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Autoria e data
O
autor da epístola, como se pode identificar desde o seu começo, já no primeiro
versículo, teria sido o apóstolo Paulo. Apesar da referência a alguém chamado
Sóstenes, supõe-se que este possa ter sido algum auxiliador grego que tenha
redigido a carta enquanto Paulo ditava, valendo destacar que o fato de haver
uma narrativa na primeira pessoa demonstra ter sido um único autor.
A
data provável que a epístola foi escrita teria sido por volta do ano 55, quando
Paulo encontrava-se na cidade de Éfeso em sua terceira viagem missionária Atos
19:1; Atos 20:1).
Indagações
sobre a existência de outras duas cartas aos coríntios
É
possível que I Coríntios tenha sido a segunda carta que Paulo teria escrito aos
cristãos em Corinto.
Sabe-se
que o apóstolo escreveu um total de quatro epístolas, das quais duas
encontram-se perdidas na atualidade.
Através
de uma interpretação que se faz do verso 9 do capítulo 5 da epístola e de II
Coríntios 2:3-4, supõe-se que esta teria sido a segunda carta. E, por sua vez,
a segunda epístola do Novo Testamento, poderia ter sido a quarta.
Conteúdo
I
Coríntios é uma carta de aconselhamento. Na ocasião em que Paulo encontrava-se
em Éfeso, ele ouviu falar dos problemas da congregação cristã na cidade de
Corinto, através de um membro da igreja coríntia, chamada Cloé e, por isso,
passa várias instruções sobre diversos assuntos. Depois de tratar dos problemas
da igreja que enfrentava dissensões e uma situação de desordem, Paulo passa a
responder sobre as dúvidas dos cristãos daquela igreja.
Instruções
acerca dos dons espirituais
Dentro
do contexto de como deve ser feita a adoração pública nos cultos das
congregações cristãs, Paulo passa algumas instruções sobre o uso dos dons
espirituais, conhecidos no catolicismo como os carismas do Espírito Santo.
Paulo
explica que os dons são dados por um único Deus para o cumprimento de sua obra
na Terra, buscando situar a igreja como um só corpo e os cristãos como membros
desse corpo. E, assim como no corpo humano cada parte tem uma função
específica, o mesmo deve ser aplicado quanto às manifestações dos dons
espirituais na Igreja (I Coríntios 12:12).
Após
uma pausa em que fala sobre a suprema excelência do amor, durante o capítulo
13, Paulo detém-se no uso dos dons de línguas e de profecias. Neste sentido,
ele orienta que os cristãos devem procurar com zelo os dons espirituais.
Embora
muitos relacionem a profecia como uma previsão de acontecimentos futuros, o seu
principal propósito no Novo Testamento bíblico, de acordo com a epístola, seria
o de comunicar a mensagem de Deus às pessoas, dando esclarecimentos,
advertências, correção e encorajamento:
“Mas
o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação e consolação. (I
Coríntios 14:3)”
O
poema sobre o amor
É
no capítulo 13 da epístola que Paulo fala grandiosamente sobre o amor (em grego
ágape) que, em algumas traduções,
aparece com o vocábulo caridade:
“Ainda
que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria
como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da
profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse
toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada
seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres,
e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse amor, nada
disso me aproveitaria. A caridade é sofredora é benigna; o amor não é invejoso,
não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não
busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a
injustiça, mas folga com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo
suporta. O amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo
línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos,
e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que é em
parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como
menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as
coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos
face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou
conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas
o maior destes é o amor.”
Advertências
contra a imoralidade sexual e orientações acerca do casamento
Paulo
faz sérias advertências sobre a imoralidade sexual e as relações sexuais
ilícitas, determinando que fosse expulso da congregação um homem que havia
abusado da mulher do seu pai (capítulo 5) e alertando que o homem que se une a
uma prostituta torna-se uma só carne com ela.
Paulo
situa o corpo do cristão como um membro de Jesus Cristo e o templo onde o
Espírito Santo habita que virá a ser restaurado por Deus na ressurreição dos
mortos. Assim, o apóstolo explica que o cristão não pode fazer o que bem
entender com o seu corpo participando de relações sexuais contrárias aos
mandamentos bíblicos porque o corpo do cristão passa a pertencer a Deus.
Após
advertir duramente contra a imoralidade sexual na segunda parte do capítulo 6
da epístola (versos de 12 a 20), Paulo passa a falar no capítulo 7 dos deveres
quanto ao casamento onde exalta a fidelidade conjugal entre o marido e a
esposa. Fala daqueles fazem a sua opção por fica solteiro para se dedicarem
mais às atividades que se diz respeito ao reino de Deus, porém recomenda que
aqueles que não tenham a vocação para uma vida de santidade que se casassem.
Também permite um novo matrimônio para as viúvas, considerando ser mais adequado
as pessoas se casarem do que terem uma vida de imoralidade contrária aos
propósitos divinos.
Muito
interessante observar que, a respeito da união entre cristãos e incrédulos,
Paulo orienta que tais matrimônios não devem ser desfeitos por causa das diferenças
religiosas, dizendo que o esposo não convertido é santificado pela sua esposa e
que o contrário também se aplica.
Esta
epístola condena a prática do sexo dito não natural. Nos versos de 9 a 10 do
capítulo 6, é utilizado a palavra sodomita, fazendo uma menção às práticas
homossexuais das cidades de Sodoma e Gomorra que, de acordo com o livro de
Gênesis, foram destruídas por Deus na época de Abraão, cujos habitantes não
apenas tinham relações homossexuais, mas eram seres perversos.
Sobre
a ressurreição dos mortos
Outro
tema muito importante que é abordado na epístola é a ressurreição dos mortos.
Paulo
ensina que se não existisse a ressurreição dos cristãos, seria em vão tanto a
fé quanto os trabalhos de pregação do Evangelho.
“Se
esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis dos homens. (I
Coríntios 15:19)”
Demonstrando
que, assim como Cristo ressuscitou e vive para sempre, os mortos também deverão
ressuscitar um dia, Paulo explica que, da mesma maneira como a morte afetou
todos os homens por causa da desobediência de Adão, a ressurreição é alcançada
por intermédio de Cristo.
“Porque,
assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em
Cristo. (I Coríntios 15:22)”
Deste
modo, o corpo corruptível de cada membro da igreja será um dia transformado em
um corpo celestial, semelhante ao de Cristo, que viverá e reinará eternamente
com Jesus.
“Assim
está também escrito: O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o
último Adão, em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o
animal; depois, o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo
homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrenos; e, qual
o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do
terreno, assim traremos também a imagem do celestial. (I Coríntios 15:45-49)”
Concluindo todo o seu ensinamento, durante o capítulo 15 da epístola, Paulo então recomenda aos cristãos que fossem firmes e constantes em seus caminhos, cientes de que os trabalhos de evangelismo na obra divina não seriam em vão.
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