MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VII – DA VOLTA À VIDA CORPORAL
A infância
380. Abstraindo do obstáculo
que a imperfeição dos órgãos opõe à sua livre manifestação, o Espírito, numa
criancinha, pensa como criança ou como adulto?
“Desde
que se trate de uma criança, é claro que, não estando ainda nela desenvolvidos,
não podem os órgãos da inteligência dar toda a intuição própria de um adulto ao
Espírito que a anima. Este, pois, tem, efetivamente, limitada a inteligência,
enquanto a idade lhe não amadurece a razão. A perturbação que o ato da
encarnação produz no Espírito não cessa de súbito, por ocasião do nascimento.
Só gradualmente se dissipa, com o desenvolvimento dos órgãos.”
A.K.: Há um fato de observação, que apoia esta resposta. Os sonhos, numa criança, não apresentam o caráter dos de um adulto. Quase sempre pueril é o objeto dos sonhos infantis, o que indica de que natureza são as preocupações do respectivo Espírito.
O pensamento da criança
O raciocínio nos diz que o
Espírito envolvido em um corpo de criança não pode pensar qual o adulto. Os
órgãos não oferecem campo de ação para sua manifestação mais livre. As suas
faculdades são tolhidas pelos órgãos em desenvolvimento e somente com o tempo
eles vão se afirmando, de modo que os canais de comunicações estejam sem impedimentos
para as mensagens que o Espírito veio trazer ao mundo. É qual a massa em fermentação.
O cérebro da criança não
oferece mais do que as próprias criancinhas, no entanto, como em todos os
casos, existe exceção, e de vez em quando aparecem crianças prodígios que, com
pouca idade, já operam como adultos e até como sábios. Existem crianças
médiuns, que transmitem para os homens as ideias dos benfeitores que controlam
suas faculdades em serviço do fenômeno, de modo que a ciência possa estudar os
fatos.
É a mesma coisa que
perguntar porque uma árvore, antes do seu crescimento adequado à profusão de
frutos, não dá antes esses frutos, ou porque um animal de poucos meses não faz
o trabalho de um animal adulto. Tudo há de se esperar certo tempo para que
surja a maturidade. Antes que asse o pão, é preciso que fermente a massa,
descansando os ingredientes. A lei é a mesma em toda a criação. A criança,
enquanto na formação do seu corpo, descansa por um grande período, para depois
manifestar seus pendores, cumprindo a sua missão na Terra.
Como já foi dito, essa
criança pode, em muitos casos, ser muito mais elevada de que muitos adultos,
porém, o seu instrumento de manifestação da inteligência ainda se encontra em
preparo pelas mãos do tempo e com as bênçãos de Deus. A responsabilidade dos
pais, dos professores e governo é muita, porque os canais de comunicação que
levam a criança à verdade, como estímulos, pode gravar nas telas da sua
consciência o que se fala, o que se escreve e o que se vive, com
responsabilidade do que fala, escreve e vive. O Espírito no estado infantil não
pensa qual adulto, mas tem o poder de registrar tal qual esse, ou, ainda
melhor, de acordo com as suas sensibilidades espirituais.
Nossa responsabilidade
diante das crianças que cruzam os nossos caminho é imensa e não podemos
desdenhar os compromissos mediante as necessidades dos pequeninos em corpos,
que, às vezes, são grandes em Espírito.
Quando o tempo está nublado,
isso impede que a luz do sol chegue à Terra na sua pureza; entretanto, tão logo
desaparecem as brumas, o sol volta a brilhar.
A criança pode não
raciocinar igual aos adultos, não falar qual esses, porem ela tem poderes, de
forma a plasmar tudo com mais nitidez que os próprios homens amadurecidos. A
criança não é libertada da confusão de uma vez; isso acontece gradativamente,
pois a lei nos ensina que a natureza não é violenta. A sua marcha se move na
ponderação, para dar mais segurança aos dons espirituais.
A criança, certamente, é o
homem de amanhã, se esperarmos com paciência o seu crescimento. Eis porque
devemos investir com os nossos recursos na infância, se queremos um mundo
melhor.
Vejamos o que disse o
Senhor: -“Vinde a mim as criancinhas”. Se trabalhamos com amor para as crianças
de hoje, receberemos o mesmo, porque no amanhã seremos certamente crianças
outra vez. Tudo que semeamos, colhemos.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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