O livro dos espíritos. Questão 373

MUNDO ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS

CAPÍTULO VII – DA VOLTA À VIDA CORPORAL

Idiotismo e loucura

373. Qual será o mérito da existência de seres que, como os cretinos e os idiotas, não podendo fazer o bem nem o mal, se acham incapacitados de progredir?

“É uma expiação decorrente do abuso que fizeram de certas faculdades. É um estacionamento temporário.”

a) - Pode assim o corpo de um idiota conter um Espírito que tenha animado um homem de gênio em precedente existência?

“Certo. O gênio se torna por vezes um flagelo, quando dele abusa o homem.”

A.K.: A superioridade moral nem sempre guarda proporção com a superioridade intelectual e os grandes gênios podem ter muito que expiar. Daí, frequentemente, lhes resulta uma existência inferior à que tiveram e uma causa de sofrimentos. Os embaraços que o Espírito encontra para suas manifestações se lhe assemelham às algemas que tolhem os movimentos a um homem vigoroso. Pode dizer-se que os cretinos e os idiotas são estropiados do cérebro, como o coxo o é das pernas e dos olhos o cego.

Qual é o mérito?

O mérito do cretino e do idiota nesse estado de provações é o de ressarcir suas dívidas do passado. Aparentemente eles estão paralisados no progresso, no entanto, eles estão progredindo, ainda que lentamente, porque estão impulsionados pela força da lei. O esforço próprio se encontra cerceado, para assimilar as lições, na vigilância da justiça.

Quando uma alma se encontra em reparo, como nesse caso, na fermentação dos seus valores, não quer dizer que parou no tempo e no espaço; nada para, tudo se move na dinâmica de Deus. É o processo de despertamento da luz interior para alcançar valores maiores.

O mérito é muito grande quando um Espírito recebe a dor em seus caminhos. É por ela que a alma conhece a libertação espiritual. Aparentemente, ela assombra quem sofre, porém no fundo, ela é luz que nos faz entender o amor do Pai para com todos nós. A dor, nesse estado a que nos referimos, é uma expiação decorrente do abuso que fizeram das suas faculdades espirituais; são as reações das ações maléficas de uma ou várias vidas passadas. É a lei ajudando a correção. A dor é sempre um socorro, para que não venhamos a piorar a situação, com maiores dificuldades em nossos passos.

Cretinos e idiotas não podem, voluntariamente, fazer o bem nem o mal, mas, estão em estado de maturidade, certamente a passos cansados, no entanto, estão rompendo as barreiras das dificuldades, para, no amanhã atingirem as luz da liberdade. O Senhor se encontra sempre presente na movimentação consciencial de todas as criaturas, ajudando-as nas suas necessidades. Compete a cada uma observar e agradecer essa ajuda de amor.

Por vezes, o corpo de um idiota prende um gênio da ciência para mostrar-lhe a necessidade de moralizar-se. O estado de idiotismo ou cretinice prepara-lhe a consciência como que “na estufa”, de sorte a fazer-lhe compreender a necessidade de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, coisas que não passaram pela sua mente quando se encontrava na violência, dirigindo instrumentos de morte. O gênio se torna um flagelo para a humanidade, quando se deixa escapar dos retos caminhos ou não se interessa pela moralidade, nos moldes ensinados por Jesus Cristo. O mais acertado é o equilíbrio entre as duas forças: Amor e Ciência, duas asas necessárias para um voo proveitoso e divino.

A Doutrina dos Espíritos nos ensina o cultivo da moral evangélica como alimento da alma e estabilidade de todos os corpos que ela possui. A moral harmoniza a vida, e a vida harmonizada deixa a luz desabrochar nas entranhas da consciência.

Para se livrar dos caminhos agressivos do mal, é necessário fazer o bem. Se as dificuldades aumentarem os caminhos, preciso é que se esforce para melhorar, porque todo trabalhador é digno do seu salário. Deus nunca se esquece dos seus filhos, principalmente daqueles que se esforçam para crescer ante a Sua luz.

Fonte:

O livro dos Espíritos. Allan Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.

Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes. 

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