91. Refere a sra. Stone, em depoimento contido na obra As Alucinações Telepáticas, ter sido vista três vezes por pessoas diversas em lugares onde não se achava fisicamente presente. Após relatar os três episódios, Delanne observa que a sra. Stone se desprendia quando ela se achava de cama. O desdobramento explica os fatos, visto que, numa outra circunstância, sua cunhada pôde ver-lhe distinta e simultaneamente o corpo físico e o corpo fluídico. (Págs. 99 e 100)
92. Em seu livro Análise das Coisas, dr. Paul
Gibier refere um caso de desdobramento involuntário, mas consciente, de um moço
de trinta anos, talentoso artista gravador. Informações interessantes podem ser
colhidas desse relato: I) Ao mirar-se diante de um espelho, o Espírito
desdobrado não viu a sua imagem. II) Mal se formou nele o desejo de visitar a
casa do vizinho, achou-se nela, de súbito, sem saber como pôde atravessar a
parede com tanta facilidade. III) Para mudar de lugar, não era preciso mais do
que querer. Aparecia então imediatamente onde desejasse. (Págs. 101 a 103)
93. Três lições podem ser, segundo Delanne,
extraídas dessa experiência. A primeira, o fato de que a exteriorização da alma
não resultou de uma alucinação, porque é inteiramente real a visão do
apartamento vizinho, que o rapaz não conhecia. A segunda, a demonstração de que
a alma, quando desprendida do corpo, possui uma forma definida e tem o poder de
passar através dos obstáculos materiais, bastando-lhe a vontade para
transportar-se aonde queira. A terceira, a informação de que a alma, quando
desprendida, tem uma vista mais penetrante do que no estado normal, pois que o
moço via o seu próprio coração a bater dentro do peito. (Págs. 103 e 104)
94. Uma última observação pertinente ao fenômeno: a impossibilidade revelada pelo rapaz de mover, quando desdobrado, o disco do parafuso de seu lampião. Essa impossibilidade, peculiar a todos os Espíritos no espaço, decorre da rarefação do perispírito. Pode dar-se, porém, que - graças a um afluxo de energia tomada ao corpo material - o envoltório fluídico adquira o poder de objetivação em grau suficiente para atuar sobre objetos materiais. A aparição da mãe de Helena Alexander evidenciava essa substancialidade (veja-se o item 87 deste resumo). (Pág. 104)
95. Delanne transcreve, então, na seqüência
de seu livro, dois fatos de aparições tangíveis de vivos. (Págs. 105 a 107)
96. Os Anais Psíquicos, edição de
setembro-outubro de 1896, narram o seguinte fato relatado pelo sr. Stead. No
dia 13 de outubro, um domingo, ele viu entrar no templo a sra. A..., cujo
estado de saúde inspirava sérias inquietações. Um dos membros da congregação
lhe ofereceu um livro de preces, que ela aceitou e posteriormente ergueu por
várias vezes durante o ofício religioso. Visitando a enferma no dia seguinte, o
Sr. Stead certificou-se de que a Sra. A... não saíra de casa naquele domingo,
devido ao grave estado de saúde que a retinha no leito. (Págs. 10
97. Depois de transcrever um fato em que a
aparição também conversou com as pessoas e um outro em que o duplo bateu à
porta e bebeu um copo d’água, Delanne observa que nesses fatos não mais se
trata de telepatia, mas, sim, de bicorporeidade completa. A aparição que anda,
conversa, engole água não pode ser uma imagem mental: é verdadeira
materialização da alma de um vivo. (Pág. 110)
98. Se a imagem se materializa
suficientemente para abrir ou fechar uma porta, para dar beijos, para segurar
um livro, para conversar, etc., temos de admitir que em tais fatos há mais do
que simples impressão mental do paciente. (Pág. 111)
99. No curso da vida, a alma se acha
intimamente unida ao corpo, do qual não se separa completamente, senão pela
morte. Mas, sob a ação de diversas influências: sono natural, sono provocado, perturbações
patológicas, ou forte emoção, lhe é possível exteriorizar-se bastante para se
transportar, quase instantaneamente, a determinado lugar e, em lá chegando,
tornar-se visível de maneira a ser reconhecida. (Pág. 112)
100. Refere Leuret, na obra Fragmentos
psicológicos sobre a loucura, que um homem convalescente de grave febre se
julgava formado de dois indivíduos, um dos quais se encontrava de cama,
enquanto o outro passeava. Pariset, que fora atacado, quando jovem, de um tifo
epidêmico, passou muitos dias num aniquilamento próximo da morte. Certa manhã,
despertou feliz e, coisa maravilhosa, julgava ter dois corpos, que pareciam
deitados em leitos diferentes. (Pág. 113)
101. Cahagnet, o célebre magnetizador, diz
ter conhecido muitas pessoas com quem se deram fatos desses - desdobramentos -
que, diz ele, são muito freqüentes em estado de doença. (Pág. 113)
102. Observa Delanne que, de modo geral, os
relatos mostram que para a alma desprender-se é preciso que o corpo esteja
mergulhado em sono, ou que os laços que a prendem ao corpo se hajam afrouxado
por uma emoção forte ou por doença. As práticas magnéticas ou os agentes
anestésicos acarretam também, por vezes, os mesmos resultados. (Pág. 114)
103. Outra constatação importante, resultante
dos exemplos citados, é que a forma visível da alma é cópia absolutamente fiel
do corpo terrestre. A identidade entre a pessoa e seu duplo é completa, e não
se limita à reprodução dos contornos exteriores do ser material, pois que
alcança até a íntima estrutura perispirítica, ou seja, todos os órgãos do ser
humano existem na sua reprodução fluídica. (Pág. 114)
104. Em seu livro A Humanidade Póstuma,
Dassier relata o caso de uma mulher que procurou um adivinho que vivia recluso,
nas cercanias de Filadélfia (EUA), com o objetivo de obter notícias de seu
marido, um capitão de navio que partira para longa viagem pela Europa e pela
África. O adivinho adormeceu num aposento contíguo ao da consulta e,
desdobrando-se, encontrou o capitão num café em Londres, colhendo a informação
de que em breve ele regressaria ao lar. De volta à casa, o marinheiro confirmou
ter-se encontrado realmente com o adivinho em Londres. (Págs. 115 e 116)
105. Delanne encerra o capítulo transcrevendo
um caso de desdobramento provocado relatado na Revista Espírita de 1858 e o
conhecido episódio que se deu com Afonso de Liguori, constante do livro A
História Geral da Igreja, escrita pelo barão Henrion. Como se sabe, estando
adormecido em sua casa por dois dias, Afonso de Liguori, ao despertar, informou
ter assistido o papa Clemente XIV, que havia acabado de morrer. O fato ocorreu
a 22-9-1774 e reza a história que Clemente XIV deixou de viver às 7 horas da
manhã do referido dia, assistido, entre outros, por Afonso de Liguori. (Págs.
118 e 119)
106. Casos análogos, diz Delanne, ocorreram
com Santo Antônio de Pádua, S. Francisco Xavier e, sobretudo, com Maria de
Agreda, cujos desdobramentos se produziram durante muitos anos. (Pág. 119)
107. Sob o título Aparição real de minha
mulher depois de morta, o dr. Woetzel publicou em 1804 um livro que causou
grande sensação nos primeiros anos do século XIX. Woetzel pedira à sua mulher,
quando enferma, que, se ela viesse a morrer, lhe aparecesse. Algumas semanas
depois de sua morte, uma janela do seu quarto se abriu e ele viu a forma de sua
esposa, que lhe disse com voz meiga: “Carlos, sou imortal; um dia tornaremos a
ver-nos”. A aparição e essas palavras repetiram-se segunda vez, mostrando-se a
falecida vestida de branco e com o aspecto que tinha em vida. (Págs. 120 e 121)
108. Um cão, que da primeira vez não dera
sinal de ter percebido coisa alguma, da segunda se pôs a farejar e a descrever
um círculo, como se o fizesse em torno de alguma pessoa conhecida. (Pág. 121)
109. O dr. Justinus Kerner, em sua obra sobre
a vidente de Prévorst, refere também que, toda vez que o Espírito lhe aparecia,
um galgo negro parecia sentir-lhe a presença e corria para junto de alguém logo
que a aparição se tornava perceptível à vidente. Desde o dia em que viu o
vulto, o cão nunca mais quis ficar sozinho durante a noite. (Pág. 121)
110. Vários fatos, relatados na seqüência por
Delanne, demonstram que as aparições, como verificado pelo dr. Kerner, produzem
impressões sobre os animais. Ora, conforme observou o
naturalista Alfred Russel Wallace, isso não
ocorreria se fossem verdadeiras as teorias da alucinação e da telepatia. (Págs.
121 e 122)
111. Além disso, se nas aparições ocorrem
fenômenos físicos produzidos por ela, evidente se torna que não é uma imagem
mental quem as executa. (Págs. 123 e 124)
112. A obra As Alucinações Telepáticas traz
relatos de diversas aparições de pessoas falecidas, como a narrada pela sra.
Stella Chieri, da Itália, que lia um livro junto da lareira, quando a porta do
recinto se abriu e Bertie (que morrera minutos antes) entrou. Ela se levantou
bruscamente, a fim de aproximar do fogo uma poltrona para ele, pois lhe pareceu
que o jovem estivesse com frio e não trazia capote, embora na ocasião nevasse.
Depois que a aparição se desfez é que a sra. Chieri ficou sabendo, através do
sr. G..., que Bertie havia morrido em seu quarto meia hora antes. (Págs. 124 e
125)
113. Relato semelhante foi feito pela sra.
Bishop, em março de 1884. Segundo essa escritora, um índio de nome Mountain
Jim, que ela conhecera na América, apareceu-lhe no quarto de um hotel na Suíça
no dia exato em que seu corpo morrera em sua aldeia. Mountain Jim surgiu de
repente diante dela e lhe disse: “Vim, como prometi”. Depois, fez um sinal com
a mão e disse: “Adeus!”, fato que prova que o Espírito dispõe de um órgão para
produzir sons articulados e de uma força para acioná-lo. (Págs. 127 e 128)
114. Morto na baía de Hong Kong a 21-8-1869,
em conseqüência de um ataque de insolação, o sr. Cox apareceu, algumas horas
depois, no quarto de seu filho, um menino de sete anos, em Devonport (Irlanda),
e logo depois a uma irmã, sra. Minnie Cox, junto da lareira da casa. Como a
sra. Cox não sabia de sua morte, ela ficou aterrada e cobriu a cabeça com um
lençol, mas pôde ouvi-lo nitidamente a chamá-la pelo nome, o que foi repetido
três vezes. (Págs. 128 e 129)
115. Delanne transcreve em seguida um relato
datado de 19-5-1883, extraído da obra As Alucinações Telepáticas, em que se
registrou a aparição de três Espíritos e, na seqüência, reproduz um caso em que
o morto pôde ser visto por diversas pessoas. Diz Delanne que, além desses, a
obra citada apresenta 63 outros fatos análogos, o que desmonta a tese da
alucinação, porque é ir muito longe imaginar que várias pessoas possam ser
vítimas de uma mesma ilusão. (Págs. 129 a 133)
116. A negação, para legitimar-se, diz
Delanne, precisa de limites, porquanto não lhe é possível manter-se, desde que
seja posta em face de provas experimentais que atestam a realidade das
manifestações. Em todos os casos referidos, a certeza da visão em si mesma não
é contestada. O que os opugnadores negam é que seja objetiva, ou seja, que se
haja produzido algures, que não no cérebro do operador ou dos assistentes.
(Págs. 133 e 134)
117. Uma ciência só se acha verdadeiramente
constituída quando pode verificar, por meio da experiência, as hipóteses que os
fatos lhe sugerem. O Espiritismo tem direito ao nome de ciência, porque não se
limitou à simples observação dos fenômenos naturais que revelam a existência da
alma, mas empregou todos os processos para chegar à demonstração de suas
teorias. O magnetismo e a ciência pura serviram-lhe, nesse sentido, de
poderosos auxiliares. (Pág. 135)
118. Os numerosos exemplos verificados do
desdobramento da alma mostraram que era possível reproduzir experimentalmente
esses fenômenos. Deu-se então a denominação de animismo à ação extracorpórea da
alma, porém semelhante distinção é puramente nominal, visto que tais
manifestações são sempre idênticas, quer durante a vida, quer após a morte. A
alma pode, pois, não apenas produzir fenômenos de transmissão do pensamento ou
de aparições, mas também provocar deslocamentos de objetos materiais que lhe
atestem a presença. (Págs. 135 e 136)
119. Ora, se a alma humana tem o poder de
agir fora do seu corpo, lógico é se admita que dispõe ela do mesmo poder depois
da morte, se sobrevive integralmente e se se põe em comunicação com um
organismo vivo, análogo ao que possuía antes de morrer. (Pág. 136)
120. Dito isto, Delanne relata um fato de
aparição voluntária em que o agente resolveu, por moto próprio, aparecer num
quarto em que dormiam duas pessoas de suas relações. Posteriormente, durante a
vigília, ele as visitou, ocasião em que a mais velha contou-lhe tê-lo visto no
domingo anterior, quando ele se desdobrara e fora à casa delas. (Págs. 137 e
138)
Fonte:
A alma é imortal, Gabriel Delanne, traduzida por Guillon Ribeiro. FEB, 6a edição.
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