Por quem devemos orar. Parte 2

PRECES PELOS OUTROS

Por alguém que esteja em aflição

Se é do interesse do aflito que sua prova siga o seu curso, ela não será abreviada pelo nosso pedido; mas seria ato de impiedade desencorajar-se porque o pedido não foi atendido; aliás, na falta de cessação da prova, pode-se esperar obter qualquer outra consolação que modere a sua amargura. O que é verdadeiramente útil para aquele que sofre é a coragem e a resignação, sem as quais o que suporta é sem proveito para ele, porque será obrigado a recomeçar a prova. É, pois, para essa finalidade que é preciso, sobretudo, dirigir seus esforços, seja em apelando aos bons Espíritos em sua ajuda, seja em reerguendo por si mesmo o moral do aflito por conselhos e encorajamentos, seja, enfim, em o assistindo materialmente, se for possível. A prece, neste caso, pode, por outro lado, ter um efeito direto, dirigindo sobre a pessoa uma corrente fluídica para fortalecer seu moral.

Ação de graças por um benefício concedido a outrem

Quem não se acha dominado pelo egoísmo rejubila-se com o bem que acontece ao seu próximo, ainda mesmo que o não haja solicitado por meio da prece. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 44)

Na prece encontramos a produção avançada de elementos-força. Eles chegam da Providencia em quantidade igual para todos os que se deem ao trabalho divino de intercessão, mas cada Espírito tem uma capacidade diferente para receber. Essa capacidade é a conquista individual para o mais alto. E como Deus socorre o homem pelo homem e atende a alma pela alma, cada um de nós somente poderá auxiliar os semelhantes e colaborar com o Senhor, com as qualidades de elevação já conquistadas na vida. (Os mensageiros, cap. 24)

Por nossos inimigos e pelos que nos querem mal

Jesus disse: Amai mesmo os vossos inimigos. Esta máxima é o sublime da caridade cristã; mas, com ela, Jesus não quer dizer que devemos ter para com os nossos inimigos a ternura que temos para com os nossos amigos; ele nos disse, com essas palavras, para esquecer suas ofensas, perdoar o mal que nos fazem, pagar o mal com o bem. Além do mérito que isso resulta aos olhos de Deus, mostra aos olhos dos homens a verdadeira superioridade.

Ação de graças pelo bem concedido aos nossos inimigos

Não desejar o mal aos inimigos é não ser caridoso senão pela metade; a verdadeira caridade quer que lhes desejemos o bem, e que estejamos felizes com o bem que lhes chega. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 48)

Pelos inimigos do Espiritismo

De todas as liberdades, a mais inviolável é a de pensar, que abrange a de a de consciência. Lançar alguém anátema sobre os que não pensam como ele é reclamar para si essa liberdade e negá-la aos outros, é violar o primeiro mandamento de Jesus: a caridade e o amor do próximo. Perseguir os outros, por motivos de suas crenças, é atentar contra o mais sagrado direito que tem todo homem o de crer no que lhe convém e de adorar a Deus como o entenda. Constrangê-los a atos exteriores Semelhantes aos nossos é mostrarmos que damos mais valor à forma do que ao fundo, mais às aparências, do que à convicção. Nunca a abjuração forçada deu a quem quer que fosse a fé; apenas pode fazer hipócritas. E um abuso da força material, que não prova a verdade. A verdade é senhora de si: convence e não persegue, porque não precisa perseguir.

Espíritas, não vos aflijais com os golpes que vos desfiram, pois eles provam que estais com a verdade. Se assim não fosse, deixar-vos-iam tranquilos e não vos procurariam ferir. Constitui uma prova para a vossa fé, porquanto é pela vossa coragem, pela vossa resignação e pela vossa paciência que Deus vos reconhecerá entre os seus servidores fiéis, a cuja contagem ele hoje procede, para dar a cada um a parte que lhe toca, segundo suas obras.

A exemplo dos primeiros cristãos, carregai com altivez a vossa cruz. Crede na palavra do Cristo, que disse: “Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, que deles é o reino dos céus. Não temais os que matam o corpo, mas que não podem matar a alma.” Ele também disse: “Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos fazem mal e orai pelos que vos perseguem. Mostrai que sois seus verdadeiros discípulos e que a vossa doutrina é boa, fazendo o que ele disse e fez".

A perseguição pouco durará. Aguardai com paciência o romper da aurora, pois que já rutila no horizonte a estrela d’alva. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 51)

Por uma criança que acaba te nascer

Somente depois de terem passado pelas provas da vida corpórea, chegam à perfeição os Espíritos. Os que se encontram na erraticidade aguardam que Deus lhes permita volver a uma existência que lhes proporcione meios de progredir, quer pela expiação de suas faltas passadas, mediante as vicissitudes a que fiquem sujeitos, quer desempenhando uma missão proveitosa para a Humanidade. O seu adiantamento e a sua felicidade futura serão proporcionados à maneira por que empreguem o tempo que hajam de estar na Terra. O encargo de lhes guiar os primeiros passos e de os encaminhar para o bem cabe a seus pais, que responderão perante Deus pelo desempenho que derem a esse mandato. Para lhos facilitar, foi que Deus fez do amor paterno e do amor filial uma lei da Natureza, lei que jamais se transgride impunemente.O evangelho segundo o espiritismo. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 53)

Por um agonizante

A agonia é o prelúdio da separação da alma e do corpo. Pode dizer-se que, nesse momento, o homem tem um pé neste mundo e um no outro. É penosa às vezes essa passagem, para os que muito apegados se acham à matéria e viveram mais para os bens deste mundo do que para os do outro, ou cuja consciência se encontra agitada pelos pesares e remorsos. Para aqueles cujos pensamentos, ao contrário, buscaram o Infinito e se desprenderam da matéria, menos difíceis de romper-se são os laços que o prendem à Terra e nada têm de dolorosos os seus últimos momentos. Apenas um fio liga, então, a alma ao corpo, enquanto que no outro caso profundas raízes a conservam presa a este. Em todos os casos, a prece exerce ação poderosa sobre o trabalho de separação. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 57)

PRECES PELOS DOENTES E PELOS OBSIDIADOS

Saúde é o pensamento em harmonia com a lei de Deus, Doença é o processo de retificá-lo, corrigindo erros e abusos perpetrados por nós mesmos, ontem ou hoje, diante dela.

Obsessão é a ideia fixa em situações deprimentes, provocando, em nosso desfavor, os eflúvios enfermiços das almas que se fixaram nas mesmas situações.

Tentação é a força viciada que exteriorizamos, atraindo a escura influência que nos inclina aos desfiladeiros do mal, porque toda sintonia com a ignorância, ou com a perversidade, começa invariavelmente da perversidade ou da ignorância que acalentamos conosco.

Um prato de brilhantes não estimulara a fome natural de um cavalo, mas excitará a cobiça do homem, cujos pensamentos estejam desvairados até o crime. Lembremo-nos, assim, da necessidade de pensar irrepreensivelmente, educando-nos, de maneira a avançarmos para adiante, errando menos. A matéria, que nos obedece ao impulso mental, é o conjunto das vidas inferiores que vibram, sentem e pensam. O pensamento raciocinado é a maior conquista que já alcançamos na Terra.

Procuremos, desse modo, aperfeiçoar nossa mente e sublima-la, através do estudo e do trabalho que nos enobrecem a vida.

Felicidade, pois é o pensamento correto. Infortúnio é o pensamento deformado.

Um santuário terrestre é o fruto mental do arquiteto que idealizou, com a cooperação dos servidores que lhe assimilaram as ideias.

O mundo novo que estamos aguardando é construção divina, mentalizada por Cristo na exaltação da Humanidade. Trabalhadores que somos, contratados por nosso Divino Mestre, saibamos pensar com ele, para com ele vencermos. (Instruções psicofônicas, cap. 38)

PRECES PELOS DOENTES E PELOS OBSIDIADOS

Pelos doentes

As doenças fazem parte das provas e das vicissitudes da vida terrena; são inerentes à grosseria da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de toda ordem semeiam em nós germens malsãos, às vezes hereditários. Nos mundos mais adiantados, física ou moralmente, o organismo humano, mais depurado e menos material, não está sujeito às mesmas enfermidades e o corpo não é minado surdamente pelo corrosivo das paixões. Temos, assim, de nos resignar às consequências do meio onde nos coloca a nossa inferioridade, até que mereçamos passar a outro. Isso, no entanto, não é de molde a impedir que, esperando tal se dê, façamos o que de nós depende para melhorar as nossas condições atuais. Se, porém, mau grado aos nossos esforços, não o conseguirmos, o Espiritismo nos ensina a suportar com resignação os nossos passageiros males.

Se Deus não houvesse querido que os sofrimentos corporais se dissipassem ou abrandassem em certos casos, não houvera posto ao nosso alcance meios de cura. A esse respeito, a sua solicitude, em conformidade com o instinto de conservação, indica que é dever nosso procurar esses meios e aplicá-los.

A par da medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos dá a conhecer o poder da ação fluídica e o Espiritismo nos revela outra força poderosa na mediunidade curadora e a influência da prece. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 77)

Pelos obsidiados

A obsessão é a ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diversos, desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Oblitera todas as faculdades mediúnicas; traduz-se, na mediunidade escrevente, pela obstinação de um Espírito em se manifestar, com exclusão de todos os outros.

Os Espíritos maus pululam em torno da Terra, em virtude da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja que eles desenvolvem faz parte dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão, como as enfermidades e todas as tribulações da vida, deve ser considerada prova ou expiação e como tal aceita..

Do mesmo modo que as doenças resultam das imperfeições físicas, que tornam o corpo acessível às influências perniciosas exteriores, a obsessão é sempre o resultado de uma imperfeição moral, que dá acesso a um Espírito mau. A causas físicas se opõem forças físicas; a uma causa moral, tem-se de opor uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para isentá-lo da obsessão, é preciso fortificar a alma, pelo que necessário se torna que o obsidiado trabalhe pela sua própria melhoria, o que as mais das vezes basta para o livrar do obsessor, sem recorrer a terceiros. O auxílio destes se faz indispensável, quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque aí não raro o paciente perde a vontade e o livre-arbítrio.

Quase sempre, a obsessão exprime a vingança que um Espírito tira e que com frequência se radica nas relações que o obsidiado manteve com ele em precedente existência.

Nos casos de obsessão grave, o obsidiado se acha como que envolvido e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É desse fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro fluido mau. Mediante ação idêntica à do médium curador nos casos de enfermidade, cumpre se elimine o fluido mau com o auxílio de um fluido melhor, que produz, de certo modo, o efeito de um reativo. Esta a ação mecânica, mas que não basta; necessário, sobretudo, é que se atue sobre o ser inteligente, ao qual importa se possa falar com autoridade, que só existe onde há superioridade moral. Quanto maior for esta, tanto maior será igualmente a autoridade.

No livro, Missionários da luz, André Luiz conta que Alexandre e ele acompanham o tratamento de cinco caso de obsessão e como Alexandre já conhece todos os casos advertiu; dos cinco casos só uma jovem revela possibilidades de melhoras mais ou menos rápidas, os demais comparecerão simplesmente para socorro, evitando agravo nas provas necessárias.

 Gozará a jovem de proteção diferente? Pergunta André.

- A jovem a que me referi está procurando a restauração das forças psíquicas, por si mesma; tem lutado incessantemente contra as investidas de entidades malignas, mobilizando todos os recursos de que dispõe no campo da prece, do autodomínio,da meditação. Não está esperando o milagre da cura sem esforço e, não obstante, terrivelmente perseguida por seres inferiores, vem aproveitando toda espécie de ajuda que os amigos de nosso plano projetam em circulo pessoal. A diferença, pois, entre ela e os outros, é a de que, empregando as próprias energias, entrará, embora vagarosamente, em contato com a nossa corrente auxiliadora, ao passo que os demais continuarão, ao que tudo faz crer, na impassibilidade dos que abandonam voluntariamente a luta edificante.

E Alexandre continua dizendo em todas as nossas atividades de socorro há sempre imenso proveito, ainda mesmo quando a sua extensão não seja perceptível ao olhar comum. E qualquer doente dessa natureza que se disponha a cooperar conosco, em beneficio próprio, colaborando decididamente na restauração de suas atividades mentais, regenerando-se à luz da vida renovada no Cristo, pode esperar o restabelecimento da saúde relativa do corpo terrestre. Quando a criatura, todavia, roga a assistência de Jesus com os lábios, sem abrir o coração à influencia divina, não deve aguardar milagres de nossa colaboração. Podemos ajudar, socorrer, contribuir, esclarecer, não é porem, possível improvisar recursos, cuja organização é trabalho exclusivo dos interessados. –(Missionários da luz,cap. 18)

– Nossa amiga está procurando a verdade, cheia de sincera confiança em Jesus. Ovelha justiçada pela tempestade do mundo e inexperiente na esfera do conhecimento, volta-se para o Divino Pastor, como criança frágil, sequiosa do carinho materno. Estivesse orando numa igreja católica romana ou num templo budista, receberia o socorro de nossa Esfera, por intermédio desse ou daquele grupo de trabalhadores do Cristo. Naturalmente aqui, no seio de uma organização indene das sombras do preconceito e do dogmatismo, nosso concurso fraternal pode ser, mais eficiente, mais puro, e as suas possibilidades de aproveitamento são muito mais vastas. È preciso, assinalar porém, que os auxiliadores magnéticos transitam em toda parte, onde existam solicitações da fé sincera, distribuindo o socorro do Divino Mestre, dentro da melhor divisão de serviço. Onde vibre o sentimento sincero e elevado, ai se abre um caminho para a Proteção de Deus. (Missionários da luz, cap. 19)

PRECES PELOS QUE JÁ NÃO SÃO DA TERRA

Logo que uma pedra fende as águas, vê-lhes a superfície vibrar em ondulações concêntricas. Assim também o fluido universal vibra pelas nossas preces e pelos nossos pensamentos, com a diferença de que as vibrações das águas são limitadas, enquanto as do fluido universal se sucedem ao infinito. Todos os seres, todos os mundos estão banhados nesse elemento, assim como nós o estamos na atmosfera terrestre. Daí resulta que o nosso pensamento, quando é atuado por grande força de impulsão, por uma vontade perseverante, vai impressionar as almas a distancias incalculáveis. Uma corrente fluídica se estabelece entre umas e outras e permite que os Espíritos elevados nos influenciem e respondam aos nossos chamados, mesmo que estejam nas profundezas do espaço.

Questão 664, O Livro dos Espíritos:

Será útil que oremos pelos mortos e pelos Espíritos sofredores? E, neste caso, como lhes podem as nossas preces proporcionar alivio e abreviar os sofrimentos? Têm elas o poder de abrandar a justiça de Deus?

“A prece não pode ter por efeito mudar os desígnios de Deus, mas a alma por quem se ora experimenta alívio, porque recebe assim um testemunho no interesse que inspira àquele que por ela pede e também porque o desgraçado sente sempre um refrigério, quando encontra almas caridosas que se compadecem de suas dores. Por outro lado, mediante a prece, aquele que ora concita o desgraçado ao arrependimento e ao desejo de fazer o que é necessário para ser feliz. Neste sentido é que se lhe pode abreviar a pena, se, por sua parte, ele secunda a prece com a boa-vontade. O desejo de melhorar-se, despertado pela prece, atrai para junto do Espírito sofredor Espíritos melhores, que vão esclarecer, consolar e dar-lhe esperanças. Jesus orava pelas ovelhas desgarradas, mostrando-vos, desse modo, que culpados vos tornareis, se não fizésseis o mesmo pelos que mais necessitam das vossas preces.”

Por alguém que acaba de morrer

As preces pelos Espíritos que acabam de deixar a Terra não objetivam, unicamente, dar-lhes um testemunho de simpatia: também têm por efeito auxiliar-lhes o desprendimento e, desse modo, abreviar-lhes a perturbação que sempre se segue à separação, tornando-lhes mais calmo o despertar. Ainda aí, porém, como em qualquer outra circunstância, a eficácia está na sinceridade do pensamento e não na quantidade das palavras que se profiram mais ou menos pomposamente e em que, amiúde, nenhuma parte toma o coração.

As preces que deste se elevam ressoam em torno do Espírito, cujas ideias ainda estão confusas, como as vozes amigas que nos fazem despertar do sono. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 59)

Pelas pessoas a quem tivemos afeição

Que horrenda é a ideia do nada! Quão de lastimar são os que acreditam que no vácuo se perde, sem encontrar eco que lhe responda, a voz do amigo que chora o seu amigo! Jamais conheceram as puras e santas afeiçoes os que pensam que todo morre com o corpo; que o gênio, que com a sua vasta inteligência iluminou o mundo; é uma combinação de matéria, que, qual sopro, se extingue para sempre; que do mais querido ente, de um pai, de uma mãe, ou de um filho adorado não restará senão um pouco de pó que o vento irremediavelmente dispersará.

Como pode um homem de coração conservar-se frio a essa ideia? Como não o gela de terror a ideia de um aniquilamento absoluto e não lhe faz, ao menos, desejar que não seja assim? Se até hoje não lhe foi suficiente a razão para afastar de seu espírito quaisquer dúvidas, aí está o Espiritismo a dissipar toda incerteza com relação ao futuro, por meio das provas materiais que dá da sobrevivência da alma e da existência dos seres de além-túmulo. Tanto assim é que por toda a parte essas provas são acolhidas com júbilo; a confiança renasce, pois que o homem doravante sabe que a vida terrestre é apenas uma breve passagem conducente a melhor vida; que seus trabalhos neste mundo não lhe ficam perdidos e que as mais santas afeições não se despedaçam sem mais esperanças. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 62)

Pelas almas sofredoras que pedem preces

Para se compreender o alívio que a prece pode proporcionar aos Espíritos sofredores, faz-se preciso saber de que maneira ela atua, conforme atrás ficou explicado. Aquele que se ache compenetrado dessa verdade ora com mais fervor, pela certeza que tem de não orar em vão.

Por um inimigo que morreu

A caridade para com os nossos inimigos deve acompanhá-los ao além-túmulo. Precisamos ponderar que o mal que eles nos fizeram foi para nós uma prova, que há de ter sido propícia ao nosso adiantamento, se a soubemos aproveitar. Pode ternos sido, mesmo, de maior proveito do que as aflições puramente materiais, pelo fato de nos haver facultado juntar, à coragem e à resignação, a caridade e o esquecimento das ofensas. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 67)

Por um criminoso

Se a eficácia das preces fosse proporcional à extensão delas, as mais longas deveriam ficar reservadas para os mais culpados, porque mais lhes são elas necessárias do que àqueles que santamente viveram. Recusá-las aos criminosos é faltar com a caridade e desconhecer a misericórdia de Deus; julgá-las inúteis, quando um homem haja praticado tal ou tal erro, fora prejulgar a justiça do Altíssimo. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 69)

Por um suicida

Jamais tem o homem o direito de dispor da sua vida, porquanto só a Deus cabe retirá-lo do cativeiro da Terra, quando o julgue oportuno. Todavia, a justiça divina pode abrandar-lhe os rigores, de acordo com as circunstâncias, reservando, porém, toda a severidade para com aquele que se quis subtrair às provas da vida. O suicida é qual prisioneiro que se evade da prisão, antes de cumprida a pena; quando preso de novo, é mais severamente tratado. O mesmo se dá com o suicida que julga escapar às misérias do presente e mergulha em desgraças maiores. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 71)

Pelos Espíritos arrependido

Fora injusto incluir na categoria dos Espíritos maus os sofredores e penitentes, que pedem preces. Podem eles ter sido maus, porém, já não o são, desde que reconhecem suas faltas e as deploram; são apenas infelizes. Já alguns começam mesmo a gozar de relativa felicidade. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 73)

Pelos Espíritos endurecidos

Os maus Espíritos são aqueles que ainda não foram tocados de arrependimento; que se deleitam no mal e nenhum pesar por isso sentem; que são insensíveis às reprimendas, repelem a prece e muitas vezes blasfemam do nome de Deus. São essas almas endurecidas que, após a morte, se vingam nos homens dos sofrimentos que suportam, e perseguem com o seu ódio aqueles a quem odiaram durante a vida, seja pela obsessão, seja por uma falsa influência qualquer.

Duas categorias há bem distintas de Espíritos perversos: a dos que são francamente maus e a dos hipócritas. Infinitamente mais fácil é reconduzir ao bem os primeiros do que os segundos. Aqueles, as mais das vezes, são naturezas brutas e grosseiras, como se nota entre os homens; praticam o mal mais por instinto do que por cálculo e não procuram passar por melhores do que são. Há neles, entretanto, um gérmen latente que é preciso fazer desabrochar, o que se consegue quase sempre por meio da perseverança, da firmeza aliada à benevolência, dos conselhos, do raciocínio e da prece. Através da mediunidade, a dificuldade que eles encontram para escrever o nome de Deus é sinal de um temor instintivo, de uma voz íntima da consciência que lhes diz serem indignos de fazê-lo. Nesse ponto estão a pique de converter-se e tudo se pode esperar deles: basta se lhes encontre o ponto vulnerável do coração.

Os Espíritos hipócritas quase sempre são muito inteligentes, mas nenhuma fibra sensível possuem no coração; nada os toca; simulam todos os bons sentimentos para captar a confiança, e felizes se sentem quando encontram tolos que os aceitam como santos Espíritos, pois que possível se lhes torna governá-los à vontade. O nome de Deus, longe de lhes inspirar o menor temor, serve-lhes de máscara para encobrirem suas torpezas. No mundo invisível, como no mundo visível, os hipócritas são os seres mais perigosos, porque atuam na sombra, sem que ninguém disso desconfie; têm apenas as aparências da fé, mas fé sincera, jamais. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 75)

PRECES PELOS DOENTES E PELOS OBSIDIADOS

Pelos doentes

As doenças fazem parte das provas e das vicissitudes da vida terrestre; elas são inerentes à imperfeição da nossa natureza material e à inferioridade do mundo que habitamos. As paixões e os excessos de todos os gêneros semeiam em nós germes malsãos, frequentemente hereditários. Nos mundos mais avançados, física ou moralmente, o organismo humano, mais depurado e menos material, não está sujeito às mesmas enfermidades, e o corpo não é minado surdamente pela devastação das paixões. É preciso, pois, se resignar em suportar as consequências do meio onde nos coloca a nossa inferioridade, até que tenhamos mérito de trocá-lo. Isso não deve nos impedir, à espera do mérito, de fazer o que depende de nós para melhorar a nossa posição atual; mas se, malgrado os nossos esforços, a isso não pudemos chegar, o Espiritismo nos ensina a suportar com resignação nossos males passageiros.

Se Deus não tivesse querido que os sofrimentos corporais fossem dissipados ou abrandados em certos casos, não teria colocado os meios curativos à nossa disposição. Sua previdente solicitude a esse respeito, de acordo nisso com o instinto de conservação, indica que é do nosso dever procurá-los e aplicá-los.

Ao lado da medicação ordinária, elaborada pela Ciência, o magnetismo nos fez conhecer o poder da ação fluídica; depois, o Espiritismo veio nos revelar uma outra força na mediunidade curadora e a influência da prece. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 77)

Pelos obsidiados

A obsessão é a ação persistente que um mau Espírito exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, desde a simples influência moral, sem sinais exteriores sensíveis, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Ela oblitera todas as faculdades medianímicas; na mediunidade escrevente, se traduz pela obstinação de um Espírito em se manifestar, com exclusão de todos os outros.

Os maus Espíritos pululam ao redor da Terra, em consequência da inferioridade moral dos seus habitantes. Sua ação malfazeja faz parte dos flagelos dos quais a Humanidade é o alvo neste mundo. A obsessão, como as doenças, e todas as tribulações da vida, deve, pois, ser considerada como uma prova ou uma expiação, e aceita como tal.

Da mesma forma que as doenças são o resultado de imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às influências perniciosas exteriores, a obsessão é sempre o resultado de uma imperfeição moral que o expõe a um mau Espírito. A uma causa física se opõe uma força física: a uma causa moral, é preciso opor uma força moral. Para se preservar das doenças, fortifica-se o corpo; para se garantir da obsessão, é preciso fortalecer a alma; daí, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar pela sua própria melhoria, o que basta, o mais frequentemente, para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de pessoas estranhas. Esse socorro torna-se necessário quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque, então, o paciente perde, por vezes, a sua vontade e o seu livre- arbítrio.

A obsessão é quase sempre o resultado de uma vingança exercida por um Espírito, e que, o mais frequentemente, tem sua origem nas relações que o obsidiado teve com ele numa precedente existência.

Nos casos de obsessão grave, o obsidiado está como envolvido e impregnado de um fluido pernicioso que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É desse fluido que é preciso desembaraçá-lo; ora, um mau fluido não pode ser repelido por um mau fluido. Por uma ação idêntica à do médium curador nos casos de doenças, é preciso expulsar o fluido mau com a ajuda de um fluido melhor que produza, de alguma sorte, o efeito de um reativo. Essa é a ação mecânica, mas que não basta; é preciso também, e, sobretudo, agir sobre o ser inteligente com o qual é preciso ter o direito de falar com autoridade, e essa autoridade não é dada senão pela superioridade moral; quanto mais esta é grande, maior é a autoridade.

Ainda não é tudo; para assegurar a libertação, é preciso levar o Espírito perverso a renunciar aos seus maus desígnios; é preciso fazer nascer nele o arrependimento e o desejo do bem, com a ajuda de instruções habilmente dirigidas, nas evocações particulares feitas com vistas à sua educação moral; então, pode-se ter a dupla satisfação de livrar um encarnado e converter um Espírito imperfeito.

A tarefa torna-se mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, traz seu concurso de vontade e de prece; não ocorre assim quando este, seduzido pelo Espírito enganador, ilude-se sobre as qualidades daquele que o domina, e se compraz no erro em que este último o mergulha; porque então, longe de secundar, ele repele toda assistência. É o caso da fascinação, sempre infinitamente mais rebelde do que a subjugação mais violenta. (O livro dos médiuns, cap. 23).

Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso auxiliar para agir contra o Espírito obsessor. (O evangelho segundo o espiritismo, cap. 28, nº 8) 

 

Bibliografia

Ação e reação. Francisco Cândido Xavier pelo Espírito André Luiz.

Curso Básico do Espiritismo 1º e 2º ano FEESP. João Batista Armani.

Depois da morte. Léon Denis.

Doenças, cura e saúde à luz do Espiritismo. Geziel Andrade.

Encontro de paz- Autores Diversos. Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel.

Mediunidade e evolução. Martins Peralva.

Missionários da luz. Francisco C. Xavier pelo Espírito André Luiz.

O Consolador. Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel.

O Evangelho de Chico Xavier – O próprio Encarnado

O Livro dos Espíritos. Allan Kardec.

O passe espírita. Luiz Carlos M. Gurgel.

Os mensageiros. Francisco Cândido Xavier- pelo Espírito André Luiz.

Vinha de Luz. Francisco Cândido Xavier pelo Espírito Emmanuel.

 


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