Continua a existir sempre, no mundo dos Espíritos, a afeição mútua que dois seres se consagraram na Terra?
“Sem dúvida, desde que originada de verdadeira simpatia. Se, porém, nasceu principalmente de causas de ordem física, desaparece com a causa. As afeições entre os Espíritos são mais sólidas e duráveis do que na Terra, porque não se acham subordinadas aos caprichos dos interesses materiais e do amor-próprio.”
A afeição que temos a outrem na Terra continua no mundo dos Espíritos, quando fundamentada realmente no amor universal. Quando ela é física, desaparece com a perda do corpo, não obstante, pode, por vezes, demorar-se mais um pouco no Espírito, enquanto a animalidade durar, porque as paixões inferiores ainda existem no plano extrafísico, quase como na Terra, animando um corpo material. Entretanto, nunca têm durabilidade como o amor fraternal, que permanece eternamente brilhando no coração das criaturas de Deus.
O
"amor" na Terra, principalmente entre as almas mais materializadas, é
revestido de egoísmo, de amor próprio, para satisfação pessoal. Ele se encontra
preso à bestialidade, nos distúrbios emocionais inferiores, sendo que utiliza
um canal, o sexo, pelas vias do qual se processa a reencarnação, lei universal
em todos os mundos habitados.
Analisando
profundamente, a afeição de uma pessoa para outra nasce, na maioria dos casos,
do sexo; entretanto, quando essas pessoas se espiritualizam, esse instinto se sublima,
ganhando uma dimensão que escapa à análise dos homens, mesmo os de ciência, e
por vezes os espiritualistas. No mundo espiritual há o sexo, e ele é praticado
entre os inferiores qual na Terra, mas, entre as almas puras, ele se torna
Amor, troca de energias divinas capazes de sustentar os seus instrumentos em
todos os cambiantes do trabalho e, ainda mais, esse repasse de forças fá-los
sentir uma indizível felicidade de viver; não existe, porém, apego entre Espíritos
puros.
Pode existir
afeição mútua mesmo nos planos superiores do Espírito, sem que o ciúme perturbe
os sentimentos. Essa união é consagrada em favor dos que sofrem, em todos os
lugares que a vida os chamar para servir.
A verdadeira
simpatia nunca acaba; ela atravessa o túmulo com mais fulgor, forma laços de
união divina para estender os ensinamentos de Jesus em todos os corações. Compreendamos,
pois, a necessidade de nos unirmos para o bem comum, porque não fomos feitos
separados. A obra de Deus é unificada em seu amor.
Quem sabe
estender ao próximo a sua afeição sem especular e sem exigências, está começando
o plantio da sua própria felicidade, e é, mesmo como encarnado, que se deve
iniciar essa lavoura, para que se possa colher, em Espírito, os frutos dos
esforços empregados no mundo físico.
A coisa mais linda do mundo espiritual, para os que chegam, é o afeto dos que o esperam, é a força da simpatia dos amigos que receberam igualmente amor dos que antes deles chegaram e, ao intercruzarem os sentimentos, há uma profusão de luzes, onde a vida promete um reino maior de trabalho com mais segurança, na certeza de que o Cristo nasceu na manjedoura dos corações que amam sinceramente.
O Livro dos Espíritos, questão 297.
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