MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VII – DA VOLTA À VIDA CORPORAL
Influência do organismo
368. Após sua união com o
corpo, exerce o Espírito, com liberdade plena, suas faculdades?
“O
exercício das faculdades depende dos órgãos que lhes servem de instrumento. A
grosseria da matéria as enfraquece.”
a) - Assim, o invólucro
material é obstáculo à livre manifestação das faculdades do Espírito, como um
vidro opaco o é à livre irradiação da luz?
“É,
como vidro muito opaco.”
A.K.: Pode-se comparar a ação que a matéria grosseira exerce sobre o Espírito à de um charco lodoso sobre um corpo nele mergulhado, ao qual tira a liberdade dos movimentos.
União com o corpo
Após a união com o corpo, o
Espírito sente enfraquecidas suas faculdades mais nobres, principalmente quando
os órgãos não correspondem às suas necessidades de exercitá-las no cômputo das
suas obrigações.
Eis porque a variedade de
dons é enorme. Os homens ignoram os valores que possuem no coração, que devem
ser despertados paulatinamente pela força do tempo, em conjunção ao progresso.
Cada corpo com o qual o Espírito se reveste é certo entrave para a alma, mas, é
nessas prisões necessárias que ela desenvolve suas faculdades espirituais. As
vestes dos Espíritos são muitas e elas igualmente despertam seus valores,
porque nada fica inerte na criação de Deus. Tudo cresce para frente e para o
alto.
É lógico que o Espírito
livre do fardo físico se encontra mais desembaraçado, de modo que sua
inteligência expande com seus recursos espirituais, e o corpo filtra esse
impulso divino para que haja esforço mais intenso no desabrochamento dos dons
espirituais. O homem ainda é ignorante acerca das funções dos variados corpos
que o Espírito possui. O “vós sois deuses” é motivo de esperança para todos
nós. Estamos sempre alcançando mais além, e com a certeza de alcançar mais,
até o infinito.
O Espírito é comandante da
organização fisiológica, quando encarnado, no entanto, é submetido aos diversos
impedimentos, como o homem dentro de um escafandro no seio das águas, cheias de
perigos e, por vezes, agitadas. É como querer ter a mesma liberdade de correr
na floresta como na campina.
O ar é leve e pode se
movimentar nele com agilidade, mas, no lodaçal as dificuldades são bem maiores.
Assim é o corpo de carne.
Não podemos esquecer que, em raros casos, há Espíritos que dominam mais as
dificuldades da matéria e expressam com mais liberdade o que são. O primeiro
sinal é o seu esforço gigantesco no sentido de libertar-se e o outro é a
assistência dos Espíritos superiores, usando as suas faculdades para tal
desempenho.
A matéria é sempre um
empecilho para a alma, mas, a essas dificuldades somam muitas oportunidades
para que o trabalhador avance lutando para vencê-las. Não se pode esquecer os
grandes vultos da humanidade; eles usaram muitos meios para se libertarem da
opressão da matéria a fim de manifestarem, mesmo dentro dela, suas qualidades
espirituais, servindo de exemplos para que outros de menor expressão copiassem
seus valores. É para que devemos nos esforçar onde quer que estejamos: observar
os valores morais dos que os possuem, e os meios de adquiri-los, lutando para
essa libertação na conjuntura da nossa intimidade. O preço certamente é alto,
mas, devemos pagá-los sem reclamar: as rejeições que devem surgir nos caminhos.
Desde quando se encontra
reencarnado, o homem deve assumir o que vier ao seu encontro, visto que tem em
Deus a suprema justiça, e nada se encontra fora do lugar. São lições para o seu
próprio bem.
O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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