MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VII – DA VOLTA À VIDA CORPORAL
Simpatia e antipatia terrenas
386. Podem dos seres, que se
conheceram e estimaram, encontrar-se noutra existência corporal e reconhecer-se?
“Reconhecer-se,
não. Podem, porém, sentir-se atraídos um para o outro. E, frequentemente,
diversa não é a causa de íntimas ligações fundadas em sincera afeição. Um do
outro dois seres se aproximam devido a circunstâncias aparentemente fortuitas,
mas que na realidade resultam da atração de dois Espíritos, que se buscam
reciprocamente por entre a multidão.”
a) - Não lhes seria
agradável reconhecerem-se?
“Nem
sempre. A recordação das passadas existências teria inconvenientes maiores do
que imaginais. Depois de mortos, reconhecer-se-ão e saberão que tempo passaram
juntos.” (392)
Simpatia
A simpatia entre dois seres
é força poderosa que se enraíza em vidas passadas. Certamente que nem todos
reconhecem seus parceiros de outras existências, no entanto, há criaturas mais
dotadas de sensibilidades que percebem amigos e inimigos de épocas recuadas. Se
juntos foram felizes, dá-lhes um grande prazer esse reencontro; quando infelizes,
gera-se logo antipatia entre os dois.
A perda de conhecimento às
vezes é um aparo para os dois em processo de novas atividades, sem o qual não
poderiam crescer, voltando ao ponto anterior, fomentando suas paixões
descabidas e, às vezes, perturbando famílias já constituídas. O reconhecimento
pleno dos seres que antes viveram juntos entravaria o progresso. Se fosse
conveniente, eles voltariam juntos; no entanto, não poderemos generalizar.
Quando Deus acha bom, coloca os dois em caminho para que se encontrem, desde
quando os frutos desse encontro sejam bons, não como pensamos, mas como o
Senhor acha melhor. A Doutrina dos Espíritos é fonte de amor. Ela nos ensina a
fazer simpatias enobrecidas no Evangelho de Jesus, e é capaz de nos mostrar o
amor nas bases da fraternidade pura, de modo a libertar as criaturas das
induções inferiores. A simpatia entre dois seres é tão agradável, e é um
estimulo para o seu adiantamento, quando eles descobrem no reencontro a razão
de viver para Cristo.
O ideal de Deus para os
homens é melhorar e subir, conhecendo a verdade. Se fomos feitos simples e
ignorantes, isso não quer dizer que não tenhamos a semente da perfeição na
nossa intimidade; ela existe dormindo em nós, para ser despertada com o tempo e
o nosso esforço, agindo sob as bênçãos de Deus, que usa o canal divino das mãos
de Jesus Cristo.
Cultivemos a simpatia onde
quer que formos; desfaçamos todas as inimizades, por onde passarmos. Nessa
transformação de paixões para a vida de amor é que a felicidade aparece no
fundo da consciência. Mais tarde, o ódio, a inveja, o ciúme e o egoísmo, como
também o orgulho, deverão desaparecer das cogitações humanas. A geração do
porvir chegará à Terra já predisposta a esse esquecimento do mal, para edificar
o bem com Jesus.
Quando dois seres se
sentirem atraídos um para o outro, devem meditar nessa atração, e cuidar para
que esse encontro seja realmente para o bem dos seus destinos. Assim também, ao
encontramos alguém que nos instile o ódio, não percamos a oportunidade de fazer-lhe
o bem que pudermos, pois essa antipatia é sinal de inimizade no passado. Toda
incompatibilidade deve aparecer dos caminhos dos Espíritos, encarnados ou fora
da carne. Depois desse trabalho de perdão, devemos abrir os corações para que
sejam invadidos pela força da fraternidade, que nos fará irmãos ante a presença
de Deus, na figura de Jesus.
O reconhecimento total das
simpatias e das antipatias somente se dá quando se encontrarem novamente no
mundo espiritual. Sentirão, ali, a felicidade, se souberam educar seus
sentimentos e perdoar as ofensas. Qualquer esforço nesse sentido é louvável,
porque mãos espirituais se encontram em torno de todas as criaturas,
ajudando-as a melhorar.
Não devemos esquecer de amar
a Deus sobre todas as coisas, mas também ao próximo como a nós mesmos. Diz
Jesus que aí esta a lei os profetas.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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