Deus a ninguém liberta
gratuitamente de suas faltas, por mais possam apregoar certas doutrinas
cristãs, as quais preceituam que a aceitação simplista de Jesus, como o
Salvador, seja o suficiente para que o crente se livre da dor. Transferir para
outrem, para Jesus mesmo, as suas faltas a fim de que seja perdoado e liberto
da dor é um ledo engano que não encontra respaldo na lógica da Justiça Divina.
Entorpecer o corpo de
prazeres, segundo correntes materialistas científicas ou filosóficas, a ninguém
isenta da dor. Existe, sim, a necessidade de assumir a responsabilidade de uma
mudança comportamental, mudança que sempre pode libertar o indivíduo da dor,
quando bem realizada segundo padrões éticos/morais cristãos.
Ignora quem aconselha a busca dos prazeres como forma de libertação da dor, que eles não costumam atender a sede total de quem os busca de forma desordenada. Muito pelo contrário, leva aos desvarios provocados pelas drogas alucinógenas, estupefacientes, quando usadas para se chegar a essas alegrias superlativas, diferentes, aquelas que projetam a criatura para fora de sua realidade. A consciência enferma que busca estes elementos nocivos para alegrar-se não pode ser conduzida à felicidade que não merece, nem à paz a que não faz jus.
A dor espiritual, principalmente, tem uma tarefa na sua postura existencial de servidora do ser humano: provocar-lhe o despertar consciencial, mostrando-lhe a necessidade de reequilíbrio emocional diante da Lei, o que redunda em fortalecer o seu sistema imunológico.
A linguagem da dor e o seu
objetivo educativo repontam apenas em poucas pessoas, aquelas com certo
amadurecimento espiritual, capacitadas a escutar e entender o seu funcionamento
na vida, no seu contexto dual, isto é, material e espiritual.
Sócrates, Francisco de
Assis, Martin Luther King Júnior, Joanna d’Arc, Gandhi, John Fitzgerald
Kennedy, Madre Tereza, Chico Xavier e tantos outros sentiram o aguilhão da dor
na carne, sem permitir que ela lhes atingisse a alma, eles que sofreram a dor
da humilhação, do cárcere injusto, de arbitrários julgamentos, mantendo, não
obstante, a força do amor nos corações, oferecendo, assim, para os pósteros, o
testemunho de suas condições internas de leais servidores do Bem e da
Humanidade.
Como moeda de resgate e alta
concessão divina, a dor ajuda a fixar o bem em quem a sofre. “...Com a sua ausência ignoraríamos a paz,
desconsideraríamos a alegria, maldiríamos a saúde”, na palavra de Joanna de
Ângelis.
Nosso dever é a fixação da
prática do bem em nossas telas mentais, em nosso inconsciente, ou psiquismo de
profundidade, a fim de que este responda sempre aos nossos apelos nobres, às
nossas justas iniciativas, preparado que se acha para responder de conformidade
com o que nele introjetamos. Nosso inconsciente é terra fértil, nem boa nem má,
apenas armazena o que lhe enviamos pela zona consciente, devolvendo, como
recebeu, as nossas emoções e os nossos sentimentos, as nossas alegrias e as
nossas mágoas, as nossas venturas e as nossas aflições.
Acalmar-se, tranquilizar o
emocional, eis a palavra de ordem do consciente ao inconsciente, embora a
tormenta externa nos atinja e nos faça sofrer. Requisitado, o inconsciente
responderá de conformidade com o que lhe enviou o consciente, repitamos.
Para Jesus a dor sofrida é
felicidade, Ele que soube encarar o seu sofrimento como um amigo de todas as
horas. Em todos os instantes de seu sofrimento elegeu a dor para exaltar o amor
e a bondade como rota de luz, visando à pacificação geral. Assim mesmo
prosseguiu imperturbável.
Mesmo que estejamos
amesquinhados por dores e preocupações, dilacerados por aflições ultrizes,
levantemo-nos estoicos e cristãos, com a cabeça aureolada de esperanças.
Tomemos as asas do amor para com elas louvarmos a Jesus, o Senhor do Bem e da Paz,
e sigamos rumo às regiões de Libertação onde nos aguardam todos quantos se
amam, após haverem perlustrado os caminhos tortuosos dos enganos.
Temos, às nossas meditações, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. 5, item 10, que as provações da vida fazem adiantar quem as sofre, quando bem suportadas; elas apagam as faltas e purificam o espírito faltoso. “Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio”, salientam os Espíritos Superiores. Continuam: “(...) Dele, depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá que recomeçar”. E, no mesmo livro, capítulo 14, item 9: “As provas rudes, ouvi-me bem, são quase sempre indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, quando aceitas com o pensamento em Deus”.
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