Os precursores da revelação espírita

Antiguidade dos fenômenos espíritas

Os fenômenos cujos estudos resultaram na estruturação da Doutrina Espírita não eclodiram numa data determinada. As interferências das forças exteriores inteligentes têm ocorrido desde tempos imemoriais, como registram os livros de História.

Na Bíblia vemos o rei Saul conversando com o Espírito de Samuel, que o monarca havia evocado, e Jesus, às vésperas de sua prisão e morte, recepcionando as visitas dos Espíritos de Elias e Moisés materializados.

Segundo Louis Jacolliot, em épocas bastante recuadas no tempo os padres iniciados nos mosteiros preparavam os faquires para evocação dos mortos, com a obtenção dos mais notáveis fenômenos. E o missionário Huc refere-se a grande número de experiências de comunicações com os mortos registradas na China.

Os conselhos de Paulo e João evangelista

O apóstolo Paulo de Tarso, em suas epístolas, reconheceu a prática dessas manifestações entre os cristãos primitivos, como podemos ver nos textos seguintes:

"Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar. Porque o que fala em outra língua não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios. Mas o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação." (I Coríntios, 14:1 a 3.)

"Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem." (I Tessalonicenses, 5:19 a 21.)

João evangelista também se referiu às manifestações espíritas, alertando-nos quanto à necessidade de se examinarem tais comunicações:

"Amados, não acrediteis em todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo." (I João, 4:1 e 2.)

Conan Doyle e a invasão organizada

Na Idade Média não podemos esquecer os episódios que levaram à morte na fogueira a grande médium Joana d´Arc, que se recusou a renegar as vozes espirituais que lhe falavam, o que levou à sua condenação.

É, no entanto, em anos mais recentes que podemos situar melhor a fase precursora do Espiritismo, o Consolador prometido por Jesus. Como bem acentuou Arthur Conan Doyle em sua História do Espiritismo, a diferença entre os fatos desta última fase e os fenômenos da antiguidade está em que estes últimos eram esporádicos, não obedeciam a uma sequência metódica, enquanto os fenômenos da era moderna "têm as características de uma invasão organizada". (História do Espiritismo, pág. 33.)

No século anterior ao advento do Espiritismo vamos encontrar na Suécia o sensitivo Emmanuel Swedenborg, engenheiro militar, zoologista, anatomista, financista, político, além de insigne teólogo, dotado de largo potencial de forças psíquicas. 

Os precursores da revelação espírita 

Retrato de Emanuel Swedenborg segurando o manuscrito de Apocalypsis Revelata (1766).

Já na infância Swedenborg registrou em si o fenômeno da vidência, numa continuidade que se prolongou até a morte, embora suas faculdades se tenham tornado mais in[1]tensas a partir de abril de 1744. Desde então – escreveu Swedenborg – "o Senhor abria os olhos de meu Espírito para ver, perfeitamente desperto, o que se passava no outro mundo e para conversar, em plena consciência, com anjos e Espíritos".

Outro notável precursor, digno de menção, foi Franz Anton Mesmer, médico, fundador da teoria do magnetismo animal. Em 1775 Mesmer reconheceu o poder da cura me[1]diante a aplicação das mãos. Acreditava ele que por nossos corpos transitam fluidos curadores, preparando o caminho para o Hipnotismo de Marquês de Puységur. Das pessoas que buscam o recurso do passe magnético nos Centros Espíritas, poucas certamente ignoram a influência de Mesmer sobre essa atividade tão conhecida no meio espírita.

Outros fenômenos dignos de registro ocorreram nos Estados Unidos com Andrew Jackson Davis, considerado por Arthur Conan Doyle o profeta da Nova Revelação. Os poderes psíquicos de Davis começaram na infância, quando ele ouvia vozes de Espíritos que lhe davam conselhos. À clarividência seguiu-se a clariaudiência. Certa vez, em 6 de março de 1844, Davis foi tomado por uma força que o fez voar da pequena cidade onde residia e fazer uma viagem até as Montanhas de Catskill, distante 40 milhas de sua casa.

Davis em seu livro Princípios da Natureza, de 1847, previu a eclosão dos fatos que dariam surgimento ao Espiritismo, o que efetivamente ocorreu no ano seguinte. Diz Conan Doyle que para nós "o que é importante é o papel representado por Davis no começo da revelação espírita”. “Ele começou a preparar o terreno, antes que se iniciasse a revelação. Estava claramente fadado a associar-se intima[1]mente com ela, de vez que conhecia a demonstração de Hydesville, desde o dia que ocorreu."

Fonte

Iniciação à doutrina espírita; Astolfo Olegário O. Filho; EVOC; PR. 

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