“Por que é tão importante cuidar da evangelização de nossas crianças?” É conhecida a posição de Kardec, o Codificador do Espiritismo, com relação ao ensino moral contido no Evangelho: “Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É o terreno em que todos os cultos podem encontrar se, a bandeira sob a qual todos podem abrigar-se, por mais diferentes que sejam as suas crenças, por que nunca foi objeto de disputas religiosas, sempre e por toda parte provocadas pelos dogmas”. (veja O Evangelho segundo o Espiritismo, Introdução, item I.)
Depois destas sábias palavras, Kardec
asseverou: “Para os homens, em particular, é uma regra de conduta, que abrange
todas as circunstâncias da vida privada e pública, o princípio de todas as
relações sociais fundadas na mais rigorosa justiça. É, por fim, e acima de
tudo, o caminho infalível da felicidade a conquistar, uma ponta do véu erguida
sobre a vida futura”. (Idem, ibidem.)
Aí está, pois, o ponto central da resposta à pergunta formulada. Evangelizar uma pessoa é ensinar-lhe o caminho que leva à paz, à harmonia, à felicidade possível no mundo em que vivemos. E quando tal tarefa deve começar? A resposta a esta dúvida é também por demais conhecida: na infância, esse período da existência corpórea que Emmanuel assim conceituou: “A juventude pode ser comparada a esperançosa saída de um barco para uma longa viagem. A velhice será a chegada ao porto. A infância é a preparação”.
Os Espíritos Superiores nos ensinam que,
encarnando-se com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito durante a infância
“é mais acessível às impressões que recebe, capazes de lhe auxiliarem o
adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo”. As
crianças são os seres “que Deus manda a novas existências”. “Para que não lhes
possam imputar excessiva seriedade, dá-lhes todos os aspectos da inocência.
Julgando os seus filhos bons e dóceis, os pais lhes dedicam toda a afeição e os
cercam dos mais minuciosos cuidados. A delicadeza da idade infantil os torna
brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos que devem fazê-los
progredir. É na fase infantil que se lhes pode reformar o caráter e reprimir as
suas más tendências. Esse é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada
pela qual terão de responder.” (veja O Livro dos Espíritos, questões 383 e
385.)
Examinando o assunto, Emmanuel adverte: “O
período infantil é o mais sério e o mais propício à assimilação dos princípios
educativos. Até os sete anos, o Espírito ainda se encontra em fase de adaptação
para a nova existência. Ainda não existe uma integração perfeita entre ele e a
matéria orgânica. Suas recordações do plano espiritual são, por isto, mais
vivas, tornando-se mais suscetível de renovar o caráter e estabelecer novo
caminho. Passada a época infantil, atingida a maioridade, só o processo
violento das provas rudes, no mundo, pode renovar o pensamento e a concepção
das criaturas, porquanto a alma encarnada terá retomado o seu patrimônio nocivo
do pretérito e reincidirá nas mesmas quedas, se lhe faltou a luz interior dos
sagrados princípios educativos”. (veja O Consolador, pergunta 109.)
Fonte:
Jornal O Imortal, fevereiro de 2006.
Por Astolfo Olegário O. Filho.
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