MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VII – DA VOLTA À VIDA CORPORAL
Esquecimento do passado
398. Sendo os pendores
instintivos uma reminiscência do seu passado, dar-se-á que, pelo estudo desses
pendores, seja possível ao homem conhecer as faltas que cometeu?
“Até
certo ponto, assim é. Preciso se torna, porém, levar em conta a melhora que se
possa ter operado no Espírito e as resoluções que ele haja tomado na
erraticidade. Pode suceder que a existência atual seja muito melhor que a
precedente.”
a) - Poderá também ser pior,
isto é, poderá o Espírito cometer, numa existência, faltas que não praticou em
a precedente?
“Depende
do seu adiantamento. Se não souber triunfar das provas, possivelmente será
arrastado a novas faltas, consequentes, então, da posição que escolheu. Mas, em
geral, estas faltas denotam mais um estacionamento que uma retrogradação,
porquanto o Espírito é suscetível de se adiantar ou de parar, nunca, porém, de
retroceder.”
Conhecer faltas
Pelas tendências que somos
portadores reconheceremos o que fomos no passado, no entanto, se melhoramos
muito nessas tendências, ser-nos-á difícil, por vezes quase impossível, saber
corretamente o que somos realmente ou o que fomos.
O Espírito é uma incógnita
dentre as incógnitas do universo de Deus. Não há regressão do Espírito e, se
não regride, certamente que sempre melhoramos na escala espiritual. Mesmo o estacionamento
de que se fala em algumas páginas de “O Livro dos Espíritos” não é da forma que
se entende; a evolução pode ser mais ou menos lenta, mas parar de todo não
acontece, mesmo que seja na matéria. Para ilustrar, podemos citar a massa de
pão, que está estacionada, “descansando”: após algum tempo constata-se que
estava em movimento, pois “cresceu”, como dizem os bons “quitandeiros”. É bom
que estudemos bem o que é estacionar: estacionar não é parar definitivamente:
é, pois, fermentar a massa da vida, facilitando, assim, novas caminhadas para o
futuro. Quando se está preparando, certamente que não se encontra parado.
Na verdade, os pendores
instintivos podem ser reminiscências, e a alma que já conhece um pouco das leis
espirituais poderá saber como deve combater todas as más tendências e por onde
começar. Entretanto, há muitos defeitos encobertos, escondidos nas dobras do
tempo, que na época certa desabrocham para serem vistos, e a mente preparada
deve combatê-los com as forças que sua evolução pode oferecer. Podemos levar em
conta, quando despertamos para um mal, que nunca pensamos na ingerência do
ambiente, porém, isso se dá quando o Espírito se encontra na faixa do próprio
mal. No caso de Espírito elevado, ele transforma o ambiente inconveniente em
forças para as lutas e paz para os que o cercam.
Os recursos são enormes no
que tange ao auto-aprimoramento espiritual. Certamente que podemos avaliar o
que fomos pelo que somos, isso em princípio, e a razão nos diz que podemos
conseguir muito, analisando desta forma. Existem muitos fatos inferiores praticados
pelo Espírito que parecem retrocesso na sua vida, no entanto, não é recuo; a
alma se encontra predisposta a esses erros, por se encontrar na faixa das
vibrações inferiores ainda, mas, somando suas atividades espirituais, está
sempre caminhando para frente na escala evolutiva.
Não podemos esquecer que
Deus é onisciente em todas as Suas atividades. Ele é consciente do passado,
presente e futuro e não iria criar um Espírito para iluminar-se na pauta do
tempo e outro para recuar nesse mesmo tempo. Precisamos estudar sempre, meditar
muito, e conversar bastante sobre todos os assuntos espirituais para formarmos,
assim, uma condição fácil de compreender as leis que nos dirigem.
Jesus já dizia que não
devemos julgar os outros, e afirmava: –“Nem eu o faço”, por saber que todos
erramos, constituindo isso processo de despertamento espiritual de todas as
criaturas. Todo julgamento deve ser feito a nós mesmos, examinar todos os
nossos feitos e repará-los. Nesse trabalho, não temos tempo para verificar os
erros alheios. Se não sabemos triunfar nas provas, seremos arrastados para
novas lutas, no sentido de aprendermos a vencer a nós mesmos.
As oportunidades de
aprimoramento são grandes para todos os de boa vontade. Se somos criaturas de
tendências duvidosas, certamente que no passado devemos ter sido piores, e
neste raciocínio devemos nos esforçar para melhorar mais a nossa conduta,
sempre procurando avaliar essas possibilidades e acompanhar Jesus no que viveu
e ensinou.
Se em algumas existências
erramos pouco, não é porque as tendências não nos inspiram: é devido ao
ambiente em que nascemos ou à posição que ocupamos no mundo. Quando voltamos
para ocupar posições de maior relevo na sociedade, a nossa vaidade, o orgulho e
o egoísmo nos impulsionam para os desastres morais. Isso sempre acontece a quem
ainda não se preparou nos caminhos de Jesus, ouvindo as lições do Evangelho.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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