Inicialmente cumpre
esclarecer que o presente artigo não visa suscitar quaisquer tipos de
preconceitos contra crenças ou religiões, mas sim esclarecer a visão espírita a
respeito da realização de sacrifícios e oferendas.
Para tanto importa que definamos o que são sacrifícios e oferendas para posteriormente discorremos sobre a temática.
Conforme definição sacrifício é uma oferta solene a uma
divindade, já oferenda é um objeto
que se oferece. Depreende-se daí que se trata do oferecimento de algo a um ente
ou a um ser.
O Livro dos Espíritos discorre sobre esta temática em sua terceira parte – Capítulo II, nas perguntas 669 e seguintes nos ensinando que os sacrifícios e oferendas possuem sua origem na antiguidade e que naquelas épocas primitivas não havia uma compreensão a respeito da bondade divina, tampouco que as questões de ordem espiritual estavam acima das questões de ordem material, o que fazia com que sem sombra de dúvidas se propagasse aquela época crenças de cunho material.
A propagação de crenças
materialistas bem como o primitivismo ao qual estavam submetidos os povos
antigos, onde não havia a crença em um Deus que fosse todo bondade, e a ausência
de senso moral desenvolvido levou naquele momento histórico a criação de
rituais com animais e ou com seres humanos.
O
Livro dos Espíritos segue nos ensinando que estes rituais e
oferendas não surgiram do desejo humano de praticar o mal ou de realizar atos
cruéis, mas sim do desejo de agradar a Divindade através dos sacrifícios.
Entretanto com o passar dos tempos os homens viram na prática destes rituais
uma forma também de atingirem/machucarem os seus inimigos e desafetos.
Entretanto em que pese estas atitudes estes tipos de oferendas ou sacrifícios
nunca foram uma exigência Divina, pois que Deus é todo bondade e amor.
A respeito das ofertas mais
agradáveis a Deus vejamos o que está disposto na Bíblia no Evangelho de Mateus,
capítulo 5, versículos 23 a 25:
Portanto,
se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem
alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai
reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.
Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele,
para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te
entregue ao oficial, e te encerrem na prisão.
Sobre o mesmo tema dispõe O Evangelho
Segundo Espiritismo em seu capítulo X no trecho: O Sacrifício mais
agradável a Deus. O referido trecho do Evangelho é uma elucidação dos
versículos bíblicos apontados acima.
Nessa toada O Evangelho Segundo o Espiritismo segue
afirmando que Jesus deixa claro que o sacrifício que é mais agradável a Deus
não é o de cunho material, no qual há o oferecimento de objetos ou animais, mas
sim os sacrifícios de ordem espiritual, no qual o homem oferece sua alma
purificada.
O que quer dizer oferecer em
sacrifício (oferta) a sua alma purificada? Significa dizer que mais agradável a
Deus é que o homem se depure de suas vicissitudes do que lhe oferecer ofertas
de cunho material, ou seja, destaca-se a importância de que o homem se depure
(reforma íntima) e se espiritualize em consequência da referida depuração.
O
Livro dos Espíritos em sua questão 672 traz o questionamento de
que não seria mais agradável a Deus a oferta de frutos ou coisas ligadas a
terra do que o sacrifício de animais? Logo em seguida temos a resposta de que
Deus terá em conta a intenção da pessoa que praticou o fato muito mais do que o
fato em si. Sendo certo que a ele seria mais agradável a oferta de uma prece de
cunho sincero e repleta de fé do que a oferenda de algo puramente material.
Ou seja, Deus não se prende
a cultos exteriores mas a sinceridade dos atos e a pureza do coração. A este
respeito se pronuncia ainda Emmanuel através da mediunidade de Francisco
Cândido Xavier, no livro intitulado Pão
Nosso nos ensinando que o homem através da realização de oferendas muitas
vezes têm por escopo (objetivo) atrair para si a simpatia Divina para a
realização de seus desejos, ou ainda possuem frequentemente por intento
adquirir os favores divinos sem esforço e merecimento.
Emmanuel segue apontando o
modelo do próprio Cristo que não ofereceu sacrifícios ou qualquer outro tipo de
troca para obter os favores Divinos, mas sim cumpriu sua própria
responsabilidade com os desígnios já traçados para ele por Deus.
Do que fora exposto
depreende-se que o homem ao se deparar com os problemas da vida não raras vezes
procura negociar com Deus meios para livrar-se ou eximir-se de suas
dificuldades, o que no caso em exposição procura fazer através de ofertas ou
sacrifícios.
O
Evangelho Segundo Espiritismo em seu Capítulo V,
Bem-aventurados os Aflitos nos traz o seguinte questionamento. É permitido ao
homem amenizar as próprias provas (dificuldades)?
Logo em seguida vem o
convite a reflexão através também de questionamentos. É permitido ao que se
afoga tentar salvar-se? Ao que foi cravado por espinho, retirá-lo?
O Evangelho
Segundo o Espiritismo segue nos ensinando que as provas
enfrentadas pelo homem tem por objetivo o exercício da paciência, resignação,
bem como o depuramento do indivíduo através da reforma íntima (melhora de
características de cunho moral), o que significa dizer que o advento (vinda)
das dificuldades não deve ser encarado com revolta, mas sim como uma etapa do
processo evolutivo, e é sim, permitido ao homem amenizar os seus sofrimentos
bem como os do próximo, como será melhor explicado a seguir.
A possibilidade de diminuir
os sofrimentos pode ser traduzida do seguinte modo: Quando nos deparamos com
uma dificuldade podemos/devemos procurar meios para saná-la, entretanto quando
não dispomos de meios práticos para fazê-lo devemos exercitar a nossa fé e a
nossa paciência.
O exercício das referidas
virtudes já é em si a um só tempo um bálsamo e uma oferenda de cunho
espiritual, oferta mais agradável a Deus, pois proveniente de um coração
sincero e que está mais voltado a questões de cunho espiritual do que material
ao se dirigir a Deus.
Fonte: Letra espírita, por
Cecília Alves Feitoza.
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