MUNDO
ESPÍRITA OU DOS ESPÍRITOS
CAPÍTULO VII – DA VOLTA À VIDA CORPORAL
Esquecimento do passado
396. Algumas pessoas julgam
ter vaga recordação de um passado desconhecido, que se lhes apresenta como a
imagem fugitiva de um sonho, que em vão se tenta reter. Não há nisso simples
ilusão?
“Algumas
vezes, é uma impressão real; mas também, frequentemente, não passa de mera
ilusão, contra a qual precisa o homem por-se em guarda, porquanto pode ser
efeito de superexcitada imaginação.”
Vaga recordação
Há pessoas muito criativas e que podem, com os pensamentos, buscar a irrealidade em muitas direções do saber, apresentando a ficção como real. A realidade, no entanto, foge de ambientes previamente preparados, visando ao engano. Não obstante, existem muitas recordações em que a intuição aparece como em um sonho, dentro da leveza da sua própria vida, a trazer a verdade ao Espírito, que sempre silencia, por ser um segredo que somente a ele pertence, naquela fase.
As revelações espirituais
são sutis, penetrando na alma com naturalidade. Por enquanto, as grandes
mediunidades se manifestam mais em pessoas “incultas”, para que não desafiem as
faculdades medianímicas com a sua própria intelectualidade.
Há muitas criaturas que
criam histórias, casos referentes a si mesmas e, quase sempre, dizem que foram
grandes personagens da história, e sentem-se bem em viver dentro da sua
criação, mesmo sabendo que não é a verdade. Com o tempo, ela deixa de acreditar
nela mesma, desconfiando de suas “descobertas”. Isso é muito sério,
principalmente para os espiritualistas conhecedores de algumas leis
espirituais. Convém a todos os Espíritos silenciar sobre esse assunto de
lembranças de vidas passadas. Basta saber que a reencarnação é um fato, fazendo
os devidos reparos para novas investidas na carne, sem querer inquirir quem
foi, mas preocupando-se com o que será.
A Doutrina dos Espíritos nos
traz a cada dia uma nova feição das realidades, no sentido de que a criatura se
eduque cada vez mais e se instrua todos os dias sobre a verdade. Geralmente,
quando ficamos sabendo que fomos grande personagem no passado, nós o anunciamos
com orgulho; se nos é revelado que fomos um assassino, um marginal, um pária,
nós nos silenciamos por completo. Não nos interessa que os outros saibam dessa
época em que nos colocamos à margem dos ensinamentos de Jesus.
Mesmo que venham a nós as
recordações do passado, mesmo que venham na sutileza da consciência, mesmo que
nos seja revelado por fontes seguras, o melhor procedimento é o silêncio e o
trabalho para o melhoramento das nossas qualidades espirituais, porque somente
reparando as arestas do passado e os nossos impulsos inferiores, ascenderemos
para a Luz de Deus.
As recordações mentirosas podem
aparecer na nossa mente, às vezes por ação dos nossos inimigos espirituais.
Eles brincam com os nossos sentimentos, por estarmos na sua faixa de vibrações.
Se aceitamos a mentira, é porque ela existe dentro de nós, vestida por
roupagens que às vezes desconhecemos. Ao recordarmos alguma coisa do passado,
analisemos o que estamos recordando, pondo à prova no laboratório íntimo,
deixando fermentar por muito tempo; depois, esqueçamos e trabalhemos no bem
comum. Vejamos, então, durante nossos esforços na caridade, se surge algum dos
pensamentos contrários à luz.
O bem que pretendemos fazer
ou que estamos fazendo, não deve ser anunciado; o melhor anúncio é a sua
prática. A caridade não precisa de ser mostrada. Ela é a luz, e mesmo que se
queira escondê-la, a própria natureza a colocará em cima da mesa, para que
todos a vejam. Se for exposta pelas nossas mãos, ela desvaloriza sua grandeza
espiritual.
Tenhamos muito cuidado com
as vagas e próprias recordações sobre as nossas vidas passadas, principalmente
quando se refere a grandes personagens. O melhor mesmo é acender a luz na
intimidade do coração, pelos fios da caridade e a chama do amor.
Fonte:
O livro dos Espíritos. Allan
Kardec. Tradução de Guillon Ribeiro. FEB, DF.
Filosofia espírita. Psicografada por João Nunes Maia/Miramez. Fonte viva, Belo Horizonte. 10 volumes.
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