Publicação de O Evangelho segundo o Espiritismo em Paris |
Nela são abordados os Evangelhos canônicos sob a óptica
da Doutrina Espírita, tratando com atenção especial a aplicação dos princípios
da moral cristã e de questões de ordem religiosa como a da prece e da caridade.
Na introdução da obra, Kardec divide didaticamente os
relatos contidos nos Evangelhos canônicos em cinco partes: os atos ordinários
da vida de Jesus, os milagres, as predições, as palavras que serviram de base
aos dogmas, e os ensinamentos morais. Segundo Kardec, se as quatro primeiras
foram, ao longo da história, objeto de grandes controvérsias, a última tem sido
ponto pacífico para a maior parte dos estudiosos.
Assim, é especificamente sobre essa parte que Kardec
lança o olhar espírita. Longe de pretender criar uma "Bíblia
espírita" ou mesmo de objetivar uma reinterpretação espírita desse livro
sagrado, Kardec se empenha em extrair dos Evangelhos princípios de ordem
ético-moral universais, e em demonstrar sua consonância com aqueles defendidos
pelo espiritismo. Utiliza-se, na maior parte da obra, da célebre tradução
francesa de Lemaistre de Sacy (1613-1684). Eventualmente, para solucionar
divergências, Kardec recorreu ao grego e ao hebraico.
A obra traz ainda um estudo sobre o papel de precursores
do cristianismo e do espiritismo, como por exemplo Sócrates e Platão,
analisando diversas passagens legadas por estes filósofos que demonstrariam
claramente essa condição.
A edição da FEESP
No Brasil destacou-se pela polêmica uma edição da obra
que veio a público em julho de 1974 pela Federação Espírita do Estado de São
Paulo (FEESP). Esta inseria-se em "um plano de completa e total revisão de
toda a Codificação Doutrinária de Allan Kardec" posto em prática pelo
Departamento do Livro da instituição, e vendeu cerca de 30.000 exemplares à
época. A edição foi refutada por José Herculano Pires e depois por Francisco
Cândido Xavier, pela obra Na Hora do Testemunho, que veio a público em 1977.
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