Antessala
Eles, os poetas, voltam do
País da Luz, cantando outra vez.
Muitos deles, nos escuros
labirintos de ontem, mergulhavam o tesouro da inspiração nas correntes espessas
do pessimismo e da angústia; hoje, porém, redivivos no Mundo Maior, acendem a
flama do próprio estro, clareando-nos o caminho.
Bastas vezes, agora, se
referem à dor, mas unicamente para nomeá-la por trilha ascendente no rumo da
perfeita alegria. Falam de saudade e sonho, provação lágrima,
mostrando-lhes a função de cinzéis no burilamento do espírito.
Pássaros da inteligência, cindidos o espaço da grande libertação, voltam a reconfortar os irmãos que ainda se debatem no visco das paixões terrenas, arrastando o pesado lastro do sofrimento reparador, restaurando-lhes a esperança. E, nessa faina bendita de esparzir compreensão e alegria, ensinamento e consolo, expressam-se no enciúma que lhes é peculiar, comunicando vida nova a quantos lhes respirem a faixa de ideal e beleza.
Efetivamente, dispensaria
qualquer apresentação no limiar deste livro que lhes consubstancia a mensagem
de paz e amor; entretanto, calasse-nos a voz, diante dos lavores artísticos em
que se lhes vazam, nestas páginas, a ideia e a emoção, para que lhes
identifiquemos tão-somente o anseio de espalhar sobre a Terra as sementes do
progresso espiritual.
Irmãos da Luz, esquecem a
senda de sombras que atravessaram no mundo e, convertidos todos eles, em
vexilários da alvorada, reúnem-se aqui para proclamarem às criaturas irmãs da
Terra que, além da morte, a vida não cessa, tanto quanto, para lá da noite,
desabrochará sempre o fulgor de novo dia.
Ao contemplá-las, emergindo
de novas Castálias da Imortalidade Triunfante, saudamos neles - companheiros
beneméritos - toda uma legião de construtores da Era Nova, rogando ao Senhor da
Vida, não só para que nos predisponha a receber-lhes proveitosamente a visita
edificante e renovadora, mas também para que os enalteça e abençoe.
Emmanuel
(Uberaba, 1º de agosto de 1969)
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