Mediunidade nos animais

A questão da mediunidade nos animais apareceu no tempo de Kardec e foi objeto de estudos e debates na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Tanto os Espíritos, quanto Kardec e a Sociedade Espírita consideraram o assunto como sem fundamento.

O animal pode ser considerado como o último elo da cadeia evolutiva que culmina no homem. Depois da Humanidade inicia-se um novo ciclo da evolução com a Angelitude (Reino Espiritual). Não há descontinuidade na evolução. Tudo se encadeia no Universo, como acentuou Kardec.


A teoria doutrinária da criação dos seres, isto é, a Ontogênese Espírita (do grego: onto é ser; logia é estudo) revela o processo evolutivo a partir do reino mineral até o reino hominal.

Léon Denis a divulgou numa sequência poética e naturalista: “A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem“. Entre cada uma dessas fases existem faixas intermediárias, nas quais o ser guarda características da fase que está deixando, incorporando-se à próxima, sem que esteja plenamente caracterizado. Assim, a teoria espírita da evolução considera o homem como um todo formado de espírito e matéria. A própria evolução é apresentada como um processo de interação entre esses dois elementos.

Cada fase, definida num dos reinos da Natureza, caracteriza-se por condições próprias, como resultantes do desenvolvimento de potencialidades dos reinos anteriores. Só nas zonas intermediárias, que marcam a passagem de uma fase para a outra, existe misturas das características anteriores com as posteriores.

Por exemplo: entre o reino vegetal e o reino animal, há a zona dos vegetais carnívoros; entre o reino animal e o reino hominal, há a zona dos antropoides. A teoria da evolução se confirma na pesquisa científica por dados evidentes e significativos.

A caracterização específica de cada reino define as possibilidades de cada um deles e limita-os em áreas de desenvolvimento próprio. A pedra não apresenta sinais de vida, embora em seu núcleo estrutural intensa atividade esteja se processando nas forças de atração; o vegetal tem vida e sensibilidade, o animal acrescenta as características da planta a mobilidade e os órgãos sensoriais específicos, com inteligência em processo de desenvolvimento. Somente no homem todas essas características dos reinos naturais se apresentam numa síntese perfeita e equilibrada, com inteligência desenvolvida, razão e pensamento contínuo e criador. 

Mas a mais refinada conquista da evolução, que marca o homem com o endereço do plano angélico (Reino Espiritual) é a Mediunidade. Função sem órgão, resultante de todas as funções orgânicas e psíquicas da espécie, a Mediunidade é a síntese por excelência, que consubstancia todo o processo evolutivo da Natureza. Querer atribuí-la a outras espécies que não a humana é absurdo, uma vez que mediunidade requer processo de sintonia impossível de acontecer no pensamento fragmentado do animal. Por isso, todos os que querem encontrá-la nos animais a reduzem a um sistema comum de comunicação animal, desconhecendo-lhe a essência para só encará-la através dos efeitos.

O ponto de máximo absurdo nessa teoria da mediunidade nos animais é a aceitação de “incorporação” de espíritos humanos em animais.

As comunicações mediúnicas são possíveis somente no plano humano. A Natureza emprega os processos das formas no desenvolvimento das espécies animais e no crescimento das criaturas humanas, sempre no âmbito de cada espécie e segundo as leis das lentas variações da formação dos seres. 

Jamais o Espiritismo admitiu os excessos de imaginação que o fariam perder de vista as regras do bom senso e a firmeza com que avança na conquista dos mais graves conhecimentos de que a Humanidade necessita para prosseguir na sua evolução moral e espiritual.

As pesquisas parapsicológicas atuais demonstram a percepção extrassensorial no animal que lhes permite perceber (enxergar, ouvir) vibrações de ondas não passíveis de serem captadas pelo sensório humano.

Certas faculdades dos animais são agudas como a visão na águia e no lince, a do olfato e da audição nos cães, a da direção nas aves e animais marinhos; faculdades estas desenvolvidas na medida das necessidades de sobrevivência de certas espécies.

As nossas faculdades correspondentes são menos acentuadas, porque já possuímos outros meios para aferir a realidade, usando faculdades superiores de que temos maior necessidade no campo da evolução espiritual. 

A percepção extrassensorial é muito difundida no reino animal, e os espíritos incumbidos de zelar por esse reino, em certos casos podem excitar suas percepções para atender a circunstâncias especiais. 


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