LIVRO PRIMEIRO - AS CAUSAS PRIMEIRAS
CAPÍTULO I - DEUS
PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS
7. Poder-se-ia achar nas
propriedades íntimas da matéria a causa primária da formação das coisas?
Mas, então, qual seria a
causa dessas propriedades? É indispensável sempre uma causa primária.
Comentário de Allan Kardec
Atribuir
a formação primária das coisas às propriedades íntimas da matéria seria tomar o
efeito pela causa, porquanto essas propriedades são, também elas, um efeito que
há de ter uma causa.
Comentário do Espírito Miramez
A
MATÉRIA É EFEITO
Indubitavelmente
que a matéria tem vida. No seu seio mais íntimo notar-se-ão fenômenos que por
vezes escapam à inteligência humana. Há, pois, obediência às leis sutis que
governam e sustentam toda a criação.
Tudo isso que notamos na matéria e que a
observação científica comprova são efeitos da Grande Inteligência, que
denominamos, com toda satisfação, Deus.
Nós,
no mundo espiritual, e na ação que nos cabe pesquisar, continuamos em estudos
profundos sobre o Criador. Assistimos, em lugares apropriados, a luminares da
eternidade expondo conceitos que já puderam comprovar sobre o grande foco, sua
vida e sua interferência em todas as direções da Sua casa universal. E eis que,
para passar aos encarnados o que ouvimos é necessário que obedeçamos a certas
regras da comunicação com os seres, ainda envolvidos nos fluidos da carne.
Deus
é realidade absoluta; o que podemos dizer é que Ele vibra em tudo que existe.
Falando na mesma frequência dos homens, Ele é personalidade distinta no centro
das suas criatividades. Repitamos novamente: Ele é Espírito. Se assim podemos
dizer, o Criador é único, porém, no seu gesto de trabalho se faz binário. O que
podemos observar na extensão infinita é que Ele aparece e desaparece entre duas
respirações do seu dinâmico poder de viver, e seu hálito divino interpenetra
todas as coisas, marcando a sua presença, semeando vida e dinamizando forças.
Somente
poderemos conhecer um pouco do Grande Espírito pelos seus atributos. Avançar
mais, onde os nossos sentidos não alcançam, é perda de tempo e falta de
compreensão e obediência a determinadas leis, que marcam os limites do nosso
saber. Se queres entender mais, a meditação, depois do trabalho honesto, é um
caminho excelente para o conhecimento mais acentuado do Criador. Nós o
conhecemos mais, não pelos números, nem por ouvir falar; sentimos sua presença
quando a consciência se apoia no dever cumprido. Os Espíritos puros sentem Deus
na profunda sensibilidade e expressam uma tranquilidade imperturbável no
coração.
A
matéria é a mais baixa vibração da Divindade, é caminho criado por Ele para o
despertar dos seus filhos, que saem das suas mãos luminosas e voltam para o seu
íntimo de vida. Essa viagem é um tanto ou quanto extensa, competindo a cada
criatura fazer a sua parte, na aquisição da sua própria paz espiritual. Os
sentidos dos homens, mesmo dos mais elevados, em comparação com a pureza
espiritual dos benfeitores da humanidade, são apagados, pois se distanciam
milhões de anos entre uns e outros na escala evolutiva, mas, alegramo-nos em dizer
que eles também passaram por onde estamos, como estamos avançando para o reino
onde eles permanecem trabalhando.
Voltando
ao assunto inicial, dignamo-nos a responder que, no íntimo da matéria poderás
encontrar Deus, porque as propriedades da matéria falam dele, da sua grandeza
espiritual, desde que tenhamos sentido para tal pesquisa. Porém, esses
fenômenos não são o Criador; são efeitos da causa primária, manifestando-se nas
formas transitórias. Pulsa na matéria a vida universal, o fluido cósmico vibrante,
dirigido pela mente do Criador e obediente aos seus sentimentos. Ele sabe de
tudo e está em tudo, através dos seus atributos espirituais.
A
matéria, por mais evoluída que seja, não demonstra inteligência. Ela é movida
pela inteligência suprema. Em se falando da Terra, somente no homem começa a
despertar a razão, que é consequência do princípio inteligente, mesmo assim,
sob o comando da inteligência maior, Deus.
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