de cooperadores que se multiplicam, em todas as nações, com a passagem dos séculos.
Recordemos semelhantes lições na Doutrina Espírita.
Fenômenos mediúnicos serão sempre motivos de
experimentação e de estudo, tanto favorecendo a convicção, quanto nutrindo a
polêmica, mas educação evangélica e exemplo em serviço, definição e atitude,
são forças morais irremovíveis da orientação e da lógica, que resistem à dúvida
em qualquer parte.
3
Examina o teu Desejo
Mediunidade é instrumento vibrátil e cada criatura
consciente pode sintonizá-lo com o objetivo que procura.
Médium, por essa razão, não será somente aquele que se
desgasta no intercâmbio entre os vivos da Terra e os vivos da Espiritualidade.
Cada pessoa é instrumento vivo dessa ou daquela
realização, segundo o tipo de luta a que se subordina.
“Acharás o que
buscas” - ensina o Evangelho, e podemos acrescentar - “farás o que desejas.
Assim sendo, se te relegas à maledicência, em breve te
constituirás em veículo dos gênios infelizes que se dedicam à injúria e à
crueldade.
Se te deténs na caça ao prazer dos sentidos, cedo te
converterás no intérprete das inteligências magnetizadas pelos vícios de
variada expressão.
Se te confias à pretensa superioridade, sob a embriaguez
dos valores intelectuais mal aplicados, em pouco tempo te farás canal de
insensatez e loucura.
Todavia, se te empenhas na boa vontade para com os
semelhantes, imperceptivelmente terás o coração impelido pelos mensageiros do
Eterno Bem ao serviço que possas desempenhar na construção da felicidade comum.
Observa o próprio rumo para que não te surjam problemas
de companhia.
Desce à animalidade e encontrarás a extensa multidão
daqueles que te acompanham com propósitos escuros, na retaguarda.
Eleva-te no aperfeiçoamento próprio e caminharás de
espírito bafejado pelo concurso daqueles pioneiros da evolução que te
precederam na jornada de luz, guiando-te as aspirações para as vitórias da
alma.
Examina os teus desejos e vigia os próprios pensamentos,
porque onde situares o coração aí a vida te aguardará com as asas do bem ou com
as algemas do mal.
4
Intercâmbio
Toda vez que um agrupamento de preces se reúne,
observamos sempre rogativas e pensamentos elevados à Esfera Superior, na
expectativa com que se congregam os companheiros encarnados, na procura de
reconforto.
E respondendo, movimentam-se falanges de servidores,
fraternos e amigos, estimulando as obras do bem para a alegria de todos.
São ensinamentos novos que se derramam.
Informações iluminativas que descerram sendas
edificantes.
Bálsamos para chagas abertas.
Remédios para enfermidades diversas.
Auxílios que se estendem à vida mental coletiva.
Bênçãos de consolação que refazem a esperança.
Socorro espiritual às dores comuns. Amparo indistinto por
resposta abençoada do Céu às perguntas aflitivas da Terra.
Não nos esqueçamos, porém, de que o movimento é de
intercâmbio. Se o homem recebe o concurso dos Espíritos Benfeitores, é natural
que os Espíritos Benfeitores algo esperem igualmente do homem.
Nada existe sem permuta ou sem resultado.
O lavrador planta as sementes e recolherá os frutos.
O lapidário auxilia a pedra, que lhe retribui, mais
tarde, com a sua beleza e. brilho.
O idealista sofre a tortura do sonho, para contemplar,
algum dia, o prêmio da realização.
E nós, que tanto temos recebido de Jesus, que oferecemos
em troca?
Que cedemos de nós mesmos, em honra do amor, pelos
benefícios com que o Senhor nos ampara e levanta?
Não alimentemos qualquer dúvida.
A mensagem divina pede a resposta humana.
O anjo cede.
O homem pode contribuir.
No grande campo da sementeira evangélica que a Doutrina
Espírita nos descortina, há muitos recursos do Alto, disseminando consolações e
conhecimentos no mundo. Todavia, não olvidemos que há muito trabalho à nossa
espera.
Não nos esqueçamos.
O apostolado da redenção é da Espiritualidade Superior;
mas é também formado de serviço, fraternidade e colaboração na Terra.
O progresso universal, em todos os tempos, é obra de
intercâmbio.
5
Mediunidade
Mediunidade sem exercicio no bem, é semelhante ao título
profissional sem a função que lhe corresponde.
A medicina é venerável em suas finalidades, mas se o
médico abomina os doentes, não lhe vale o ingresso no apostolado da cura.
A lavoura é serviço que assegura à comunidade o pão de
cada dia, contudo, se o homem do campo odeia o arado, preferindo acomodar-se
com a inércia, debalde a gleba em suas mãos recolherá o apoio do sol e a bênção
da chuva.
Mediunidade não é pretexto para situar-se a criatura no
fenômeno exterior ou no êxtase inútil, à maneira da criança atordoada no
deslumbramento da festa vulgar.
É, acima de tudo, caminho de árduo trabalho em que o
espírito, chamado a servi-la, precisa consagrar o melhor das próprias forças
para colaborar no desenvolvimento do bem.
O médium, por isso, será vigilante cultor do progresso,
assistindo-lhe a obrigação de aprimorar-se incessantemente para refletir com
mais segurança a palavra ou o alvitre, o pensamento ou a sugestão da Vida
Maior.
Nesse sentido, sabendo que a experiência humana é vasta
colméia de luta na qual enxameiam desencarnados de toda sorte, urge saiba
ajustar-se à companhia de ordem superior, buscando no convívio de Espíritos Benevolentes
e Sábios o clima ideal para a missão que lhe compete cumprir, significando isso
disciplina constante no estudo nobre e ação incansável na beneficência em favor
dos outros.
Essa é a única senda de acesso à vida mais alta, através
da qual, auxiliando sem a preocupação de ser auxiliado, servindo sem exigência
e distribuindo, sem retribuição, os talentos que recebe, poderá o medianeiro honrar
efetivamente a mediunidade, por ela espalhando os frutos de Paz e Amor que lhe
repontam da vida, em marcha gradativa para a Grande Luz.
6
Médiuns
Não procures o médium dos Espíritos Benfeitores, qual se
fosses defrontado por um ser sobrenatural.
Quem se empenha a semelhante adoração, copia a atitude
dos companheiros de Moisés, quando se devotavam aos ídolos inativos, com a
diferença de que a nossa fantasiosa adoração estaria centralizada em torno de
um ídolo animado e naturalmente falível.
O médium é um companheiro.
É um trabalhador.
É um amigo.
E é sobretudo nosso irmão, com dificuldades e problemas
análogos àqueles que assediam a mente de qualquer espírito encarnado.
O nosso objetivo é buscar a luz do Espírito, que flui da
lição que se derrama da Vida Maior, e não o garimpo de fenômenos superficiais,
que brilham quais foguetes de artifício, impressionando a imaginação sem
proveito real para ninguém.
Lembremo-nos de que nós outros, os aprendizes do
Evangelho, estamos em torno do Médium de Deus, que é Jesus, há quase dois mil
anos, não mais qual Tomé, sondando-lhe as chagas, mas na posição de discípulos
redivivos, que procuram e encontram, não a figuração material do Senhor, mas a
sua palavra de vida eterna, estruturada no espírito imperecível em que se lhe
gravaram os ensinamentos imortais.
7
Na Senda Renovadora
Não alegues a suposta ingratidão dos outros para desertar
da Seara do bem.
Na engrenagem da vida, cada qual de nós é peça importante
com funções específicas.
Considera o poder de auxiliar que te foi concedido.
Ninguém recebe o conhecimento superior tão-só para o
proveito próprio.
Saibamos dividir o tesouro da compreensão em parcelas de
bondade.
Recorda que te apóias no concurso de muitos corações que
te escoraram, um dia, no recinto doméstico, sem aguardar o brilho de qualquer
premiação.
Revisa as sendas trilhadas e redescobrirás na base da tua
riqueza de espírito um amigo anônimo encanecido entre a dificuldade e
abnegação, ou a assistência de um companheiro que muitas vezes te haverá
desculpado as fraquezas e as incompreensões, a fim de que amadurecesses no
entendimento da vida.
Reflete nisso e concluirás que Deus jamais te falhou no
instante preciso.
Reconhecerás que essa mesma Divina Providência que te
resguardou pelo devotamento de braços alheios, espera agora sejas a proteção
dos nossos irmãos mais fracos.
Não sonegarás benevolência onde repontem agravos.
Lembrar-te-ás da Infinita Bondade do Criador, que
improvisa o oásis na aridez do deserto tanto quanto cultiva o jardim na
amargura do pântano, e amarás sempre, aprendendo a distribuir os talentos de
tuas aquisições espirituais.
Ninguém consegue adivinhar os prodígios do amor que
nascerão de um simples gesto de bondade perante um coração que as
circunstâncias menos felizes relegaram por muito tempo à secura, tanto quanto
ninguém pode prever a alegria dos frutos que virão de uma simples semente
nobre, lançada ao solo por muito tempo largado à negligência.
Seja qual for o contratempo que se te erija em obstáculo
na estrada a percorrer, age para o bem.
Ambientando a fé no próprio íntimo, alterou-se-te a
paisagem no dia a dia.
Faze dela instrumento de trabalho e lâmpada acesa no
caminho.
Quando assinalaste a verdade que te ilumina o espírito,
tiveste o coração automaticamente induzido a integrar a legião dos companheiros
do Cristo, e diante do Cristo nenhum de nós poderá esquecer-lhe a inesquecível
convocação: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
8
Unidos Sempre
Companheiros!
Estamos engajados na construção espiritual da Era Nova.
Convençamo-nos, porém, de que o trabalho é muito mais
amplo na intimidade de nós mesmos, do que no plano externo da ação a desenvolver.
Educar-nos para educar.
Ensinar, a fim de que aprendamos.
Auxiliar para sermos auxiliados.
Honrar a cultura da inteligência com o burilamento do
coração.
A obra é de todos. Cada qual de nós, entretanto, está
situado em tarefa diferente.
Imperioso estudar, de modo a conhecer-nos, e conhecer-nos
para identificar o que se nos faz necessário.
Ninguém dispõe da luz que não acendeu em si mesmo, no
entanto, nenhum de nós está desvalido de recursos, a fim de se iluminar.
Aceitar-nos tais quais somos, de maneira a servirmos com
a realidade que nos é própria e aceitar os outros na condição que os assinala.
Reconhecer que não nos encontramos num torneio de
triunfos angélicos e sim numa concorrência benéfica, à procura de conquistas
humanas.
Sejamos hoje melhores do que ontem.
Não nos detenhamos na impossibilidade de oferecer
prodígios de grandeza de um instante para outro, mas não busquemos interromper
a empreitada de redenção e de amor a que nos empenhamos.
Nunca desconsiderar a ninguém.
Observar que os outros, perante Deus, são portadores de
mensagem determinada, qual sucede a nós mesmos.
Se caímos pelo fascínio da ilusão, é imperioso
reerguer-nos, voluntariamente, tão depressa quanto se nos faça possível, com os
valores da experiência.
Saber que tentação é sinônimo de passado.
“Aqui” e “agora”
são posições de espaço e tempo em que a Divina Providência nos permite plantar
e replantar o futuro e o destino.
Ante a dificuldade — servir.
Diante da incompreensão — servir mais.
Do trabalho nasce a luz para o caminho.
Da caridade surge a solução essencial para todos os
problemas.
Oração e atividade.
Crer e construir.
Entender que nos achamos convidados pelo Cristo de Deus,
através de Allan Kardec, para compreender auxiliando e renovar amando e
iluminando, instruindo e abençoando na edificação do Mundo Novo.
Somos livres por dentro de nós, na escolha de decisões e
diretrizes; servos da disciplina, no campo exterior de nossas realizações,
sustentando a segurança que devemos à harmonia do próximo; lidadores do bem
comum, através de obrigações formadas em estruturas diversas para cada um de
nós; e cultivadores da Verdade sob o compromisso de melhorar-nos em serviço constante.
E acima de tudo, unidos sempre.
Assim venceremos.
9
Mediunidade e nós
Nem sempre conseguirás materializar os amigos da Vida
Maior para satisfazer a sede de verdade que tortura a muitos de nossos
companheiros na Terra, mas sempre podes substancializar essa ou aquela
providência suscetível de prodigalizar-lhes tranqüilidade e consolação.
Nem sempre sonorizarás a voz de desencarnados queridos
para reconforto dos que choram de saudade no mundo; no entanto, sempre podes articular
a frase calmante que lhes transmita encorajamento e esperança.
Nem sempre obterás a mensagem de determinados amigos que
residem no Mais Além, para a edificação imediata dos que sofrem no Plano
Físico; entretanto, sempre podes improvisar algum recurso com que se lhes
restaurem a energia e o bom ânimo.
Nem sempre lograrás a cura de certas enfermidades no
corpo de irmãos padecentes; todavia, sempre podes lenir-lhes o coração e
aclarar-lhes a alma, com o apoio fraterno, habilitando-lhes a mente para a cura
espiritual.
Nem sempre te evidenciarás como sendo um fenômeno, mas
sempre podes, em qualquer tempo, ser o auxílio a quem necessite de amparo.
Médium quer dizer intérprete, medianeiro.
E dar utilidade à própria vida, transformando-nos em
socorro e bênção para os demais, é ser médium do Eterno Bem, sob a inspiração
do Espírito de Jesus Cristo, privilégio que cada um de nós pode usufruir.
10
Em torno da Mediunidade
Ser médium não é simplesmente fazer-se veículo de
fenômenos que transcendem a alheia compreensão.
Acima de tudo, é indispensável entendamos na faculdade
mediúnica a possibilidade de servir, compreendendo-se que semelhante faculdade
é característica de todas as criaturas.
Acontece, porém, que o homem espera habitualmente pelas
entidades protetoras em horas de prova e sofrimento, para arremessar-se ao
estudo e ao trabalho quase sempre com extremas dificuldades de aproveitamento
das lições que o visitam, quando o nosso dever mais simples é o de seguir, em
paz, ao encontro da Espiritualidade Superior, movimentando a nossa própria
iniciativa, no terreno firme do bem.
A própria natureza é pródiga de ensinamentos nesse
particular.
A terra é médium da flor que se materializa, tanto quanto
a flor é medianeira do perfume que embalsama a atmosfera.
O Sol é o médium da luz que sustenta o homem, tanto
quanto o homem é o instrumento do progresso planetário.
Todos os aprendizes da fé podem converter-se em médiuns
da caridade através da qual opera o Espírito de Jesus, de mil modos diferentes,
em cada setor de nossa marcha evolutiva.
Ampara aos teus semelhantes e encontrarás a melhor
fórmula para o seguro desenvolvimento psíquico.
Na plantação da simpatia, por intermédio de uma simples
palavra, estabelecemos, em torno de nós, renovadora corrente de auxílio.
Não aguardes o toque de inteligências estranhas à tua,
para que te transformes no canal da alegria e da fraternidade, a benefício dos
outros e de ti mesmo.
Podes traduzir a mensagem do Senhor, onde quer que te
encontres, aprendendo, amando, construindo e servindo sempre, porque acima dos
médiuns dessa ou daquela entidade espiritual, desse ou daquele fenômeno que muitas
vezes espantam ou comovem, sem educar e sem edificar, permanecem a consciência
e o coração devotados ao Supremo Bem, através dos quais o Senhor se manifesta,
estendendo para nós todos a bênção da vida melhor.
11
Prática Mediúnica
Tudo na vida é afinidade e comunhão, sob as leis
magnéticas que lhe presidem os fenômenos.
Tudo gravita em torno dos centros de atração e
sustentação de forças determinadas e específicas, no plano em que evoluímos
para a Ordem Superior.
A mediunidade não pode igualmente escapar a semelhantes
impositivos.
Almas ignorantes atraem criaturas ignorantes.
Doentes afinam-se com doentes.
Há entidades espirituais que se dedicam ao serviço do
próximo, em companhia daqueles que estimam a prática da beneficência, tanto
quanto existem inteligências desencarnadas que, em desequilíbrio, se devotam a
lamentáveis alterações da tranqüilidade alheia, junto das pessoas
indisciplinadas e insubmissas.
Obsessores vivem com quem estima perseguir e vampirizar e
comunicantes irônicos somente encontram guarida nos companheiros do sarcasmo.
Eis porque, acima da prática mediúnica, examinada sob
qualquer aspecto, situamos o imperativo da educação em nossos círculos
doutrinários.
Amontoam-se vermes onde se congregam frutos
desaproveitados ou apodrecidos, assim como a luz brilha onde encontra força ou
material que lhe sirvam de combustíveis.
O médium receberá sempre de acordo com as atitudes que
adota para si mesmo, perante a vida.
Se irado, sintoniza-se com as energias perturbadas do
desespero; se preguiçoso, vive à vontade com os desencarnados ociosos.
Quem deseje crescer para a Espiritualidade Superior não
pode menosprezar o alfabeto, o livro, o ensinamento e a meditação.
Mediunidade não é exaltação da inércia ou da ignorância.
O médium, para servir a Jesus de modo positivo e
eficiente, no campo da Humanidade, precisa afeiçoar-se à instrução, ao
conhecimento, ao preparo e à própria melhoria, a fim de que se faça filtro de
luz e paz, elevação e engrandecimento para a vida e para o caminho das
criaturas.
Jesus é o nosso Divino Mestre.
Eduquemo-nos com Ele, a fim de que possamos realmente
educar.
12
Estudando o Bem e o Mal
Para que sejamos intérpretes genuínos do bem, não basta
desculpar o mal.
É imprescindível nos despreocupemos dele, em sentido
absoluto, relegando-o à condição de efêmero acessório do triunfo real das Leis
que nos regem.
Evitando comentários complexos em nosso culto à
simplicidade, recorramos à natureza.
Vejamos, por exemplo, o apelo vivo da fonte.
Quantas vezes terá sido injuriada a água que hoje nos
serve à mesa?
Do manancial ao vaso limpo, difícil trajetória cumulou-a
de vicissitudes e provações.
O leito duro de pedra e areia...
A baba venenosa dos répteis...
O insulto dos animais de grande porte...
O enxurro dos temporais...
Os detritos que lhe foram arrojados ao seio...
A fonte, entretanto, caminhou despretensiosa, sem
demorar-se em qualquer consideração aos sarcasmos da senda, até
surpreender-nos, diligente e pura, aceitando o filtro que lhe apura as
condições, a fim de que nos assegure saciedade e conforto.
Segundo observamos, na lição aparentemente infantil, o
ribeiro não somente olvidou as ofensas que lhe foram precipitadas à face.
Movimentou-se, avançou, humilhou-se para auxiliar e
perdoou infinitamente, sem imobilizar-se um minuto, porque a imobilidade para
ele constituiria adesão ao charco, no qual, ao invés de servir, converter-se-ia
tão-só em veículo de corrupção.
E por isso que o ensinamento cristão da caridade envolve
o completo esquecimento de todo mal.
"Que a vossa mão esquerda ignore o bem praticado
pela direita."
Semelhantes palavras do Senhor induzem-nos a jornadear na
Terra, exaltando o bem, por todos os meios ao nosso alcance, com integral despreocupação
de tudo o que represente vaidade nossa ou incompreensão dos outros, de vez que
em qualquer boa dádiva somente a Deus se atribui a procedência.
Procurando a nossa posição de servidores fiéis da
regeneração do mundo, a começar de nós mesmos, pela renovação dos nossos
hábitos e impulsos, olvidemos a sombra e busquemos a luz, cada dia, conscientes
de que qualquer pausa mais longa na apreciação dos quadros menos dignos que
ainda nos cercam será nossa provável indução ao estacionamento indeterminado no
cárcere do desequilíbrio e do sofrimento.
13
Trabalho Além da Terra
Além da morte, a alma continua naquilo que começou a
fazer na existência física.
E em razão de cada criatura transportar consigo a
experiência a que se afeiçoa, a Sabedoria Divina concede a cada espírito
encarnado determinada tarefa, que, na essência, vale por ensaio precioso, à
frente do serviço que lhe competirá no amanhã eterno.
Vemos, na Terra, diversificar-se o trabalho ao ...
Esse ensina.
Aquele dirige.
Aquele outro obedece.
Aqui, possuímos quem edifique.
Além, há quem cure.
Adiante, há quem esclareça.
Entretanto, se o professor apenas faz jus à remuneração
financeira, não terá conquistado o santuário da educação.
Se o dirigente foge à exemplificação e à nobreza íntima,
não terá conhecido a verdadeira autoridade.
Se o cooperador subalterno menoscaba a atenção para com o
bem comum, viverá muito longe do prazer de servir.
Se quem levanta paredes e monumentos cinge-se apenas ao
interesse particular, não terá percebido a beleza da construção.
Se quem alivia as dores humanas procura simplesmente o
lucro fácil, decerto desconhecerá o divino templo da cura.
E se quem esclarece foge ao devotamento e à serenidade,
preferindo localizar-se entre a exigência e a aspereza, não acenderá no caminho
a luz do amor.
Não olvides que as tuas atividades, fora do corpo denso
serão sempre a continuação daquilo que fazes por dentro de ti, obedecendo ao
próprio coração.
Não basta erguer braços ágeis, deitar fraseologia
preciosa ou provocar excessivo movimento em torno de teus dias, porque há
muitas mãos operosas na extensão da sombra, muito verbo faustoso na exploração
menos digna e muito ruído vão, provocando, onde existe, tão-somente amargura e
cansaço.
Ama o serviço que o Senhor te confiou, por mais humilde
que seja, e oferece-lhe as tuas melhores forças, porquê do que hoje fazes bem,
no proveito de todos, retirarás amanhã o justo alimento, para a obra que te erguerá
do insignificante esforço terrestre para o trabalho espiritual.
14
Preparação Mediúnica
Por mais que se fale em mediunidade, é forçoso
referir-nos sempre À disciplina que só a Doutrina Espírita consegue orientar
para o bem.
Potencialidades medianímicas são valores que pertencem a
todas as criaturas, tanto quanto possuímos todos nós recursos virtuais para o desempenho
dessa ou daquela tarefa.
Recordemos, porém, o aprendiz nos primeiros degraus de um
instituto de alfabetização.
Que ele sabe ler e escrever, decerto sabe, mas se
pretende partir para realizações outras, além das bases primárias, há que se
matricular voluntariamente na escola sem férias do maior esforço.
Estudar e aprender sempre.
Assim também o médium nas etapas iniciais do
desenvolvimento das energias psíquicas.
Que ele pode comunicar-se com os desencarnados e
receber-lhes a palavra, decerto pode, no entanto, se deseja partir na direção
de tarefas maiores, além das bases iniciais, há que se matricular na oficina
sem férias do maior esforço. Estudar e servir sempre.
Se uma certidão de competência no campo das profissões
liberais da Terra exige do candidato, desde o abecedário à cúpula
universitária, nada menos de quinze a vinte anos de preparação, a fim de que se
lhe ajustem os centros mentais para o começo do trabalho a desenvolver, a que
título esperar que um médium se forme com segurança em poucos dias?
Encarregar-se dos interesses espirituais dos outros, conduzi-los,
harmonizá-los, elevá-los ou socorrê-los será menos importante que traçar uma
planta para o levantamento de uma ponte ou para construção de uma casa?
Não nos iludamos com respeito à formação mediúnica.
Desenvolvimento medianímico sem aperfeiçoamento do
veículo para as manifestações espirituais, é o mesmo que trabalho sem
orientação do operário, que resulta invariavelmente em cansaço inútil.
Convençamo-nos de que legiões de mediunidades, tanto
quanto legiões de inteligências, enxameiam em toda parte, mas aprimorar umas e
outras, doando-lhes proveito e responsabilidade, exige estudo e trabalho
pacientes, para que se lhes efetue a educação. Ora, sabemos todos que educação
não aparece sem disciplina, como disciplina não chega até nós sem sacrifício, e
o sacrifício não é fácil para ninguém.
15
No bem, Hoje e Sempre
Se aspiras, efetivamente, a colaborar na construção do
Reino Divino sobre a Terra, não solenizes o mal, para que o bem germine e se
estenda ao grande campo da vida.
Ante as pedras da incompreensão, não renuncies ao arado sacrifical
da tolerância, para que os calhaus da crueldade se convertam em alicerces da edificação
espiritual a que te empenhas.
Nos espinheiros da perseguição gratuita, não te afastes
da paciência, a fim de que os ingredientes da prova, pouco a pouco, se façam
adubo da plantação de valores imperecíveis da alma a que te dedicas.
Não interpretes ninguém por inimigo.
Quando os adversários não se nos revelam por instrutores,
são enfermos necessitados de amparo e entendimento.
Em toda parte, seremos defrontados por aqueles que
realmente não nos conhecem e que, em nos julgando pelas impressões superficiais
ou pelos pareceres de oitiva, se transformam em instrumentos de nossas
dificuldades.
Aparecem, por vezes, na posição de companheiros que nos
reclamam demonstrações de heroísmo ou de santidade que eles mesmos ainda não
possuem; ou na forma de censores que nos reprovam a presença e o trabalho sem cogitar
do objetivo de nossas manifestações.
Recebamo-los todos com serenidade e amor, e continuemos a
tarefa da boa vontade, na certeza de que o tempo falará por nós, hoje, amanhã e
sempre.
Toda a vez que o mal te procure, veste a couraça do bem e
auxilia-o a renovar-se em experiência edificante.
Não recalcitres.
Imagina se Jesus tivesse adotado a reação da dignidade
ferida!
O apelo à justiça teria apagado o esplendor da Boa Nova;
no entanto, o silêncio e o sacrifício do Mestre Divino, ainda hoje, como ontem
e qual ocorrerá no futuro, suscita o aprendizado e a sublimação da Humanidade
inteira.
16
Esclarecimento
Muitos companheiros solicitam orientação do Céu para a
vitória nas provas da Terra, mas, em verdade, não necessitamos tanto de novos
roteiros esclarecedores e sim de ação mais intensiva na obra edificante do bem.
O caminho é o mundo... Mundo-escola e mundo-oficina, em
que valiosas oportunidades felicitam a alma, fielmente interessada na própria
elevação.
Não nos detenhamos na expectativa dos que adoram o
Senhor, sem qualquer esforço para servi-lo. Ele próprio legou-nos, com a Boa
Nova, o mapa luminoso para a romagem na Terra.
Libertemos a claridade que jaz enclausurada em nossos
corações e sigamos adiante.
Há espinhos reclamando extinção.
Feridas que pedem bálsamo.
Aflições mendigando paz.
Pedras à espera de braços amigos que as utilizem.
Há mentes encarceradas na sombra, rogando luz.
Há crianças abandonadas, implorando socorro para
consolidar as bases em que recomeçam a vida nova.
Quem estiver procurando a inspiração dos Anjos, não se
esqueça dos lugares onde os Anjos colaboram com o Céu, diminuindo o sofrimento
e a ignorância na Terra.
Agir no bem é buscar a simpatia dos Espíritos Sábios e
Benevolentes, encontrando-a.
Se Jesus não parou em contemplação inoperante,
transitando no serviço ao próximo, da Manjedoura até a Cruz, ninguém aguarde a
visitação dos Mensageiros Divinos, paralisando as mãos na esperança sem
trabalho e na fé sem obras.
O aprimoramento da mediunidade e a espiritualização
renovadora são problemas de boa vontade na decisão de trabalhar e na
cooperação, porque somente buscando trazer o Céu ao mundo, pela nossa aplicação
ao bem, é que descobriremos a estrada verdadeira que nos conduzirá efetivamente
para
os Céus.
17
Sigamos Acordados
Não permitas que o desgosto menor te conduza ao fracasso,
para que o fracasso te não conduza aos desgostos maiores.
Lembra-te de que a Terra é a nossa antiga escola de
aprimoramento espiritual e não lhe menoscabes as lições.
Recorda o paralítico algemado ao leito de dor e agradece
ao Céu as pernas ágeis e firmes que te garantem a verticalidade do corpo.
Considera o mutilado a quem falta a bênção das mãos e
valoriza os recursos que te fazem encontrar no trabalho a fonte da alegria.
Não olvides o cego, às vezes, na bruma das lágrimas, e
utiliza os olhos na procura do bem.
Não te esqueças do mudo que atravessa o carreiro
terrestre, quase sempre solitário e incompreendido, e conserva limpa a palavra
de que te vales para atingir o progresso mais amplo.
Reflete no idiota, que passa entre os homens, com as
dificuldades do cérebro ensandecido, e mobiliza o próprio raciocínio,
prestigiando o que se te faça útil.
Medita nos que vagueiam sem lar e honra o teu reduto
doméstico, cultivando dentro dele a bondade e a tolerância, a compreensão e a
gentileza por diretrizes de cada dia.
Pensa nos corações cristalizados na indiferença, que
viajam no mundo à feição de órfãos voluntários e exalta a própria fé,
traduzindo-a em obras de humildade e amor, generosidade e perdão, para que a
luz divina se te eleve por bússola no caminho.
Valoriza o trabalho que desenvolves, os amigos, os
familiares, os recursos, os instantes de que dispões e sentir-te-ás agora rico
de possibilidades para ampliar o tesouro de bênçãos com que serás aquinhoado agora,
hoje e depois.
Lembremo-nos de que a Terra é simplesmente um degrau em
nossa escalada para os cimos resplendentes da vida e, acordados para as oportunidades
do serviço, avancemos para diante, aprendendo e amando, auxiliando aos outros e
renunciando a nós mesmos, na certeza de que, assim, caminharemos do infortúnio
de ontem para a felicidade de amanhã.
18
A Faculdade de Curar
A faculdade de curar, para manter-se íntegra, não deve
permanecer precavida tão-somente contra o pagamento em dinheiro amoedado.
Há outras gratificações negativas a que lhe cabe
renunciar, a fim de que não seja corroída por paixões arrazoadas que começam
nos primeiros sinais de personalismo excessivo.
Imprescindível saber olvidar o vinho venenoso da
bajulação, a propaganda
jactanciosa, o perigoso elixir da lisonja e a aprovação
alheia como paga espiritual.
Quem se proponha a auxiliar aos enfermos, há que saber
respirar no convívio da humildade sincera, equilibrando-se, cada instante, na
determinação de servir.
Para curar é preciso trazer o coração por vaso
transbordante de amor e quem realmente ama não encontra ensejo de reclamar.
Compreendendo as nossas responsabilidades com o Divino
Médico, se queres efetivamente curar, cala-te, aprende, trabalha honrando a
posição de servidor de todos a que Jesus te conduziu.
Auxilia aos ricos e aos pobres, como quem sabe que
fartura excessiva ou carência asfixiante são igualmente enfermidades que nos
compete socorrer.
Ampara aos amigos e aos adversários, aos alegres e aos
tristes, aos melhores e aos menos bons, como quem compreende na Terra a valiosa
oficina de reajuste e elevação.
Reconheçamos que toda honra pertence ao Senhor, de quem
não passamos de apagados e imperfeitos servidores.
Não te afastes da dependência do Eterno Benfeitor e,
movimentando os próprios recursos, a beneficio dos que te cercam, guardemos a
certeza de que, curando, seremos curados por nossa vez, soerguendo-nos, enfim,
para a vitória real do espírito, em cuja luz os monstros da penúria e da
vaidade, da ignorância e do orgulho não mais nos conseguirão alcançar.
19
Seareiros Futuros
Assunto inevitável na lavoura do bem: a preparação de
seareiros futuros.
Referimo-nos, frequentemente, a limpeza dos princípios
que abraçamos e à elevação em que nos cabe conservá-los.
Preocupação, aliás, das mais justas.
Indispensável, porém, cogitar da formação daqueles que se
nos farão continuadores nos círculos de serviço.
De que modo laurear profissionais dignos e competentes
nos estabelecimentos de ensino superior, sem a escola funcionando na base da
cultura?
Nas atividades espirituais, há que se observar igualmente
o clima de sequência, se quisermos obter colaboradores corretos e eficientes.
Diante de companheiros imaturos, no que tange a
discernimento, tanta vez mergulhados em nebulosas conceituações, ao redor dos
temas da alma, é forçoso se nos concretize com mais veemência a cooperação
espontânea, em favor deles, para que a Nova Revelação venha a possuir amanhã cooperadores
à altura do trabalho que ela própria nos descortina.
Encontrando amigos ainda verdes nos raciocínios da
lógica, sejam médiuns ou explicadores, na edificação doutrinária, procuremos
com afetuosa dedicação, uma porta para o entendimento recíproco, através da
qual lhes possamos oferecer o coração, em forma de esclarecimento ou de apoio, auxiliando-os
a superar os trechos de sombra que, porventura, estejam sendo obrigados a
contornar, na caminhada para o Conhecimento Superior que todos nós aspiramos a
atingir.
Em suma, à frente de quaisquer irmãos, procedentes desse
ou daquele distrito menos claro da obra espiritual, saibamos agir com bondade e
compreensão, porquanto muitos daqueles que nos pareçam enganados ou insipientes,
se amparados com amor, ser-nos-ão no porvir valorosos vexilários na Causado
Bem, seja na plantação da verdade ou na colheita da luz.
20
Tarefa Mediúnica
Mediunidade não é instrumento de mágica, com que os
Espíritos Superiores adormeçam a mente dos amigos encarnados, utilizando-os em espetáculos
indébitos para a curiosidade humana.
Realmente observamos companheiros que se confiam a
entidades não aperfeiçoadas, embora inteligentes, efetuando o fascínio
provisório de muitos, no setor das gratificações sentimentais menos
construtivas, entretanto, aí temos apenas o encantamento temporário e nada
mais.
Tarefa mediúnica, no fundo, é consagração do trabalhador
ao ministério do bem.
O fenômeno, dentro dela, surge em último lugar, porque,
antes de tudo, representa caridade operante, fé ativa e devotamento ao próximo.
Quem busque orientação para empresas dessa ordem, procure
a companhia do Cristo, que não vacilou em aceitar a cruz para servir, dentro do
divino amor que lhe inflamava o coração.
Ser medianeiro das forças elevadas que governam a vida é
sintonizar-se com a onda renovadora do Evangelho, que instituiu o “amemo-nos
uns aos outros”, qual Jesus se dedicou a nós, em todos os dias da vida.
A prosperidade dos sentidos superiores da alma não reside
no artificialismo dos fenômenos transitórios e sim na abnegação com que o
discípulo da verdade se honra em peregrinar com o Mestre do perdão e da
humildade, da renúncia e da vida eterna, auxiliando, sem exceção, aos viajores
do escabroso caminho terrestre.
Se pretendes um título na mediunidade que manifesta no
mundo as revelações do Senhor, não te fixes tão-só na técnica fenomênica;
rejubila-te com as oportunidades de servir, exprimindo boa vontade no socorro a
todos os necessitados da senda humana; e, renovando os sofredores e os
ignorantes, os perturbados e os tristes, sob o estandarte vivo de teu coração
aberto para a Humanidade, abraça-os por tua própria família!
Depois disso, guarda a certeza de que te movimentas para
a frente e para o alto, porque Jesus, o Divino Mestre, virá ao teu encontro,
inundando-te a jornada de esperança, alegria e luz.
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