LIVRO PRIMEIRO - AS CAUSAS PRIMEIRAS
CAPÍTULO II - ELEMENTOS GERAIS DO
UNIVERSO
ESPÍRITO E MATÉRIA
25. O espírito independe da
matéria, ou é apenas uma propriedade desta, como as cores o são da luz e o som
o é do ar?
São distintos uma do outro;
mas, a união do espírito e da matéria é necessária para intelectualizar a
matéria.
a) Essa união é igualmente
necessária para a manifestação do espírito? (Entendemos aqui por espírito o
princípio da inteligência, abstração feita das individualidades que por esse
nome se designam).
É necessária a vós outros,
porque não tendes organização apta a perceber o espírito sem a matéria. A isto
não são apropriados os vossos sentidos.
Comentário do Espírito Miramez
INDEPENDÊNCIA
DO ESPÍRITO
O
Espírito não é uma propriedade da matéria. São duas coisas distintas, e a
resposta de "O Livro dos Espíritos" revela um segredo de difícil
compreensão para os homens, dizendo que o Espírito se serve da matéria para
intelectualizá-la. Sem o Espírito, a matéria não alcançaria esse empuxo
espiritual e essa dinâmica inenarrável. Compreende-se, pois, que o estímulo do
Espírito no reino das coisas materiais a eleva, de sorte a colocá-la acima do
estado de inércia.
O
Espírito é luz que vibra em alta ressonância na purificação do próprio ambiente
e, se ele intelectualiza a matéria, o seu atributo desperta nela algo que
dormia na profundidade física. A mônada divina é o agente direto da Divindade
onde quer que seja, na missão elevada de acender luzes e despertar valores.
Se
o Espírito fosse uma das propriedades da matéria, seria de menor valor que
esta. É o contrário que ocorre: a matéria é serva do Espírito em todos os
ângulos da criação, é um instrumento do qual ele se serve, como condição ao seu
aprendizado.
As
coisas físicas constituem, para a alma, um regime agressivo, de maneira a
despertar qualidades quietas na intimidade do ser espiritual. Foi esta a
vontade de Deus quando a criou. A matéria é energia concentrada e a energia é a
matéria em estado rarefeito. Existem muitas coisas entre um estado e outro, que
escapam às nossas sensibilidades. Não devemos comparar nem dizer que a alma é
filha da matéria. Espírito é Espírito, matéria é matéria.
Nossa
independência é que nos caracteriza como individualidades mais ou menos livres
de determinadas peias, criadas pela falta de liberdade, como os conglomerados
físicos. No amanhã serão conhecidos outros valores do Espírito, acima dos que
já conhecemos e que dormem ainda no imo d'alma, no berço da consciência,
esperando o chamado divino da Divina Luz, que desperta os talentos mais valiosos,
que a excelência da vida proporciona aos seres que completaram o curso do amor
na faculdade da Terra, para começarem outro em dimensão mais pura.
O
Espírito vai ficando cada vez mais independente das coisas inferiores, e
integrado na dependência de Deus, como médium da luz, com a missão de
transformar as trevas por onde venha a passar, divulgando conceitos altamente
espiritualizados e ensinando pelo exemplo, para a concretização da harmonia em
todos os corações e em tudo o que existe.
O
Espírito não perde a sua individualidade como muitos pensam, ele é cada vez
mais ele, na ascensão que deve percorrer e, o que é seu, é intransferível.
Todavia, o celeiro de tesouros armazenados no seu coração espiritual é como que
fonte doadora de recursos em todas as direções, como um sol a ajudar a vida e a
enriquecer o ambiente, para que as vidas da retaguarda se conscientizem dos
seus valores e acordem com as suas próprias forças.
Tudo
que temos é conquista na direção que a Luz Maior nos capacitou a caminhar,
porém, nunca conquistamos algo sem Deus. Ele é, por lei, o nosso motivo de
viver. A matéria é um dos corpos do Espírito, intermediária dos outros na
sutileza das afinidades, para que se complete uma unidade com várias divisões
independentes.
O
Espírito deve ser Espírito na luz de todos os entendimentos, e cada um,
encarnado e desencarnado, deve se colocar naquela esperança da felicidade
individual como também no esplendor do amor coletivo. Roguemos a Deus que nos
ajude a compreender cada vez mais a independência da alma, pelo menos no
tamanho em que ela se encontra, referindo-se a nós mesmos.
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