Nos bastidores da intimidade


Com a finalidade de escrever a respeito dos bastidores de nós mesmos, ou seja, dos acontecimentos e envolvimentos da nossa intimidade, do nosso universo íntimo, passei a compulsar os nobres dicionários desta encantadora língua portuguesa, pelo que me trouxeram os seguintes significados da palavra bastidores:

p. ext., toda a parte das instalações do palco que não se vê da plateia;

fig., intrigas, enredos e tramas íntimas particulares ou que não vêm a público, a exemplo dos bastidores da política.

Pois bem! Não me convém escrever, apontar e fazer julgamentos sobre aquilo que desconheço.

Todavia, pretendo expressar nestas mal ou bem traçadas linhas, o desafio dos artistas da arte de viver artisticamente o duro cotidiano, que conseguem manter a calma, principalmente nos momentos de dificuldades ou de crises, inclusive numa demonstração de amor e de humor.

Aqui, neste artigo, não pretendo adentrar as entranhas dos detalhes dos bastidores, mas louvar o ânimo firme daqueles que saem de lá, sorrindo ou gargalhando para a vida, ao encontro da plateia que, sem ela, para o artista, o que seria da vida!!

O que se pode discutir nos bastidores?

Será a busca do acerto, diante dos desacertos, no enfrentamento ou ao encontro da plateia, razão de existir do artista?

Destacamos aqui as palavras artisticamente artistas. Sim!!! Por um motivo: viver e, acima de tudo, conviver, é fazer arte, a arte da vida. É saber lidar, no dia a dia, com os desafios do caminho, é engenho e arte.

Lembremo-nos do respeitável público!!!

E, em seguida, surge a figura animadora do palhaço, com a sua máscara, transbordando alegria e contagiando a plateia que corresponde com tantas risadas, assovios e aplausos.

De onde tantas palhaçadas, tantas piruetas, anedotas, energias... De onde???

De onde essa intensidade de energias e controle emocional, em saber se posicionar em cada situação em seu devido lugar e devido momento?

É público e notório que todos nós seres humanos carregamos problemas e desafios na caminhada pelas veredas da vida.

Entretanto, se entendermos que esses problemas, na verdade, são desafios ou instrumentos em favor do nosso crescimento moral e espiritual, certamente estaremos mais harmonizados com os bastidores de nós mesmos, reconhecendo que o jugo realmente se torna suave e o fardo leve.

Para isso, precisamos fazer um exercício de reconhecimento do terreno da consciência, buscando a promoção da reforma íntima, através do autoconhecimento.

É perguntarmos e investigarmos a nós mesmos:

O que está nos tocando no dia a dia, na convivência com as pessoas, com a natureza, com os animais e com o próprio “eu”?

Isto é, o que está nos tocando diante do espelho de nós mesmos?

Em que setores, nos bastidores da consciência, devemos promover melhorias do controle e da aplicação das emoções?

Recordemos a recomendação de Jesus: - Quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará. (Mateus 6:6)

Certa ocasião, Chico Xavier, através das suas palavras esclarecedoras, disse que o sofrimento faz parte da existência humana; e que, por isso, o espírita consciente chora escondido, e depois lava o rosto e vai atender, sorrindo, à multidão. (Trecho extraído da revista O Reformador, nº 2.118, set/2005, p. 12.)

Nessas passagens de Jesus e de Chico Xavier, fica bem claro que devemos cuidar dos nossos aposentos, que são exemplos de bastidores; devemos chorar escondido, isto é, nos bastidores da nossa intimidade.

O certo é que o sofrimento faz parte da existência humana. Inclusive, Jesus nos alertou que no mundo teríamos aflições, mas que tenhamos bom ânimo, porque Ele venceu o mundo. (João, 16:33)

E se tivermos o controle dos nossos bastidores, filtrando ou selecionando o que dele pode vir a público, promovendo alegria, felicidade, elevação de autoestima, estaremos aprendendo corretamente a lição de autocontrole emocional e de que os nossos problemas ou desafios são de nossa exclusiva responsabilidade resolvê-los; podendo, no entanto, contar com o amparo e o auxílio dos irmãos de boa vontade, encarnados e/ou desencarnados.

E, apesar das coisas e situações que nos incomodam intimamente, a doçura que repassarmos ao respeitável público do cotidiano retornará, com certeza, para a nossa intimidade, tornando o jugo suave e o fardo leve, devido à força do autoconhecimento.

O consolador, ano 10 - n° 503 - 12 de Fevereiro de 2017.
Por Hyrohydes Gonçalves. 

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