O tríplice aspecto do Espiritismo

O Espiritismo é a ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos

1. São de Allan Kardec estas palavras que definem com clareza o que é o Espiritismo:

"O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é a ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal". ("O que é o Espiritismo", Preâmbulo.)

2. Em vista disso, constituindo a Doutrina Espírita um corpo de princípios filosóficos e éticos, apoiados na experimentação científica, apresenta ela três notórios aspectos: o científico, o filosófico e o moral ou religioso.

3. Sabe-se que a filosofia nasce quando o homem pergunta, interroga, cogita, deseja saber o "como" e o "porquê" das coisas, dos fatos, dos acontecimentos. O caráter filosófico do Espiritismo está, portanto, no estudo que ele faz do homem, de seus problemas, de sua origem e de sua destinação. Que somos? Donde viemos? Para onde vamos? – eis as clássicas perguntas que a filosofia espírita responde com notável clareza.

4. Esse estudo leva ao conhecimento do mecanismo da vida e das relações dos homens com aqueles que já se despediram deste mundo, estabelecendo as bases desse relacionamento permanente e demonstrando a existência inquestionável de Deus, a Inteligência Suprema e Causa Primária de todas as coisas, que a tudo comanda inteligentemente.

5. Definindo as responsabilidades dos Espíritos, quando encarnados ou na vida espiritual, o Espiritismo é filosofia, uma regra moral de vida e de comportamento para os seres inteligentes da Criação.

É o Espiritismo uma religião?

6. O Espiritismo é, no sentido filosófico, uma religião. Assim o disse Kardec em memorável discurso publicado na "Revista Espírita" de dezembro de 1868; mas não se constitui, no sentido comum, em mais uma religião, visto que não possui cultos instituídos, igrejas, rituais, dogmas, mitos ou crendices, nem tampouco hierarquia sacerdotal. Eis o trecho do discurso a que nos referimos:

“Se assim é, dir-se-á, o Espiritismo é, pois, uma religião? Pois bem, sim! sem dúvida, Senhores; no sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e disto nos glorificamos, porque é a doutrina que fundamenta os laços da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre as bases mais sólidas: as próprias leis da Natureza.

Por que, pois, declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Pela razão de que não há senão uma palavra para expressar duas ideias diferentes, e que, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; que ela desperta exclusiva[1]mente uma ideia de forma, e que o Espiritismo não a tem. Se o Espiritismo se dissesse religião, o público não veria nele senão uma nova edição, uma variante, querendo-se, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com um cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das ideias de misticismo, e dos abusos contra os quais a opinião frequentemente é levantada.

“O Espiritismo, não tendo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual da palavra, não se poderia, nem deveria se ornar de um título sobre o valor do qual, inevitavelmente, seria desprezado; eis porque ele se diz simplesmente: doutrina filosófica e moral.” (Revista Espírita de dezembro de 1868.)

Os fenômenos espíritas são a substância mesma da ciência espírita

7. No entendimento de Emmanuel, é no aspecto religioso do Espiritismo que repousa sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus, estabelecendo a necessidade da renovação definitiva do homem, em face do seu imenso futuro espiritual.

8. O Espiritismo passa da filosofia à ciência quando confirma, pela experimentação, os conhecimentos filosóficos que prega e dissemina. Se, como filosofia, trata do conheci[1]mento ante a razão, indaga dos princípios e perscruta o Espírito, como Ciência ele os prova.

9. Os fatos ou fenômenos espíritas são a substância mesma da ciência espírita, cujo objeto é o estudo e o conhecimento desses fenômenos, para fixação das leis que os regem. Em seu aspecto científico, ele demonstra experimentalmente a existência da alma e sua imortalidade, principal[1]mente por meio do intercâmbio mediúnico entre os encarnados e os desencarnados. 10. No seu aspecto científico e filosófico – diz Emmanuel – a Doutrina Espírita será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos coletivos de natureza intelectual, que visam ao progresso da Humanidade.

Fonte:
Iniciação à doutrina espírita; Astolfo Olegário O. Filho; EVOC; PR. 

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