Paulo de Tarso

Reconstituição facial de Paulo -
especialistas do LKA
Renânia do Norte-Vestfália, Alemanha
Paulo de Tarso ou São Paulo, foi um dos mais influentes escritores, teólogos e pregadores do cristianismo, cujas obras compõem parte significativa do Novo Testamento. A influência que exerceu no pensamento cristão, chamada "paulinismo", foi fundamental por causa do seu papel como preeminente apóstolo do Cristianismo durante a propagação inicial do Evangelho pelo Império Romano. Paulo também exerce uma grande influência na filosofia cristã, tendo Agostinho de Hipona e Tomás de Aquino usufruido de seu pensamento.

Conhecido também como Saulo, se dedicava à perseguição dos primeiros discípulos de Jesus na região de Jerusalém. De acordo com o relato na Bíblia, durante uma viagem entre Jerusalém e Damasco, numa missão para que, encontrando fiéis por lá, "os levasse presos a Jerusalém", Saulo teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz, ficou cego, mas teve a visão recuperada após três dias por Ananias, que também o batizou. Começou então a pregar o Cristianismo. Juntamente com Simão Pedro e Tiago, o Justo, ele foi um dos mais proeminentes líderes do nascente cristianismo. Era também cidadão romano, o que lhe conferia uma situação legal privilegiada. A questão de sua cidadania romana gera certa curiosidade. Paulo afirma em Atos 22, 28 ser romano "de nascimento". Tal declaração parece indicar que o apóstolo herdou essa posição de seu pai.

Treze epístolas no Novo Testamento são atribuídas a Paulo, mas a sua autoria em sete delas é contestada por estudiosos modernos. A interpretação de Martinho Lutero das obras de Paulo influenciou fortemente sua doutrina de sola fide.

Atos dos apóstolos – parte 1

A conversão de Paulo
1. O livro de Atos dos Apóstolos - Lucas é, sem qualquer dúvida, o autor dos Atos dos Apóstolos, bem como do Evangelho que traz o seu nome. Parece que um dos principais intentos que teve, quando os escreveu, foi opor esta genuína e verdadeira história das ações de Pedro e Paulo aos Atos dos Apóstolos que circulavam, naquele tempo, fingidos e inventados pela malícia de outros, em descrédito da religião cristã.

O livro, escrito em Roma no ano 60 de nossa era, apresenta-nos um quadro diáfano da primitiva Igreja. Seu estilo singelo, restrito aos fatos, iluminado por uma chama interior de fervor apostólico, faz dele uma leitura deliciosa. (As próprias editoras católicas divergem com relação à época de composição deste livro. Segundo Edições Loyola, a data mais provável seria entre os anos 75 e 90.

Não existe dúvida, porém, a respeito de seu verdadeiro autor: Lucas, discípulo de Paulo de Tarso. A referida Editora diz, ainda, que o objetivo de Lucas, ao escrever este livro, foi reanimar os cristãos, evocando o amor fervoroso das primitivas igrejas, para que cressem na ação do Paráclito, numa época em que parecia que esfriava o ardor inicial.)(“A Bíblia Sagrada”, edição de Livros do Brasil S.A., volume I, pág. XXX. Ver também “Bíblia - Mensagem de Deus. Novo Testamento”, de LEB - Edições Loyola, pág. 163.) 

Atos dos apóstolos – parte 2

Apedrejamento de Estêvão
6. Surge no meio dos cristãos o levita Barnabé - Como os seguidores de Jesus viviam em comunidade, não havia necessitados entre eles. Todos os que possuíam terras ou casas vendiam tudo e levavam o dinheiro, e o entregavam aos apóstolos. A distribuição era feita de acordo com as necessidades de cada um. Assim é que José, um levita, nascido em Chipre e apelidado pelos apóstolos de ‘Barnabé’ (que significa ‘filho da consolação’), vendeu o campo que possuía e foi entregar o dinheiro aos apóstolos. (Atos, 4:34 a 4:37.) 

7. Os apóstolos decidem admitir sete auxiliares em seus serviços - Naquela época, o número dos discípulos aumentava e os que falavam grego começaram a se queixar contra os que falavam hebraico, porque suas viúvas estavam sendo esquecidas na distribuição diária de auxílios. Por esse motivo, os doze apóstolos convocaram a assembleia de todos os discípulos e disseram:

“Não está certo deixarmos a pregação da palavra de Deus pelo serviço das mesas. Por isso, irmãos, deveis escolher dentre vós sete homens bem conceituados, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, e nós os encarregaremos dessa função. Quanto a nós, continuaremos a nos dedicar todo o tempo à oração e ao serviço da Palavra”. A proposta agradou a toda a assembleia e assim se fez.(Atos, 6:1 a 6:5.) 

Atos dos apóstolos – parte 3

10. Muitos prodígios e curas são obtidos pelos discípulos - Os discípulos que tinham sido dispersados iam de lugar em lugar anunciando o Evangelho. Foi assim que Filipe desceu a uma cidade da Samaria, onde anunciou o Cristo e fez muitos prodígios que o povo considerava milagres: Espíritos impuros saíam de muitos possessos, paralíticos voltavam a andar, coxos ficavam curados. (Em nota posta por Edições Loyola em sua edição do Novo Testamento, diz-se que esse Filipe não era um dos doze apóstolos, mas sim um dos sete auxiliares escolhidos pelos discípulos, mencionado logo depois de Estêvão na lista constante do capítulo 6, versículo 5, do livro de Atos.) (Atos, 8:4 a 8:7.) 

11. Simão, o feiticeiro, oferece dinheiro em troca do dom revelado por Pedro e João - Havia em Samaria um feiticeiro profissional, chamado Simão, que, vendo as curas promovidas por Filipe, ficou maravilhado e chegou até a ser batizado. Quando Pedro e João impuseram as mãos sobre alguns samaritanos e estes receberam o Espírito Santo, o feiticeiro ofereceu dinheiro aos apóstolos, dizendo:

“Dai-me esse poder a mim também, para que recebam o Espírito Santo as pessoas sobre quem eu impuser as mãos”.

Atos dos apóstolos – parte 4

Paulo e o cinturião Cornélio
14. Tabita volta a viver, com a ajuda de Pedro - Em Jope havia uma discípula do Senhor chamada Tabita, nome que significa “Gazela”. Além de generosa nas esmolas que dava, Tabita praticava boas ações e era, por isso, estimada em sua cidade. Aconteceu então que ela ficou doente e veio a falecer de modo repentino. Como Lida ficava perto de Jope, os discípulos ouviram dizer que Pedro se encontrava lá e resolveram chamá-lo, dizendo-lhe:

“Não demores em vir até nós”. Pedro, logo que recebeu o chamado, partiu. Chegado à casa de Tabita, ele foi conduzido até o andar superior, onde se encontrava o cadáver.

Muitas viúvas, chorando, aproximaram-se dele, mostrando-lhe os vestidos e outras roupas que Tabita fazia quando estava com elas. Pedro pediu-lhes que se retirassem do recinto e, uma vez só, ajoelhou-se e rezou.

Depois voltou-se para o cadáver, dizendo: “Tabita, levanta-te”. Ela abriu os olhos e, fixando-os em Pedro, sentou-se no leito. Pedro estendeu-lhe a mão e ajudou-a a levantar-se. Depois, chamou aqueles que estavam próximos e a apresentou viva! A notícia correu por toda Jope e muitos acreditaram no Senhor, permanecendo Pedro durante muito tempo em Jope, na casa de um curtidor de couros chamado Simão. (Atos, 9:36 a 9:43.) 

Atos dos apóstolos – parte 5

Paulo e Barnabé
18. Barnabé convida Saulo a trabalhar na Igreja de Antioquia - Aqueles que se dispersaram depois da perseguição iniciada contra os seguidores de Jesus chegaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia, onde anunciavam a palavra só aos judeus. Havia, porém, entre eles alguns discípulos oriundos de Chipre e Cirene que, pregando em Antioquia, se dirigiam também aos fiéis de origem grega, anunciando-lhes a Boa Nova.

O poder do Senhor os ajudava, tanto assim que foi grande o número dos que abraçaram a fé e se converteram. Barnabé foi, então, enviado a Antioquia pela Igreja de Jerusalém. Um número considerável de pessoas aderiu ao Senhor e Barnabé dirigiu-se à cidade de Tarso, à procura de Saulo, que foi por ele levado a Antioquia, onde permaneceram trabalhando juntos pelo período de um ano, instruindo a numerosa e crescente multidão de discípulos. Foi em Antioquia que os discípulos de Jesus foram, pela primeira vez, chamados “cristãos”. (Atos, 11:19 a 11:26.) 

19. A fome assola a Judeia e os cristãos de fora enviam sua ajuda - Naqueles dias, alguns profetas desceram também de Jerusalém a Antioquia, e um deles, chamado Ágabo, tomou a palavra e, sob a ação do Espírito, anunciou que em toda a Terra haveria uma grande fome, fato que se verificou no tempo de Cláudio. Os discípulos de Jesus resolveram mandar, então, cada qual de acordo com suas posses, auxílio aos irmãos que moravam na Judeia. E assim o fizeram, mandando tudo aos anciãos por meio de Barnabé e Saulo. (Atos, 11:27 a 11:30.) 

Atos dos apóstolos – parte 6

22. Barnabé e Saulo iniciam suas pregações junto aos gentios - Havia naquela época na Igreja de Antioquia diversos profetas e mestres, a saber: Barnabé; Simão, apelidado o Negro; Lúcio, o Cirineu; Manaém, irmão de leite do tetrarca

Herodes; e Saulo. Certa vez, enquanto celebravam o culto do Senhor e jejuavam, o Espírito Santo lhes disse: “Reservai-me Barnabé e Saulo para fazerem o trabalho que lhes destinei”. Então, depois de jejuns e orações, impuseram as mãos sobre eles e os enviaram. Os dois discípulos desceram a Selêucia e de lá foram para Chipre. Chegando a Salamina, anunciaram ali a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus. Com eles seguia João Marcos, o futuro evangelista. Depois de atravessarem toda a ilha até Pafos, encontraram ali um mago, um falso profeta judeu de nome Barjesus, que mantinha boas relações com o procônsul Sérgio Paulo, a quem visitaram. (Atos, 13:1 a 13:12.) 

23. Paulo obtém sucesso em Antioquia da Pisídia, mas é expulso - Em Antioquia da Pisídia, vendo a grande multidão que se reunira para ouvir o discurso de Paulo, os judeus ficaram cheios de inveja e responderam às palavras do apóstolo com pesados insultos. Enchendo-se então de coragem, Paulo e Barnabé declararam:

Atos dos apóstolos – parte 7

26. Timóteo junta-se à comitiva de Paulo, mas é antes circuncidado - Após separar-se, pela primeira vez, de Barnabé, que resolvera seguir com João Marcos para Chipre, Paulo partiu com Silas para Derbe, dirigindo-se, em seguida, a Listra, onde conheceram um discípulo de nome Timóteo, filho de mãe judia e pai grego. Os irmãos de Listra e Icônio falavam bem dele e, por isso, Paulo resolveu levá-lo em sua companhia. Antes, porém, o circuncidou, por consideração aos judeus daquelas regiões, pois todos sabiam que seu pai era grego. (Como Timóteo era filho de mãe judia, Paulo entendeu que sem a circuncisão não seria ele bem aceito entre os cristãos de origem judaica; por isso o circuncidou.)

Em cada cidade por onde passavam, eles transmitiam as decisões que os apóstolos e presbíteros de Jerusalém tinham tomado e recomendavam sua observância. As Igrejas ficavam, assim, mais fortes na fé e o número de seus membros aumentava dia a dia. (Atos, 16:1 a 16:5.) 

27. Estando preso, Paulo converte até o carcereiro e seus familiares - O carcereiro da prisão onde Paulo e Silas estavam retidos, tremendo, caiu de joelhos aos pés dos dois discípulos. Em seguida, conduziu-os para fora e perguntou: “Senhores, que devo fazer para me salvar?” Eles lhe responderam:

Atos dos apóstolos – parte 8

30. Em Corinto, até o chefe da sinagoga se converte ao Senhor - De Atenas Paulo foi a Corinto, onde encontrou um judeu chamado Áquila, que havia chegado da Itália com sua esposa Priscila, em razão de um decreto de Cláudio, que obrigara todos os judeus a saírem de Roma. Paulo os procurou e, como exercia o mesmo ofício, ficou trabalhando na casa deles: eram todos eles fabricantes de tendas. Aos sábados, Paulo falava na sinagoga, procurando convencer judeus e gregos a respeito de Jesus e do Evangelho. Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo dedicou-se exclusivamente à pregação, demonstrando sempre aos judeus que Jesus era, de fato, o Messias. Eles, porém, resistiam a essa ideia e passaram a insultá-lo. Paulo então sacudiu sua roupa e lhes disse: “Vós sois responsáveis pelo que vos acontecer! Não cabe a mim a culpa! Daqui por diante irei aos pagãos!” Saindo dali, ele foi para a companhia de um homem chamado Tício Justo, que adorava a Deus e cuja casa ficava perto da sinagoga. Crispo, o chefe da sinagoga, acreditou no Senhor, e com ele toda a sua família, o mesmo acontecendo a muitos coríntios que, ouvindo as pregações, acreditavam e eram batizados. (Atos, 18:1 a 18:8.)

31. Jesus aparece a Paulo e o incentiva em sua missão - Certa noite, o Senhor disse a Paulo, numa visão: “Não tenhas medo, mas continua a falar e não cales. Estou contigo e ninguém se aproximará de ti para te fazer mal: tenho um povo numeroso nesta cidade”. Paulo demorou-se ali um ano e seis meses, ensinando sempre a palavra de Deus. Aconteceu então que, sendo Galião governador da Acaia, os judeus revoltaram-se contra o Apóstolo e o levaram ao tribunal, acusando-o nestes termos: “Este homem induz o povo a prestar a Deus um culto contra a Lei”. Paulo ia defender-se, quando o próprio Galião, tomando a palavra, disse aos judeus: “Se se tratasse de algum delito ou crime grave, ó judeus, eu vos escutaria com paciência. Mas se a questão gira em torno de doutrinas e de vossa própria Lei, resolvei-a vós mesmos! Desse assunto não quero ser juiz”. Dito isto, o governador os pôs fora da sala do tribunal. Então todos agarraram Sóstenes, chefe da sinagoga, e lhe deram uma surra diante do tribunal, mas Galião não se importou com o fato. (Atos, 18:9 a 18:17.) 

Atos dos apóstolos – parte 9

Terceira viagem missionária de Paulo
33. Paulo fala com toda a liberdade na sinagoga dos efésios - Em Éfeso, Paulo se apresentou na sinagoga e por três meses falou com toda a liberdade, discutindo e procurando convencer os ouvintes a respeito do Reino de Deus.

Como, porém, alguns se mostrassem endurecidos em sua incredulidade, chegando a maldizer a doutrina em presença do povo, ele afastou-se deles e passou a conversar, em particular, com os discípulos, diariamente, no auditório de um certo Tirano. Isso continuou por dois anos, de modo que todos os habitantes da Ásia, judeus e gregos, puderam ali ouvir a palavra do Senhor.(Atos, 19:8 a 19:10.) 

34. Um mau Espírito fere e põe os exorcistas para correr - Certa vez, alguns judeus, que eram exorcistas ambulantes, tentaram invocar o nome do Senhor Jesus sobre os possessos, dizendo: “Eu vos exorcizo pelo Jesus que Paulo está anunciando”. Os que faziam isto eram os sete filhos de um certo Ceva, um dos sacerdotes-chefes dos judeus. No entanto, o Espírito mau lhes respondeu:

Atos dos apóstolos – parte 10

36. Paulo se despede dos Efésios com palavras comoventes e eles choram - Desejoso de passar o Pentecostes em Jerusalém, Paulo, em seu retorno à Judeia, havia pedido aos presbíteros de Éfeso que se reunissem, porque desejava falar-lhes ao passar ao largo da cidade. Quando eles se apresentaram, o Apóstolo dos gentios falou-lhes sobre o seu trabalho, lembrando que ele nunca deixara de insistir com judeus e gregos para que se convertessem a Deus e cressem em Nosso Senhor Jesus.

Seu pressentimento, no entanto, era que o aguardavam muitos sofrimentos em Jerusalém e, possivelmente, eles jamais o vissem outra vez. Pelo menos é isso que o Espírito Santo lhe transmitira. Afirmando que a vida para ele não tinha valor, Paulo lhes disse: “O importante é completar minha carreira e cumprir a missão que recebi do Senhor Jesus: dar testemunho da Boa Nova da graça de Deus. Já sei, portanto, que vós todos, entre os quais andei anunciando o Reino, não tornareis a me ver. Por isso vos declaro no dia de hoje que não serei responsável pela perdição de quem quer que seja, porque nunca deixei de vos anunciar toda a vontade de Deus. Tende cuidado convosco e com todo o rebanho que o Espírito Santo vos deu para guardar, sendo assim pastores da Igreja de Deus que ele adquiriu com o sangue de seu Filho”.  Na sequência, ele advertiu: “Sei que, depois da minha partida, se introduzirão no meio de vós lobos ferozes, que não pouparão o rebanho. Do vosso próprio meio surgirão homens que ensinarão doutrinas perversas, para arrastar discípulos atrás de si. Por isso vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, dia e noite, não deixei de exortar entre lágrimas a cada um de vós”. Concluindo, Paulo asseverou:

Atos dos apóstolos – parte11

Discurso de Paulo em sua defesa
39. Paulo vai à presença de seus acusadores e é agredido - Ciente de que Paulo era cidadão romano e querendo saber a verdade sobre as acusações que lhe faziam os judeus, o comandante convocou os sacerdotes-chefes e todo o Conselho, levando Paulo à presença deles. Encarando com firmeza o Conselho, Paulo disse: “Irmãos! foi com a melhor das consciências que tenho procedido até hoje diante de Deus!” O sumo sacerdote Ananias mandou que seus ajudantes lhe batessem na boca, ao que Paulo lhe disse: “Deus te baterá, parede caiada! Tu te sentas para julgar com a Lei e contra a Lei mandas bater em mim”. Os presentes lhe chamaram a atenção, dizendo que ele insultara o sumo sacerdote. Paulo lhes respondeu: “Irmãos, eu não sabia que era o sumo sacerdote. Porque está escrito: Não insultarás o chefe do teu povo”. (Atos, 22:29 a 23:5.) 

40. Os judeus tramam a morte de Paulo e ele parte para Cesareia - O tumulto criado com o recurso adotado por Paulo perante o Conselho cresceu muito e o comandante começou a recear que ele fosse linchado. Por isso, ordenou aos soldados que o tirassem dali e o levassem de novo para dentro da fortaleza. Na noite seguinte, o Senhor apareceu a Paulo e lhe disse: “Coragem! Assim como deste testemunho de mim em Jerusalém, também serás minha testemunha em Roma”. Quando amanheceu, os judeus reuniram-se e se comprometeram sob juramento a não comer nem beber até matarem Paulo. Eram mais de quarenta os que assim juraram. Com esse intuito, eles pediram então aos sacerdotes-chefes e aos anciãos que convencessem o comandante a trazer Paulo à presença deles, sob pretexto de examinar o seu caso com mais cuidado. Mas um sobrinho de Paulo, informado sobre a emboscada, foi à fortaleza e avisou-o.

Atos dos apóstolos – parte 12

42. Paulo se diz injustiçado por seus acusadores - Ouvida a acusação feita pelos judeus, Paulo, atendendo a um sinal do governador, respondeu: “Sei que já desde muitos anos és o juiz desta nação e é com plena confiança que faço minha defesa. Podes verificar: não faz mais de doze dias que subi a Jerusalém para o culto. Ninguém me encontrou no Templo discutindo com pessoa alguma, nem incitando o povo a um levante, seja nas sinagogas, seja pela cidade. Não poderão te apresentar nenhuma prova das coisas de que agora me acusam.

Mas isto eu admito: segundo a Doutrina que chamam de seita, estou a serviço de Deus de nossos pais, crendo tudo o que está escrito na Lei e nos Profetas. E alimento em Deus a esperança -- e estes também o fazem -- de que haverá uma ressurreição dos justos e dos ímpios. Eis por que me esforço por conservar sempre uma consciência irrepreensível diante de Deus e dos homens. Ora, depois de vários anos, vim trazer esmolas para o meu povo e apresentar oferendas. Foi nessa ocasião que me encontraram no Templo, depois de cumprir o rito das purificações. Não havia nem ajuntamento de povo nem tumulto. Mas certos judeus da Ásia foram ter comigo. Eles deveriam comparecer diante de ti para fazer acusações, no caso de terem alguma coisa contra mim, ou, então, estes aqui presentes, digam qual o crime que acharam em mim quando compareci perante o Conselho”. Dito isto, Paulo acrescentou:

Atos dos apóstolos – parte 13

45. O rei Agripa resolve conhecer e ouvir Paulo - O rei Agripa, após escutar o interessante relato, disse a Festo que ele também gostaria de ouvir Paulo.

Festo respondeu: “Amanhã poderás ouvi-lo”. No dia seguinte, estando Agripa e Berenice na sala de audiência, acompanhados de altos oficiais e das pessoas mais importantes da cidade, Paulo foi chamado e apresentado por Festo, que disse ao visitante e às demais pessoas as seguintes palavras: “Rei Agripa e vós todos, cidadãos aqui presentes! Tendes diante dos olhos esse homem, por causa do qual todos os judeus apelaram a mim, em Jerusalém e nesta cidade, gritando que ele não mais poderia ser deixado com vida. Mas eu estou convencido de que ele não cometeu coisa alguma que mereça a morte. E, tendo ele apelado para César, resolvi enviá-lo. Mas não tenho nada de concreto para escrever ao Soberano. Por isso é que eu o apresentei a vós, e especialmente a ti, rei Agripa, para, depois dessa sessão, ter alguma coisa que possa escrever, porque me parece absurdo enviar um prisioneiro sem indicar claramente quais são as acusações apresentadas contra ele”. (Atos, 25:22 a 25:27.) 

Atos dos apóstolos – parte 14 e final

48. Os marinheiros tentam abandonar o navio, mas Paulo os impede - Durante a décima quarta noite, enquanto o navio era arrastado pelo Adriático, por volta da meia-noite os marinheiros suspeitaram de que estavam perto de terra firme.

Lançando uma sonda, verificaram que a profundidade era de vinte braças; logo depois tornaram a lançá-la e mediram quinze braças. Com medo de bater contra os recifes, eles jogaram as quatro âncoras da popa, suspirando ansiosamente pelo clarear do dia. Nesse momento, os marinheiros resolveram abandonar o navio, e, fingindo que iam jogar as âncoras da proa, já estavam baixando ao mar o bote salva-vidas, quando Paulo disse ao oficial e seus soldados: “Se eles não ficarem a bordo, não haverá salvação para vós”. Os soldados cortaram, então, as amarras do bote e o deixaram cair no mar.

Decidiu-se esperar, desse modo, o dia clarear, enquanto Paulo recomendou a todos que tomassem algum alimento, dizendo-lhes: “Hoje completais quatorze dias de expectativa em completo jejum e ainda não provastes nada. Eu vos aconselho comer alguma coisa, pois isto é para a vossa salvação. Nenhum de vós perderá um só cabelo da cabeça”. Dito isto, tomou um pão, deu graças a Deus na presença de todos, partiu e começou a comer. Vendo-o, todos se animaram e comeram também. (Atos, 27:27 a 27:36.) 

Os dez mandamentos segundo o espiritismo


Qual a relação do Espiritismo com os Dez Mandamentos? Será que são apenas dez? Devemos usar o termo mandamento? Eles vieram diretamente de Deus? Qual a visão espírita sobre estas leis? Ainda são válidos hoje? Com a relação de Moisés com o Espiritismo?

Os dez mandamentos trazem o primeiro marco histórico do Deus único que se tem notícias até os dias de hoje. Foi recebido pela mediunidade de Moisés e segundo a crença espírita, é uma síntese básica sobre toda a conduta moral que a humanidade deve ter e seguir.

Estas leis foram muito importantes em uma época que as pessoas estavam perdidas e com pouca instrução. Viu-se necessária leis que pudessem domar um povo ainda com costumes bárbaros e jovens sem instrução e conhecimento para decisões inteligentes que fizessem um grupo grande evoluir socialmente. Ainda era visto instintos de sobrevivência primitivos.

O Livro dos Espíritos e a compreensão das leis morais

As Leis Morais são compreendidas como aquelas que agrupam princípios, normas e/ou regras atinentes à conduta do ser, considerando que este é um Espírito encarnado em processo evolutivo que lida, a todo tempo, com a dualidade existente na Terra (bem e mal) e as suas inclinações íntimas. O estabelecimento, portanto, de um arcabouço de orientações morais para o bem viver e conviver, preconizado por Espíritos Missionários, a serviço da Luz Maior, remontam o tempo. As suas formas de entendimento e aplicação, no entanto, guardam fidelidade com o contexto cultural, consciencial e societal em que se propagaram, ilustrando que o amparo e a Direção Divina sempre se fizeram, fazem e farão presentes, a despeito da forma como a Humanidade recebe, lida e pratica essas orientações, no exercício soberano dos livres-arbítrios.

As Leis Morais são também Leis Naturais, uma vez que procedem do Divino e têm como características a eternidade, a imutabilidade ao longo do tempo e das circunstâncias e a imparcialidade. Há uma universalidade intrínseca que as regulam e as tornam perfeitas, embora elas também tragam em si os germes do progresso. É pertinente lembrar que todas as criaturas carregam as noções do certo e do errado (Leis Morais) no âmago do ser, nas suas consciências, ilustrando a perfectibilidade das Leis, a sabedoria e a igualdade de princípios que o Divino oportuniza, respeitando a diversidade das individualidades e dando à todas as criaturas exatamente as mesmas balizas de conduta.

A evolução dos espíritos

A Doutrina Espírita nos revela que Deus nos criou como Espíritos simples, ignorantes e desprovidos de sabedoria, e Ele nos impõe a encarnação para que possamos alcançar a perfeição.

Mas por que Deus não nos criou perfeitos?

A questão número 115 de O Livro dos Espíritos revela que Deus não nos criou perfeitos porque a perfeição deve ser conquistada através do nosso próprio mérito, esforço e aprendizado ao longo das encarnações. Se fôssemos criados perfeitos desde o início, não teríamos mérito algum em nossa evolução, e o progresso não existiria.

É comum muitas pessoas acreditarem que os Espíritos que estão na Erraticidade possuem o conhecimento de todas as coisas, e essa é uma crença que é preciso desmistificar. Da mesma forma que existem homens sábios e ignorantes, no mundo espiritual não é diferente. Assim como existem homens maus e bons, com maior ou menor grau de evolução e sabedoria, essa mesma distinção se faz presente também entre os Espíritos.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo diz:

Independente da diversidade dos mundos, essas palavras de Jesus também podem referir-se ao estado venturoso ou desgraçado do Espírito na erraticidade. Conforme se ache este mais ou menos depurado e desprendido dos laços materiais, variarão ao infinito o meio em que ele se encontre, o aspecto das coisas, as sensações que experimente, as percepções que tenha. Enquanto uns não se podem afastar da esfera onde viveram, outros se elevam e percorrem o Espaço e os mundos; enquanto alguns Espíritos culpados erram nas trevas, os bem-aventurados gozam de resplendente claridade e do espetáculo sublime do Infinito; finalmente, enquanto o mau, atormentado de remorsos e pesares, muitas vezes insulado, sem consolação, separado dos que constituíam objeto de suas afeições, pena sob o guante dos sofrimentos morais, o justo, em convívio com aqueles a quem ama, frui as delícias de uma felicidade indizível. (KARDEC, 2023, p. 49)

O apocalipse: Perspectivas bíblicas e espíritas

A palavra Apocalipse por si só gera arrepios. O primeiro pensamento é de catástrofe ou fim do mundo. Imaginam-se cenas hollywoodianas e um salvem-se quem puder e se puder. Contudo, respiremos em meio ao caos da própria palavra e reflitamos acerca do tema.

O escritor Haroldo Dutra Dias no livro Apocalipse Mitos e Verdades (2022, p. 15) explica a origem do vocábulo. APO significa extrair, tirar, puxar e o verbo CALIPSE tem a acepção de encobrir, colocar o véu. Desse modo, Apocalipse quer dizer tirar o véu, revelar o que está oculto.

Na Bíblia é o último livro do Novo Testamento escrito pelo apóstolo João e convenhamos, não é um tema fácil, porque o conteúdo espiritual da obra é o mais relevante e o mais desafiador.

Dias (2022, p. 11) salienta em seu livro que as pessoas preocupam-se com a data exata do fim do mundo ou do momento em que acontecerá o início da transição do mundo de provas e expiações para o mundo de regeneração.

Todavia, é necessário tirar o véu do misticismo para se utilizar a fé raciocinada. O que Apocalipse quer dizer? Qual o seu conteúdo? O teor da mensagem? A Comunidade Espírita precisa ou deve se interessar por esse tema ou ele é exclusivo dos outros irmãos cristãos?

Conduta espírita e vivência evangélica

1. O Espiritismo tem por finalidade imediata e essencial a transformação moral do homem para melhor, razão pela qual lhe faculta uma identificação perfeita com os objetivos reais da vida, que não se resumem aos acanhados limites da existência corporal, pois se estendem muito além. 

2. Informado e convicto de que a existência na Terra constitui uma experiência evolutiva por meio da qual aprimora os sentimentos, o homem consciente busca lapidar as arestas morais e ressarcir os gravames decorrentes da invigilância, candidatando-se a futuros renascimentos abençoados através da realização benéfica de um comportamento salutar e correto. 

3. Esse é um dos motivos pelo qual devemos preservar o precioso legado com que Kardec brindou a Humanidade, preparando para todos nós um futuro melhor, ainda que seja preciso para isso o sacrifício de parte dos verdadeiros espíritas. Estudar Kardec para conhecer e divulgar o Espiritismo, eis o compromisso de hoje que devemos impor a nós mesmos, encarnados e desencarnados. 

4. Doutrina Espírita, na visão do Codificador, é compromisso superior para com a vida e requer respeito à vida e uma conduta exemplar e atuante.  A missão do Espiritismo é a do Consolador prometido por Jesus

5. Espiritismo e Cristianismo são, em verdade, termos de uma mesma equação. A investigação da imortalidade sem a filosofia estruturada na moral cristã não tem sentido. Destituída de ética, a pesquisa do paranormal acaba relegada a plano secundário, como se deu com a ciência metapsíquica, do mesmo modo que a filosofia sem o apoio dos fatos equivale a um corpo sem alma. 

As obras básicas do espiritismo

1. As obras básicas da Codificação Kardequiana são as seguintes, por ordem cronológica de publicação: "O Livro dos Espíritos", lançado em Paris (França) em 18 de abril de 1857; "O Livro dos Médiuns", publicado em janeiro de 1861; "O Evangelho segundo o Espiritismo", lançado em abril de 1864; "O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo", publicado em agosto de 1865; e "A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo", lançada em janeiro de 1868. As datas mencionadas referem-se, obviamente, à primeira edição de cada livro.

2. Além das obras citadas - que formam o chamado Pentateuco Kardequiano - Kardec escreveu outras obras, consideradas introdutórias ou complementares, a saber: "Instruções Práticas sobre as Manifestações Espíritas" (1858); "O que é o Espiritismo" (1859); "Viagem Espírita em 1862" (1862) e "O Espiritismo em sua mais Simples Expressão" (1862).

3. Bem depois de seu falecimento, seus amigos reuniram artigos e anotações esparsas deixadas pelo codificador, do que resultou o interessante livro intitulado "Obras Póstumas", publicado em 1890.

Allan Kardec, vida, obra e método

1. Na cidade de Lyon (França), na Rua Sala 76, nasceu a 3 de outubro de 1804 aquele que se celebrizaria sob o pseudônimo Allan Kardec, de tradicional família francesa de magistrados e professores, filho de Jean Baptiste Antoine Rivail e Jeanne Louise Duhamel. Batizado pelo padre Barthe a 15-6-1805, recebeu o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail.

2. Em Lyon fez ele seus primeiros estudos, seguindo depois para Yverdon (Suíça), a fim de estudar com o célebre professor Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), pedagogo suíço que fundou diversas escolas. O instituto de Yverdon era um dos mais famosos e respeitados na Europa, reputado mesmo como Escola-modelo, por onde passaram vultos eminentes do Velho Continente.

3. Desde cedo, Hippolyte tornou-se um dos mais eminentes discípulos de Pestalozzi. Na "Revista Espírita" de maio de 1869 diz-se que, dotado de notável inteligência e atraído por sua vocação, desde os 14 anos o jovem lionês ensinava aos colegas menos adiantados tudo o que aprendia.

4. Concluídos os estudos em Yverdon, ele se radicou em Paris, onde se tornaria conceituado mestre não só de Letras, como de Ciências, distinguindo-se como notável pedagogo, autor de obras didáticas e divulgador do método de Pestalozzi.

Cuidados com o corpo e com o espírito

1. Utilizada certa vez por Jesus, como podemos ler nos textos evangélicos, a expressão “a carne é fraca” tem sido repetida por pessoas que certamente atribuem ao corpo físico as atitudes infelizes e, por extensão, as quedas morais dos seres humanos. Provavelmente, outra não é a razão pela qual existem criaturas que procuram enfraquecer e mesmo flagelar o corpo, com o propósito de evitar as tentações. 

2. A maceração do corpo, contudo, não produz nem significa perfeição moral porque, evidentemente, uma não leva à outra. O que se sabe é que o cuidado com o corpo material, promovendo a saúde e prevenindo as enfermidades, influi de maneira importante sobre a alma, porquanto para que essa prisioneira viva se expanda, e chegue a conceber as ilusões da liberdade, tem o corpo de estar sadio, disposto, forte. 

3. Com efeito, temos no corpo humano o mais sublime dos santuários e uma das maravilhas da obra divina. Da cabeça aos pés, sentimos a glória do Supremo Idealizador que, no curso incessante dos milênios, organizou para o Espírito em crescimento o domicílio de carne em que a alma se manifesta. 

Sobre a ira

“Sobre a Ira” é uma obra escrita pelo filósofo romano Sêneca no século I d.C. Neste texto, Sêneca explora a natureza da ira e propõe reflexões sobre como lidar com essa emoção. O autor, pertencente ao estoicismo, acredita que a ira é uma paixão prejudicial que deve ser controlada pela razão e pela autocontrole. A obra de Sêneca é notável não apenas por suas lições sobre a ira, mas também por sua relevância moral e filosófica, até os dias atuais.

Na introdução, Sêneca discorre sobre a própria definição da ira, argumentando que a emoção tem raízes profundas na natureza humana, mas não deve ser alimentada. Ao longo do texto, ele examina como a ira se manifesta, oferecendo exemplos históricos e pessoais que ilustram as consequências devastadoras dessa paixão. Ao longo de sua obra, o autor enfatiza a importância da razão e da reflexão como ferramentas essenciais para combater essa emoção negativa.

Resumo dos personagens principais

  1. Sêneca – O filósofo e autor, que busca entender e explicar a natureza da ira. Sêneca utiliza sua própria experiência e a filosofia estoica para discutir como a ira pode ser contida e transformada em razão.
  2. Marco Aurélio – Embora não esteja diretamente no texto, a citação de seus pensamentos estoicos sobre emoções ajuda a contextualizar a abordagem de Sêneca na obra.
  3. Os antigos filósofos – Sêneca menciona pensadores do passado, como Platão e Aristóteles, que contribuíram para a discussão sobre as paixões humanas e a razão.

Uma breve história do cristianismo

“Uma Breve História do Cristianismo”, escrito por Geoffrey Blainey, é uma obra fascinante que traça a trajetória do cristianismo desde suas origens até os dias atuais. Publicado originalmente em 2011, o livro oferece uma análise acessível e envolvente sobre como esta religião moldou não apenas a vida espiritual de milhões, mas também a cultura, a política e a sociedade ao longo dos séculos. Blainey, um historiador australiano de renome, utiliza uma prosa clara e intrigante para guiar os leitores por eventos cruciais, personagens influentes e movimentos que foram fundamentais na formação do cristianismo.

A narrativa começa com a vida de Jesus Cristo, abordando o contexto histórico e social da Palestina no século I. A obra segue explorando a disseminação do cristianismo nas primeiras comunidades, a importância do apóstolo Paulo, a conversão do Império Romano e o surgimento de diferentes denominações e interpretações teológicas. Ao longo do livro, Blainey também discute os desafios enfrentados pelos cristãos, incluindo perseguições, cismas e reformas, além de como cada evento moldou a prática e a crença cristãs até os dias atuais.

Resumo dos personagens principais

  1. Jesus Cristo – Figura central do cristianismo, sua vida e ensinamentos são o fundamento da fé cristã. Neste resumo do livro, a importância de seu papel como salvador e profeta é destacada.

O livro dos espíritos e a compreensão das leis morais

As Leis Morais são compreendidas como aquelas que agrupam princípios, normas e/ou regras atinentes à conduta do ser, considerando que este é um Espírito encarnado em processo evolutivo que lida, a todo tempo, com a dualidade existente na Terra (bem e mal) e as suas inclinações íntimas. O estabelecimento, portanto, de um arcabouço de orientações morais para o bem viver e conviver, preconizado por Espíritos Missionários, a serviço da Luz Maior, remontam o tempo. As suas formas de entendimento e aplicação, no entanto, guardam fidelidade com o contexto cultural, consciencial e societal em que se propagaram, ilustrando que o amparo e a Direção Divina sempre se fizeram, fazem e farão presentes, a despeito da forma como a Humanidade recebe, lida e pratica essas orientações, no exercício soberano dos livres-arbítrios.

As Leis Morais são também Leis Naturais, uma vez que procedem do Divino e têm como características a eternidade, a imutabilidade ao longo do tempo e das circunstâncias e a imparcialidade. Há uma universalidade intrínseca que as regulam e as tornam perfeitas, embora elas também tragam em si os germes do progresso. É pertinente lembrar que todas as criaturas carregam as noções do certo e do errado (Leis Morais) no âmago do ser, nas suas consciências, ilustrando a perfectibilidade das Leis, a sabedoria e a igualdade de princípios que o Divino oportuniza, respeitando a diversidade das individualidades e dando à todas as criaturas exatamente as mesmas balizas de conduta.

A evolução dos espíritos

A Doutrina Espírita nos revela que Deus nos criou como Espíritos simples, ignorantes e desprovidos de sabedoria, e Ele nos impõe a encarnação para que possamos alcançar a perfeição.

Mas por que Deus não nos criou perfeitos?

A questão número 115 de O Livro dos Espíritos revela que Deus não nos criou perfeitos porque a perfeição deve ser conquistada através do nosso próprio mérito, esforço e aprendizado ao longo das encarnações. Se fôssemos criados perfeitos desde o início, não teríamos mérito algum em nossa evolução, e o progresso não existiria.

É comum muitas pessoas acreditarem que os Espíritos que estão na Erraticidade possuem o conhecimento de todas as coisas, e essa é uma crença que é preciso desmistificar. Da mesma forma que existem homens sábios e ignorantes, no mundo espiritual não é diferente. Assim como existem homens maus e bons, com maior ou menor grau de evolução e sabedoria, essa mesma distinção se faz presente também entre os Espíritos.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo diz:

O Apocalipse e as previsões espirituais: Perspectivas bíblicas e espíritas

A palavra Apocalipse por si só gera arrepios. O primeiro pensamento é de catástrofe ou fim do mundo. Imaginam-se cenas hollywoodianas e um salvem-se quem puder e se puder. Contudo, respiremos em meio ao caos da própria palavra e reflitamos acerca do tema.

O escritor Haroldo Dutra Dias no livro Apocalipse Mitos e Verdades (2022, p. 15) explica a origem do vocábulo. APO significa extrair, tirar, puxar e o verbo CALIPSE tem a acepção de encobrir, colocar o véu. Desse modo, Apocalipse quer dizer tirar o véu, revelar o que está oculto.

Na Bíblia é o último livro do Novo Testamento escrito pelo apóstolo João e convenhamos, não é um tema fácil, porque o conteúdo espiritual da obra é o mais relevante e o mais desafiador.

Por que creio na imortalidade da alma

Prefácio e introdução

1. O contato com o Espírito de Raymond, seu filho desencarnado em 1915 nos campos de guerra da França, robusteceu a convicção de Sir Oliver Joseph Lodge, mas não foi esse fato que o levou aos fenômenos espíritas, a que ele já se dedicava desde 1883. (PP. VII e VIII)

2. Nascido a 12 de junho de 1851 em Penkhull, Sttafordshire, Inglaterra, Lodge desencarnou a 22 de agosto de 1940, aos 89 anos de idade, em Amesbury, Wiltshire, em seu país natal. (P. VIII)

3. Sua vida pode ser dividida em duas partes distintas. Até aos 56 anos de idade, granjeou fama mundial como professor e inventor, notadamente no campo da radiotelegrafia. Educado na Grammar School, de Newport, e no University College, de Londres, especializou-se em Física. Professor emérito, foi feito cavalheiro pelo rei Eduardo VII, em 1902, e recebeu grau de doutor em Ciências por sete Universidades. (PP. VIII e IX)

4. Lodge foi o inventor do “coherer”, o primeiro detector de ondas a ser usado, de relevante papel na telegrafia sem fio. Aliás, foi ele o primeiro cientista a enviar mensagens pelo telégrafo sem fio, em 1894, antes de Marconi ter-se ocupado do assunto. E uma de suas maiores glórias foi a descoberta das ondas hertzianas e o modo de detectá-las, descoberta que foi efetuada por Hertz quase que simultaneamente, razão pela qual elas ficaram associadas ao nome de Hertz. (PP. IX e X)

Depois da morte – parte 1

1. As religiões antigas tinham dois aspectos, um aparente, outro oculto, secreto, reservado apenas aos iniciados. (P. 9)

2. A iniciação era uma revivescência completa do caráter, um despertar das faculdades adormecidas; não se limitava a estudos apressados, como hoje. Ensinava-se ali o segredo das forças fluídicas e magnéticas. (PP. 11 e 12)

3. O deísmo trinitário passou, da Índia e do Egito, à doutrina cristã, formando, dos três elementos de Deus, três pessoas distintas. (P. 13)

4. Os iniciados eram inspirados a ter tolerância por todas as crenças, porque a verdadeira religião não maldiz as demais. (P. 14)

5. Do ensino dos Santuários saíram os grandes semeadores de ideias: Krishna, Zoroastro, Hermes, Moisés, Pitágoras e Platão, cujos discípulos não souberam conservar intacta a herança de seus mestres. (P. 14)

6. A religião é necessária e indestrutível e deveria ser o vínculo que liga os homens entre si e os une ao princípio superior das coisas. (P. 15)

Depois da morte – parte 2 e final

129. Os espiritualistas não explicam como a alma, imaterial, imponderável, pode unir-se estreitamente e comandar o corpo, de natureza essencialmente diversa, fato resolvido com as experiências espíritas. (P. 169)

130. Como já visto, a alma está constantemente envolvida em uma veste fluídica mais ou menos sutil ou etérea, chamada perispírito. (P. 169)

131. Mediador entre o corpo e a alma, o perispírito é um organismo fluídico, é a forma preexistente e sobrevivente do ser humano, o molde sobre o qual se formará o corpo físico. (P. 169)

132. Esse corpo fluídico não é, porém, imutável, pois se purifica e se enobrece junto com a alma: a elevação dos sentimentos depura as moléculas do corpo espiritual, estendendo e multiplicando as suas vibrações e consumindo, como por ação química, suas partículas grosseiras. (P. 170)

133. Ao contrário, os apetites materiais e as paixões baixas e vulgares reagem sobre ele, tornando-o mais pesado, mais denso e mais escuro. (P. 170)

134. O perispírito comunica-se com a alma por correntes magnéticas e se liga ao corpo por fluidos nervosos, ou vitais. (P. 171)

A alma é imortal – Parte 1

1. A ciência espírita prova que a alma não é uma entidade ideal, uma substância imaterial sem extensão, mas sim que é provida de um corpo sutil, onde se registram os fenômenos da vida mental e a que foi dado o nome de perispírito. O “eu” pensante é inteiramente distinto do seu envoltório, mas Espírito e perispírito são inseparáveis um do outro. (Pág. 12)

2. Foi pela observação que os espíritas descobriram a existência do perispírito. Aliás, os magnetizadores já haviam chegado à mesma conclusão, valendo-se de outros métodos. Assim é que, segundo Billot, Deleuze e Cahagnet, a alma conserva, após a morte, uma forma corporal que a identifica, observação confirmada pelos médiuns videntes. (Pág. 14)

3. As narrativas dos sonâmbulos e dos videntes têm grande valor, mas não nos dão uma prova material. Eis por que os espíritas fizeram todos os esforços por obter a prova inatacável e o conseguiram: as fotografias de Espíritos desencarnados, as impressões por estes deixadas em substâncias moles ou friáveis, e as moldagens de formas perispirituais. (Pág. 14)

4. Esse caminho foi aberto pelos fenômenos de desdobramento do ser humano, denominados por vezes de bicorporeidade Há no momento mais de dois mil fatos, bem verificados de aparições de vivos, mas os pesquisadores não se limitaram a observá-los e chegaram a reproduzi-los experimentalmente. (Pág. 15)

A alma é imortal – Parte 2

31. Na correspondência que manteve com Deleuze, o doutor Billot afirma sua crença na existência dos Espíritos e admite que os guias espirituais podem atuar sobre o corpo dos pacientes, pois foi, certa vez, testemunha de uma sangria que por si mesmo cessou, logo que o sangue saiu em quantidade suficiente, sem que houvesse necessidade de fazer-se qualquer ligadura. (Págs. 43 e 44)

32. Nessa correspondência, Deleuze revela, a princípio, dificuldade em aceitar as ponderações do dr. Billot, mas, por fim, admite também ter podido observar pacientes que se achavam em comunicação com as almas dos mortos. (Pág. 45)

33. O magnetismo, segundo ele, demonstra a espiritualidade da alma e sua imortalidade, e prova a possibilidade da comunicação das Inteligências separadas da matéria com as que lhe estão ainda ligadas. Relata Deleuze: “Uma moça sonâmbula, que perdera o pai, por duas vezes o viu muito distintamente. Viera dar-lhe conselhos importantes. Depois de lhe elogiar o proceder, anunciou-lhe que um partido se lhe ia apresentar; que esse partido pareceria convir e que o rapaz não lhe desagradaria; mas, que ela não seria feliz desposando-o, e, portanto, o recusasse. Acrescentou que, se ela não aceitasse esse partido, outro logo depois apareceria, devendo achar-se tudo concluído antes do fim do ano”. Os fatos ocorreram tal como foram preditos pelo pai da jovem sonâmbula. (Pág. 45)

A alma é imortal – Parte 3

61. A 20 de outubro de 1863, na Sociedade de Estudos Espíritas de Turim, o professor Morgari relatou um fato muito interessante ocorrido em Fossano, quando o Espírito de determinada mulher dirigiu tocantes palavras ao professor P..., seu marido. Depois de falar-lhe, a pranteada esposa manifestou o desejo de ver os filhinhos do casal, que dormiam, naquele momento, em aposentos contíguos. A mesa passou então a mover-se com grande rapidez e penetrou no aposento mais próximo, onde uma das crianças, menina de três anos, dormia profundamente. Acercando-se de seu berço, a mesa se ergueu e se inclinou, no ar, para a criancinha que, sempre a dormir, lhe estendeu os braços e exclamou: “Mamãe! oh! mamãe!” Inquirida pelo pai, a menina confirmou que a estava realmente vendo. (Págs. 70 e 71)

62. O testemunho de uma criança de três anos reconhecendo sua mãe não poderá ser suspeito, nem mesmo aos mais cépticos. “Ninguém - assevera Delanne - poderá ver aí qualquer sugestão, pois que a criança dormia e era aquela a primeira vez que seu pai e sua tia se ocupavam com o Espiritismo. O que aí há é a confirmação da crença de que a mãe sobrevivia no espaço e continuava a prodigalizar seu amor ao marido e aos filhos.” (Pág. 71)

63. Outras manifestações interessantes foram registradas pelo dr. Moroni, co-autor do livro Alguns ensaios de mediunidade hipnótica, publicado em 1889. Servia de instrumento ao dr. Moroni, para descrever os Espíritos que se manifestavam por meio da mesa, uma mulher chamada Isabel Cazetti. Em muitas ocasiões foi-lhe dado verificar que eram contrárias às crenças dos assistentes as indicações que a sonâmbula ministrava. E esta descrevia às vezes um Espírito que não era o evocado e, com efeito, a mesa deletreava um nome diverso do Espírito que fora chamado. (Págs. 71 e 72)

A alma é imortal – Parte 4

91. Refere a sra. Stone, em depoimento contido na obra As Alucinações Telepáticas, ter sido vista três vezes por pessoas diversas em lugares onde não se achava fisicamente presente. Após relatar os três episódios, Delanne observa que a sra. Stone se desprendia quando ela se achava de cama. O desdobramento explica os fatos, visto que, numa outra circunstância, sua cunhada pôde ver-lhe distinta e simultaneamente o corpo físico e o corpo fluídico. (Págs. 99 e 100)

92. Em seu livro Análise das Coisas, dr. Paul Gibier refere um caso de desdobramento involuntário, mas consciente, de um moço de trinta anos, talentoso artista gravador. Informações interessantes podem ser colhidas desse relato: I) Ao mirar-se diante de um espelho, o Espírito desdobrado não viu a sua imagem. II) Mal se formou nele o desejo de visitar a casa do vizinho, achou-se nela, de súbito, sem saber como pôde atravessar a parede com tanta facilidade. III) Para mudar de lugar, não era preciso mais do que querer. Aparecia então imediatamente onde desejasse. (Págs. 101 a 103)

93. Três lições podem ser, segundo Delanne, extraídas dessa experiência. A primeira, o fato de que a exteriorização da alma não resultou de uma alucinação, porque é inteiramente real a visão do apartamento vizinho, que o rapaz não conhecia. A segunda, a demonstração de que a alma, quando desprendida do corpo, possui uma forma definida e tem o poder de passar através dos obstáculos materiais, bastando-lhe a vontade para transportar-se aonde queira. A terceira, a informação de que a alma, quando desprendida, tem uma vista mais penetrante do que no estado normal, pois que o moço via o seu próprio coração a bater dentro do peito. (Págs. 103 e 104)