No mundo maior – cap. 7

Presso redentor

Neste capítulo, Calderaro e André Luiz visitam um irmão encarnado em situação dolorosa. Ele apresentava apenas oito anos na vida terrena, era paralítico e emitia gritos e sons próprios da esfera sub-humana.

"Nosso desventurado amigo envenenou para muito tempo os centros ativos da organização perispiritual. Cercado de inimigos e desafetos, frutos da atividade criminosa a que se consagrou voluntariamente, permanece quase embotado pelas sombras resultantes dos seus tremendos erros. No campo consciencial, chora e debate-se, sob o aguilhão de reminiscências torturantes que lhe parecem intérminas; mas os sentidos, mesmo os de natureza física, mantêm-se obnubilados, à maneira de potências desequilibradas, sem rumo... Os pensamentos de revolta e de vingança, emitidos por todos aqueles aos quais deliberadamente ofendeu, vergastaram-lhe o corpo perispiritual por mais de cem anos consecutivos, como choques de desintegração da personalidade, e o infeliz, distante do acesso à zona mais alta do ser, onde situamos o castelo das noções superiores, em vão se debateu no campo do esforço presente, isto é, à altura da região em que localizamos as energias motoras; é que os adversários implacáveis, apegando-se a ele, através da influência direta, compeliram-lhe a mente a fixar-se nos impulsos automáticos, no império dos instintos; permitiu a Lei que assim acontecesse, naturalmente porque a conduta de nosso infortunado irmão fora igual à do jaguar que se aproveita da força para dominar e ferir. Os abusos da razão e da autoridade constituem faltas graves ante o eterno governo dos nossos destinos."

Portanto, Calderaro explicou para André que o corpo espiritual ficou marcado pelos erros cometidos e que o corpo físico é uma cópia do corpo espiritual. O formato animalesco apresentado pelo irmão é apenas consequência do seu passado. O Espírito não regride jamais.

"Examina a conduta do enfermo. Fixando a mente na extrema “região dos impulsos automáticos”, seu padrão de comportamento é efetivamente sub-humano. Volta a viver estados primários, dos quais a individualidade já emergiu há muitos séculos."

Fico imaginando o quanto a Medicina vai evoluir quando finalmente aceitar que a matéria é apenas uma parte (perecível) da individualidade, pois a origem e a razão de muitas doenças incuráveis estão no nosso passado. Não são castigos divinos, mas reflexos de erros cometidos.

"- Examinando essa criança sofredora como enigma sem solução, alguns médicos insensatos da Terra se lembrarão de talvez da morte suave; ignoram que, entre as paredes deste lar modesto, o Médico Divino, utilizando um corpo incurável e o amor, até o sacrifício, de um coração materno, restitui o equilíbrio a Espíritos eternos, a fim de que sobre as ruínas do passado possam irmanar-se para gloriosos destinos."

 

Fonte: Diário de um médium iniciante 

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