Ao tratarmos da perda e
suspensão da mediunidade é necessário relembrar que a mediunidade não é uma
improvisação nem um acontecimento fortuito. Pelo contrário, ela faz parte da
constituição do homem e tem suas raízes plantadas em causas e decisões anteriores
ao momento de sua eclosão. Constitui relevante instrumento de evolução, porém,
mesmo sendo percebida, assim, como qualidade, sabemos que o grau de intensidade
dessa faculdade não é proporcional ao desenvolvimento moral de seu detentor, do
qual independe.
O uso que o médium faz da sua faculdade é o que mais influi sobre os Espíritos bons, sendo ele o responsável pela condução adequada ou não, das suas experiências mediúnicas, favorecendo intermitências e suspensões momentâneas.
Explicam os Espíritos em O
Livro dos Médiuns, questão 220, que o médium pode ter o exercício mediúnico
suspenso, momentaneamente, por diversas razões, caracterizadas pelo afastamento
dos Espíritos Bons que não querem ou não podem servir-se dele.
Motivos para o afastamento dos Bons Espíritos
- Mau uso da mediunidade;
- Futilidades;
- Finalidades ambiciosas;
- Recusa-se a transmitir mensagens;
- Recusa-se a colaborar no esclarecimento ou ajuda aos necessitados;
- Quando não aproveita as instruções e orientações recebidas;
- Possibilitar ao médium servir como instrumento de outros Espíritos;
- Demonstração de solicitude do amigo Espiritual pelo médium que necessita de repouso. Nesse caso, ele não permite que outros Espíritos o substituam junto ao médium;
- Para experimentar a paciência e avaliar a perseverança de médiuns bons.
O afastamento do Espírito
Bom deve sempre levar o médium a reflexões sobre como pode melhorar a sua
relação de trabalho com o mundo espiritual; deve ajudá-lo a refletir sobre os
próprios procedimentos, sobre a necessidade de estudo e principalmente sobre o
seu trabalho pessoal no Bem.
Ainda em “O Livro dos
Médiuns” os Espíritos esclarecem que a suspensão da atividade mediúnica não
implica afastamento dos Espíritos Amigos: “O médium se acha na situação da
pessoa que tivesse perdido a vista momentaneamente, mas não foi abandonada pelos
amigos, embora não os veja". A seguir completam “... Se a falta da mediunidade
pode privá-lo das comunicações por meio material com certos Espíritos, não o
priva das comunicações mentais".
Acrescentam ainda que nem
sempre a suspensão é uma censura, pois pode ser uma demonstração de
benevolência, e que o médium deve consultar a sua consciência, perguntar a si
mesmo que uso tem feito de sua faculdade, que bem tem resultado disso para os
outros, que proveito tem tirado dos conselhos que lhe deram, e saberá
distinguir a censura da ação benevolente.
Constata-se que o maior
obstáculo à utilização da mediunidade é o conjunto das imperfeições do médium.
Allan Kardec ao identificar o caráter de missão conferido à mediunidade, perguntou
aos Espíritos por que Deus a designa a homens imperfeitos e não aos homens de
bem, sendo que eles responderam que são os imperfeitos que dela necessitam para
se aperfeiçoarem, e para que tenham a possibilidade de receber bons
ensinamentos.
Podemos concluir que, ante a
constatação de que se é portador da mediunidade, tem o indivíduo o direito de
consultar o seu livre-arbítrio, decidindo-se entre assumir o seu exercício, ou
não. Se optar pelo exercício mediúnico, deve o médium investir no seu
aperfeiçoamento moral, criando condições para se tornar um médium educado, com
desempenho mediúnico voluntário e disciplinado. Se preferir recusar a mediunidade,
estará rejeitando uma dádiva da vida para o seu desenvolvimento espiritual,
abandonando excelente roteiro evolutivo.
Quando surgem motivos de
ordem existencial involuntários e incontroláveis, tais como doenças, deveres
profissionais, desequilíbrios emocionais, desestruturando a mente do médium, os
próprios amigos Espirituais providenciam interrupções temporárias, as quais
também podem servir como provas, visando chamar a atenção do trabalhador quanto
à correta vivência dos seus deveres.
A mediunidade não constitui
obstáculo na caminhada do seu portador, porém não é aquisição apressada que se
obtém por meio de facilidades humanas. Quando aceita com alegria e
responsabilidade, transforma-se em instrumento de crescimento e evolução, pois
encaminha o médium ao trabalho com Jesus.
Bibliografia:
KARDEC, Allan - O Livro dos Médiuns. Cap. 17, q. 220, itens 1-16
Nenhum comentário:
Postar um comentário