Nos domínios da mediunidade - cap. 2

O Psicoscópio

O orientador Áulus decidiu que deveriam centralizar suas observações em reduzido núcleo, qual seja, um grupo de dez encarnados em serviço numa “Casa espírita-cristã”, sendo que destes dez, quatro médiuns eram detentores de faculdades regularmente desenvolvidas e de lastro moral respeitável.


Então, demandaram para uma cidade terrestre e o orientador Áulus levou consigo uma pequena pasta “que na Terra o minúsculo objeto não pesaria senão alguns gramas”  era um “psicoscópio”, que é um aparelho que facilita os exames e estudos sem a necessidade de aprimorada concentração mental. Funciona a base de eletricidade e magnetismo, é constituído por óculos de estudo e destina-se à auscultação (investigação) da alma, com o poder de definir-lhe as vibrações, isto é, identificam-se os valores da individualidade humana pelos raios que emite: a moralidade, o sentimento, a educação, e o caráter são claramente perceptíveis através de ligeira inspeção através do

De forma que, analisando a psicoscopia de uma pessoa ou de uma equipe de trabalhadores é possível anotar-lhes e categorizar-lhes a situação, segundo as radiações que projetam e assim, é planejada a obra que podem realizar no tempo.

Uma ficha psicoscópica, sobretudo, determina a natureza de nossos pensamentos e, através de semelhante auscultação, é fácil ajuizar dos nossos méritos ou das nossas necessidades.

Hilário começou a refletir sobre o psicoscópio, e a imaginar uma sociedade humana que pudesse retratar a vida interior dos seus membros e quanto isto economizaria grandes quotas de tempo na solução de inúmeros problemas psicológicos. E o mentor Áulus anuiu dizendo que o futuro reserva prodígios à percepção do homem comum.

Os três Espíritos (Áulus, André Luiz e Hilário) chegaram à Casa Espírita, atravessaram largo recinto, onde se encontravam entidades menos felizes do plano espiritual, isto é passaram pelo salão consagrado ao ensinamento público, e na sequência adentraram em acanhado aposento onde se encontravam os médiuns em silenciosa concentração mental.

Áulus explicou que os médiuns estavam fazendo o serviço de harmonização preparatória através de 15 minutos de prece, quando não sejam de palestra ou leituras edificantes, porque não se pode abordar o mundo espiritual sem atitude nobre e digna, o que lhes dá a possibilidade de atrair companhias edificantes; e amigos espirituais da Casa-Espírita também encontravam-se em oração.

Áulus armou o psicoscópio e depois de ligeira análise recomendou a Andre Luiz e Hilário que observassem.

Na vez de André Luiz, o mesmo notou, “sem necessidade de esforço mental” que todas as expressões da matéria física assumiam diferente aspecto: teto, paredes, objetos de uso corriqueiro revelavam-se formados de correntes de força, a emitirem baça (sem brilho) claridade.

Em relação aos médiuns, André Luiz notou que pareciam mais estreitamente associados entre si, pelos vastos círculos radiantes que lhes nimbavam (aureolavam) as cabeças de opalino (tonalidade azulada cintilante) esplendor (luminosidade). E que, em torno da mesa, André Luiz verificou uma coroa de luz solar (que é branca, pois resulta da soma das sete cores do arco-íris: o violeta, o azul, o anil, o verde, o amarelo, o laranja e o vermelho) formada por 10 pontos (pois eram 10 médiuns) e cada ponto tinha no centro o semblante (aspecto e aparência) espiritual do médium em oração.

André Luiz reparou que sobre cada médium tinha uma auréola (círculo luminoso) de raios quase verticais, brilhantes e móveis, quais se fossem diminutas antenas de ouro fumegante (vaporoso). Sobre essas coroas que se particularizavam, de companheiro a companheiro, caíam do Alto abundantes jorros de luminosidade estelar (das estrelas) que, tocando as cabeças ali irmanadas, pareciam suaves correntes de força a se transformarem em pétalas microscópicas, que se acendiam e apagavam, em miríades (quantidade elevada e considerada imensa) de formas delicadas e caprichosas, gravitando, por momentos, ao redor dos cérebros em que se produziam, quais satélites de vida breve, em torno das fontes vitais que lhes davam origem.

Custodiando a assembleia, permaneciam os mentores espirituais presentes, cada qual irradiando a luz que lhe era própria.

André Luiz perguntou ao instrutor Áulus se os 10 médiuns eram grandes iniciados na revelação divina, ao que recebeu como resposta que não, e que se tratavam apenas de irmãos de boa vontade:

”Naturalmente, são pessoas comuns. Comem, bebem, vestem-se e apresentam-se na Terra sob o aspecto vulgar de outras criaturas do ramerrão (costume, hábito rotina) carnal; no entanto, trazem a mente voltada para os ideais superiores da fé ativa, a expressar-se em amor pelos semelhantes. Procuram disciplinar-se, exercitam a renúncia, cultivam a bondade constante e, por intermédio do esforço próprio no bem e no estudo nobremente conduzido, adquiriram elevado teor de radiação mental”.

Então, Hilário quis entender o porquê da luz e o assistente Áulus respondeu que não era para se ter estranheza, pois um homem encarnado é um gerador de força eletromagnética e que todas as substâncias vivas da Terra emitem energias, enquadradas nos domínios das radiações ultravioletas. E que os 10 médiuns possuíam almas regularmente evolutidas (evoluídas), em apreciáveis condições vibratórias pela sincera devoção ao bem, com esquecimento dos seus próprios desejos. Podendo, portanto, projetar raios mentais em vias de sublimação (purificação), assimilando correntes superiores e enriquecendo os raios vitais ou raios ectoplasmáticos de que são dínamos (geradores) comuns.

Sobre os raios vitais ou raios ectoplasmáticos Áulus esclareceu que: “Esses raios são peculiares a todos os seres vivos. É com eles que a lagarta realiza suas complicadas demonstrações de metamorfose e é ainda na base deles que se efetuam todos os processos de materialização mediúnica, porquanto os sensitivos encarnados que os favorecem libertam essas energias com mais facilidade. Todas as criaturas, porém, guardam-nas consigo, emitindo-as em frequência que varia em cada uma, de conformidade com as tarefas que o plano da vida lhes assinala. E, otimista, acrescentou: – O estudo da mediunidade repousa nos alicerces da mente com o seu prodigioso campo de radiações”.

  

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