Prece - parte 2

POR QUEM DEVEMOS ORAR?

Primeiramente por nós mesmos, por nossos parentes, pelos nossos amigos e inimigos, deste e do outro mundo; devemos orar pelos que sofrem e por aqueles por quem ninguém ora.

Prece para si mesmo

Um poderoso auxiliar do espírito em esforço evolutivo é a prece, que terá que ser feita, conforme o Evangelho, em recolhimento, sem exibição, e empregando apenas as palavras necessárias, sem excesso verbal. Da mesma forma, Deus será adorado “em espírito e verdade”, ou seja, no intimo da criatura e com sinceridade, não havendo precisão de atos exteriores. (Evolução para o terceiro milênio, item 7)


A prece é sempre um atestado de boa vontade e compreensão, no testemunho da nossa condição de Espíritos devedores sem dúvida, não poderá modificar o curso das leis, diante das quais nos fazemos réus sujeitos a penas múltiplas, mas renova-nos o modo de ser, valendo não só como abençoada plantação de solidariedade em nosso beneficio, mas também como vacina contra a reincidência no mal. Além disso, a prece faculta-nos a aproximação com grandes benfeitores que nos presidem os passos, auxiliando-nos a organização de novo roteiro para caminhada segura. (Ação e reação, cap. 19)

A nossa prece deve ser clara, simples e concisa, sem frases inúteis que dão brilho falso. Cada palavra deve ter sua importância e revelar uma ideia, deve fazer-nos refletir, tocar nosso coração; só com essa condição, a prece pode alcançar o seu objetivo. Porque se não entendo o que significam as palavras, meu coração ora, mas minha inteligência está sem fruto; é impossível ligar um pensamento ao que não se compreende, porque o que não se compreende, não toca ao coração é apenas um conjunto de palavras que não dizem nada ao espírito, e não revela a minha vontade.

Deus lê no fundo dos corações, vê o pensamento e a sinceridade, e por isso que os Espíritos nos diz que a prece dos lábios é uma formula vã quando dela o coração não toma parte

Pela prece o homem chama para si a ajuda dos bons Espíritos, que vem sustenta-lo nas sua boas resoluções, e inspirar-lhe bons pensamentos: adquire a força moral necessária para vencer as dificuldades e reentrar no caminho reto se dele se afastou, assim como, afastar de si os males que atrai por sua própria falta, e a força para resistir os maus pensamentos. Sendo assim não é o mal que se afasta, mas nós mesmos do pensamento que pode causar o mal; eles não modificam os decretos de Deus, nem suspendem o curso natural das leis da natureza, mas nos impedem de infringir essas leis, dirigindo nosso livre arbítrio; mas o fazem sem sabermos, de maneira oculta, para não acorrentar nossa vontade, pois com o nosso pensamento melhor e renovado encontraremos, na posição daquele que solicita bons conselhos e os coloca em pratica, mas está sempre livre de segui-los ou não, Deus quer que seja assim para que tenhamos a responsabilidade dos nossos atos, e deixa-nos o mérito da escolha entre o bem e o mal. Isso, sempre podemos obter, se pedirmos com fervor, ai é que podemos aplicar estas palavras; “Pedi e obtereis”. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 27, itens 17 e 17)

Quando as preces não são ouvidas

A prece não atendida constitui indícios de que o pedido não se ajustava às reais necessidades de nosso Espírito, segundo o ponto de vista e as observações dos instrutores Espirituais. (Mediunidade e evolução, cap. 36)

Quando estamos aflitos, desequilibrados emocionalmente ou enfermos, devemos orar a Deus, a Jesus e aos bons espíritos, rogando a paz interior, o reequilíbrio e a cura. Sempre haverá uma resposta à nossa súplica, pois todas as preces são ouvidas, selecionadas, analisadas e atendidas, fraternalmente, da melhor maneira, pelos espíritos de diversas esferas espirituais de acordo com os nossos merecimentos e necessidades.

O poder de nossa prece está na vontade, nos pensamentos sinceros e elevados e não nos gestos e formalidades exteriores.

Se o nosso sofrimento decorre de excessos, vícios, crimes e faltas cometidas, a prece propiciará coragem, força moral, paciência e resignação, mas não dispensará o arrependimento sincero, a reparação necessária e o retorno às sendas do amor, do bem e das virtudes, que garantem o restabelecimento físico, moral e emocional duradouro.

A oração, por imunizar-nos contra o mal pelo halo de proteção que forma; por atrair ajuda espiritual; por evitar a irritação, a angustia, o ressentimento, a depressão e outras desvirtudes da alma que nos levam a muitos males e enfermidades; por ser valioso recurso no reequilíbrio interior, na mudança de um estado doentio da consciência e na cura do corpo, deve estar, de modo permanente, incorporada em nossos hábitos diários. (Doenças, cura e saúde à luz do espiritismo)

Dificuldade e oração

Em qualquer dificuldade, não nos esqueçamos da oração.

Elevemos o pensamento a Deus, procurando sintonia com os Espíritos Bons. No mínimo, a prece nos pacifica para que encontremos, por nós mesmos, a saída para a dificuldade que estejamos enfrentando… Às vezes, naquele minuto de oração deixamos de tomar uma decisão precipitada, de proferir uma palavra agressiva, de permitir que a cólera nos induza a qualquer atitude infeliz. (O evangelho de Chico Xavier, cap. 348).

Léon Denis analisa que a prece deve ser um expansão íntima da alma para com Deus, um colóquio solitário, uma meditação sempre útil, muitas vezes fecunda. É, por excelência, o refugio dos aflitos, dos corações magoados. Nas horas de acabrunhamento, de pesar intimo e de desespero, quem não achou na prece a calma, o reconforto e o alivio a seus males? Um diálogo misterioso se estabelece entre a alma sofredora e a potencia evocada. A alma expõe suas angustias, seus desânimos; implora socorro, apoio, indulgência. E, então, no santuário da consciência uma voz secreta responde: É a voz daquele donde dimana toda força para as lutas deste mundo, todo o balsamo para as nossas feridas, toda a luz para nossas incertezas. E essa voz consola, reanima, persuade; traz-nos a coragem, a submissão, a resignação estoica. E, então, erguemo-nos menos tristes, menos atormentados; um raio de sol divino luziu em nossa alma, fez despontar nela a esperança. (Depois da morte, cap. 5)

A água fluída

Quando Jesus se referiu à benção do copo de água fria, em seu nome, não apenas se reportava à compaixão rotineira que sacia a sede comum. Detinha-se o mestre no exame de valores espirituais mais profundos.

A água é dos corpos mais simples e receptivo da Terra. É como que a base pura, em que a medicação do Céu pode ser impressa, através de recursos substanciais de assistência ao corpo e à alma, embora em processo invisível aos olhos mortais.

A prece intercessória e o pensamento de bondade representam irradiações de nossas melhores energias.

A criatura que ora ou medita exterioriza poderes, emanações e fluidos que, por enquanto, escapam á análise da inteligência vulgar e a linfa potável recebe a influencia, de modo claro, condensando linhas de força magnética e princípios elétricos, que aliviam e sustentam, ajudam e curam.

A fonte que procede do coração da Terra e a rogativa que flui no imo d’alma, quando se unem na difusão do bem, operam milagres.

O Espírito que se eleva na direção do Céu é antena viva, captando potencias da natureza superior, podendo distribuí-las em beneficio de todos os que lhe seguem a marcha.

Ninguém existe órfão de semelhante amparo. Para auxiliar a outrem ou a si mesmo, bastam a boa vontade e a confiança positiva.

Reconheçamos, pois, que o Mestre, quando se referiu à água simples, doada em nome da sua memória, reportava-se ao valor real da providência, em beneficio da carne e do espírito, sempre que estacionam através de zonas enfermiças. Se, desejas, portanto, o concurso dos amigos espirituais, na solução de teus problemas orgânicos ou dos problemas de saúde e equilíbrio dos companheiros, coloca o teu recipiente de água cristalina, à frente de tuas orações, espera e confia. O orvalho do plano divino magnetizará o liquido com raios de amor, em forma de benção, e estarás, então, consagrando o sublime ensinamento do copo de água pura, abençoado nos Céus.

Aos anjos guardiães e aos espíritos protetores

Todos temos um bom Espírito que se ligou a nós desde o nosso nascimento, e nos tomou sob a sua proteção. Cumpre junto de nós a missão de um pai junto ao filho: a de nos conduzir no caminho do bem e do progresso através das provas da vida. Ele é feliz quando correspondemos à sua solicitude; sofre quando nos vê sucumbir.

Seu nome nos importa pouco, porque pode não ter nome conhecido na Terra; nós o evocamos, então, como nosso anjo guardião, nosso bom gênio; podemos mesmo invocá-lo sob o nome de um Espírito superior qualquer, pelo qual sentimos, mais particularmente, simpatia.

Além do nosso anjo guardião, que é sempre um Espírito superior, temos Espíritos protetores que, por serem menos elevados, não são piores e benevolentes; são ou parentes, ou amigos, ou algumas vezes pessoas que não conhecemos em nossa existência atual. Eles nos assistem com seus conselhos, e frequentemente pela sua intervenção nos atos da nossa vida.

Os Espíritos simpáticos são aqueles que se ligam a nós por certa semelhança de gostos e tendências: podem ser bons ou maus, segundo a natureza das inclinações que os atraem para nós.

Os Espíritos sedutores se esforçam por nos desviar do caminho do bem, nos sugerindo maus pensamentos. Aproveitam de todas as nossas fraquezas como de tantas portas abertas que lhes dão acesso à nossa alma. Há os que se obstinam contra nós como sobre uma presa, mas se afastam quando reconhecem não poderem lutar contra a nossa vontade.

Deus nos deu um guia principal e superior em nosso anjo guardião, e guias secundários em nossos Espíritos protetores e familiares; mas é um erro crer que temos forçosamente um mau gênio colocado perto de nós para contrabalançar as boas influências. Os maus Espíritos vêm voluntariamente segundo encontrem acesso sobre a nossa fraqueza ou nossa negligência em seguir as inspirações dos bons Espíritos ; portanto, somos nós quem os atraímos. Disso resulta que ninguém está jamais privado da assistência dos bons Espíritos, e que depende de nós afastar os maus. Por suas imperfeições, o homem sendo a causa primeira das misérias que suporta é, o mais frequentemente, seu próprio mau gênio.

A prece aos anjos guardiães e aos Espíritos protetores deve ter por finalidade solicitar sua intervenção junto de Deus, de lhes pedir a força de resistir às más sugestões, e a sua assistência nas necessidades da vida

Para afastar os maus Espíritos

Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que limpais por fora o copo e o prato e estais, por dentro, cheios de rapinas e impurezas. – Fariseus cegos, limpai primeiramente o interior do copo e do prato, a fim de que também o exterior fique limpo. – Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, que vos assemelhais a sepulcros branqueados, que por fora parecem belos aos olhos dos homens, mas que, por dentro, estão cheios de toda espécie de podridões. – Assim, pelo exterior, pareceis justos aos olhos dos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidades. (Mateus, 23:25 a 28) O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 15.

Os maus Espíritos somente procuram os lugares onde encontrem possibilidades de dar expansão à sua perversidade. Para afastá-los, não basta pedir-lhes, nem mesmo ordenar-lhes que se vão; é preciso que o homem elimine de si o que os atrai. Os Espíritos maus farejam as chagas da alma, como as moscas farejam as chagas do corpo. Assim como se limpa o corpo, para evitar a bicheira, também se deve limpar de suas impurezas a alma, para evitar os maus Espíritos. Vivendo num mundo onde estes pululam, nem sempre as boas qualidades do coração nos põem a salvo de suas tentativas; dão, entretanto, forças para que lhes resistamos. (O evangelho segundo o espiritismo,cap. 28, nº 16)

Queres distancia do mal, entretanto, para que o mal se afaste de nós será preciso esquecê-lo. Não podemos ser ingênuos e implistas, a ponto de ignorá-lo. Urge, porém, não se conferir a honra da atenção permanente, qual se fosse ornamento precioso que devamos embutir na cabeça. O caminho da experiência nem sempre surge afastado de segurança. É indispensável contar com perigos e desarranjos. À frente da crise, o motorista suprime o defeito ou liquida o obstáculo, mas, não se detém indefinidamente, medindo as dificuldades que atravessou. Certo, na maioria das ocasiões, não afasta o veiculo dos empeços a ligeiro toque dos dedos, obrigado que se vê, quase sempre, a socorrer-se dos instrumentos de que dispõe. De nossa parte, muito dificilmente também, lograremos desvencilhar-nos, a breve esforço, da influencia do mal. Todos possuímos, todavia, duas alavancas de força que, se conjugadas e usadas devidamente, resolvem quaisquer problemas ou subtraem obstáculos quaisquer; a oração e o trabalho.

A oração, além de clarear-nos por dentro, granjeia, em nosso favor o amparo Divino sobre nossas fraquezas, e o trabalho, além de burilar-nos as faculdades, atrai em nosso beneficio o concurso do próximo, capaz de atenuar-nos as imperfeições. Em todos os desgostos e empeços da estrada, oração e trabalho funcionam, eficientes. Sejam eles doenças ou mágoas, frustrações ou contratempos, tentações ou desastres, recorramos a essas chaves de socorro e os caminhos se nos abrirão, amplos e claros, ao calor da paciência e á luz da esperança.

Perante quaisquer dissabores e provações, empreguemos a oração com o apoio do trabalho e apliquemos o trabalho com o auxilio da oração. Através do uso correto de semelhantes indicações, seguiremos adiante de alma e coração renovado, entre a serenidade da consciência e a benção de Deus. (Palavras da coragem, cap. 13)

Para pedir a corrigenda de um defeito

Os nossos maus instintos resultam da imperfeição do nosso próprio Espírito e não da nossa organização física; a não ser assim, o homem se acharia isento de toda espécie de responsabilidade. De nós depende a nossa melhoria, pois todo aquele que se acha no gozo de suas faculdades tem, com relação a todas as coisas, a liberdade de fazer ou de não fazer. Para praticar o bem, de nada mais precisa senão do querer. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 18)

Para pedir a força de resistir a uma tentação

Duas origens pode ter qualquer pensamento mau: a própria imperfeição de nossa alma, ou uma funesta influência que sobre ela se exerça. Neste último caso, há sempre indício de uma fraqueza que nos sujeita a receber essa influência; há, por conseguinte, indício de uma alma imperfeita. De sorte que aquele que venha a falir não poderá invocar por escusa a influência de um Espírito estranho, visto que esse Espírito não o teria arrastado ao mal, se o considerasse inacessível à sedução.

Quando surge em nós um mau pensamento, podemos, pois, imaginar um Espírito maléfico a nos atrair para o mal, mas a cuja atração podemos ceder ou resistir, como se tratara das solicitações de uma pessoa viva. Devemos, ao mesmo tempo, imaginar que, por seu lado, o nosso anjo guardião, ou Espírito protetor, combate em nós a influência e espera com ansiedade a decisão que tomemos. A nossa hesitação em praticar o mal é a voz do Espírito bom, a se fazer ouvir pela nossa consciência.

Reconhece-se que um pensamento é mau, quando se afasta da caridade, que constitui a base da verdadeira moral, quando tem por princípio o orgulho, a vaidade, ou o egoísmo; quando a sua realização pode causar qualquer prejuízo a outrem; quando, enfim, nos induz a fazer aos outros o que não quereríamos que nos fizessem. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, n° 20)

Ação de graças pela vitória alcançada sobre uma tentação

Aquele que resistiu a uma tentação deve-o à assistência dos bons Espíritos, a cuja voz atendeu. Cumpre-lhe agradecê-lo a Deus e ao seu anjo de guarda. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, n° 22)

Para pedir um conselho

Quando estamos indecisos sobre o fazer ou não fazer uma coisa, devemos antes de tudo propor-nos a nós mesmos as questões seguintes:

1ª – Aquilo que eu hesito em fazer pode acarretar qualquer prejuízo a outrem?

2ª – Pode ser proveitoso a alguém?

3ª – Se agissem assim comigo, ficaria eu satisfeito?

Se o que pensamos fazer, somente a nós nos interessa, licito nos é pesar as vantagens e os inconvenientes pessoais que nos possam advir. Interessa-se a outrem e se, resultando em bem para um, redundará em mal para outro, cumpre, igualmente, pesemos a soma de bem ou de mal que se produzirá, para nos decidirmos a agir, ou a abster-nos.

Enfim, mesmo em se tratando das melhores coisas, importa ainda consideremos a oportunidade e as circunstâncias concomitantes, porquanto uma coisa boa, em si mesma, pode dar maus resultados em mãos inábeis, se não for conduzida com prudência e circunspecção. Antes de empreendê-la, convém consultemos as nossas forças e meios de execução.

Em todos os casos, sempre podemos solicitar a assistência dos nossos Espíritos protetores, lembrados desta sábia advertência: Na dúvida, abstém-te. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, n° 24)

Nas aflições da vida

Podemos pedir a Deus favores terrenos e Ele no-los pode conceder, quando tenham um fim útil e sério. Mas, como a utilidade das coisas sempre a julgamos do nosso ponto de vista e como as nossas vistas se circunscrevem ao presente, nem sempre vemos o lado mau do que desejamos, Deus, que vê muito melhor do que nós e que só o nosso bem quer, pode recusar o que peçamos, como um pai nega ao filho o que lhe seja prejudicial. Se não nos é concedido o que pedimos, não devemos por isso entregar-nos ao desânimo; devemos pensar, ao contrário, que a privação do que desejamos nos é imposta como prova, ou como expiação, e que a nossa recompensa será proporcionada à resignação com que a houvermos suportado. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, n° 26)

Ao longo do caminho em que jornadeias para adiante, encontrarás a treva a cercar-te em todos os flancos. Trevas da ignorância em forma de incompreensão, nevoeiros de ódio em forma de desespero, neblinas de impaciência em forma de lagrimas e sombras de loucura em forma de tentação sinistras. Acende, porém, a luz da oração e caminha. A prece é claridade que te auxiliará a ver a amargura das vitimas do mal, as feridas dos que te ofendem sem perceber, as magoas dos que perseguem e a infelicidade dos que te caluniam.

Ora e segue, adiante.

O horizonte é sempre mais nobre e a estrada sempre mais sublime, desde que a oração permaneça em tua alma em forma de confiança e de luz. (Servidores no além, cap. 6)

Ação de graças por um favor obtido

Não se devem considerar como sucessos ditosos apenas o que seja de grande importância. Muitas vezes, coisas aparentemente insignificantes são as que mais influem em nosso destino. O homem facilmente esquece o bem, para, de preferência, lembrar-se do que o aflige. Se registrássemos, dia a dia, os benéficos de que somos objeto, sem os havermos pedido, ficaríamos, com frequência, espantados de termos recebido tantos e tantos que se nos varreram da memória, e nos sentiríamos humilhados com a nossa ingratidão.

Todas as noites, ao elevarmos a Deus a nossa alma, devemos recordar em nosso íntimo os favores que Ele nos fez durante o dia e agradecer-lhos. Sobretudo no momento mesmo em que experimentamos o efeito da sua bondade e da sua proteção, é que nos cumpre, por um movimento espontâneo, testemunhar-lhe a nossa gratidão. Basta, para isso, que lhe dirijamos um pensamento, atribuindo-lhe o benefício, sem que se faça mister interrompamos o nosso trabalho.

Não consistem os benefícios de Deus unicamente em coisas materiais. Devemos também agradecer-lhe as boas ideias, as felizes inspirações que recebemos. Ao passo que o egoísta atribui tudo isso aos seus méritos pessoais e o incrédulo ao acaso, aquele que tem fé rende graças a Deus e aos bons Espíritos. São desnecessárias, para esse efeito, longas frases. “Obrigado, meu Deus, pelo bom pensamento que me foi inspirado”, diz mais do que multas palavras. O impulso espontâneo, que nos faz atribuir a Deus o que de bom nos sucede, dá testemunho de um ato de reconhecimento e de humildade, que nos granjeia a simpatia dos bons Espíritos. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, n° 28)

Ato de submissão e de resignação

Quando um motivo de aflição nos advém, se lhe procurarmos a causa, amiúde reconheceremos estar numa imprudência ou imprevidência nossa, ou, quando não, em um ato anterior. Em qualquer desses casos, só de nós mesmos nos devemos queixar. Se a causa de um infortúnio independe completamente de qualquer ação nossa, é ou uma prova para a existência atual, ou expiação de falta de uma existência anterior, caso, este último, em que, pela natureza da expiação, poderemos conhecer a natureza da falta, visto que somos sempre punidos por aquilo em que pecamos.

No que nos aflige, só vemos, em geral, o presente e não as ulteriores consequências favoráveis que possa ter a nossa aflição. Muitas vezes, o bem é a consequência de um mal passageiro, como a cura de uma enfermidade é o resultado dos meios dolorosos que se empregaram para combatê-la. Em todos os casos devemos submeter-nos à vontade de Deus, suportar com coragem as tribulações da vida, se queremos que elas nos sejam levadas em conta e que se nos possam aplicar estas palavras do Cristo: “Bem-aventurados os que sofrem.” (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, n° 30)

Bem-aventurados os aflitos pode, ser traduzido assim: bem-aventurados aqueles que tem oportunidades de provarem a sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão em cêntuplo a alegria que lhes falta na Terra, e depois do trabalho virá o repouso. (Lacordaire, Havre,1863). O evangelho segundo o espiritismo, cap. 5, item 18.

Num perigo iminente

Pelos perigos que corremos, Deus nos adverte da nossa fraqueza e da fragilidade da nossa existência. Mostra-nos que entre suas mãos está a nossa vida e que ela se acha presa por um fio que Se pode romper no momento em que menos o esperamos. Sob esse aspecto, não há privilégio para ninguém, pois que às mesmas alternativas se encontram sujeitos assim o grande, como o pequeno.

Se examinarmos a natureza e as consequências do perigo, veremos que estas, as mais das vezes, se se verificassem, teriam sido a punição de uma falta cometida, ou da falta do cumprimento de um dever. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 34)

Ação de graças por haver escapado a um perigo

Pelo perigo que tenhamos corrido, mostra-nos Deus que, de um momento para outro, podemos ser chamados a prestar contas do modo por que utilizamos a vida. Avisa-nos, assim, que devemos tomar tento e emendar-nos. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, n° 36)

À hora de dormir

O sono tem por fim dar repouso ao corpo; o Espírito, porém, não precisa de repousar. Enquanto os sentidos físicos se acham entorpecidos, a alma se desprende, em parte, da matéria e entra no gozo das faculdades do Espírito. O sono foi dado ao homem para reparação das forças orgânicas e também para a das forças morais. Enquanto o corpo recupera os elementos que perdeu por efeito da atividade da vigília, o Espírito vai retemperar-se entre os outros Espíritos. Haure, no que vê, no que ouve e nos conselhos que lhe dão, ideias que, ao despertar, lhe surgem em estado de intuição. É a volta temporária do exilado à sua verdadeira pátria. É o prisioneiro restituído por momentos à liberdade.

Mas, como se dá com o presidiário perverso, acontece que nem sempre o Espírito aproveita dessa hora de liberdade para seu adiantamento. Conserva-se instintos maus, em vez de procurar a companhia de Espíritos bons, busca a de seus iguais e vai visitar os lugares onde possa dar livre curso aos seus pendores.

Eleve, pois, aquele que se ache compenetrado desta verdade, o seu pensamento a Deus, quando sinta aproximar-se o sono, e peça o conselho dos bons Espíritos e de todos cuja memória lhe seja cara, a fim de que venham juntar-se-lhe, nos curtos instantes de liberdade que lhe são concedidos, e, ao despertar, sentir-se-á mais forte contra o mal, mais corajoso diante da adversidade. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 38)

Prevendo próxima a morte

A fé no futuro, a orientação do pensamento, durante a vida, para os destinos vindouros, favorecem e aceleram o desligamento do Espírito, por enfraquecerem os laços que o prendem ao corpo, tanto que, frequentemente, a vida corpórea ainda se não extinguiu de todo, e a alma, impaciente, já alçou o voo para a imensidade. Ao contrário, no homem que concentra nas coisas materiais todos os seus cuidados, aqueles laços são mais tenazes, penosa e dolorosa é a separação e cheio de perturbação e ansiedade o despertar no além-túmulo. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 40)


Fonte:

Ação e reação. Francisco Cândido Xavier pelo Espírito André Luiz.

Curso Básico do Espiritismo 1º e 2º ano FEESP. João Batista Armani.

Depois da morte. Léon Denis.

Doenças, cura e saúde à luz do Espiritismo. Geziel Andrade.

Encontro de paz- Autores Diversos. Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel.

Mediunidade e evolução. Martins Peralva.

Missionários da luz. Francisco C. Xavier pelo Espírito André Luiz.

O Consolador. Francisco Candido Xavier pelo Espírito Emmanuel.

O Evangelho de Chico Xavier – O próprio Encarnado

O Livro dos Espíritos. Allan Kardec.

O passe espírita. Luiz Carlos M. Gurgel.

Os mensageiros. Francisco Cândido Xavier- pelo Espírito André Luiz.

Vinha de Luz. Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel.


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