MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VII – DA VOLTA À VIDA CORPORAL
Idiotismo e loucura
375. Qual, na loucura, a
situação do Espírito?
“O
Espírito, quando em liberdade, recebe diretamente suas impressões e diretamente
exerce sua ação sobre a matéria. Encarnado, porém, ele se encontra em condições
muito diversas e na contingência de só o fazer com o auxílio de órgãos
especiais. Altere-se uma parte ou o conjunto de tais órgãos e eis que se lhe
interrompem, no que destes dependam, a ação ou as impressões. Se perde os
olhos, fica cego; se o ouvido, torna-se surdo, etc. Imagina agora que seja o
órgão, que preside às manifestações da inteligência, o atacado ou modificado,
parcial ou inteiramente, e fácil te será compreender que, só tendo o Espírito a
seu serviço órgãos incompletos ou alterados, uma perturbação resultará de que
ele, por si mesmo e no seu foro íntimo, tem perfeita consciência, mas cujo
curso não lhe está nas mãos deter.”
a) - Então, o desorganizado
é sempre o corpo e não o Espírito?
“Exatamente; mas, convém não perder de vista que, assim como o Espírito atua sobre a matéria, também esta reage sobre ele, dentro de certos limites, e que pode acontecer impressionar-se o Espírito temporariamente com a alteração dos órgãos pelos quais se manifesta e recebe as impressões. Pode mesmo suceder que, com a continuação, durando longo tempo a loucura, a repetição dos mesmos atos acabe por exercer sobre o Espírito uma influência, de que ele não se libertará senão depois de se haver libertado de toda impressão material.”
A loucura
O pensamento tem uma grande
função no Espírito, a de despertar, nas entranhas da alma, as qualidades
espirituais em forma de talentos de luz, onde Deus depositou todo Seu amor.
O pensamento, em seus
fundamentos, vem de Deus como força divina, de modo que o ser humano, ou mesmo
o Espírito livre, plasme nele o que ele, Espírito, é, na conjuntura que a
escala a qual atingiu oferece. Torna-se semente, de forma que somos
responsáveis pelo que semeamos.
A loucura é uma distorção da
força mental em uma ou várias reencarnações. Ela não tem o poder de
desequilibrar o Espírito, que é todo harmonia, por ter saído da harmonia superior,
mas, causa-lhe impressões, como que condicionamento das ideias que o próprio
Espírito formula. As ideias são filhas de quem as faz, só que não têm o poder
de desarmonizar as fibras mais intimas da alma. São como sugestões que levam ao
desequilíbrio alguns corpos que servem ao Espírito como veste, e formam um
clima de perturbação onde vive a alma.
Estamos tentando dizer que a
obra de Deus é perfeita; a razão pura nos diz que de mãos perfeitas não pode
nascer imperfeição. O Espírito foi criado simples e ignorante, porém, com todos
os recursos de se tornar um pequeno sol diante da criação; é neste sentido que
quase sempre trocamos a palavra evolução por despertamento dos dons da alma. O
Espírito ao receber um corpo, se esse traz alguma deficiência, sofre o
empecilho, de modo que suas faculdades sejam reduzidas ou mesmo paralisadas.
Ele não perde os seus dons, que são imperturbáveis na sua moradia de origem.
Se uma pessoa perde a vista,
o dom de enxergar fica suspenso enquanto os olhos não lhes deem esses meios
livres de observar o ambiente material; assim acontece com os ouvidos, a
palavra, etc.. A loucura é um estado patológico deficiente; o cérebro em decadência
não pode dar ao Espírito condições normais de expressar com serenidade a sua
inteligência , no entanto, nos diz “O Livro dos Espíritos”que, em muitos casos,
o Espírito livre mantém-se louco por causa da sequencia de ideias
desorganizadas que repetiu durante a existência toda. É pois, o condicionamento
de pensamentos inferiores, da violência, que criaram ambiente no Espírito sem,
violentar, definitivamente, a sua intimidade.
Também pode o Espírito
reencarnar e dar continuidade à sua loucura que, nesse caso, será puramente
psicológica, visto que o cérebro físico mostra a deficiência. São casos registrados
pela própria ciência e em alguns livros espíritas.
Em todas as manifestações
dessas doenças o desorganizado é sempre o corpo, mas, é bom que se compreenda
que esse corpo tem certa influência na mente viva da alma, impressionando-a a
ponto de mostrar enfermidades imaginárias. Essas são de fácil cura,
principalmente pela Doutrina dos Espíritos, que fornece meios de limpeza dessas
ideias chamadas fixas, em profunda sintonia com o Criador delas. O passe e a
água fluidificada, as leituras elevadas, e mesmo a conversação com irmãos de
elevada postura espiritual, são meios de tratamentos de todas as enfermidades.
De qualquer maneira, a
loucura é uma provação dolorosa, entrementes, ninguém foi criado louco. Isso
são consequências de caminhos agitados tomados pela alma na sua ignorância, com
menosprezo pelas leis de Deus. Sofremos por ignorar, e sofremos mais por conhecermos
os caminhos da Luz e escolhemos os das trevas. De qualquer modo, somos mais ou
menos conscientes da vontade de Deus em nós. Todas as consciências são celeiros
de luz dentro das almas.
Quando o Espírito se
libertar de todas as impressões materiais, de todas as paixões da Terra, ele
estará se aproximando da verdade; passando a vivê-la, tornar-se-á livre.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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