LIVRO PRIMEIRO - AS CAUSAS PRIMEIRAS
CAPÍTULO I - DEUS
ATRIBUTOS DA DIVINDADE
10. Pode o homem compreender
a natureza íntima de Deus?
Não;
falta-lhe para isso o sentido.
Comentário do Espírito Miramez
A
NATUREZA DE DEUS
A
natureza íntima de Deus escapa aos sentidos humanos, em toda a sua trajetória
evolutiva. Somente Deus se conhece. É o que não acontece conosco; nós não nos
conhecemos. Os mistérios a desvendar são infinitos, em relação à Divindade. Na
profundidade, ainda desconhecemos a própria matéria que nos serve de veículo e,
portanto, estamos longe de conhecer o seu criador. Parar de estudar a Sua
personalidade majestosa é desconhecer o valor do progresso, que sempre nos
convida para avançar; porém, dar saltos incompatíveis com as nossas forças é
quebrar a tonica da nossa capacidade.
A
ansiedade de conhecimento pode nos levar aos extremos, no entanto, o bom senso
nos chama a atenção para a harmonia que deverá nos guiar em todas as sequencias
evolutivas. Basta, por enquanto, saber que Ele existe e aprender algo mais
sobre Seus atributos, que o tempo, impulsionado por nossa vontade, dar-nos-á
ambiente favorável de sentirmos a Divindade em nós, o que já representa um
grande avanço na esteira dos evos [eternidade].
Se
os homens ainda não se libertaram de muitos hábitos extravagantes e vícios
perniciosos, como querer conhecer a natureza íntima de Deus? Cada vício é uma
porta fechada em direção às belezas imortais da alma. Cada hábito inconveniente
é uma tranca ajustada à porta, impedindo a inspiração superior de chegar ao
coração humano.
Estamos
muito apegados às coisas de criança, pela força do nosso tamanho evolutivo. A
mente cresce no ritmo que as leis determinarem, sem com isso perturbar o
andamento da ponderação. Não devemos entregar os nossos deveres a Deus. Ele
está sempre presente pelos meios que acha conveniente; entretanto, a nossa
parte temos de fazê-la, e, ainda mais, aprender a fazê-la bem. Enquanto
permanecermos na ignorância, sofreremos as suas consequências. A justiça vibra
em toda a criação como agente de Deus, acompanhada pela misericórdia do Seu
amoroso coração, que bate dentro do infinito, no ritmo da Luz.
Quando
nos faltam sentidos para conhecer alguma coisa a mais dos nossos conhecimentos,
o que fazer? Toma-se necessário estudar na área em que nos compete agir,
procurar aprimorar os conhecimentos já adquiridos, fortificar em nossas vidas
todas as qualidades nobres que começaram a se despertar em nossos corações. O
trabalho é imenso, a lavoura é grande, sem que saiamos do nosso próprio
convívio íntimo. Esquecer esse labor, é perder os princípios da verdadeira
sabedoria. Vamos ainda gastar milhões de anos para conhecermos o começo das
lições eternas. Como avançar agora para áreas cujos registros os nossos sentidos
não suportam?
Se
a luz do Sol físico, para chegar à Terra, passa por muitas filtragens e se
divide em raios incontáveis para nos beneficiar todos, o que dizer da luz do
Sol espiritual? A razão nos diz que ela tem infinitas modificações para ajudar,
servindo de estímulo a todas as vidas. Toda verdade é relativa ao ambiente a
que deve chegar. Quem desconhece as leis naturais que vigoram no mínimo
movimento dos átomos nos mundos que bailam nos espaços, não poderá conhecer
essas mesmas leis que regulam a harmonia do seu próprio corpo, ou dos corpos
que servem ao Espírito, para se expressar onde se encontra. Procuremos, pela
meditação, entender quem nos governa e sejamos obedientes a essa força
universal, que tudo se tornará sereno em nosso íntimo e ao nosso derredor.
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