PRIMEIRA PARTE
NOÇÕES PRELIMINARES
CAPÍTULO I
Há Espíritos?
Existência de Deus - "A existência da alma e a de Deus,
consequência uma da outra, constituindo a base de todo o edifício, antes de
travarmos qualquer discussão espírita, importa indaguemos se o nosso
interlocutor admite essa base".
Imortalidade da alma - "O corpo não passa de um acessório seu, de
um invólucro, uma veste, que ele deixa, quando usada. Além desse invólucro
material, tem o Espírito um segundo, semimaterial, que o liga ao primeiro. Por
ocasião da morte, despoja-se deste, porém não do outro, a que damos o nome de
perispírito."
Pluralidade das existências - "Dizei mais que as
almas não atingem o grau supremo, senão pelos esforços que façam por se
melhorarem e depois de uma série de provas adequadas à sua purificação; que os
anjos são almas que galgaram o último grau da escala, grau que todas podem
atingir, tendo boa vontade; que os anjos são os mensageiros de Deus,
encarregados de velar pela execução de seus desígnios em todo o Universo, que
se sentem ditosos com o desempenho dessas missões gloriosas, e lhes tereis dado
à felicidade um fim mais útil e mais atraente, do que fazendo-a consistir numa
contemplação perpétua, que não passaria de perpétua inutilidade. Dizei,
finalmente, que os demônios são simplesmente as almas dos maus, ainda não
purificadas, mas que podem, como as outras, ascender ao mais alto cume da
perfeição e isto parecerá mais conforme a justiça e à bondade de Deus, do que a
doutrina que os dá como criados para o mal e ao mal destinados eternamente.
Ainda uma vez: aí tendes o que a mais severa razão, a mais rigorosa lógica, o
bom-senso, em suma, podem admitir."
Pluralidade dos mundos habitados - "A que ficou reduzida a importância da Terra, mergulhada nessa imensidade? Por que injustificável privilégio este quase imperceptível grão de areia, que não avulta pelo seu volume, nem pela sua posição, nem pelo papel que lhe cabe desempenhar, seria o único planeta povoado de seres racionais? A razão se recusa a admitir semelhante nulidade do infinito e tudo nos diz que os diferentes mundos são habitados."
Comunicabilidade dos espíritos - "Desde que admitis a
sobrevivência da alma, será racional que não admitais a sobrevivência dos
afetos? Pois que as almas estão por toda parte, não será natural acreditarmos
que a de um ente que nos amou durante a vida se acerque de nós, deseje
comunicar-se conosco e se sirva para isso dos meios de que disponha? Enquanto
vivo, não atuava ele sobre a matéria de seu corpo? Não era quem lhe dirigia os
movimentos? Por que razão, depois de morto, entrando em acordo com outro
Espírito ligado a um corpo, estaria impedido de se utilizar deste corpo vivo, para
exprimir o seu pensamento, do mesmo modo que um mudo pode servir-se de uma
pessoa que fale, para se fazer compreendido?"
Kardec conclui este capítulo
com o seguinte parágrafo:
"Quando
os adversários do Espiritismo nos provarem que isto é impossível, aduzindo
razões tão patentes quais as com que Galileu demonstrou que o Sol não é que
gira em torno da Terra, então poderemos considerar-lhes fundadas as dúvidas.
Infelizmente, até hoje, toda a argumentação a que recorrem se resume nestas
palavras: Não creio, logo isto é impossível. Dir-nos-ão, com certeza, que nos
cabe a nós provar a realidade das manifestações. Ora, nós lhes damos, pelos
fatos e pelo raciocínio, a prova de que elas são reais. Mas, se não admitem nem
uma, nem outra coisa, se chegam mesmo a negar o que veem, toca-lhes a eles
provar que o nosso raciocínio é falso e que os fatos são impossíveis."
CAPÍTULO II
Do maravilhoso e do sobrenatural
Kardec discute que não há
sobrenatural, o que existem são fenômenos ainda não devidamente explicados. Ele
resume o seu ponto de vista em oito postulados.
1º Todos os fenômenos espíritas
têm por princípio a existência da alma, sua sobrevivência ao corpo e suas
manifestações.
2º Fundando-se numa lei da
Natureza, esses fenômenos nada têm de maravilhosos, nem de sobrenaturais, no
sentido vulgar dessas palavras.
3º Muitos fatos são tidos por
sobrenaturais, porque não se lhes conhece a causa; atribuindo-lhes uma causa, o
Espiritismo os repõe no domínio dos fenômenos naturais.
4º Entre os fatos qualificados
de sobrenaturais, muitos há cuja impossibilidade o Espiritismo demonstra,
incluindo-os em o número das crenças supersticiosas.
5º Se bem reconheça um fundo de
verdade em muitas crenças populares, o Espiritismo de modo algum dá sua
solidariedade a todas as histórias fantásticas que a imaginação há criado.
6º Julgar do Espiritismo pelos
fatos que ele não admite é dar prova de ignorância e tirar todo valor à opinião
emitida.
7º A explicação dos fatos que o
Espiritismo admite, de suas causas e consequências morais, forma toda uma
ciência e toda uma filosofia, que reclamam estudo sério, perseverante e
aprofundado.
8º O Espiritismo não pode
considerar crítico sério, senão aquele que tudo tenha visto, estudado e
aprofundado com a paciência e a perseverança de um observador consciencioso;
que do assunto saiba tanto quanto qualquer adepto instruído; que haja, por
conseguinte, haurido seus conhecimentos algures, que não nos romances da ciência;
aquele a quem não se possa opor fato algum que lhe seja desconhecido, nenhum
argumento de que já não tenha cogitado e cuja refutação faça, não por mera
negação, mas por meio de outros argumentos mais peremptórios; aquele,
finalmente, que possa indicar, para os fatos averiguados, causa mais lógica do
que a que lhes aponta o Espiritismo. Tal crítico ainda está por aparecer.
Kardec encerra o Capítulo
dizendo que não é preciso ver fenômenos espíritas para entender e aceitar o que
o Espiritismo nos fala. Basta usar a razão. Infelizmente muitos espíritas ainda
hoje estão mais preocupados em ver "eventos maravilhosos" do que
estudar a codificação.
"Algumas pessoas contestam
os fenômenos espíritas precisamente porque tais fenômenos lhes parecem estar
fora da lei comum e porque não logram achar-lhes qualquer explicação. Dai-lhes
uma base racional e a dúvida desaparecerá. A explicação, neste século em que
ninguém se contenta com palavras, constitui, pois, poderoso motivo de
convicção. Daí o vermos, todos os dias, pessoas, que nenhum fato testemunharam
que não observaram uma mesa agitar-se, ou um médium escrever, se tornarem tão
convencidas quanto nós, unicamente porque leram e compreenderam. Se houvéssemos
de somente acreditar no que vemos com os nossos olhos a bem pouco se reduziriam
as nossas convicções."
CAPÍTULO III
Do método
Neste Capítulo, Kardec fala
qual a melhor forma de convencer as pessoas sobre o que a Doutrina Espírita
fala.
"Quem, pois, seriamente
queira conhecê-lo deve, como primeira condição, dispor-se a um estudo sério e
persuadir-se de que ele não pode, como nenhuma outra ciência, ser aprendido a
brincar. O Espiritismo, também já o dissemos, entende com todas as questões que
interessam a Humanidade; tem imenso campo, e o que principalmente convém é
encará-lo pelas suas consequências."
Para Kardec, o ponto de partida
para entender o Espiritismo é a existência da alma. Se uma pessoa acredita que a alma sobrevive
ao corpo, ela poderá mais facilmente entender os conceitos discutidos no Livro dos
Espíritos.
Portanto, é importante tornar
uma pessoa espiritualista antes de torná-la espírita.
"Ora, para o materialista,
o conhecido é a matéria: parti, pois, da matéria e tratai, antes de tudo,
fazendo que ele a observe, de convencê-lo de que há nele alguma coisa que
escapa às leis da matéria. Numa palavra, primeiro que o torneis ESPÍRITA,
cuidai de torná-lo ESPIRITUALISTA."
Kardec classifica os
materialistas em duas classes:
Os que o são por sistema - há a negação absoluta. O
homem, para eles, é simples máquina, que funciona enquanto está montada, que se
desarranja e de que, após a morte, só resta a carcaça.
Os que são por falta de coisa melhor - são deliberadamente e o que
mais desejam é crer, porquanto a incerteza lhes é um tormento.
Ao lado dos materialistas,
temos os incrédulos que Kardec classifica em de má vontade e os por interesse
ou de má-fé. Eles são espiritualistas. Sabem que a alma sobrevive ao corpo, mas
preferem não se envolver com o Espiritismo por interesses materiais ou para não
ter de mudar as atitudes que adotam.
Os que aceitam o Espiritismo e
se propõem a um estudo direto, Kardec classifica essas pessoas em:
Os que creem pura e
simplesmente nas manifestações. Para eles, o Espiritismo é apenas uma ciência
de observação, uma série de fatos mais ou menos curiosos. São os espíritas
experimentadores.
Os que no Espiritismo veem mais
do que fatos; compreendem-lhe a parte filosófica; admiram a moral daí
decorrente, mas não a praticam. Insignificante ou nula é a influência que lhes
exerce nos caracteres. Em nada alteram seus hábitos e não se privariam de um só
gozo que fosse. São os espíritas imperfeitos.
Os que não se contentam com
admirar a moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas as consequências.
Convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, tratam de
aproveitar os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, única
que os pode elevar na hierarquia do mundo dos Espíritos, esforçando-se por
fazer o bem e coibir seus maus pendores. São os verdadeiros espíritas, ou
melhor, os espíritas cristãos.
Há, finalmente, os espíritas
exaltados. Em Espiritismo, infunde confiança demasiado cega e frequentemente
pueril, no tocante ao mundo invisível, e leva a aceitar-se, com extrema
facilidade e sem verificação, aquilo cujo absurdo, ou impossibilidade a
reflexão e o exame demonstrariam. O entusiasmo, porém, não reflete, deslumbra.
Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espiritismo.
Finalizando o capítulo, Kardec
afirma que os espíritas devem colocar a preocupação com o estudo sério antes da
curiosidade com os fenômenos espíritas.
"Temos notado sempre que
os que creem, antes de haver visto, apenas porque leram e compreenderam, longe
de se conservarem superficiais, são, ao contrário, os que mais refletem. Dando
maior atenção ao fundo do que à forma, veem na parte filosófica o principal,
considerando como acessório os fenômenos propriamente ditos. Declaram então
que, mesmo quando estes fenômenos não existissem, ainda ficava uma filosofia
que só ela resolve problemas até hoje insolúveis; que só ela apresenta a teoria
mais racional do passado do homem e do seu futuro. Ora, como é natural,
preferem eles uma doutrina que explica, às que não explicam, ou explicam
mal."
CAPÍTULO IV
Dos sistemas
Neste Capítulo Kardec fala de
alguns sistemas que foram propostos para atacar o Espiritismo. Cada um deles é
explicado e discutido pelo codificador. Ele não deixa de mostrar a falta de
lógica de tais sistemas.
Sistema do charlatanismo - de tudo se abusa, até das coisas
mais santas. Por que não abusariam do Espiritismo? Porém, o mau uso que de uma
coisa se faça não autoriza que ela seja prejulgada desfavoravelmente.
Sistema da loucura - se entre estes algumas excentricidades se
manifestam, elas nada provam contra a Doutrina, do mesmo modo que os loucos
religiosos nada provam contra a religião, nem os loucos melômanos contra a
música, ou os loucos matemáticos contra a matemática.
Sistema da alucinação - assim, o observador estaria de muito boa-fé;
apenas, julgaria ver o que não vê. Quando diz que viu uma mesa levantar-se e
manter-se no ar, sem ponto de apoio, a verdade é que a mesa não se mexeu.
Sistema do músculo estalante - a causa das pancadas
residiria nas contrações voluntárias, ou involuntárias, do tendão do músculo
curto-perônio.
Sistema das causas físicas - atribui os movimentos ao
magnetismo, à eletricidade, ou à ação de um fluido qualquer; numa palavra, a
uma causa inteiramente física e material.
Sistema do reflexo - a ação inteligente podia ser do médium ou dos
assistentes.
Sistema da alma coletiva - apenas a alma do médium se
manifestaria, porém, identificada com a de muitos outros vivos, presentes ou
ausentes, e formando um todo coletivo, em que se acham reunidas as aptidões, a
inteligência e os conhecimentos de cada um.
Sistema sonambúlico - atribui a uma sobre-excitação momentânea das
faculdades mentais do médium, a uma espécie de estado sonambúlico, ou extático,
que lhe exalta e desenvolve a inteligência.
Sistema pessimista, diabólico
ou demoníaco - só o diabo, ou os demônios, poderiam se comunicar. É adotado
pela Igreja Católica e muitas igrejas evangélicas.
Sistema otimista - só os bons espíritos poderiam se comunicar.
Sistema unispírita - só Jesus poderia se comunicar.
Sistema da alma material - consiste apenas numa opinião
particular sobre a natureza íntima da alma. Segundo esta opinião, a alma e o
perispírito não seriam distintos uma do outro, ou, melhor, o perispírito seria
a própria alma.
SEGUNDA PARTE
DAS MANIFESTAÇÕES ESPÍRITAS
CAPÍTULO I
Da ação dos Espíritos sobre a matéria
Neste Capítulo, Kardec discute
como seres etéreos, os Espíritos, conseguem mover objetos pesados no mundo
físico. Primeiro, o codificador introduz os componentes dos Espíritos
encarnados.
"... há no homem três
componentes: 1º, a alma, ou Espírito, princípio inteligente, onde tem sua sede
o senso moral; 2º, o corpo, invólucro grosseiro, material, de que ele se
revestiu temporariamente, em cumprimento de certos desígnios providenciais; 3º,
o perispírito, envoltório fluídico, semimaterial, que serve de ligação entre a
alma e o corpo."
O perispírito é a matéria que
acompanha o Espírito na vida espiritual. Quanto mais elevado o Espírito, mais
sutil é o seu corpo espiritual. É através desta matéria que os Espíritos
conseguem atuar no mundo físico.
"O Espírito precisa, pois,
de matéria, para atuar sobre a matéria. Tem por instrumento direto de sua ação
o perispírito, como o homem tem o corpo. Ora, o perispírito é matéria, conforme
acabamos de ver. Depois, serve-lhe também de agente intermediário o fluido
universal, espécie de veículo sobre que ele atua, como nós atuamos sobre o ar,
para obter determinados efeitos, por meio da dilatação, da compressão, da
propulsão, ou das vibrações."
No último parágrafo, Kardec se
antecipa à pergunta de como pode uma matéria sutil agir sobre uma matéria
grosseira.
"Quando vemos o ar abater
edifícios, o vapor deslocar enormes massas, a pólvora gaseificada levantar
rochedos, a eletricidade lascar árvores e fender paredes, que dificuldades
acharemos em admitir que o Espírito, com o auxílio do seu perispírito, possa
levantar uma mesa, sobretudo sabendo que esse perispírito pode tornar-se
visível, tangível e comportar-se como um corpo sólido?"
CAPÍTULO II
Das manifestações físicas. Das mesas girantes
Kardec introduz neste pequeno
Capítulo a explicação para o evento das mesas girantes.
"Para que o fenômeno se
produza, faz-se mister a intervenção de uma ou muitas pessoas dotadas de
especial aptidão, que se designam pelo nome de médiuns. O número dos
cooperadores em nada influi, a não ser que entre eles se encontrem alguns
médiuns ignorados. Quanto aos que não têm mediunidade, a presença desses nenhum
resultado produz, pode mesmo ser mais prejudicial do que útil pela disposição
de espírito em que se achem."
Portanto, os fenômenos
presenciados em muitos salões de Paris no século XIX só foram possíveis devido
a presença de pessoas que serviam (mesmo sem saber) como médiuns. Essas pessoas
são doadores do ectoplasma usado pelos Espíritos para mover objetos e atuar em
outros fenômenos físicos como pancadas.
"O ectoplasma é substância
amorfa, vaporosa, com tendência à solidificação e tomando forma por influência
de um campo organizador específico a mente dos encarnados e desencarnados.
Facilmente fotografado, de cor branco-acinzentada, vai desde a névoa
transparente à forma tangível."
CAPÍTULO III
Das manifestações inteligentes
Kardec chama a atenção para a
existência de uma inteligência por trás dos fenômenos espíritas como as mesas
girantes, já que estes eventos são capazes de interagir com o público e
responder a perguntas.
"Ora, como todo efeito
inteligente há de por força derivar de uma causa inteligente, ficou evidenciado
que, mesmo admitindo-se, em tais casos, a intervenção da eletricidade, ou de
qualquer outro fluido, outra causa a essa se achava associada. Qual era ela? Qual
a inteligência? Foi o que o seguimento das observações mostrou."
Durante o estudo, Kardec
observou que a comunicação com os espíritos podia ser feita através do
alfabeto. Inicialmente colocou-se um lápis ao pé de uma mesa leve; depois
usou-se uma mesinha do tamanho de uma mão até chegar o uso de uma simples prancheta;
e por último, verificou-se que bastava o médium segurar com sua própria mão o
lápis.
"Estes fatos, repetidos à
vontade por milhares de pessoas e em todos os países, não podiam deixar dúvida
sobre a natureza inteligente das manifestações."
CAPÍTULO IV
Da teoria das manifestações físicas
Neste Capítulo, Kardec discute
com mais detalhes como os fenômenos físicos se processam. O codificador pensava
que os Espíritos movimentavam os objetos usando as mãos. Isto foi descartado em
resposta do Espírito São Luís.
“Combinando uma parte do fluido
universal com o fluido, próprio àquele efeito, que o médium emite.”
Portanto, é a combinação do
fluido universal, do fluido do médium e do pensamento do Espírito que os
objetos se movem.
“Já eu disse que o fluido
próprio do médium se combina com o fluido universal que o Espírito acumula. É
necessária a união desses dois fluidos, isto é, do fluido animalizado e do
fluido universal para dar vida à mesa. Mas, nota bem que essa vida é apenas
momentânea, que se extingue com a ação e, às vezes, antes que esta termine,
logo que a quantidade de fluido deixa de ser bastante para a animar.”
É importante observar que os
Espíritos superiores se utilizam de Espíritos mais materializados nestes
fenômenos. Como a matéria é grosseira, os Espíritos menos evoluídos estão mais
próximos da matéria e possuem fluídos mais compatíveis.
"Também dissemos que os
Espíritos elevados não se ocupam com esta ordem de manifestações; que se servem
dos Espíritos inferiores para produzi-las, como nos utilizamos dos nossos
serviçais para os trabalhos pesados, e isso com o fim que vamos indicar."
CAPÍTULO V
Das manifestações físicas espontâneas
No começo do Capítulo, Kardec
relembra o que já discutiu sobre os fenômenos físicos e fala da necessidade de
um médium doador de fluido e de um Espírito mais materializado.
"Estes fenômenos,
conquanto operados por Espíritos inferiores, são com frequência provocados por
Espíritos de ordem mais elevada, com o fim de demonstrarem a existência de
seres incorpóreos e de uma potência superior ao homem. A repercussão que eles
têm, o próprio temor que causam, chamam a atenção e acabarão por fazer que se
rendam os mais incrédulos."
Em seguida, o codificador chama
atenção para o fenômeno de transporte de objetos e cita o Espírito Erasto para
diferenciar esta categoria.
"Evidente é, pois, e o
vosso raciocínio, estou certo, o sancionará, que os fatos de tangibilidade,
como pancadas, suspensão e movimentos, são fenômenos simples, que se operam
mediante a concentração e a dilatação de certos fluidos e que podem ser
provocados e obtidos pela vontade e pelo trabalho dos médiuns aptos a isso,
quando secundados por Espíritos amigos e benevolentes, ao passo que os fatos de
transporte são múltiplos, complexos, exigem um concurso de circunstâncias
especiais, não se podem operar senão por um único Espírito e um único médium e
necessitam, além do que a tangibilidade reclama, uma combinação muito especial,
para isolar e tornar invisíveis o objeto, ou os objetos destinados ao
transporte."
Existem duas teorias de como os
objetos são transportados de um lugar a outro.
1 - Segundo o Espírito Erasto,
o objeto é envolvido no fluido do Espírito e do médium, a matéria se dilata e
pode ser movida.
"Ele (o Espírito) não
envolve o objeto com a sua própria personalidade; mas, como o seu fluido
pessoal é dilatável, combina uma parte desse fluido com o fluido animalizado do
médium e é nesta combinação que oculta e transporta o objeto que escolheu para
transportar."
2 - Segundo André Luiz, no
capítulo 28 do livro "Nos Domínios da Mediunidade", a matéria pode
ser desmaterializada por técnicos competentes.
"Você não pode esquecer
que as flores transpuseram o tapume de alvenaria, penetrando aqui com
semelhante auxilio. De idêntica maneira, caso encontrássemos utilidade num
lance dessa natureza, o instrumento que nos serve de base ao trabalho poderia
ser removido para o exterior com a mesma facilidade. As cidadelas atômicas, em
qualquer construção da forma física, não são fortalezas maciças, qual acontece
em nossa própria esfera de ação. O espaço persiste em todas as formações e,
através dele, os elementos se interpenetram. Chegará o dia em que a ciência dos
homens poderá reintegrar as unidades e as constituições atômicas, com a
segurança dentro da qual vai aprendendo a desintegrá-las."
Na realidade, podemos juntar as
duas teorias em uma só: ao juntar os fluidos do Espírito e do médium à matéria,
esta se dilata, se tornando invisível aos olhos das pessoas encarnadas.
Portanto, este fenômeno produz invisibilidade da matéria, mas não a sua
desagregação.
O Espírito Erasto também chama
a atenção que o peso da matéria influencia no transporte dos objetos.
"A massa dos fluidos
combinados é proporcional à dos objetos. Numa palavra, a força deve estar em
proporção com a resistência; donde se segue que, se o Espírito apenas traz uma
flor ou um objeto leve, é muitas vezes porque não encontra no médium, ou em si
mesmo, os elementos necessários para um esforço mais considerável."
CAPÍTULO VI
Das manifestações visuais
Neste Capítulo, Kardec nos fala
de meios pelos quais os Espíritos se tornam visíveis.
1 - Pelo sono - possível a
todos nós.
"As manifestações
aparentes mais comuns se dão durante o sono, por meio dos sonhos: são as
visões."
2 - Médiuns videntes - são mais
raros, pois veem os Espíritos durante o dia no meio dos encarnados e muitas
vezes interagem com eles.
"As aparições propriamente
ditas se dão quando o vidente se acha em estado de vigília e no gozo da plena e
inteira liberdade das suas faculdades."
3 - Pela condensação do
perispírito permitindo que qualquer pessoa os veja (o termo
"condensação" é considerado inapropriado pelos Espíritos, mas o
mestre lionês o usou por falta de um termo melhor).
"O Espírito, que quer ou
pode fazer-se visível, reveste às vezes uma forma ainda mais precisa, com todas
as aparências de um corpo sólido, ao ponto de causar completa ilusão e dar a
crer, aos que observam a aparição, que têm diante de si um ser corpóreo."
Kardec chama a atenção para não
confundir ilusão de ótica com Espíritos. É preciso ter serenidade ao julgar os
fenômenos vistos. Como também é preciso serenidade para não considerar
alucinação como explicação a todos os fenômenos de manifestações visuais.
"Os que não admitem o
mundo incorpóreo e invisível julgam tudo explicar com a palavra alucinação.
Toda gente conhece a definição desta palavra. Ela exprime o erro, a ilusão de
uma pessoa que julga ter percepções que realmente não tem."
Portanto, diante da
manifestação visual é preciso bom senso e tranquilidade antes de julgar.
Principalmente se o fenômeno é presenciado por não médiuns. O fato de
acreditarmos em Espíritos não significa acreditar em tudo que se fala. Bom
senso e espírito crítico nunca fizeram mal a ninguém.
"Assim sendo, desde que
todas as teorias da alucinação se mostram incapazes de explicar os fatos, é que
alguma outra coisa há, que não a alucinação propriamente dita. Seria falsa a
nossa teoria, se a aplicássemos a todos os casos de visão, pois que alguns a
contraditariam. É legítima, se restringida a alguns efeitos."
CAPÍTULO VII
Da bicorporeidade e da transfiguração
Neste Capítulo, Kardec nos fala
de dois fenômenos pelas quais o perispírito pode passar.
"Assentam ambos no
princípio de que tudo o que ficou dito, das propriedades do perispírito após a
morte, se aplica ao perispírito dos vivos. Sabemos que durante o sono o
Espírito readquire parte da sua liberdade, isto é, isola-se do corpo e é nesse
estado que, em muitas ocasiões, se tem ensejo de observá-lo."
O primeiro fenômeno é a
bicorporeidade. Neste caso, isolado do corpo, o Espírito de um vivo pode, como
o de um morto, mostrar-se com todas as aparências da realidade. Existem alguns
casos famosos envolvendo este tipo de fenômeno.
1 - Santo Antônio de Pádua
(1195 - 1231) apareceu em Lisboa para defender o próprio pai em um julgamento
enquanto seu corpo estava na cidade de Pádua. No dois lugares, foi visto por
dezenas de pessoas.
2- Eurípedes Barsanulfo (1880 -
1918), médium brasileiro, que costumava usar o fenômeno para ajudar alguém que
estava distante.
Do fenômeno bicorporeidade,
devemos entender que a alma tem a faculdade de se emancipar e de se desprender
do corpo ainda durante a vida física. Enquanto o corpo dorme, a alma pode se
transportar para vários lugares. Se o perispírito fica tangível, ele pode ser
visto e pode interagir com as outras pessoas.
"Eis como: o Espírito
encarnado, ao sentir que lhe vem o sono, pode pedir a Deus lhe seja permitido
transportar-se a um lugar qualquer. Seu Espírito, ou sua alma, como quiseres,
abandona então o corpo, acompanhado de uma parte do seu perispírito, e deixa a
matéria imunda num estado próximo do da morte. Digo próximo do da morte, porque
no corpo ficou um laço que liga o perispírito e a alma à matéria, laço este que
não pode ser definido. O corpo aparece, então, no lugar desejado. Creio ser
isto o que queres saber."
O segundo fenômeno é a
transfiguração. Neste caso, a modificação do perispírito se reflete no corpo
físico.
"Perdendo ele a sua
transparência, o corpo pode desaparecer, tornar-se invisível, ficar velado,
como se mergulhado numa bruma. Poderá então o perispírito mudar de aspecto,
fazer-se brilhante, se tal for a vontade do Espírito e se este dispuser de
poder para tanto. Um outro Espírito, combinando seus fluidos com os do
primeiro, poderá, a essa combinação de fluidos, imprimir a aparência que lhe é
própria, de tal sorte, que o corpo real desapareça sob o envoltório fluídico
exterior, cuja aparência pode variar à vontade do Espírito. Esta parece ser a
verdadeira causa do estranho fenômeno e raro, cumpra se diga, da
transfiguração."
Por último, Kardec nos fala dos
agêneres, espíritos temporariamente materializados.
"Diremos tão-somente que é
uma variedade da aparição tangível. É o estado de certos Espíritos que podem
revestir momentaneamente as formas de uma pessoa viva, ao ponto de causar
completa ilusão."
Portanto, um agênere não é uma
pessoa encarnada em desdobramento ou com modificação do perispírito. É um
Espírito que se torna visível por um determinado tempo.
CAPÍTULO VIII
Do laboratório do mundo invisível
Neste Capítulo, Kardec nos fala
como os Espíritos conseguem formar objetos vistos de forma temporária pelos
encarnados. Como exemplos temos as roupas dos espíritos, a caixa de rapé
mostrada por um Espírito em sua mão ou a escrita direta (pneumatografia) onde
mensagens são deixadas em um papel para responder a perguntas feitas.
Os objetos criados
temporariamente pelos Espíritos podem apresentar características como textura,
cor, sabor, etc.
"A teoria acima se pode
resumir desta maneira: o Espírito atua sobre a matéria; da matéria cósmica
universal tira os elementos de que necessite para formar, a seu bel-prazer,
objetos que tenham a aparência dos diversos corpos existentes na Terra. Pode
igualmente, pela ação da sua vontade, operar na matéria elementar uma
transformação íntima, que lhe confira determinadas propriedades. Esta faculdade
é inerente à natureza do Espírito, que muitas vezes a exerce de modo
instintivo, quando necessário, sem disso se aperceber. Os objetos que o
Espírito forma, têm existência temporária, subordinada à sua vontade, ou a uma
necessidade que ele experimenta. Pode fazê-los e desfazê-los livremente. Em
certos casos, esses objetos, aos olhos de pessoas vivas, podem apresentar todas
as aparências da realidade, isto é, tornarem-se momentaneamente visíveis e até
mesmo tangíveis. Há formação; porém, não criação, atento que do nada o Espírito
nada pode tirar."
Podemos resumir o que foi dito
neste Capítulo da seguinte forma: o fluido cósmico universal é a matéria única
do universo; ele passa por transformações para dar origem a todos os corpos e
produzir as propriedades desses corpos. Esse fluido é usado pelos Espíritos
para modelar os objetos mostrados nos fenômenos espíritas.
CAPÍTULO IX
Dos lugares assombrados
Neste Capítulo, Kardec nos fala
dos lugares considerados assombrados pelos Espíritos.
"Os Espíritos que já se
não acham apegados à Terra vão para onde se lhes oferece ensejo de praticar o
amor. São atraídos mais pelas pessoas do que pelos objetos materiais. Contudo,
pode dar-se que dentre eles alguns tenham, durante certo tempo, preferência por
determinados lugares. Esses, porém, são sempre Espíritos inferiores."
É importante, portanto,
entender, que nem sempre esses Espíritos são maus. A prece é a melhor forma de
lidar com este tipo de situação, pois atrai os Espíritos superiores que podem
atender os Espíritos sofredores.
"A prece, bem o sabes, é
uma evocação que atrai os Espíritos. Tanto maior ação terá, quanto mais
fervorosa e sincera for."
É importante entender que a
manifestação desses Espíritos nada tem de extraordinário. Ela faz parte da
comunicação dos Espíritos conosco. E devemos tratar o fenômeno com respeito e
sem alardes já que está todo explicado na Codificação.
"Também, os que se não
apresentam com intenções malévolas podem manifestar sua presença por meio de
arruídos e até tornando-se visíveis, mas nunca praticam desordens, nem
incômodos. São, frequentemente, Espíritos sofredores, cujos sofrimentos podeis
aliviar orando por eles. Outras vezes, são mesmo Espíritos benfazejos, que vos
querem provar estarem junto de vós, ou, então, Espíritos levianos que brincam.
Como quase sempre os que perturbam o repouso são Espíritos que se divertem, o
que de melhor têm a fazer, os que se veem perseguidos, é rir do que lhes
sucede. Os perturbadores se cansam, verificando que não conseguem meter medo,
nem impacientar."
CAPÍTULO X
Da natureza das comunicações
Kardec classifica as
comunicações recebidas dos Espíritos em quatro tipos:
Grosseiras - são as concebidas em termos que chocam o decoro.
Só podem provir de Espíritos de baixa estofa, ainda cobertos de todas as
impurezas da matéria, e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e
grosseiros.
Frívolas - emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou brincalhões,
antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância ligam ao que dizem.
Como nada de indecoroso encerram, essas comunicações agradam a certas pessoas,
que com elas se divertem, porque encontram prazer nas confabulações fúteis, em
que muito se fala para nada dizer.
Sérias - são ponderosas quanto ao assunto e elevadas
quanto à forma. Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria,
objetiva um fim útil, ainda que de caráter particular, é, por esse simples
fato, uma comunicação séria. Nem todos os Espíritos sérios são igualmente
esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar-se de
boa-fé.
Instrutivas - são as comunicações sérias cujo principal objeto
consiste num ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a
moral, a filosofia, etc. São mais ou menos profundas, conforme o grau de
elevação e de desmaterialização do Espírito.
Nem toda comunicação dos
Espíritos deve ser levada a sério. Como bem disse Kardec, é preciso ver como a
comunicação foi obtida, por quem foi obtida e qual o seu conteúdo. É preciso
lembrar que existem diversos níveis de elevação entre os Espíritos, e muitos
deles se comprazem em se divertir com a nossa credulidade e o nosso orgulho.
CAPÍTULO XI
Da sematologia e da tiptologia
Neste Capítulo, Kardec nos fala
das comunicações obtidas através de pancadas.
"As primeiras comunicações
inteligentes foram obtidas por meio de pancadas, ou da tiptologia. Muito
limitados eram os recursos que oferecia esse meio primitivo, que se ressentia
de estar na infância a arte, tudo se reduzindo, nas comunicações, a respostas
monossilábicas, por — sim, ou — não, mediante convencionado número de pancadas.
Mais tarde, foi aperfeiçoado, como já dissemos."
A tiptologia é a manifestação
através de sinais, enquanto a sematologia é a manifestação que usa uma pancada
para sim e duas para não. O codificador classifica alguns tipos de fenômenos.
Tiptologia por meio de básculo - consiste no movimento da
mesa, que se levanta de um só lado e cai batendo com um dos pés. Basta para
isso que o médium lhe ponha a mão na borda.
Tiptologia alfabética - consiste em serem as letras do alfabeto indicadas
por pancadas. Podem obter-se então palavras, frases e até discursos inteiros.
De acordo com o método adotado, a mesa dará tantas pancadas quantas forem
necessárias para indicar cada letra, isto é, uma pancada para o a, duas
pancadas para o b, e assim por diante.
Tiptologia interior - por meio de pancadas produzidas na própria
madeira da mesa, sem nenhuma espécie de movimento.
Mesa-Girardin - consiste o instrumento num tampo móvel de mesa,
com o diâmetro de trinta a quarenta centímetros, girando livre e facilmente em
torno de um eixo, como uma roleta. Sobre sua superfície e acompanhando-lhe a
circunferência, se acham traçados, como sobre um quadrante, as letras do
alfabeto, os algarismos e as palavras sim e não.
Por último, Kardec nos chama
atenção que podem ser obtidas comunicações elevadas por esses meios primitivos.
Mas, como sempre, é preciso ser crítico quanto ao seu conteúdo e à forma de
obtê-las.
"A tiptologia constitui um
meio de comunicação como qualquer outro, e que não é, mais do que o da escrita,
ou da palavra, indigno dos Espíritos elevados. Todos os Espíritos, bons e maus,
podem servir-se dele, como dos diversos outros existentes. O que caracteriza os
Espíritos superiores é a elevação das ideias e não o instrumento de que se
utilizem para exprimi-las."
CAPÍTULO XII
Da pneumatografia ou escrita direta. Da pneumatofonia
Kardec comenta duas formas de
comunicação onde a intervenção dos Espíritos é mais direta, mas onde pode haver
mais margem a embustes e a enganos.
A primeira forma é a
pneumatografia (do grego pneuma -
sopro ou espírito + graphein -
escrever) que é escrita produzida diretamente pelo Espírito, sem intermediário
algum. Neste caso, uma folha em branco é usada pelos Espíritos para escrever
alguma mensagem.
"A escrita direta se
obtém, como, em geral, a maior parte das manifestações espíritas não
espontâneas, por meio da concentração, da prece e da evocação."
O próprio Espírito comunicante
fabrica a matéria a ser usada na folha de papel através da transformação do
fluido cósmico universal. Não há necessidade de deixar qualquer instrumento de
escrita (como, por exemplo, um lápis) para que a comunicação se realize.
A segunda forma é a
pneumatofonia (do grego pneuma -
sopro ou espírito + phoné, som ou
voz) que consiste em ouvir a voz direta de um Espírito.
"Os sons espíritas, os
pneumatofônicos se produzem de duas maneiras distintas: às vezes, é uma voz
interior que repercute no nosso foro íntimo, nada tendo, porém, de material as
palavras, conquanto sejam claramente perceptíveis; outras vezes, são exteriores
e nitidamente articuladas, como se proviessem de uma pessoa que nos estivesse
ao lado."
CAPÍTULO XIII
Da psicografia
Neste Capítulo, é apresentada
uma introdução à psicografia (do grego, escrita da mente ou da alma), isto é,
capacidade que possuem alguns médiuns de receberem mensagens dos Espíritos
através da escrita.
Kardec classifica a psicografia
em dois tipos.
"Chamamos psicografia
indireta à escrita assim obtida, em contraposição à psicografia direta ou
manual, obtida pelo próprio médium."
Na psicografia indireta temos o
uso de algum instrumento pelo médium (ou médiuns) como cesta de bico ou
prancheta.
Na psicografia direta, o
Espírito comunicante atua sobre o médium que move maquinalmente o braço.
Para finalizar, Kardec
esclarece:
"Se a comunicação vem por
meio da escrita, qualquer que seja o aparelho que sustente o lápis, o que há,
para nós, é psicografia; tiptologia, se por meio de pancadas."
CAPÍTULO XIV
Dos médiuns
Neste Capítulo, Kardec
classifica vários tipos de médiuns. Podemos dizer que todos nós somos médiuns
já que todos nós sofremos a influência dos Espíritos.
"Todo aquele que sente,
num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa
faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo.
Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos.
Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia,
usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se
mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa
intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos
sensitiva."
Abaixo a classificação
apresentada pelo codificador.
Médiuns de efeitos físicos - são particularmente aptos a
produzir fenômenos materiais. Podem dividir-se em médiuns facultativos e
médiuns involuntários. Os primeiros têm consciência do poder que tem. Os
segundos são aqueles cuja influência se exerce a sua revelia.
Médiuns sensitivos ou impressionáveis - pessoas suscetíveis de
sentir a presença dos Espíritos por uma impressão vaga, por uma espécie de leve
roçadura sobre todos os seus membros, sensação que elas não podem explicar.
Médiuns audientes - ouvem a voz dos Espíritos. Pode ser uma voz
interior ou uma voz exterior, clara e distinta, qual a de uma pessoa viva.
Médiuns falantes - o Espírito atua sobre os órgãos da palavra, como
atua sobre a mão dos médiuns escreventes. A palavra é um instrumento de que se
serve o Espírito.
Médiuns videntes - são dotados da faculdade de ver os Espíritos.
Alguns gozam dessa faculdade em estado normal, quando perfeitamente acordados,
e conservam lembrança precisa do que viram. Outros só a possuem em estado
sonambúlico, ou próximo do sonambulismo.
Médiuns sonambúlicos - o sonâmbulo age sob a influência do seu próprio
Espírito; é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora
dos limites dos sentidos. O sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento,
enquanto que o médium exprime o de outrem. Mas, o Espírito que se comunica com
um médium comum também o pode fazer com um sonâmbulo; dá-se mesmo que, muitas
vezes, o estado de emancipação da alma facilita essa comunicação.
Médiuns curadores - consiste, principalmente, no dom que possuem
certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem
o concurso de qualquer medicação. Isso mais não é do que magnetismo.
Médiuns pneumatógrafos - têm aptidão para obter a escrita direta.
CAPÍTULO XV
Dos médiuns escreventes ou psicógrafos
Kardec, neste Capítulo,
classifica os vários tipos de médiuns escreventes ou psicógrafos, ou seja, os
que têm facilidade de escrever sob a influência dos Espíritos.
Médiuns mecânicos - não têm a menor consciência do que escrevem. Há o
isolamento total do cérebro do médium.
Médiuns intuitivos - a alma, sob o impulso do Espírito, dirige a mão e
esta dirige o lápis. O médium tem consciência do que escreve, embora não
exprima o seu próprio pensamento.
Médiuns semimecânicos - têm consciência do que escreve embora o movimento
da mão seja feito pelos Espíritos. Há isolamento parcial do cérebro do médium.
Médiuns inspirados ou involuntários - recebe, pelo pensamento,
comunicações estranhas às suas ideias preconcebidas. A intervenção de uma força
oculta é aí muito menos sensível, por isso que, ao inspirado, ainda é mais difícil
distinguir o pensamento próprio do que lhe é sugerido. É comum a todos os
encarnados em menor ou maior grau.
Médiuns de pressentimentos - têm uma intuição vaga das
coisas futuras. Constituem uma variedade dos médiuns inspirados.
CAPÍTULO XVI
Dos médiuns especiais
Neste Capítulo, Kardec chama a
atenção para uma grande variedade de médiuns.
"Além das categorias de
médiuns que acabamos de enumerar, a mediunidade apresenta uma variedade
infinita de matizes, que constituem os chamados médiuns especiais, dotados de
aptidões particulares, ainda não definidas, abstração feita das qualidades e
conhecimentos do Espírito que se manifesta."
Os médiuns podem se divididos
em duas grandes categorias:
Médiuns de efeitos físicos - os que têm o poder de
provocar efeitos materiais, ou manifestações ostensivas.
Médiuns de efeitos intelectuais - os que são mais aptos a
receber e a transmitir comunicações inteligentes.
A partir deste estudo, o
codificador apresenta uma lista de classificações dos médiuns usando várias
categorias.
Comuns a todos os gêneros de mediunidade - sensitivos, inconscientes e
facultativos.
Variedades especiais para os efeitos físicos - tiptólogos, motores,
translações, efeitos musicais, aparições, transporte, noturnos, pneumatógrafos,
curadores e excitadores.
Para efeitos intelectuais - audientes, falantes,
videntes, inspirados, de pressentimentos, proféticos, sonâmbulos, extáticos,
pintores e músicos.
Segundo o desenvolvimento da
faculdade - novatos, improdutivos, formados, lacônicos, explícitos,
experimentados, maleáveis, exclusivos, para evocação e para ditados
espontâneos.
Segundo o gênero e a particularidade das comunicações - versejadores, poéticos,
positivos, literários, incorretos, historiadores, científicos, receitistas,
religiosos, filósofos e de comunicações triviais.
Segundo as qualidades físicas - calmos, velozes e
convulsivos.
Segundo as qualidades morais dos médiuns - imperfeitos e bons.
"Todas estas variedades de
médiuns apresentam uma infinidade de graus em sua intensidade. Muitas há que, a
bem dizer, apenas constituem matizes, mas que, nem por isso, deixam de ser
efeito de aptidões especiais. Concebe-se que há de ser muito raro esteja a
faculdade de um médium rigorosamente circunscrita a um só gênero. Um médium
pode, sem dúvida, ter muitas aptidões, havendo, porém, sempre uma dominante. Ao
cultivo dessa é que, se for útil, deve ele aplicar-se."
CAPÍTULO XVII
Da formação dos médiuns
Neste Capítulo, Kardec
apresenta uma discussão sobre o desenvolvimento mediúnico, em especial o
desenvolvimento da psicografia.
"Para que um Espírito
possa comunicar-se, preciso é que haja entre ele e o médium relações fluídicas,
que nem sempre se estabelecem instantaneamente. Só à medida que a faculdade se
desenvolve, é que o médium adquire pouco a pouco a aptidão necessária para
pôr-se em comunicação com o Espírito que se apresente."
O codificador enfatiza a
necessidade de paciência, humildade e perseverança no desenvolvimento
mediúnico. Nem todo mundo é médium ostensivo, é preciso entender isto e
aceitar, pois a faculdade se prende a uma disposição orgânica. Portanto, não é
uma questão de se ter fé ou de ser bom.
"Quando, ao cabo de alguns
meses, nada mais obtém do que coisas insignificantes, ora um sim, ora um não ou
letras sem conexão, é inútil continuarem, será gastar papel em pura perda. São
médiuns, mas médiuns improdutivos."
Além disso, não deve o médium
se preocupar durante o desenvolvimento mediúnico se o texto é mesmo dele ou de
um Espírito. O contínuo exercício fará com que o médium depois seja capaz de
diferenciar.
"Tendo consciência do que
escreve, o médium é naturalmente levado a duvidar da sua faculdade; não sabe se
o que lhe sai do lápis vem do seu próprio, ou de outro Espírito. Não tem absolutamente
que se preocupar com isso e, nada obstante, deve prosseguir."
Kardec chamou de médiuns
polígrafos os que mostram mudança de caligrafia de acordo com o Espírito
comunicante.
Para finalizar, o mestre lionês
fala que a suspensão da mediunidade pode acontecer: por esgotamento físico
do médium - a suspensão permite que se refaça antes de retomar as
atividades; como prova - para ensinar ao médium que a mediunidade
depende dos Espíritos.
CAPÍTULO XVIII
Dos inconvenientes e perigos da mediunidade
Neste Capítulo, os Espíritos
chamam a atenção de Kardec para o perigo de usar médiuns que possuem organismos
frágeis por questão de saúde ou por serem ainda jovens demais (crianças).
"Todavia, o que ressalta
com clareza das respostas acima é que não se deve forçar o desenvolvimento
dessas faculdades nas crianças, quando não é espontânea, e que, em todos os
casos, se deve proceder com grande circunspeção, não convindo nem excitá-las,
nem animá-las nas pessoas débeis. Do seu exercício cumpre afastar, por todos os
meios possíveis, as que apresentem sintomas, ainda que mínimos, de
excentricidade nas ideias, ou de enfraquecimento das faculdades mentais,
porquanto, nessas pessoas, há predisposição evidente para a loucura, que se
pode manifestar por efeito de qualquer sobre-excitação. As ideias espíritas não
têm, a esse respeito, maior influência do que outras, mas, vindo a loucura a
declarar-se, tomará o caráter de preocupação dominante, como tomaria o caráter
religioso, se a pessoa se entregasse em excesso às práticas de devoção, e a
responsabilidade seria lançada ao Espiritismo. O que de melhor se tem a fazer
com todo indivíduo que mostre tendência à ideia fixa é dar outra diretriz às
suas preocupações, a fim de lhe proporcionar repouso aos órgãos enfraquecidos."
Portanto, a mediunidade só deve
ser praticada por quem tem uma organização física que facilite a recuperação
após o dispêndio de fluido. O simples repouso é suficiente quando a pessoa tem
um organismo equilibrado.
CAPÍTULO XIX
Do papel dos médiuns nas comunicações espíritas
Neste Capítulo, Kardec resume a
influência dos médiuns nas comunicações espíritas, em especial na psicografia.
"Os Espíritos procuram o
intérprete que mais simpatize com eles e que lhes exprima com mais exatidão os
pensamentos. Não havendo entre eles simpatia, o Espírito do médium é um
antagonista que oferece certa resistência e se torna, um intérprete de má
qualidade e muitas vezes infiel. É o que se dá entre vós, quando a opinião de
um sábio é transmitida por intermédio de um estonteado, ou de uma pessoa de
má-fé."
Portanto, é o Espírito do
médium quem recebe o pensamento do Espírito comunicante e o transmite com os
recursos que possui. Por exemplo, ao falar em uma língua estrangeira,
provavelmente o médium já conheceu este idioma em uma outra existência (é
possível que o Espírito use uma língua desconhecida do médium em uma
psicografia mecânica, mas o esforço é muito grande).
"O Espírito que se quer
comunicar compreende, sem dúvida, todas as línguas, pois que as línguas são a
expressão do pensamento e é pelo pensamento que o Espírito tem a compreensão de
tudo; mas, para exprimir esse pensamento, torna-se-lhe necessário um
instrumento e este é o médium. A alma do médium, que recebe a comunicação de um
terceiro, não a pode transmitir, senão pelos órgãos de seu corpo. Ora, esses
órgãos não podem ter, para uma língua que o médium desconheça, a flexibilidade
que apresentam para a que lhe é familiar."
Quanto mais conhecimento e
estudo tiver o médium, mais facilidade ele terá para entrar em sintonia com os
Espíritos superiores e receber suas comunicações.
"Assim, quando encontramos
em um médium o cérebro povoado de conhecimentos adquiridos na sua vida atual e
o seu Espírito rico de conhecimentos latentes, obtidos em vidas anteriores, de
natureza a nos facilitarem as comunicações, dele de preferência nos servimos,
porque com ele o fenômeno da comunicação se nos torna muito mais fácil do que
com um médium de inteligência limitada e de escassos conhecimentos
anteriormente adquiridos."
CAPÍTULO XX
Da influência moral do médium
Neste Capítulo, Kardec nos
lembra que a mediunidade não constitui privilégio dos homens de bem e que
existem pessoas indignas que a possuem no mais alto grau e que dela fazem mau
uso.
"Se o médium, do ponto de
vista da execução, não passa de um instrumento, exerce, todavia, influência
muito grande, sob o aspecto moral. Pois que, para se comunicar, o Espírito
desencarnado se identifica com o Espírito do médium, esta identificação não se
pode verificar, senão havendo, entre um e outro, simpatia e, se assim é lícito
dizer-se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de
atração, ou de repulsão, conforme o grau da semelhança existente entre
eles."
O orgulho é o maior problema
que os Espíritos encontram nos médiuns, embora todas as imperfeições morais
sejam portas abertas para o acesso dos maus Espíritos ao instrumento mediúnico.
"O orgulho tem perdido
muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa
imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao
passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se
haverem pervertido, aniquilaram-se e mais de um se viu humilhado por
amaríssimas decepções."
Portanto, tudo é uma questão de
sintonia entre o Espírito comunicante e o médium. Daí a importância da
influência moral do médium nas comunicações que recebe.
"Em tese geral, pode
afirmar-se que os Espíritos atraem Espíritos que lhes são similares e que
raramente os Espíritos das plêiadas elevadas se comunicam por aparelhos maus condutores,
quando têm à mão bons aparelhos mediúnicos, bons médiuns, numa palavra."
CAPÍTULO XXI
Da influência do meio
Neste pequeno Capítulo, Kardec
discute a influência das pessoas presentes nas reuniões mediúnicas.
"Todos os Espíritos que
cercam o médium o auxiliam, para o bem ou para o mal."
Um exemplo da influência do
meio pode ser visto no Capítulo 10 do Livro "Missionários da Luz":
uma sessão de materialização não ocorre conforme o planejado porque a plateia
não estar em sintonia com os objetivos superiores.
"Trata-se de serviço de
elevada responsabilidade, porquanto, além de exigir todas as possibilidades do
aparelho mediúnico, há que movimentar todos os elementos de colaboração dos
companheiros encarnados, presentes às reuniões destinadas a esses fins. Se
houvesse perfeita compreensão geral, respeito aos dons da vida, e se pudéssemos
contar com valores morais espontâneos e legitimamente consolidados no espírito
coletivo, essas manifestações seriam as mais naturais possíveis, sem qualquer
prejuízo para o médium e assistentes. Acontece, porém, que são muito raros os
companheiros encarnados dispostos às condições espirituais que semelhantes
trabalhos exigem. Por isso mesmo, na incerteza de colaboração eficiente, as
sessões de materialização efetuam-se com grandes riscos para a organização
mediúnica e requisitam número dilatado de cooperadores do nosso plano."
Por isso, os centros espíritas
costumam restringir a presença de pessoas em sessões de socorro espiritual, de
desobsessão, de materialização, etc. É melhor contar com um grupo pequeno e bem
sintonizado do que com um grande grupo de curiosos. A plateia determina o
sucesso ou o fracasso de uma reunião.
"Em resumo: as condições
do meio serão tanto melhores, quanto mais homogeneidade houver para o bem, mais
sentimentos puros e elevados, mais desejo sincero de instrução, sem ideias
preconcebidas."
CAPÍTULO XXII
Da mediunidade nos animais
Neste Capítulo, Kardec
questiona se os animais podem ser médiuns. A resposta é do Espírito Erasto.
"Isto posto, reconheço
perfeitamente que há nos animais aptidões diversas; que certos sentimentos,
certas paixões, idênticas às paixões e aos sentimentos humanos, se desenvolvem
neles; que são sensíveis e reconhecidos, vingativos e odientos, conforme se
procede bem ou mal com eles. É que Deus, que nada fez incompleto, deu aos
animais, companheiros ou servidores do homem, qualidades de sociabilidade, que
faltam inteiramente aos animais selvagens, habitantes das solidões. Mas, daí a
poderem servir de intermediários para a transmissão do pensamento dos
Espíritos, há um abismo: a diferença das naturezas."
Portanto, não é possível que os
animais sejam médiuns. Na comunicação mediúnica é preciso a união de fluidos
similares, o que não é achado nos animais.
"Resumindo: os fatos
mediúnicos não podem dar-se sem o concurso consciente, ou inconsciente, dos
médiuns; e somente entre os encarnados, Espíritos como nós, podemos encontrar
os que nos sirvam de médiuns."
CAPÍTULO XXIII
Da obsessão
Neste Capítulo, Kardec fala de
obsessão, isto é, o domínio que alguns Espíritos inferiores logram adquirir
sobre certas pessoas. Abaixo é apresentado um resumo das principais partes
deste texto.
De acordo com o grau de
influência, o codificador classificar a obsessão em três tipos:
Obsessão simples - quando um Espírito malfazejo se impõe a um
médium, se imiscui, a seu mau grado, nas comunicações que ele recebe, o impede
de se comunicar com outros Espíritos e se apresenta em lugar dos que são
evocados.
Fascinação - é uma ilusão produzida pela ação direta do
Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe paralisa o
raciocínio, relativamente às comunicações. O médium fascinado não acredita que
o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que
o impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda
quando esse absurdo salte aos olhos de toda gente.
Subjugação - é uma constrição que paralisa a vontade daquele
que a sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um
verdadeiro jugo. A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, o
subjugado é constrangido a tomar resoluções muitas vezes absurdas e
comprometedoras que, por uma espécie de ilusão, ele julga sensatas: é uma como
fascinação. No segundo caso, o Espírito atua sobre os órgãos materiais e
provoca movimentos involuntários.
Pode-se reconhecer a obsessão
pelas seguintes características:
Persistência de um Espírito em
se comunicar, bom ou mau grado, pela escrita, pela audição, pela tiptologia,
etc., opondo-se a que outros Espíritos o façam;
Ilusão que, não obstante a
inteligência do médium, o impede de reconhecer a falsidade e o ridículo das
comunicações que recebe;
Crença na infalibilidade e na
identidade absoluta dos Espíritos que se comunicam e que, sob nomes
respeitáveis e venerados, dizem coisas falsas ou absurdas;
Confiança do médium nos elogios
que lhe dispensam os Espíritos que por ele se comunicam;
Disposição para se afastar das
pessoas que podem emitir opiniões aproveitáveis;
Tomar a mal a crítica das
comunicações que recebe;
Necessidade incessante e
inoportuna de escrever;
Constrangimento físico
qualquer, dominando-lhe a vontade e forçando-o a agir ou falar a seu mau grado;
Rumores e desordens
persistentes ao redor do médium, sendo ele de tudo a causa, ou o objeto.
As causas da obsessão variam,
de acordo com o caráter do Espírito. É, às vezes, uma vingança que este toma de
um indivíduo de quem guarda queixas da sua vida presente ou do tempo de outra
existência. Muitas vezes, também, não há mais do que o desejo de fazer mal.
Esses Espíritos agem, não raro por ódio e inveja do bem; daí o lançarem suas
vistas malfazejas sobre as pessoas mais honestas.
Os meios de se combater a
obsessão variam, de acordo com o caráter que ela reveste. As imperfeições
morais do obsidiado constituem, frequentemente, um obstáculo à libertação do
médium. O mais seguro meio de a pessoa se livrar dos Espíritos inferiores é atrair
os bons pela prática do bem. Sem dúvida, os bons Espíritos têm mais poder do
que os maus, e a vontade deles basta para afastar estes últimos; eles, porém,
só assistem os que os secundam pelos esforços que fazem por melhorar-se, sem o
que se afastam e deixam o campo livre aos maus, que se tornam assim, em certos
casos, instrumentos de punição, visto que os bons permitem que ajam para esse
fim.
CAPÍTULO XXIV
Da identidade dos Espíritos
Kardec discute neste Capítulo
como identificar os Espíritos que se comunicam através dos médiuns já que,
muitas vezes, os Espíritos usam nomes de pessoas que foram bem queridas na
Terra.
"A questão da identidade
dos Espíritos é uma das mais controvertidas, mesmo entre os adeptos do
Espiritismo. É que, com efeito, os Espíritos não nos trazem um ato de
notoriedade e sabe-se com que facilidade alguns dentre eles tomam nomes que
nunca lhes pertenceram. Esta, por isso mesmo, é, depois da obsessão, uma das
maiores dificuldades do Espiritismo prático. Todavia, em muitos casos, a
identidade absoluta não passa de questão secundária e sem importância
real."
Deve-se considerar esta questão
como um problema acessório, sem grande importância. A preocupação deve ser em
relação ao conteúdo da mensagem passada, não em relação a quem a ditou. Um
Espírito pode usar um nome conhecido apenas para chamar a atenção, sem que isto
seja um problema.
"Em resumo, a questão de
nome é secundária, podendo-se considerar o nome como simples indício da
categoria que ocupa o Espírito na escala espírita."
Entretanto, é possível que um
Espírito inferior use um nome venerável com o intuito de enganar. Para evitar
que isto ocorra basta ser crítico em relação à linguagem e ao conteúdo da
mensagem transmitida.
"Pode estabelecer-se como
regra invariável e sem exceção que — a linguagem dos Espíritos está sempre em
relação com o grau de elevação a que já tenham chegado. Os Espíritos realmente
superiores não só dizem unicamente coisas boas, como também as dizem em termos
isentos, de modo absoluto, de toda trivialidade."
CAPÍTULO XXV
Das evocações
Neste Capítulo, Kardec nos fala
das evocações dos Espíritos, ou seja, na possibilidade de chamar determinado
Espírito na comunicação mediúnica.
"Em resumo, do que
acabamos de dizer resulta: que a faculdade de evocar todo e qualquer Espírito
não implica para este a obrigação de estar à nossa disposição; que ele pode vir
em certa ocasião e não vir noutra, com um médium, ou um evocador que lhe agrade
e não com outro; dizer o que quer, sem poder ser constrangido a dizer o que não
queira; ir-se quando lhe aprouver; enfim, que por causas dependentes ou não da
sua vontade, depois de se haver mostrado assíduo durante algum tempo, pode de
repente deixar de vir."
Para o sucesso das evocações, a
condição moral da pessoa ou do grupo, o local onde evoca e a finalidade da
evocação são fatores para determinar o sucesso. É possível citar duas causas
para um Espírito não atender ao chamado:
A situação do Espírito no plano
espiritual - ele pode estar ocupado em alguma tarefa ou pode estar encarnado;
ou pode simplesmente não desejar se manifestar.
Os motivos da evocação ou a
situação moral do evocador.
É preciso lembrar que os
Espíritos não estão a nossa disposição. Em reuniões com objetivo de atendimento
ou de estudo, podemos evocar nominalmente e aguardar. Se o Espírito não
atender, deve existir um motivo justo para isto. E cabe a nós apenas entender.
"O nome de Deus só tem
influência sobre os Espíritos imperfeitos, quando proferido por quem possa,
pelas suas virtudes, servir-se dele com autoridade. Pronunciado por quem nenhuma
superioridade moral tenha, com relação ao Espírito, é uma palavra como qualquer
outra. O mesmo se dá com as coisas santas com que se procure dominá-los. A mais
terrível das armas se torna inofensiva em mãos inábeis a se servirem dela, ou
incapazes de manejá-la."
CAPÍTULO XXVI
Das perguntas que se podem fazer aos Espíritos
Neste Capítulo, Kardec nos fala
das perguntas que se podem fazer aos Espíritos. Estes só respondem quando
existe um objetivo sério e quando a pessoa que faz a pergunta está preocupada
com coisa útil.
"Não se segue daí que dos
Espíritos não se possam obter úteis esclarecimentos e, sobretudo, bons
conselhos; eles, porém, respondem mais ou menos bem, conforme os conhecimentos
que possuem, o interesse que nos têm, a afeição que nos dedicam e, finalmente,
o fim a que nos propomos e a utilidade que vejam no que lhes pedimos. Se,
entretanto, os inquirimos unicamente porque os julgamos mais capazes do que
outros de nos esclarecerem melhor sobre as coisas deste mundo, claro é que não
nos poderão dispensar grande simpatia. Nesse caso, curtas serão suas aparições
e, muitas vezes, conforme o grau da imperfeição de que ainda se ressintam,
manifestarão mau humor, por terem sido inutilmente incomodados."
Portanto, não há qualquer
problema em se fazer perguntas aos Espíritos nas reuniões mediúnicas desde que
o intuito seja o de aprendizado.
"Os Espíritos sérios
sempre respondem com prazer às que têm por objetivo o bem e os meios de
progredirdes. Não atendem às fúteis."
Perguntas sobre previsão do
futuro ou descobertas científicas são normalmente ignoradas pelos Espíritos sérios.
Não cabe aos Espíritos nos falar do que vem pela frente.
"Grande erro há nisso,
porquanto a manifestação dos Espíritos não é um meio de adivinhação. Se
fizerdes questão absoluta de uma resposta, recebê-la-eis de um Espírito
doidivanas, temo-lo dito a todo momento."
Resumindo: podemos fazer
perguntas aos Espíritos, mas é importante formulá-las com clareza e precisão.
As perguntas, quando feitas nos devidos limites, é muito útil do ponto de vista
da instrução. Se Allan Kardec não tivesse proposto questões aos Espíritos, o
Livro dos Espíritos não existiria.
CAPÍTULO XXVII
Das contradições e das mistificações
Kardec discute, neste Capítulo,
como identificar e prevenir-se das contradições e mistificações relacionadas
aos Espíritos e médiuns.
A contradição ocorre quando um
mesmo assunto é explicado ora de uma forma, ora por outra forma, por um mesmo
Espírito ou por diversos Espíritos.
"Cumpre não esqueçamos
que, entre os Espíritos, há, como entre os homens, falsos sábios e semissábios,
orgulhosos, presunçosos e sistemáticos. Como só aos Espíritos perfeitos é dado
conhecerem tudo, para os outros há, do mesmo modo que para nós, mistérios que
eles explicam à sua maneira, segundo suas ideias, e a cujo respeito podem
formar opiniões mais ou menos exatas, que se empenham, levados pelo
amor-próprio, por que prevaleçam e que gostam de reproduzir em suas
comunicações. O erro está em terem alguns de seus intérpretes esposado muito
levianamente opiniões contrárias ao bom-senso e se haverem feito os editores
responsáveis delas. Assim, as contradições de origem espírita não derivam de
outra causa, senão da diversidade, quanto à inteligência, aos conhecimentos, ao
juízo e à moralidade, de alguns Espíritos que ainda não estão aptos a tudo
conhecerem e a tudo compreenderem."
Nas mensagens dos Espíritos
Superiores eventualmente poderão ocorrer contradições.
O meio ambiente desfigurou a
resposta dada ou foi insuficiente.
Não há linguagem adequada para
transmitir o conhecimento.
O Espírito dosou o conhecimento
conforme os que o ouviam.
A mistificação ocorre quando há
o objetivo de, na comunicação mediúnica, se enganar o médium ou o grupo,
passando o Espírito por quem não é ou apresentando teorias ou sistemas falsos
por verdadeiros.
"Os Espíritos vos vêm
instruir e guiar no caminho do bem e não no das honras e das riquezas, nem vêm
para atender às vossas paixões mesquinhas. Se nunca lhes pedissem nada de
fútil, ou que esteja fora de suas atribuições, nenhum ascendente encontrariam
jamais os enganadores; donde deveis concluir que aquele que é mistificado só o
é porque o merece."
Para se detectar as
mistificações, basta observar a linguagem e o comportamento do Espírito
comunicante. A linguagem está sempre relacionada com o grau evolutivo e as
ações se traduzem nos sentimentos e conselhos que são emitidos.
Para diferenciar as
comunicações sérias, provenientes dos bons Espíritos, e as oriundas dos falsos
sábios, basta o bom senso e a lógica.
CAPÍTULO XXVIII
Do charlatanismo e do embuste
Neste Capítulo, Kardec nos fala
das pessoas que fingem ser médiuns para enganar.
"Como tudo pode tornar-se
objeto de exploração, nada de surpreendente haveria em que também quisessem
explorar os Espíritos. Resta saber como receberiam eles a coisa, dado que tal
especulação viesse a ser tentada. Diremos desde logo que nada se prestaria
melhor ao charlatanismo e à trapaça do que semelhante ofício. Muito mais
numerosos do que os falsos sonâmbulos, que já se conhecem, seriam os falsos
médiuns e este simples fato constituiria fundado motivo de desconfiança. O
desinteresse, ao contrário, é a mais peremptória resposta que se pode dar aos
que nos fenômenos só veem trampolinices. Não há charlatanismo desinteressado.
Qual, pois, o fim que objetivariam os que usassem de embuste sem proveito,
sobretudo quando a honorabilidade os colocasse acima de toda suspeita?"
Devemos entender que a
mediunidade é uma faculdade concedida para o bem e os bons Espíritos se afastam
de quem pretenda fazer dela uso comercial e/ou pessoal. Portanto, o mais
absoluto desinteresse é a melhor garantia contra o charlatanismo e o embuste.
"Em resumo, repetimos, a
melhor garantia está na moralidade notória dos médiuns e na ausência de todas
as causas de interesse material, ou de amor-próprio, capazes de estimular-lhes
o exercício das faculdades mediúnicas que possuam, porquanto essas mesmas
causas poderiam induzi-los a simular as de que não dispõem."
CAPÍTULO XXIX
Das reuniões e das Sociedades Espíritas
Neste Capítulo, Kardec nos fala
das reuniões e das Sociedades Espíritas.
"As reuniões espíritas
oferecem grandíssimas vantagens, por permitirem que os que nelas tomam parte se
esclareçam, mediante a permuta das ideias, pelas questões e observações que se
façam, das quais todos aproveitam."
As reuniões são classificadas
pelo codificador em três tipos:
Reuniões frívolas - se compõem de pessoas que só veem o lado
divertido das manifestações, que se divertem com as facécias dos Espíritos
levianos, aos quais muito agrada essa espécie de assembleia, a que não faltam
por gozarem nelas de toda a liberdade para se exibirem.
Reuniões experimentais - têm particularmente por objeto a produção das
manifestações físicas. Para muitas pessoas, são um espetáculo mais curioso que
instrutivo. Os incrédulos saem delas mais admirados do que convencidos, quando
ainda outra coisa não viram.
Reuniões instrutivas - haurem o verdadeiro ensino e são presididas pelos
Espíritos Superiores. Para que elas ocorram é preciso que haja seriedade de
propósitos, que o estudo não seja conduzido de forma leviana, que haja unidade
de pensamento e que as reuniões sejam regulares.
"Toda reunião espírita
deve, pois, tender para a maior homogeneidade possível. Está entendido que
falamos das em que se deseja chegar a resultados sérios e verdadeiramente
úteis. Se o que se quer é apenas obter comunicações, sejam estas quais forem,
sem nenhuma atenção à qualidade dos que as deem, evidentemente desnecessárias
se tornam todas essas precauções; mas, então, ninguém tem que se queixar da
qualidade do produto."
As Sociedades Espíritas podem
sem entendidas como a formalização das reuniões. Neste caso, um grupo de
pessoas forma um núcleo de estudo e de trabalho dentro dos princípios
espíritas.
"Uma Sociedade, onde
aqueles sentimentos se achassem partilhados por todos, onde os seus componentes
se reunissem com o propósito de se instruírem pelos ensinos dos Espíritos e não
na expectativa de presenciarem coisas mais ou menos interessantes, ou para
fazer cada um que a sua opinião prevaleça, seria não só viável, mas também indissolúvel.
A dificuldade, ainda grande, de reunir crescido número de elementos homogêneos
deste ponto de vista, nos leva a dizer que, no interesse dos estudos e por bem
da causa mesma, as reuniões espíritas devem tender antes à multiplicação de
pequenos grupos, do que à constituição de grandes aglomerações. Esses grupos,
correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde
já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as
opiniões e unirá os homens por um único sentimento: o da fraternidade, trazendo
o cunho da caridade cristã."
CAPÍTULO XXX
Regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas
No Capítulo 30, é apresentado o
regulamento de Sociedade fundada e presidida por Kardec. O objetivo é permitir
que outras sociedades possam ser criadas usando as mesmas ideias.
Capítulo XXXI
Dissertações espíritas
Neste Capítulo, Kardec
apresenta uma coleção de mensagens espíritas recebidas por ele e por outras
sociedades espíritas. Os temas se dividem em: Espiritismo, médiuns, sociedades
espíritas e comunicações apócrifas. No último tema, o codificador discute
porque as mensagens apresentadas devem ser aceitas com reserva. É uma forma
interessante de entender o critério usado por Kardec para aceitar, ou não, uma
comunicação mediúnica.
Capítulo XXXII
Vocabulário espírita
Uma coleção de palavras, usadas
no Espiritismo, é mostrada para facilitar o entendimento do leitor do Livro dos
Médiuns.
AGÊNERE. (do grego, a, privativo, e géiné, geinomai, engendrar; que não foi engendrado). Variedade de
aparição tangível; estado de certos Espíritos que podem revestir,
momentaneamente, as formas de uma pessoa viva, ao ponto de fazer completa
ilusão.
ERRATICIDADE. Estado dos Espíritos errantes, quer dizer, não
encarnados, durante os intervalos de suas existências corporais.
ESPÍRITO. No sentido especial da Doutrina Espírita, os
Espíritos são os seres inteligentes da criação, que povoam o Universo fora do
mundo material, e que constituem o mundo invisível. Não são seres de uma
criação particular, mas as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em
outras esferas, e que deixaram o seu envoltório material.
BATEDOR. Qualidade de certos Espíritos. Os Espíritos
batedores são os que revelam sua presença por meio de pancadas e de ruídos de
diversas naturezas.
MEDIANÍMICO. Qualidade do poder dos médiuns. Faculdade
medianímica.
MEDIANIMIDADE. Faculdade dos médiuns. Sinônimo de mediunidade.
Essas duas palavras, a miúdo, são empregadas indiferentemente; querendo fazer
uma distinção, poder-se-ia dizer que mediunidade tem um sentido mais geral,
medianimidade, um sentido mais restrito. Há o dom da mediunidade. A
medianimidade mecânica.
MÉDIUM. (do latim, médium,
meio, intermediário). Pessoa podendo servir de intermediária entre os Espíritos
e os homens.
MEDIUNATO. Missão providencial dos médiuns. Esse nome foi
criado pelos Espíritos. (Ver cap. 31; comunicação XII.)
MEDIUNIDADE. (Ver MEDIANIMIDADE).
PERISPÍRITO. (do grego, péri,
ao redor). Envoltório semimaterial do Espírito. Nos encarnados, serve de laço
ou intermediário entre o Espírito e a matéria; nos Espíritos errantes,
constitui o corpo fluídico do Espírito.
PNEUMATOFONIA. (do grego, pneuma,
ar, e de phoné, som ou voz). Voz dos
Espíritos; comunicação oral dos Espíritos sem o concurso da voz humana.
PSICÓGRAFO. (do grego, psuké, borboleta, alma, e graphó, escrevo). O que usa a psicografia; médium escrevente.
PSICOGRAFIA. Escrita dos Espíritos pela mão do médium.
PSICOFONIA. Comunicação dos Espíritos pela voz de um médium
falante.
REENCARNAÇÃO. Retorno do Espírito à vida corporal, pluralidade
das existências.
SEMATOLOGIA. (do grego, semá,
sinal, e logos, discurso). Linguagem dos sinais. Comunicação dos Espíritos pelo
movimento dos corpos inertes.
ESPÍRITA. O que tem relação com o Espiritismo; partidário do
Espiritismo; aquele que crê nas manifestações dos Espíritos. Um bom, um mau
espírita; a Doutrina Espírita.
ESPIRITISMO. Doutrina fundada sobre a crença da existência dos
Espíritos e de suas manifestações.
ESPIRITUALISMO. Diz-se no sentido oposto ao do materialismo
(academia); crença na existência da alma espiritual e imaterial. O
Espiritualismo é a base de todas as religiões.
ESPIRITUALISTA. O que tem relação com o Espiritualismo; partidário do Espiritualismo. Quem creia que tudo em nós não é matéria, é espiritualista, o que não implica, de nenhum modo, na crença nas manifestações dos Espíritos. Todo espírita é necessariamente espiritualista; mas pode-se ser espiritualista sem ser espírita; o materialista não é nem um, nem outro. Diz-se: a filosofia espiritualista. – Uma obra escrita com as ideias espiritualistas – As manifestações espíritas são produzidas pela ação dos Espíritos sobre a matéria. – A moral espírita decorre do ensinamento dado pelos Espíritos. – Há espiritualistas que ridicularizam as crenças espíritas.
Nesses exemplos, a substituição
da palavra espiritualista pela palavra espírita, produziria uma confusão
evidente.
ESTEREOTITO. (do grego, stéréos,
sólido). Qualidade das aparições tangíveis.
TIPTÓLOGO. (do grego,
tuptó, eu bato). Variedade dos médiuns aptos à tiptologia. Médium
tiptólogo.
TIPTOLOGIA. Linguagem por pancadas; modo de comunição dos
Espíritos. Tiptologia alfabética.
Fonte: Diário de uma médium
iniciante
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