MATEUS:
capítulo 4o, versículo 23. E Jesus percorria toda a Galiléia, ensinando nas
sinagogas, pregando o evangelho do reino, curando todos os males e enfermidades do povo. — 24. Sua fama se
espalhou por toda a Síria, à sua presença foram trazidos os que se achavam
doentes e atormentados por dores e males diversos: — possessos, lunáticos,
paralíticos — e ele os curou. — 25. Acompanhava-o grande multidão de gente da
Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia e de além Jordão.
MARCOS: capítulo 1o, versículo 21. Vieram em seguida a Cafarnaum onde, entrando na sinagoga aos sábados, Jesus os instruía. — 22. Todos se admiravam da sua doutrina, por isso que Ele os Instruía como tendo autoridade para fazê-lo e não como os escribas. 23. — Ora, sucedeu achar-se na sinagoga um homem possuído de um espírito impuro, que exclamou: — 24. Que tens tu conosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és: és o santo de Deus. — 25. Jesus, em tom de ameaça, disse-lhe: Cala-te e sai desse homem. — 26. Logo o Espírito impuro, agitando-o em convulsões violentas e soltando um grito estridente, saiu do homem. — 27. Tão grande assombro se apoderou de todos, que uns aos outros perguntavam: Que é isto, que nova doutrina é esta? Ele manda com império mesmo nos Espíritos Impuros e estes lhe obedecem. — 28. Sua fama se espalhou assim, rapidamente, por toda a Galiléia.
MARCOS: capítulo 3o, versículo 7. Jesus se retirou com seus discípulos para os lados do mar, acompanhado por grande multidão de gente da Galiléia e da Judéia, — E, de Jerusalém, da Iduméia e de além Jordão tendo vindo juntar-se-lhe, proveniente de Tiro e Sidônia, outra grande multidão que ouvira falar das coisas que Ele fazia. — 9. Disse Ele então aos discípulos que lhe arranjassem uma barca onde pudesse meter-se para não ser oprimido pela turba. — 10. É que, como curava a muitos, todos os que sofriam de um mal qualquer se precipitavam sobre Ele para tocá-lo. — 11. E os Espíritos impuros, quando o viam, se prosternavam gritando: — 12. És filho de Deus. Ele, porém, com grandes ameaças, lhes proibia que o descobrissem.
LUCAS:
capítulo 4o, versículo 31. Ele desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e ai os
instruía nos dias de Sábado. — 32. E todos se espantavam da sua doutrina,
porque falava com autoridade. — 33. Ora, estava na sinagoga um homem dominado
por um demônio impuro, que exclamou em alta voz: — 34. Deixa-nos; que tens tu
conosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos perder? Sei quem és, és o santo de
Deus. — 35. E Jesus, ameaçando-o, disse-lhe: “Cala-te e sai desse homem”. E o
demônio, atirando o homem ao chão no meio da sinagoga, saiu dele sem lhe ter
feito mal algum. — 36. O terror se apossou de todos e uns aos outros diziam:
Que é isto? Ele ordena com autoridade e poder aos Espíritos impuros e estes
saem logo? — 37. E sua fama se espalhou por todos os cantos do país.
Como
se evidencia desses versículos, Jesus passava a sua aparente vida humana a praticar incessantemente a caridade,
assim com os humildes e desgraçados, como com os grandes e poderosos, pregando
por toda parte o arrependimento, multiplicando ao seu derredor as curas do
corpo e da alma. E os que o ouviam, pasmados autoridade com que Ele falava,
inquiriam: Mas, que doutrina é esta, que faz que os Espíritos imundos lhe
obedeçam?
Nos
Evangelhos, portanto, encontramos a prova de que Jesus curava tanto as
moléstias do corpo quanto as da alma, isto é, tanto restituía a saúde aos que
sofriam de doenças corporais, como libertava os que se achavam presas de
Espíritos obsessores, ou, conforme então se dizia, possessos do demônio. Segue-se
daí que a crença dos espíritas, com respeito à influência dos Espíritos
desencarnados sobre os encarnados, se funda na doutrina que Jesus pregava e
exemplificava, bem como nos fatos que a sua ação caridosa tornou manifestos.
Mas,
que podem valer esse argumento, ou essa autoridade, para quem sustenta que a
alma é o conjunto das faculdades intelectuais, uma simples função do organismo
físico, destinada a desaparecer com este, para sempre, pela morte? que o
pensamento é uma secreção do cérebro? que as leis da Natureza são simples
manifestações de forças incontrastáveis, carentes assim de moral, como de
benevolência?
Tal
o evangelho dos materialistas, que infelizmente ainda dominam. E são eles que
lançam aos espíritas os epítetos de idiotas, de exploradores dos néscios de
boa-fé! Nisso, entretanto, nada há de espantar. A fúria que revelam é idêntica
e tem a mesma origem que a daqueles que inventaram as fornalhas ardentes, as
cavernas dos animais ferozes. É ainda a mesma que o sacerdócio tem
desencadeado, em nome de Jesus. Ë o fogo das baterias que, desde todos os
tempos, margeiam a vereda que conduz a Sião; são as mesmas setas envenenadas
que as hostes dos inimigos da verdade, ocultas ao longo dessa vereda, hão
sempre desfechado contra os que a percorrem.
Mas,
que importa, se, justificados pela fé, temos a paz com Deus, por intermédio de
Nosso Senhor Jesus Cristo, como disse Paulo? (“Epístola aos Romanos”, Versículo
1). Que importa, se temos por nós o que fora dito a Abraão (Gênese, capítulo
15o, versículo 1) e aquele de quem falam os Salmos (capítulo 90o, versículos 2
ao 5 e capítulo 104o, versículo 10)? Marchemos, pois, para a frente, revestidos
da couraça da fé, sob o escudo de Jesus Cristo.
Para
imaginarmos o poder dos fluídos magnéticos de que dispunha Jesus, o mais puro
de todos os Espíritos, e bem assim o poder que a sua vontade exercia sobre
esses fluídos, regeneradores e fortificantes, cuja natureza, bem como
combinações, efeitos e propriedades Ele conhecia de modo absoluto, basta
atentemos nos efeitos que produz o magnetismo humano e nos que conseguem os
médiuns curadores, mesmo os médiuns receitistas, com os quais inúmeras pessoas
se têm tratado de variadíssimas enfermidades, com os mais satisfatórios
resultados.
Operando
as curas de que, sob o nome de milagres, falam os Evangelhos, Jesus fazia da
doutrina de amor que trouxera ao mundo a mais eloquente propaganda. Por isso
mesmo, é esse o meio mais eficiente de que se servem os Espíritos, para,
presentemente, fazer a da Doutrina Espírita. É que, a fatos, não há argumento,
nem autoridade real que se contraponham. Menos ainda poderão Contrapor-se-lhes
as opiniões de simples médicos, que nada sabem de Espiritismo, tanto mais
quando muitos deles hão recorrido e recorrem às consultas mediúnicas, em casos
desesperados, encontrando sempre a satisfação de seus anseios, com os
Bittencourt Sampaio, os Figueiras, os Nascimentos e muitos outros médiuns que a
esses sucederam, todos alheios à ciência
médica, mas cheios de dedicação e de solicitude para acudirem desinteressadamente
o próximo em suas aflições, servindo de instrumentos a Espíritos elevados, fiéis servos de N. Senhor
Jesus Cristo, dos quais recebem a ação fluídico-magnética, que transmitem aos
enfermos.
Quanto
às curas da alma, isto é, quanto à libertação dos possessos, só mediante estudo
sério das obras do mestre Allan Kardec, especialmente de O Livro dos Médiuns,
obras cuja meditação acurada recomendamos a todos os adeptos do Espiritismo, se
pode obter uma explicação racional e completa.
Os
possessos, de que falam os Evangelhos, eram os subjugados por Espíritos
impuros, dentre os quais, nem mesmo os mais endurecidos e obstinados no mal
resistiam às intensamente luminosas irradiações da pureza e da perfeição de
Jesus, cujo nome é hoje bastante para, se invocado com fé viva, produzir
efeitos análogos aos que Ele pessoalmente conseguia.
Quer
isto dizer que, nós outros, só os podemos obter por meio das preces fervorosas,
da humildade e da fé na misericórdia ilimitada do nosso Salvador, porquanto nos
faltam as mais poderosas armas que existem para a libertação de um subjugado —
a força moral decorrente do jejum espiritual a que Ele tantas vezes aludiu, e a
pureza de sentimentos, que atrai os Espíritos bons, cuja presença é suficiente
para dominar e subjugar, a seu turno, os mais obstinados e ferozes
subjugadores. Todavia, a bondade de Jesus é tal e tanta que, mau grado às
precárias condições morais em que nos encontramos, a não poucas curas temos
assistido de irmãos que recobram o uso da razão e do livre-arbítrio, depois de
terem sido dados como loucos incuráveis, pela ainda mais precária ciência dos
homens.
O
Espiritismo que, repetimos, é revelação e ciência, veio, restaurando na sua
pureza aquela doutrina que de tanta surpresa enchia os que presenciavam as
curas que o divino Mestre operava, ensinar-nos a distinguir a obsessão e a subjugação
da alienação mental, ou loucura propriamente dita, que decorre do desmantelo do aparelho cerebral. Essa
distinção quem no-la faculta é a mediunidade, que também nos fornece os meios
adequados a repararmos os estragos que
apresenta o organismo material, depois de removida a causa da aparente loucura,
como se dá com um prédio incendiado, após a extinção do incêndio.
Esses
fatos, de que nos oferecem testemunho as sagradas letras, já têm sido
comprovados por homens notáveis, cujas observações a respeito se acham
registradas em livros e jornais. Esses homens, porém, acreditavam ou acreditam
na existência e na imortalidade da alma, qual esta é realmente, e não
consideram o pensamento uma espécie de bílis, ou qualquer outra dessas
secreções que o organismo expele ou absorve, ou, ainda, fixa nas suas cavidades
interiores.
Os
ortodoxos, a seu turno, não contestam as curas operadas por Jesus, antes as
proclamam, mas como milagres. Em consequência, declaram e sustentam que tudo o
que os homens façam de semelhante ou idêntico é diabólico, sem perceberem que
desse modo colocam no mesmo nível a divindade, pois que para eles Jesus é uma
fração de Deus, e a suprema potência do mal — Satanás cuja existência afirmam.
Assim,
os doutores não admitem senão o que lhes vem por intermédio da Ciência, em cujo
nome falam, e repelem a ciência espírita como produto da imaginação de fanáticos ignorantes ou
velhacos, considerando mesmo o seu cultivo um crime severamente punível. De
outro lado, os ortodoxos guardam a mesma atitude, não por amor da verdade, que
pouco lhes interessa, mas por muito ciosos do prestígio do “demônio”, que tanto
há contribuído para lhes fortalecer o poderio.
Tal
a situação que, embora já algum tanto modificada para melhor, pelos rápidos
progressos da Doutrina dos Espíritos, ainda se apresenta aos promitentes desta,
patenteando-lhes as dificuldades de ordem exterior que lhes cumpre superar,
para, convencidos e confiantes, esperarem se cumpram integralmente as promessas
de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Eles,
no entanto, se manterão firmes em seus postos, porque veem que cada vez mais
essas promessas se irão cumprindo, quando veem que já lhes é dado fazerem, sob
a égide de Jesus, obras semelhantes às que Ele fazia, o que implica o
cumprimento do prometido nestas palavras suas: Aquele que em mim crer também
fará as obras que eu faço e fará outras ainda maiores (JOÃO, capítulo 14o,
versículo 12).
E,
como o dessas, verificam que igualmente se está dando o destas outras, visto
que inegavelmente chegariam os tempos nelas preditos e se realizou o advento
por elas anunciado:
E o
Consolador, que é o Espírito Santo, que o Pai enviará em. meu nome, vos
ensinará todas as coisas e vos lembrará tudo o que vos tenho dito. (JOÃO,
capítulo 14o, versículo 26).
Elucidações evangélicas. FEB, pág. 126.
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