271. Num esboço feito pelo Dr. Hitchman, nota-se que, entre a cavidade do peito da forma materializada e a do médium, há um como feixe luminoso religando os dois corpos e projetando um clarão sobre o rosto do médium. Esse fenômeno foi observado muitas vezes nas materializações.
Compararam-no ao cordão umbilical. O Sr.
Dassier o equipara, porém, a uma rede vascular fluídica, pela qual passa a
matéria física, em particular estado de eterização. (Pág. 282)
272. O Sr. Aksakof, após examinar detidamente
o gesso modelado da mão de Bertie, concluiu que, sem nenhuma dúvida, a
materialização se efetua a expensas do médium e que o fenômeno é devido a uma
combinação de formas orgânicas existentes. (Págs. 282 e 283)
273. Se essa teoria for exata, ou seja, se
uma parte da matéria do corpo materializado é tomada do médium, este deve
necessariamente experimentar diminuição de peso. É precisamente isso o que se
dá, como foi muitas vezes comprovado. Florence Cook, ao ser pesada certa vez
por William Crookes, acusou 112 libras de peso. Logo que Katie King se materializou
completamente - informa a Sra Florence Marryat no seu livro There is no death -
o peso da médium ficou reduzido à metade. (Pág. 283)
274. Delanne relata, na seqüência, outras experiências no mesmo sentido, aditando porém que há casos em que uma parte é tomada também aos que assistem à experiência. Aksakof informa numa de suas obras que a Sra d’ Espérance adoecia depois da sessão, se algum dos assistentes houvesse fumado ou ingerido bebida alcoólica. (Pág. 284)
275. Na mesma obra - Um caso de desmaterialização
parcial do corpo de um médium - Aksakof responde à pergunta relativa ao que
resta do médium, quando o peso da aparição é tão grande quanto o seu. Restará
apenas o perispírito, que é invisível, de sorte que, se alguém penetrar no
gabinete, o encontrará vazio. É pelo menos isso o que teria ocorrido com as
médiuns Sras Compton e d’ Espérance. (Pág. 284)
276. Nem sempre, porém, é tão completa a
desmaterialização do médium, pois há casos - observa Delanne - em que a
aparição e o médium são simultaneamente tangíveis durante todo o tempo da
sessão e, nessas condições, podem ser fotografados, como se deu com Katie King
e Florence Cook. (Pág. 285)
277. Na verdade, como refere Tyndall, nada se
pode acrescentar nem se subtrair à Natureza. É constante a soma das suas
energias e tudo o que o homem pode fazer, na pesquisa da verdade, é mudar de
lugar as partes constituintes de um todo, que nunca varia, e com uma delas
formar outra. “A lei de conservação exclui rigorosamente a criação e a
nulificação”, assevera Tyndall. (Pág. 285)
278. À vista do que nos ensina a Ciência
atual, vemos que temos de considerar tudo o que existe - matéria e força - como
rigorosamente eterno. O que pode mudar é a forma. As palavras criação e
destruição perderam o sentido primitivo: significam unicamente a passagem de
uma forma a outra, porque não é a matéria que desaparece, mas sim a forma que a
individualizava. (Pág. 286)
279. Os seres vivos se decompõem por ocasião
da morte com certa facilidade, o que não se dá no mundo mineral, em que as
combinações são mais estáveis. Para separar um pedaço de carvão que se combinou
com o oxigênio, formando o ácido carbônico, é preciso uma temperatura de 1.200
graus. No que concerne aos corpos simples, tem-se verificado que nenhuma
temperatura neste mundo é capaz de os decompor. Unicamente o calor do Sol o
consegue com relação a alguns deles. Torna-se fácil compreender que a matéria
primitiva, donde eles provêm, é absolutamente irredutível e, como não pode
aniquilar-se, rigorosamente indestrutível. (Págs. 286 e 287)
280. Essa matéria primordial constitui a base
do universo físico, gozando do mesmo estado de perenidade o perispírito, que é
dela formado. Por outro lado, a alma é uma unidade indivisível. Unida à
substância perispirítica, que coisa nenhuma pode destruir, somente a vontade a
pode modificar, expurgando-a dos fluidos grosseiros de que se satura no começo
de sua evolução. As vidas múltiplas são o cadinho purificador. A cada passagem
por ele, o Espírito sai do invólucro corpóreo mais purificado e, quando tiver
vencido as contingências da matéria, achar-se-á liberto das atrações terrenas,
desferindo o vôo para outras regiões menos primitivas. (Págs. 287 e 288)
281. Nesse mundo do espaço, nesse meio
imponderável, onde vibra toda a gama dos fluidos, um único poder existe
soberano: o da vontade. Sob a sua ação, a matéria fluídica se lhe curva a todas
as fantasias. A alma que se haja tornado bastante sábia para os manipular,
realiza tudo o que lhe possa aflorar à imaginação. (Pág. 288)
282. A vontade - assevera Delanne - é uma
faculdade do Espírito. Ela existe positivamente como potência e pode agir não
somente na esfera do corpo, como projetar a distância sua energia. (Pág. 290)
283. A influência da vontade sobre os
músculos do corpo é conhecida. A experiência comprova que esse poder pode
chegar até mesmo a vencer as enfermidades. Delanne menciona vários fatos e
mostra ainda como a vontade de um operador pode mudar a matéria do corpo de um
paciente, em sentido favorável ou nefasto. (Págs. 290 a 294)
284. Delanne diz que a influência de um
hipnotizador sobre o seu paciente é fato que dispensa hoje qualquer
demonstração. E mesmo o que foi no passado muito contestado, que é a ação da
vontade a distância, encontra-se atualmente perfeitamente documentado, como referem
os pesquisadores Dr. Husson, Pierre Janet e Ochorowicz. (Págs. 294 a 297)
285. Reconhecendo que a sugestão mental pode
ser exercida a distância, sem contacto entre o operador e o paciente, Pierre
Janet diz não saber explicá-la. Ora - diz Delanne -, o ser humano possui uma
força nervosa que pode exteriorizar-se. Assim, entre o operador e o paciente se
cria um laço fluídico, que transmite ao segundo a vontade do primeiro. Nisso
nada há que possa surpreender. Afinal, a telegrafia sem fio também deixou de
ser um mito para tornar-se um fato experimentalmente demonstrado. (Pág. 296)
286. Eis-nos armados, assim, dos
conhecimentos necessários para explicar como os Espíritos se apresentam
revestidos de túnicas, de amplas roupagens, ou, mesmo, de suas roupas costumeiras.
Era preciso primeiro demonstrar o poder da vontade fora do corpo. (Pág. 297)
287. Os fluidos, é bom lembrar, são formas
rarefeitas da matéria. O Espírito haure, da matéria cósmica ou fluido
universal, os elementos de que necessita para formar, à sua vontade, objetos
que tenham a aparência dos diversos corpos existentes na Terra. Os objetos que
ele forma têm existência temporária, subordinada à sua vontade ou a uma
necessidade. Note-se, porém, que ocorre formação, não criação, porquanto do
nada o Espírito nada pode tirar. (Pág. 298)
288. Se tais formações derivam da vontade do
Espírito, poderia isso se dar involuntariamente? Os estados do sonho parecem
indicar como a ação se executa. Quando temos um sonho lúcido, habitualmente nos
achamos nele vestidos de um modo qualquer, o que provém da circunstância de
estar a idéia de vestimentas associada sempre, de forma inteira, à imagem da
nossa pessoa. Podemos, pois, imaginar que nos casos de desdobramentos, que são
objetivações inconscientes, a imagem das vestes acompanha o Espírito e
experimenta, como ele, um começo de materialização. Dá-se o mesmo com os
objetos usuais de que costumamos servir-nos. (Págs. 298 e 299)
289. Na seqüência, Delanne relata uma série
de experiências, levadas a efeito pelos Srs. Binet e Ferré, as quais parecem
deixar firmado que a criação fluídica é uma realidade. As informações
transcritas pelo autor foram tiradas do livro “O magnetismo animal”. (Págs. 300
a 307)
290. Depois que redigiu esse texto (julho de
1895), Delanne informa ter obtido inúmeras provas objetivas da realidade da
criação fluídica pela ação da vontade. Dentre essas provas, ele afirma que o
comandante Darget conseguiu por duas vezes exteriorizar o seu pensamento fixado
numa garrafa, de modo a reproduzir essa imagem sobre uma chapa fotográfica, sem
uso da máquina, apenas tocando com a mão a chapa, do lado do vidro. O americano
Sr. Ingles Roggers, após olhar durante longo tempo uma moeda, fixou com toda a
atenção uma chapa fotográfica, obtendo um clichê em que se acha reproduzida a
forma da moeda. E, por fim, Édison filho disse ter construído um aparelho por
meio do qual a fotografia do pensamento se tornaria uma realidade positiva.
(Pág. 307)
291. Depois de assinalar que o hipnotismo
prestou um serviço imenso à Psicologia, com o facultar que se dissecasse, por
assim dizer, a alma humana, Delanne reitera sua convicção, anteriormente
expressa, de que a alma humana não é, conforme o julgam os materialistas, uma
função do sistema nervoso, mas sim um ser dotado de existência independente do
organismo e que se revela com todas as suas faculdades, quando o corpo físico
se tornou inerte, insensível, aniquilado. (Pág. 310)
292. A alma humana não é, contudo, como o
afirmam os espiritualistas, uma entidade imaterial, um ser intangível, pois
possui um substrato material, formado de matéria especial, infinitamente sutil,
cujo grau de rarefação ultrapassa de muito todos os gases até hoje conhecidos.
(Pág. 310)
293. Possuímos, diz ele, provas de todos os
gêneros atestando que o ser pensante resiste à desagregação física e persiste
na posse integral de suas faculdades intelectuais e morais. E mais: embora
remonte por vezes a uma época distante do momento de sua desencarnação, esse
ser nenhum traço revela de decrepitude e, em geral, mostra-se mesmo
rejuvenescido, isto é, gosta de ser representado na fase da sua existência em
que dispunha do máximo de atividade física. (Pág. 311)
294. As materializações mostraram que o
perispírito é a forma ideal sobre que se constrói o corpo físico e contém todas
as leis organogênicas do ser humano, leis essas que, se encontradas em estado
latente no espaço, subsistem, prontas sempre a exercer a ação que lhes é
própria, desde que para isso se lhes forneça matéria e essa forma de energia a
que se dá o nome de força nervosa ou vital. (Pág. 313)
295. Nossa passagem por este mundo não é mais
do que um degrau da eterna ascensão. Somos chamados a desenvolver-nos sempre.
Há para todos os seres uma igualdade absoluta de origem e de destino. E um dia,
com certeza, veremos efetuar-se a evolução espiritual e moral que há de
acarretar o advento da era augusta da regeneração humana, pela prática da
verdadeira fraternidade. (Pág. 314)
Fonte:
A alma é imortal, Gabriel Delanne, traduzida por Guillon Ribeiro. FEB, 6a edição.
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