Os 20 capítulos que compõem
Missionários da luz apresentam os mistérios da reencarnação e todo o trabalho
dos encarregados de conduzir o processo do renascimento. É a continuidade do
aprendizado na vida espiritual e da certeza de que a morte física é apenas o
início de uma nova jornada. A partir das palavras do Espírito André Luiz, conhecemos
a importância do esforço na busca pelo autoaperfeiçoamento, a participação do
perispírito como organização que molda as células do corpo e as diversas formas
possíveis para manifestações mediúnicas e contatos entre os planos terrestre e
espiritual. Terceiro volume da coleção A vida no mundo espiritual, Missionários
da luz ensina que a Providência divina sempre concede ao homem novos campos de
trabalho, por meio da renovação incessante da vida pela reencarnação.
Alexandre
Desejando aprimorar-se quanto à mediunidade, recebe André Luiz o convite do bondoso mentor Alexandre para acompanhá-lo ao seu núcleo, em momento oportuno.Alimentando indisfarçável curiosidade, e surgida a oportunidade, André vale-se da prestigiosa influência para ingressar no espaçoso e velho salão, onde Alexandre desempenha atribuições na chefia.
Capítulo
1 - O psicógrafo
Conta André: "Entrei
cauteloso, sem despertar atenção na assembleia que ouvia, emocionadamente, a
palavra generosa e edificante do operoso instrutor da casa.Grande número de
cooperadores velavam, atentos. E, enquanto o devotado mentor falava com o
coração nas palavras, os dezoito companheiros encarnados demoravam-se em
rigorosa concentração do pensamento, elevado a objetivos altos e puros. Era
belo sentir-lhes a vibração particular. Cada qual emitia raios luminosos, muito
diferentes entre si, na intensidade e na cor. Esses raios confundiam-se à
distância aproximada de sessenta centímetros dos corpos físicos e estabeleciam
uma corrente de força, bastante diversa das energias de nossa esfera. Essa
corrente não se limitava ao círculo movimentado. Em certo ponto, despejava
elementos vitais, à maneira de fonte miraculosa, com origem nos corações e nos
cérebros humanos que aí se reuniam. As energias dos encarnados casavam-se aos
fluidos vigorosos dos trabalhadores de nosso plano de ação, congregados em
vasto número, formando precioso armazém de benefícios para os infelizes,
extremamente apegados ainda às sensações fisiológicas.Semelhantes forças
mentais não são ilusórias, como pode parecer ao raciocínio terrestre, menos esclarecido
quanto às reservas infinitas de possibilidades além da matéria mais grosseira".
Solicitado por Alexandre junto aos serviços mediúnicos, André fica inteirado da
complexidade de uma comunicação. O mentor designa um grupo de seis entidades,
candidatas ao intercâmbio, porém salienta que apenas um médium, em condições
perfeitas, se encontra presente à reunião.Objeta André Luiz: "Julguei que
o médium fosse a máquina, acima de tudo". A máquina também gasta - observa
o instrutor - e estamos diante de maquinismo demasiadamente delicado".
Capítulo 2 - A epífise
Conta André: Enquanto o
nosso companheiro se aproveitava da organização mediúnica, vali-me das forças
magnéticas que o Instrutor me fornecera, para fixar a máxima atenção no médium.
Quanto mais lhe notava as singularidades do cérebro, mais admirava a luz
crescente que a epífise deixava perceber.
Examinei atentamente os
demais encarnados. Em todos eles, a glândula apresentava notas de luminosidade,
mas em nenhum brilhava como no intermediário em serviço.Sobre o núcleo,
semelhante agora a flor resplandecente, caíam luzes suaves, de Mais Alto,
reconhecendo eu que ali se encontravam em jogo vibrações delicadíssimas,
imperceptíveis para mim.Estudara a função da epífise nos meus apagados serviços
de médico terrestre. Segundo os orientadores clássicos, circunscreviam-se suas
atribuições ao controle sexual no período infantil. Não passava de velador dos
instintos, até que as rodas da experiência sexual pudessem deslizar com
regularidade, pelo s caminhos da vida humana. Depois, decrescia em força,
relaxava-se, quase desaparecia, para que as glândulas genitais a sucedessem no
campo da energia plena. Alexandre o esclarece: "Não se trata de órgão
morto, segundo velhas suposições. É a glândula da vida mental. Ela acorda no
organismo do homem, na puberdade, as forças criadoras e, em seguida, continua a
funcionar, como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura
terrestre... Enquanto no período do desenvolvimento infantil, fase de
reajustamento desse centro importante do corpo perispiritual preexistente, a
epífise parece constituir o freio às manifestações do sexo; entretanto há que
retificar observações". Aos catorze anos, aproximadamente, de posição
estacionária, quanto às suas atribuições essenciais, recomeça a funcionar no
homem reencarnado. O que representava controle é fonte criadora e válvula de
escapamento. A glândula pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus
mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional. Entrega-se a
criatura à recapitulação da sexualidade, examina o inventário de suas paixões
vividas noutra época, que reaparecem sob fortes impulsos."
Capítulo
3 - Desenvolvimento mediúnico
André Luiz, levado por
Alexandre, pode observar algumas demonstrações de desenvolvimento mediúnico. Pode
assim observar alguns candidatos e suas particularidades: um, apresentava, não
obstante o desejo sincero de desenvolver-se para auxiliar, sinais iniludíveis
da ingestão de alcoólicos; outra senhora, candidata a psicografa, trazia o
ventre deformado tão repleto de alimentos, que André Luiz supôs enxergar ali um
vasto alambique, cheio de pastas de carne e caldos gordurosos, cheirando a
vinagre de condimentação ativa; e em outro, finalmente, "bacilos psíquicos
de tortura sexual...” Fiquei estupefato." escreve ele. "As glândulas
geradoras emitiam fraquíssima luminosidade, que parecia abafada por aluviões de
corpúsculos negros, a se caracterizarem por espantosa mobilidade... As mais
vigorosas daquelas feras microscópicas situavam-se no epidídimo, onde absorviam,
famélicas, os embriões delicados da vida orgânica... Que significava aquele
acervo de pequeninos seres escuros? Seriam expressões mal conhecidas da
sífilis?" Respondendo às suas indagações íntimas, Alexandre esclarece:
"Não, André, não temos sob os nossos olhos o espiroqueta de Schaudinn, nem
qualquer nova forma suscetível de análise material por bacteriologistas
humanos. São bacilos psíquicos da tortura sexual, produzidos pela sede febril
de prazeres inferiores... Tem sido cultivados por esse companheiro, não só pela
incontinência no domínio das emoções próprias, através de experiências sexuais
variadas, senão também pelo contato com entidades grosseiras, que se afinam com
as predileções dele, entidades que o visitam com frequência, à maneira de imperceptíveis
vampiros. A pretexto de aceitar o império da razão pura, na esfera da
lógica, admite que o sexo nada tenha a ver com a espiritualidade, como se esta
não fosse a existência em si... O erro de nosso amigo é o de todos os
religiosos que supõem a alma absolutamente separada do corpo físico, quando
todas as manifestações psicofísicas se derivam da influenciação
espiritual..."
Capítulo
4 - Vampirismo
Explica Alexandre: "Sem
nos referirmos aos morcegos sugadores, o vampiro, entre os homens, é o fantasma
dos mortos que se retira do sepulcro, altas horas, para alimentar-se do sangue
dos vivos. Não sei quem é o autor de semelhante definição, mas. No fundo, não
está errada. Apenas cumpre considerar que, entre nós, vampiro é toda entidade
ociosa que se vale, indebitamente, das possibilidades alheias e, em se tratando
de vampiros que visitam os encarnados, é necessário reconhecer que eles atendem
aos sinistros propósitos a qualquer hora, desde que encontrem guarida no estojo
de carne dos homens".
Capítulo
5 - Influenciação
Saindo da reunião de
desenvolvimento, André Luiz e Alexandre seguem alguns candidatos a caminho de
casa, notadamente o jovem rapaz torturado sexualmente, e qual se ligam duas
entidades profundamente inferiores, sua irmã, jovem madura e equilibrada, e sua
mãe, egoisticamente vampirizada pelo marido desencarnado. Assim, conhece de
perto a triste influenciação espiritual de que são vítimas, mãe e filho, e da
capacidade de recepção de ideias superiores por parte da jovem, por manter-se
ela em padrão vibratório elevado. Alexandre a utiliza para esclarecer os dois
obsidiados, mas eles, desprezando a pouca idade e a inexperiência da jovem,
ignoram seus conselhos.
Capítulo
6 - A oração
Neste capítulo, tem André
Luiz a feliz oportunidade de compreender melhor os benefícios da oração. O lar
do jovem torturado, não obstante as infelizes e pertinazes companhias,
permanece fluidicamente protegido, em virtude de sua esposa cultivar o hábito
da oração e da vida reta. Amiga de Alexandre, a esposa Cecília vai ao seu
encontro, mais tarde, em espírito, e lhe pede auxílio no amparo ao infeliz e
desviado companheiro.
Capítulo
7 - Socorro espiritual
Mais tarde, Alexandre e
André são abordados por velha amiga do instrutor, Justina, que lhe implora
auxílio para seu filho Antônio, prestes a desencarnar. Antonio precisa de mais
alguns meses na carne, alega, e Alexandre dispõe-se a ajudá-la. Seguem para a
residência de Antônio e Alexandre o encontra a beira de mortal apoplexia.
Necessita do auxílio de um magnetizador encarnado e para isso solicita o
auxílio do irmão Francisco, diretor de um grupo socorrista. Este, ciente da
necessidade do momento, traz Afonso, em espírito e, com Alexandre funcionando
como verdadeiro magnetizador, transfere para o moribundo os vigorosos fluidos
do encarnado.
Capítulo
8 - No plano dos sonhos
Conta André: "Após
alguns minutos de conversação encantadora, o irmão Francisco acercou-se do
orientador, indagando sobre os objetivos da reunião da noite. Segundo
informações anteriores, Alexandre dirigiria, naquela noite, pequena assembleia
de estudiosos. Quase ao início da preleção, Alexandre é cientificado da ausência
de dois companheiros, Vieira e Marcondes, e solícito, manda averiguar o que
houve. Destaca Sertório, para tanto, enviando André em sua companhia. Chegando
à casa de Vieira, encontram-no apavorado, quase desencarnando de medo frente ao
"fantasma" de antigo companheiro, cuja presença evocara no jantar,
lembrando-lhe as más qualidades, levianamente. Sertório vem em seu socorro,
acordando-o, bruscamente.Marcondes encontra-se em pior situação: entidades
femininas da pior espécie, mantêm-no retido no quarto e irritam-se com
Sertório, quando este chega para saber do companheiro o que impediu seu
comparecimento a palestra da noite. Marcondes desculpa-se, choroso, humilhado e
Sertório o deixa ali, à mercê das entidades infelizes, sem despertá-lo, para,
na manhã seguinte, a lembrança desagradável mostrar-se mais duradoura,
fortificando-lhe a repugnância pelo mal.
Capítulo
9 - Mediunidade e fenômeno
André Luiz calcula em
aproximadamente pouco mais de cem encarnados, comparecendo ali pelo
desdobramento do sono, constatando, porém que o número de desencarnados
mostrava mais vasta expressão. Além do grupo do irmão Francisco, que trouxera
os tutelados, outras associações da mesma natureza compareciam com os seus pupilos,
interessados em novas instruções. O tema escolhido para a noite: mediunidade e
fenômeno. E Alexandre exorta: "Não provoqueis o desenvolvimento prematuro
de vossas faculdades psíquicas! Ver sem compreender ou ouvir sem discernir pode
ocasionar desastres vultosos ao coração. Buscai, acima de tudo, progredir em
virtude e aprimorar sentimentos. Acentuai o próprio equilíbrio e o Senhor vos
abrirá a porta dos novos conhecimentos!"
Capítulo
10 - Materialização
Em companhia de Alexandre,
André Luiz tem a oportunidade de examinar de perto o fenômeno da
materialização, fato que lhe desperta imensa curiosidade. Observa os extremos
cuidados com o ambiente, com os assistentes e com a médium, esquema este muito
minucioso, envolvendo grande equipe de trabalhadores espirituais. Mas da parte
dos encarnados, nota André que o fato não é levado muito à sério: os seus
pensamentos, ansiosos por soluções particulares, desequilibram o ambiente, e um
assistente, envolvido em emanações alcoólicas, precisa ser isolado
especialmente, para não prejudicar a tarefa em curso.
Capítulo
11 - Intercessão
Narra André: "Certa
noite, finda a dissertação que Alexandre consagrava aos companheiros, meu
orientador foi procurado por duas senhoras, que foram conduzidas, em condições
especialíssimas, àquele curso adiantado de esclarecimentos, porquanto eram
criaturas que ainda se encontravam presas ao veículos de carne e que procuravam
o instrutor, temporariamente desligadas do corpo, por influência do sono. Eram
Etelvina e Ester. A primeira, conhecida de Alexandre, pedia os obséquios do
Instrutor para sua prima Ester, para solucionar a estranha morte de seu esposo,
em plena via pública.Alexandre se dispõe a auxiliá-las. É cientificado por um
humilde visitador desencarnado, de que Raul, o esposo, havia cometido o suicídio.
Em companhia de André Luiz, localiza o recém-desencarnado, semi-inconsciente,
junto à uma temível horda de vampiros, nas imediações de um frigorífico. O
Benfeitor consegue subtraí-lo das mãos dos infelizes e carrega Raul consigo,
visando seu despertamento para a nova realidade espiritual.
Capítulo
12 - Preparação de experiências
Após desemcumbir-se da
tarefa intercessória, Alexandre foi procurado por Herculano, companheiro de
elevada expressão hierárquica, no sentido de auxiliá-lo, e à sua equipe, no
processo reencarnatório de Segismundo, antigo e querido amigo de ambos.
Segismundo, que deveria reencarnar no lar de Raquel e Adelino, para resgatar
pesados débitos com o casal, encontrava-se terrivelmente abatido e temeroso,
pela reação hostil do futuro pai, que não lhe permitia a aproximação. Alexandre
esclarece: "O caso é típico. O drama de Segismundo é demasiadamente
complexo para ser comentando em poucas palavras. Basta, todavia, recordar que
ele, Adelino e Raquel são os protagonistas culminantes de dolorosa tragédia,
ocorrida ao tempo de minha última peregrinação pela Crosta. Em seguida a uma
paixão desvairada, Adelino foi vítima de suicídio; Segismundo, do crime; e
Raquel, do prostíbulo". Desejando acompanhar o amoroso Benfeitor, André
Luiz é instruído a se preparar, previamente, acerca do processo
reencarnacionista. Em "Nosso Lar", conduzido por Alexandre, André
conhece o Centro de Planejamento de Reencarnações.
Capítulo
13 - Reencarnação
André Luiz: "Senti-me ditoso e emocionado quando Alexandre me convidou a visitar, em companhia dele, o ambiente doméstico de Adelino e Raquel, onde se verificaria a reencarnação de Segismundo". Vencidas dificuldades de aproximação entre pai e filho, os Espíritos Construtores dão início ao fascinante processo reencarnacionista de Segismundo. Conta André: "Meu amável instrutor, muito satisfeito com a nova situação, passou a examinar os mapas cromossômicos, com a assistência dos construtores presentes. Em vão procurava compreender aqueles caracteres singulares, semelhantes a pequenos arabescos, francamente indecifráveis ao meu olhar". Alexandre vem em seu socorro: "Este não é um estudo que você possa compreender, por enquanto. Estou examinando a geografia dos genes nas estrias cromossômicas, a fim de certificar-me até que ponto poderemos colaborar em favor de nosso amigo Segismundo, com recursos magnéticos para a organização das propriedades hereditárias".
Capítulo
14 - Proteção
No dia imediato à ligação de
Segismundo ao novo corpo físico, André Luiz retornou ao lar de Raquel e
Adelino, não encontrado, porém, a jovem mulher bem disposta como na véspera.
Apuleio, o diretor da equipe de construtores esclareceu: "Nossa irmã
Raquel começa a sentir o esforço de adaptação. Por enquanto, e, durante alguns
dias, permanecerá indisposta; todavia, a ocorrência é passageira". André
observa que, embora mantivesse ela o corpo em posição de repouso, mostrava-se
superexcitada, inquieta. "Não conseguirá dormir?" pergunta.
"Mais tarde - responde Apuleio; por agora, terá o sono reduzido, até que
se formem os folhetos blastodérmicos. É o serviço inicial do feto e não podemos
dispensar-lhe a cooperação ativa". André Luiz tem a feliz oportunidade de
acompanhar a gestação de Raquel, e conta: "O desenvolvimento da futura
forma de Segismundo compelia Raquel a verdadeiros sacrifícios orgânicos;
contudo, em cada noite, pela madrugada, repetiam-se as excursões espirituais
que ela e o filho recebiam dos afetos de nosso plano. O trabalho de Herculano
mereceu a cooperação de inúmeros amigos. Rara a noite em que não vinham
Espíritos, agradecidos a Segismundo, velar pela harmonia de sua nova
reencarnação, prestando à casa, aos pais e a ele os mais variados
auxílios".
Capítulo
15 - Fracasso
Verificando o aproveitamento
de André no caso Segismundo, Alexandre, sempre gentil, e procurando propiciar
ao pupilo novos esclarecimentos, busca saber de Apuleio de algum caso de
reencarnação junto a companheiros outros, distantes da responsabilidade moral
observados no lar de Raquel e Adelino. E Apuleio lembra o caso Volpini.
"Volpini, diz, atingiu agora o sétimo mês de gestação da nova forma
física, mas a noite próxima será decisiva para ele. Já recebi um apelo dos
colaboradores que ficaram nas imediações do caso, no sentido de evitar certas
extravagâncias da futura mãe, projetadas para hoje; entretanto, não creio
sejamos por ela obedecidos. A organização fetal não se encontra em condições de
suportar novos desequilíbrios, e, se a pobrezinha não despertar para o dever,
abrirá, ainda hoje, uma terceira falência. Se André puder vir conosco,
dar-nos-á muito prazer.André Luiz acompanha a imensa luta por preservar o vida
de Volpini, porém a mãe, embriagada pelos prazeres fúteis, disposta a gozar a
vida a qualquer preço, sai novamente, para mais uma noitada exótica.Então
Volpini espírito é retirado da organização fetal e Cesarina, no dia seguinte, é
internada às pressas, em gravíssimas condições. Fortemente impressionado, André
fica sabendo que a infeliz acabara de dar à luz uma criança morta.
Capítulo
16 - Incorporação
André Luiz:
"Prosseguindo em meus estudos sobre os fenômenos mediúnicos de variada
expressão, sempre que meus serviços habituais mo permitiam, regressava à
Crosta, aprendendo e cooperando no grupo em que Alexandre funcionava na
qualidade de orientador". Assim, ele tem a oportunidade de apreciar, de
perto, um caso de incorporação mediúnica. Dionísio, antigo membro do grupo, já
desencarnada, tem sua visita solicitada, com insistência, pelos companheiros
ainda encarnados. Alexandre alerta para as dificuldades que poderão advir do
intento. A médium destacada para a tarefa é Otávia, cuja autenticidade
mediúnica, em outros tempos, fora posta em dúvida pelo próprio Dionísio.
Acertados todos os detalhes, Dionísio é conduzido para a residência de Otávia,
poucas horas antes da reunião. André Luiz, surpreso, conta que a médium se
encontrava em delicado estado emocional, devido às agressões de seu marido
Leonardo, homem violento e obsidiado. Restauradas suas forças, e perfeitamente
sintonizada com o comunicante da noite, a reunião é levada a efeito, com
Dionísio expressando-se emocionadamente através de Otávia.Mas, para decepção
geral, amigos e parentes do desencarnado duvidam da manifestação mediúnica,
insinuando tratar-se de mistificação.
Capítulo
17 - Doutrinação
Terminavam os trabalhos de
uma das reuniões comuns de estudos evangélicos, quando uma entidade muito
simpática acercou-se de Alexandre e André Luiz: era mãe afetuosa, em busca do
auxílio do abnegado Instrutor, visando uma nova doutrinação para Marinho, seu
filho, e que fora padre na Crosta. A pobre mulher declara-se cansada, em
profunda exaustão espiritual e Alexandre, penalizado, dispõe-se a
auxiliá-la. Alexandre destaca Necésio, habilidoso trabalhador desencarnado, e
experiente na tarefa de estabelecer contatos preliminares com entidades
revoltadas. Marinho, triste habitante de ruínas sombrias, com outros
companheiros de batina, deixa-se envolver pela simpatia e pelos argumentos de
Necésio. Conduzido à uma casa de doutrinação, revolta-se e tenta retroceder,
mas os benfeitores organizam elementos para a materialização de sua mãe,
quedando-se Marinho, afinal, em lágrimas ardentes de arrependimento e desejo de
renovação.
Capítulo
18 - Obsessão
André: "A conselho de
orientadores experimentados, o agrupamento a que Alexandre prestava preciosa
colaboração, reunia-se, em noites previamente determinadas, para atender aos
casos de obsessão. Era necessário reduzir, tanto quanto possível, a
heterogeneidade vibratória do ambiente, o que compelia a direção da casa a
limitar o número de encarnados nos serviços de benefício espiritual". Todo
obsidiado é um médium, na acepção legítima do termo?" - pergunta André, e
Alexandre esclarece: "Médiuns, meu amigo, inclusive nós outros, os
desencarnados, todos o somos, em vista de serviços intermediários do bem que
procede de mais alto, ou portadores do mal, colhido nas zonas inferiores,
quando caímos em desequilíbrio. O obsidiado, porém, acima de médium de energias
perturbadas, é quase sempre um enfermo, representando uma legião de doentes
invisíveis ao olhar humano. Por isso mesmo, constitui, em todas as
circunstâncias, um caso especial, exigindo muita atenção, prudência e
carinho."Na reunião, presentes os obsidiados, em número de cinco: dois
deles, uma senhora relativamente jovem e um cavalheiro maduro, demonstravam
enorme agitação, dois outros, ambos moços e irmãos pelo sangue, pareciam
completamente imbecilizados, e, por fim, uma jovem que se controlava com
esforço, ante o assédio de que era vítima.Do grupo, ressalta Alexandre que
apenas a jovem obterá algum benefício da reunião, por estar ela procurando a
restauração das forças psíquicas, por si mesma. "Não está esperando o
milagre da cura sem esforço e, não obstante terrivelmente perseguida por seres
inferiores, vem aproveitando toda espécie de ajuda que os amigos de nosso plano
projetam em seu círculo pessoal", esclarece o Instrutor.
Capítulo
19 - Passes
Em companhia de Alexandre,
André tem igualmente a oportunidade de assistir ao trabalho de passes.
Observando os trabalhadores espirituais, envoltos em túnicas muito alvas, como
enfermeiros vigilantes, André indaga de Alexandre se aqueles trabalhadores
apresentam requisitos especiais. O Instrutor esclarece: "Sim, na execução
da tarefa que lhes está subordinada, não basta a boa vontade, como acontece em
outros setores de nossa atuação. Precisam revelar determinadas qualidades de
ordem superior e certos conhecimentos especializados. O servidor do bem, mesmo
desencarnado, não pode satisfazer em semelhante serviço, se não conseguiu
manter um padrão superior de elevação mental contínua, condição indispensável à
exteriorização das faculdades radiantes. O missionário do auxílio magnético, na
crosta, ou aqui em nossa esfera, necessita ter grande domínio sobre si mesmo,
espontâneo equilíbrio de sentimentos, acendrado amor aos semelhantes, alta
compreensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança no poder divino.
Cumpre-me acentuar, todavia, que semelhantes requisitos, em nosso plano,
constituem exigências a que não se pode fugir, quando, na esfera carnal, a boa
vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficiência, o que
se justifica, em virtude da assistência prestada pelos benfeitores de nossos
círculos de ação ao servidor humano. Ainda incompleto no terreno das qualidades
desejáveis."Apresentado a Anacleto, diretor dos trabalhos de passe, André
pode analisar de perto o caso de uma senhora que havia discutido violentamente
com o esposo, encobrindo, dessa forma, o coração e a válvula mitral com
tenuíssima nuvem negra fulminatória, suscetível de ocasionar-lhe perigosa
enfermidade. Observa também um homem, portador de temperamento muito vivo, e
que na busca do domínio próprio, devido a conflitos recentes, produziu
pensamentos terríveis e destruidores, que segregaram matéria venenosa,
imediatamente, para o seu ponto orgânico mais fraco, o fígado. Além, acompanha
o atendimento à jovem mulher grávida, pobre e desnutrida, à qual são fornecidos
elementos nutritivos, para ampará-la e ao bebê. Finalmente, é levado a conhecer
um caso de "décima vez": um cavalheiro, apresentando grave
perturbações no baço, dado à discussões e provocações, e que já havia sido
atendido nove vezes, anteriormente, com o socorro preciso ao desequilíbrio
orgânico.
Capítulo
20 - Adeus
Narra André: "Esperava
a continuidade de meus novos estudos, em companhia de Alexandre; todavia, com
surpresa, o meu amigo Lísias foi portador de um convite que me destinara o
caritativo instrutor. Tratava-se de uma reunião de despedidas". Não
consegue deixar de experimentar sentimentos passionais, frente à notícia.
Lísias, no entanto, o portador da novidade, o adverte: "Nada de egoísmo,
André! Sabemos que Alexandre se ausentará em serviço, mas ainda mesmo que sua
excursão fosse muito longa e plenamente consagrada ao repouso recreativo, cabe
a nós outros, seus devedores, a participação da alegria de seus elevados
merecimentos". André Luiz, reanimado pela palavra esclarecedora de Lísias,
comparece, à noitinha, para a formosa reunião de despedidas. Com ele, os
discípulos de Alexandre, sessenta e oito colegas, entre eles quinze mulheres.
Após a palavra comovida de Alexandre, e o abraço carinhoso e individual, a sua
prece encerra o encontro: "Senhor, sejam para o teu coração misericordioso
todas as nossas alegria, esperanças e aspirações!"
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